COPACABANA

RIO DE JANEIRO (vou pra Porto Alegre, tchau) – Saí pela transversal e peguei a Nossa Senhora de Copacabana à direita. Pelo clima, nem parecia o Rio: 22 graus, sol tímido de outono, brisa fresca, céu azul daqueles de doer os olhos.

Tudo como há 35 anos, as calçadas estreitas, gente indo e vindo desordenadamente, lojas coladas umas às outras, botecos nas esquinas, um comércio que já não se vê em qualquer rua, resquício, creio, dos anos do Império, da vocação lusitana pela venda, o Rio é a mais portuguesa das cidades, ao lado da Diesel tem uma casa de secos & molhados, e uma farmácia, e uma vendinha, e um minimercado, e uma óptica, e uma casa de sucos, e uma livraria. Afinal, não faz tanto tempo; Dom João chegou de mala e cuia há 200 anos, é um espirro na história.

Nas calçadas, lembrei de Roma, alguns mulambentos e miseráveis, doentes e aleijados, e a indiferença de quem passa, os grandes centros imperiais sempre atraíram todos os tipos de desgraçados pela vida, Roma é assim, o Rio é assim. Na rua, o barulho infernal dos ônibus e seus motores dianteiros, que ocupam todas as faixas e aceleram o tempo todo. De diferente, apenas as motos, que não havia, e de qualquer forma são em menor número do que onde vivo hoje.

Ninguém estranha quando passa alguém sem camisa e de chinelos, nem as moças de saída de banho. Vou seguindo em direção ao Leme, porque me lembro das direções, o mar é sempre uma ótima referência, e me lembro dos cheiros. É curioso como sempre me lembro dos cheiros, mesmo sem saber dizer do quê são.

Havia uma escadaria, que em meu primeiro vôo-solo, para comprar cigarros para meu pai, Minister, realizei morrendo de medo porque o Carlinhos tinha sido raptado, e eu achava que todos os adultos eram seqüestradores em potencial, mas na época não se usava falar seqüestro, e sim rapto.

Há 35 anos, eu desci a escadaria, virei à esquerda, passei em frente ao Cine Ricamar, comprei o Minister e voltei correndo. Ousadia que só foi possível porque não precisava atravessar a rua, exceto a minha, que era sem saída.

Tudo que eu precisava, agora, era achar a escadaria ao lado do Cine Ricamar, e quando a Nossa Senhora de Copacabana fez uma ligeira curva à esquerda, já dando para ver os fundos do Copacabana Palace, apareceu a escadaria, e eu subi, olhando bem para os lados para não topar com os maconheiros que o meu pai dizia que viviam lá fumando maconha, e eu não entendia porra nenhuma, porque meu pai também fumava, e eu não sabia direito qual era a diferença entre o Minister e a maconha.

Não cruzei com nenhum maconheiro, e notei que o Cine Ricamar já não tem mais esse nome, agora parece ser uma espécie de teatro da Prefeitura. Fui subindo e lá no alto estava a rua de paralelepídedos onde vivi há 35 anos, General Barbosa Lima, e logo à direita, na outra calçada, o prédio baixo de sete andares, Edifício Martha Pinheiro de Lima no letreiro dourado e polido. Logo que me mudei para cá, numa das primeiras semanas de aula, convidei um amiguinho para brincar em casa e quando ele perguntou onde eu morava, eu disse que era no Edifício Martha Pinheiro de Lima, e foi o que ele anotou no caderno para sua mãe levá-lo em casa, mas ele acabou não indo porque era preciso o nome da rua e o número, e eu pensava que o edifício, batizado com o nome de uma mulher tão importante, já deveria ser o suficiente. Não me lembro se tínhamos telefone, só sei que o amiguinho acabou não indo. Bem, o endereço era, é, rua General Barbosa Lima, 95. Apartamento 201. A gente abreviava General como Gal., acho que se faz isso até hoje.

Olhei para a fachada, me pareceu bastante familiar: algumas garagens do lado esquerdo, a entrada de serviço, que tinha à esquerda a lixeira onde caía o lixo que a gente jogava lá de cima, já que os apartamentos tinham lixeiras basculantes, e dava no fim do corredor no apartamento do zelador, o pai do João, vascaíno, e mais à direita a entrada social, revestida de madeira, que a gente nunca usava.

Havia um sujeito sentado na mureta do pequeno jardim e perguntei se era o zelador, ele me respondeu que era mais ou menos, estava cobrindo férias do seu tio, ou sobrinho, sei lá. Não era o pai do João, que já deve ter morrido. Continuei subindo a rua de paralelepípedos de calçadas muito estreitas, aquele pedaço de Copacabana se chamava Morro do Caracol, porque a rua fazia, faz, uma curva à esquerda, morrendo nos fundos do Edifício Martha Pinheiro de Lima.

Lá atrás, um pequeno play-ground cercado de grades, estas não estavam ali 35 anos atrás, e a breve rampa da garagem subterrânea onde meu pai um dia guardou um Chevette para fazer surpresa para minha mãe, cujo capô foi batizado por mim no dia em que um cachorro louco queria me morder, e eu corri para a garagem e subi no Chevette para escapar da besta-fera.

Eu morava no segundo andar e essa garagem subterrânea, nos fundos do Edifício Martha Pinheiro de Lima, ficava na verdade na altura da porta da cozinha do nosso apartamento. Não havia portão, agora tem. Desci a breve rampa e olhei para a garagem, ela me parecia maior há 35 anos, mas ali estava a porta estreita que dava no pequeno corredor que tinha o elevador à esquerda e no fundo a porta da cozinha, que irrompi com minha Caloi verde-alface em minha primeira experiência ligada à velocidade, e sem rodinhas, quando despenquei pela rampa, entrei pela porta que dava no corredor e só fui parar no armário debaixo da pia, rasgando a canela na lata do porta-corrente. Sangrou muito e minha mãe teve de consertar minha canela na banheira, para não pingar sangue nos tacos.

Ali nos fundos do Edifício Martha Pinheiro de Lima a gente brincava de bicicleta, empinava pipa e jogava futebol. Não lembro dos nomes de muita gente, exceto do João, filho do zelador, e do Serginho, filho do vizinho do primeiro andar. Que era mais velho, uns dois anos mais do que eu, e que um dia acendeu um cigarro na frente de todo mundo, o que me deixou estarrecido e excitado, e isso eu nunca comentei com ninguém. Mas era uma ousadia de tal monta que um dia resolvi que iria fazer o mesmo. Eu colecionava maços e caixas de cigarros que os turistas jogavam na areia, e na coleção tinha uma caixa não totalmente vazia, uma raridade, era de plástico, branca com faixas azuis, vermelhas e douradas, que encontrei na praia, era uma marca italiana, Muratti-alguma-coisa. E numa manhã fui até a pequena salinha que ficava junto ao hall da entrada social, que a gente nunca usava e nem tinha móveis, e escondido até de Deus coloquei o cigarro na boca para ver que gosto tinha. Como estava apagado, não tinha gosto de nada, apenas um aroma meio adocicado, o ato proibido deve ter durado três ou quatro segundos, escondi o cigarro e voltei para meu quarto correndo, apavorado, é verdade, mas sentindo-me já um adulto, quase como o Serginho.

Desci de novo a rua General Barbosa Lima, contornando dois prédios que não existiam em 1973, e tomei coragem. Fui ao interfone e toquei no 201. Atendeu uma moça e eu perguntei se ela morava lá. Ela não entendeu direito, perguntou meu nome não sei bem por quê, acabei descobrindo que era a empregada e os donos do apartamento não estavam. Expliquei, falando rápido e atropelando palavras, que há não sei quantos anos aquela tinha sido minha casa, mas não insisti demais. O zelador apareceu, um sujeito muito simples, e achei desnecessário dizer o que estava fazendo plantado sozinho diante do interfone, esperando uma resposta que não viria. Ele, de qualquer forma, não parecia muito interessado. Fui para o outro lado da rua e a empregada apareceu na janela, não estava com medo de nada, parecia apenas curiosa, deu um sorriso, e eu gritei lá de baixo que estava tudo bem, eu só queria ver meu apartamento de novo, mas sem os donos, sabia que seria inútil insistir. Ela deu outro sorriso, como se dissesse que por ela, tudo bem, mas estava claro que nem eu insistiria, nem ela deixaria, vivíamos um paradoxo monumental, os dois desejando a mesma coisa, eu subir e ela abrir a porta para aquele cara estranho mas inofensivo, e o ato jamais se consumaria pelo inusitado da situação.

Atravessei a rua para me despedir do zelador, que me disse ser da Paraíba, no Rio todos os nordestinos são chamados de paraíbas, e esse era, é, mesmo, e para provar a ele, que não tinha o menor interesse em prova alguma, que realmente tinha morado lá, contei que no primeiro andar vivia, naquela época, o Sérgio Cabral, jornalista conhecido, famoso compositor de sambas, e que o Serginho, aquele que fumava na frente de todo mundo, é hoje o governador do Rio. Ele não pareceu muito impressionado, e aí perguntei se o Sérgio Cabral ainda morava no 101, e ele disse que sim.

Desci a General Barbosa Lima, evitei a escadaria dos maconheiros, e lá embaixo notei que na entrada do Morro do Caracol, onde tem uma curva à esquerda que dá na Barata Ribeiro, há agora um albergue da juventude e uma igreja protestante, bem no trecho plano da rua onde jogávamos futebol e eu era goleiro, o único que gostava de jogar no gol, e usava camisa laranja com faixas pretas nos ombros, calção acolchoado e meias pretas, que nem o Zecão da Portuguesa de 1973, que olhava para mim todas as noites, desde a página de jornal colada na parede. Eu tinha luvas, também, marrons com a borracha vermelha, e passei a usar joelheiras apertadas depois que arrebentei os joelhos deixando meu sangue nos paralelepípedos da General Barbosa Lima num jogo épico contra os meninos que moravam nos prédios lá de baixo.

Fui até a Barata Ribeiro e me sentei na Cafeteria Carioca, de frente para a Praça Cardeal Arcoverde, pedi um café e uma fatia de torta de limão e comecei a pensar nas alternativas que tinha para, afinal, subir no meu apartamento, mesmo que só com a empregada por lá. E não eram poucas. Eu podia ligar para o jornal e pedir o telefone do Sérgio Cabral, contar tudo a ele, talvez se lembrasse da família paulista que foi sua vizinha durante três anos nos tempos do seqüestro do Carlinhos, talvez ele até deixasse seus afazeres de lado por algumas horas e fosse até o Edifício Martha Pinheiro de Lima e me convidasse para subir e tomar um café no 101, ou podia chamar a empregada de novo pelo interfone e pedir o celular de seus patrões, a quem telefonaria para fazer um pedido inesperado e pouco usual, afinal eu tinha muitos elementos para sustentar minha história, poderia descrever o apartamento em detalhes, contaria a ele, ou ela, do acidente com a bicicleta, da lixeira, da ante-sala onde coloquei o cigarro apagado na boca, e da porta pantográfica do elevador que me metia muito medo, porque meu pai dizia que se colocasse a mão ali ela seria arrancada, o que resultou em três anos de absoluto pavor toda vez que pegava aquele elevador, e poderia ir além, diria que costumava jogar bola com meu pai e meus irmãos no corredor comprido que levava aos quartos, um dos gols era a porta do banheiro, até o dia em que quebramos uma xícara de um jogo de chá que tinha sido da minha bisavó e minha mãe chorou porque não dávamos sossego, e lembraria a ele, ou a ela, que guardava memórias decisivas daquele corredor, daqueles quartos e daquela sala, porque um dia meu pai recebeu uma visita de São Paulo, talvez fosse seu chefe, e disse a ele orgulhoso que eu era uma criança muito inteligente que adorava ler e que qualquer coisa que caísse na minha mão, fosse um livro, um jornal ou uma revista, eu parava de fazer o que estivesse fazendo e lia, lia furiosamente, e escutei isso do meu quarto, e para reforçar junto ao chefe aquilo que meu pai disse, armei-me de coragem e de um livro da escola, fui até a sala dizer boa-noite, e imediatamente sentei-me na poltrona puída e disse, alto e bom som, que já que estava com aquele livro na mão, iria aproveitar para ler um pouquinho, o que deve ter deixado o chefe realmente impressionado, a comprovação imediata do que meu pai tinha dito pouco antes. Aquilo, certamente, iria ajudá-lo no emprego. E nunca me esqueci daquele dia, e até hoje tudo que cai na minha mão eu leio, porque se meu pai disse um dia que sou assim, assim sou.

Contaria também ao patrão, ou à patroa da empregada, que provavelmente graças àquela demonstração instantânea de solidez de nossa estrutura familiar, naquela noite meu pai me levou para jantar com o chefe no Alcazar, que ficava na avenida Atlântica, e ainda fica, e que pela primeira vez comi lagosta na vida, com arroz e manteiga derretida, não deixei cair uma gota da manteiga na camisa de colarinho, meu pai deve ter deixado metade do salário na lagosta para agradar o chefe, e, em resumo, se hoje eu gosto de lagosta com manteiga derretida e leio muito, devo tudo àquele momento único na sala do apartamento 201 do Edifício Martha Pinheiro de Lima, e que só isso já seria suficiente para que ele, ou ela, telefonasse à empregada autorizando que eu subisse, e que ficasse por lá o tempo que quisesse.

Paguei o café e a torta de limão decidido a levar um dos meus dois planos adiante, achar o pai do governador ou telefonar para os patrões da empregada, mas a coragem foi-se esvaindo na medida em que subia o Morro do Caracol até parar diante do prédio de novo, olhar para as amplas janelas, o quarto do meio onde eu dormia, o letreiro em dourado, a entrada de serviço, a madeira revestindo a entrada social, a escadaria que me levaria de volta à vida às minhas costas, e consegui apenas telefonar para meu pai e dizer, adivinhe onde estou?, e ele disse, na rua General Barbosa Lima número 95, e eu disse que era lá mesmo, disfarcei a emoção, ele também, mandei um beijo, virei as costas para o passado e comecei a descer a escadaria, agora já sem medo de nenhum maconheiro ou dos sequestradores do Carlinhos, satisfeito por não ter de deixar mais marca nenhuma na rua General Barbosa Lima além do sangue de meus joelhos ralados nos paralelepípedos, uma marca eterna, muito mais do que seria qualquer lágrima que derramasse naquele apartamento 35 anos depois, lágrimas que correriam dos olhos de alguém que anda espantado com o jeito que o tempo passa.

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Xavier
Xavier
3 anos atrás

Delicia….

Por favor, pode espalhar no tempo, devagar, mais nunca deije de escrever textos asim no blog.

Muito obrigado!

Xavier
Xavier
Reply to  Xavier
1 ano atrás

Adivinhe onde estou?
Texto que me marcou. Tirando ferias, tive que ir pasear no lugar. Etiquetei no Insta algumas fotos.
Tempo que pasa, pa caramba.

Marcelo Souza Ribeiro
Marcelo Souza Ribeiro
3 anos atrás

Oi Flávio.
Aqui é o Marcelo, seu amigo do Colégio Rio de Janeiro.
Bem legal seu texto.
Fez eu também me transportar para aquela época.
Lembro de que jogávamos ping pong na mesa de jantar e botão no chão.
Lembro também de termos assistido aquele jogo das Alemanhas na Copa de 74. Aquele do gol do Rivelino pelo meio da barreira, com o Jairzinho se abaixando.
Já se vão agora 46 anos…
Legal saber de você.
Fique bem.
Grande abraço.
Marcelo Souza Ribeiro

RAFAEL COSTA BORGES
RAFAEL COSTA BORGES
3 anos atrás

Sempre leio os seus textos e muito obrigado por me ter me dado o prazer de ler essa crônica. Me emocionei e lembrei da minha infância. Você é um monstro! Apenas meu muito obrigado!

Marcos Bassi
Marcos Bassi
3 anos atrás

12 de dezembro de 2020. 22:26 de um sábado. Li seu texto. Morei ali pertinho nos anos 90. Não sei se esses tempos de pandemias, de tempos tão difíceis e retrógrados, me emocionei, muito. Vou guardar.

FABIO CURY
FABIO CURY
9 anos atrás

Olá Flavio !!!

Quando li seu texto sobre a Barbosa Lima, quase não acreditei !!!!!! estou encontrando um amigo paulista de muito tempo !!!! eu sou o Fabio do apartamento # 502 !!! jogávamos muito futebol na ladeira !!! com o Serginho ( ex-governador já citado) , Mauricinho ( o irmão dele), o Joãozinho ( já citado), o Tadeu e o Gilson.

Bons tempos !!!
Abraços,
Fabio Cury

Luc Monteiro
Luc Monteiro
9 anos atrás

Sério, a erudita simplicidade com que o Gomes descreve as coisas que lhe vêm à lembrança ainda vai ser objeto de estudo por cientistas malucos. Lindo texto, mais um.

Julio Gomes
Julio Gomes
12 anos atrás

Flávio, ou doguinho como costumava brincar com você, lembra ?
Já não tenho mais idade para me emocionar, mas fico feliz pelas lembranças que seus textos
me proporcionam. Volto de novo ha 35 anos quando treinava a molecada na praia onde, junto
com o esquerdinha (bom de bola) e os filhos do Cabral, tá lembrado?
Momentos felizes que não devemos esquecer, e hoje sinto a mesma felicidade porque alem
de vocês 4 , filhos maravilhosos, com virtudes e com defeitos como todo ser humano , povoaram
meu coração com netos e netas tão maravilhosos como vocês.
Sugiro que não nos separemos em hipótese alguma, pois ainda temos muita coisa boa para
para fazermos não só parta nós mas para nossos amigos; que tal um churrasquinho lá em
casa domingo, hem ??? (vou prá Porto Alegre e tchau) Beijos do seu pai.

Sergio Henrique
Sergio Henrique
Reply to  Julio Gomes
12 anos atrás

Obrigado Sr. Julio pelo presente que me trouxe de São Paulo. Um monstrinho surfista da Revell para montar) morei nesta ladeira do caracol e conheci sua família. Mauricio e Fernando. Abs.

maria thereza de lima hatschbach
maria thereza de lima hatschbach
13 anos atrás

Quanta emoção e quantas saudades da Gal Barbosa Lima edf Martha Pinheiro de Lima ,minha adorada avó. Também morei lá no 5 andar apt 501. Este predio foi construido pela minha tia Nair filha da vovó Martha e fomos os primeiros moradores.Fiquei lá até 1973. Mas a vida dá tantas voltas,hoje sou uma avó de 4 netos e moro nas bandas de
Goiás.
Revivi bons tempo da Barbosa Lima ao ler sua cronica. Obrigada por me trazer de novo a tantas boas recordações. Vivi a minha infancia,juventude e parte da maturidade naquela rua bem no comecinho,pois meus avós moravam na casa do principio da rua n. 39. Meus filhos nasceram no edf Martha Pinheiro de Lima,depois que vim para goiania. Se puder me responda

Rodrigo Duarte
Rodrigo Duarte
13 anos atrás

Ah, só um detalhe, não sei se tem muitas ruas sem saída no Rio, mas por coincidência a Rua Dulce, onde morei, também é sem saída hehehe

Rodrigo Duarte
Rodrigo Duarte
13 anos atrás

Que legal esse texto, provavelmente devo ter lido ele na época, já frequentava este blog mas nem me lembrava mais. Eu sou do tipo de paulistano que adora o Rio de Janeiro, já “morei” no Rio por um tempo, pouco tempo, mas tempo suficiente para me apaixonar pelo Rio. Rua Dulce, na Tijuca, não me lembro o número, mas fica entre a Almirante Cochrane e a São Francisco Xavier, próximo à Praça Saenz Peña. Irrelevante, mas deu vontade de escrever isso e relembrar estes bons tempos. Parabéns pelo excelente texto Flavio, decidi ler depois do seu comentário no twitter.

Tiago
Tiago
13 anos atrás

Flávio, sem a menor vontade de rasgar seda, mas esse texto é algo que raras vezes vi, li. Transcende sua experiência pessoal e nos emociona através de sensações próprias de cada um. Sensacional!

Fábio Christóforo
Fábio Christóforo
13 anos atrás

Demais!

Embora eu dê risada com as patadas que o Flavinho distribua no Twitter – conheço gente que não o suporta por isso – é inegável dizer que esse garotinho que morou por 3 anos no Rio, se tornou um grande jornalista e um excelente escriba.

Texto brilhante. Foi difícil conter a emoção.

Grande abraço! @BinhoDT

Obede Rocha Viana Jr.
13 anos atrás

mais um texto espetacular.

Parabéns, Flávio!

Demis Rocha Viana
Demis Rocha Viana
Reply to  Obede Rocha Viana Jr.
13 anos atrás

Obede Rocha Viana Jr. SERA QUE VC É MEU PARENTE . pois temos o mesmo sobrenome Meu Pai é da Bahia eu moro em Sao Paulo ABC

Rocha
Rocha
14 anos atrás

A história tem 37 anos o texto vai fazer 2 e eu aqui com os olhos marejados. Parabéns grande Flávio.

SYLVIA VERDIER
SYLVIA VERDIER
14 anos atrás

Adorei o texto. Embora não tenha vivido este tempo da Gal. B.Lima, moro lá há pouco tempo, mas consigo sentir esse lugar como se fora meus tempos de infância. A rua é bucólica e tem gosto de infância. Adorei o texto por que me sinto assim quando passo pela vila onde morei. Pena que estamos tão ameaçados pela violência (hoje muito diferente da que levou Carlinhos-que era neto do meu professor de inglês. Um abraço. Sylvia

Eduardo R
Eduardo R
15 anos atrás

Visita à casa paterna

A minha irmã Isabel.

Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, – olhou-me, grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.

Era esta sala… (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
minhas irmãs e minha mãe… O pranto

Jorrou-me em ondas… Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.

Rio – 1876.

Luís Guimarães Júnior

P.S: Parabéns pelo texto, sou escritor também, bisneto de Martha Pinheiro de Lima, foi ela que construiu o prédio em que você morou, ela também morou na Gal, Barbosa Lima, no pé da escada dos maconheiros hehe. Forte Abraço. Eduardo.

Mozart
Mozart
15 anos atrás

Maravilhoso ! tocante ! esse é o cara, é o Flávio Gomes !
Depois de ler, é difícil não ficar arrepiado, tive a mesma sensação
quando lí ” Moleques orelhudos ” do Diários de Viagem.

Alan Carlos
Alan Carlos
15 anos atrás

Muito legal sua história…é isso aí: Recordar é Viver!

kuja
kuja
15 anos atrás

Putz !!!!!!!!! Genial !!!! Obrigado !!! Me fez sentir mais leve.
Descobri só agora quem é o ” Menino Orelhudo”.(he,he)
Valeu. Abs.

Carlos Rossi
Carlos Rossi
15 anos atrás

Excelente!

Felipe
Felipe
15 anos atrás

Muito bonito. Impressionante como você escreve. Deu-me a impressão que é mais carioca do que penso ser.Da próxima vez me liga pra gente tomar um chope. Iria adorar ouvir suas historias.

Felipe
Felipe
15 anos atrás

Muito bonito. Impressionante como você escreve. Deu-me a impressão de que sou mais carioca do que penso ser.Da próxima vez me liga pra gente tomar um chope. Iria adorar ouvir suas historias.

Dudu Magnani
Dudu Magnani
15 anos atrás

é por este e por tantos outros textos que digo que vc é meu escritor favorito!

Abração

Leo David
Leo David
15 anos atrás

Esse relato não é somente seu, com o texto, todos os leitores reviveram um momento pessoal, todos recordaram fatos marcantes de cada passo da vida, tenho certeza que apesar da competência habitual, jamais conseguirá escrever um texto com tamanha riqueza de detalhes e paixão, porque esses não são digitados ou escritos, são vividos na pele e sentidos na alma.
Obrigado por compartilhar e parabéns, abraço.

Quinguy
Quinguy
15 anos atrás

Já disseram por aqui… Dizer o que? Copio-os pois. Não atrevo-me teclar mais. O teclado é seu.

Rubem Rodriguez Gonzalez
Rubem Rodriguez Gonzalez
15 anos atrás

Sei que você não gosta de cx alta pois parece que as pessoas estão “gritando” MAS AS VEZES VOCÊ OBRIGA A GENTE A QUEBRAR AS REGRAS, FAZER O QUE NÉ? PARABÉNS PELA SUA CRÔNICA , É UM VERDADEIRO “CINEMA PARADISO” SÓ QUE ORIGINAL , TEM ATÉ O ALFREDO, NA FIGURA DO ZELADOR… caçar sentimentos é uma arte tentada por muitos e conseguida por poucos, você pode se orgulhar de estar entre esses poucos, relatar uma página da infância evocando saudade e nostalgia sem ao menos esbarrar em nenhuma pieguice é para bem mais poucos que esses poucos, comparei essa sua crônica com a obra prima consagrada de Giuseppe Tornatore porque experimentei hoje as mesmas sensações de lembranças da minha infancia de quando assisti a ” Cinema Paradiso”, fantástico.

Roberto Brandão
Roberto Brandão
15 anos atrás

Só agora entrei no blog e selecionei este texto para ler.
Faz bem começar a segunda-feira assim.
Linda crônica. Não há mais o que comentar. Só sentir.

Leo
Leo
15 anos atrás

Excelente texto!!!

marcojetta
marcojetta
15 anos atrás

FG,

Já estamos no inverno …
Muito bok o seu relato. Foi legal.
Abraços,
Marco Antonio.

Ricardo
Ricardo
15 anos atrás

Putz! A idade faz uma diferença danada. Quando eu era moleque, não entendia que graça tinha aquela coisa meio memoralista, tipo do meu conterrâneo Pedro Nava. Eu não tinha passado. E hoje tenho, pro bem ou pro mal.
O olhar muda, com o tempo. Por isso, acho que o que importa é a poesia, mais nada. O resto é acessório. E fico pensando em quem não viveu pra saber disso. Penso, especificamente, num amigo, também jornalista, que morreu jovem, num acidente automobilístico idiota. Gostava de ouvir o que ele tinha a dizer sobre a vida. Gostaria de ouvir o que teria a dizer agora. Mas ele não está mais aqui.
Acho que é por isso que alguns velhos passam a mão nas bundas das meninas e chutam o balde e se comportam como se idiotas fossem. Talvez sejam sábios. Talvez mais sábios sejam os que fazem isso ainda jovens. Mas não adianta forçar a natureza. Tem gente que fica confortável num terno como se estivesse de pijama. Pra mim um terno vai ser sempre uma armadura. Com a vida também é assim, acho.

Fernando Linhares
Fernando Linhares
15 anos atrás

Grande crônica Flávio. Faz ter saudades dos diários da F1. Você vai voltar a viajar para acompanhar o circo, ou voltar a escrever de suas viagens? Abraço.

Paulo Barros
Paulo Barros
15 anos atrás

Simplesmente fantástico!
Viajei no texto. As luvas, exatamente iguais as do meu irmão, que eu usava não sem um certo ciúme, pude sentir o cheiro e a textura do couro. Acabei dando uma “voltinha” na minha infância, no futebol de rua e …. Ah! deixa prá lá… Muita coisa…
Emocionante.
Parabéns!

Wagner
Wagner
15 anos atrás

Lindo texto, Flávio! Realmente tocante! Podem falar que Copa é decadente, suja, etc, mas este lugar não perde a mística. Teu texto me remeteu a 1988, quando eu tinha 18 anos e saí de Petrópolis pra estudar na PUC. Morei em Copa, na Leopoldo Miguez, entre Bolivar e Barão de Ipanema. Ali o cara de 18 anos ficava acordado de madrugada pra ver a moça bonita que chegava toda noite no prédio do outro lado da rua e ficava peladinha no apto. com as janelas escancaradas… Ali em Copa foi meu primeiro namoro sério… As sesseões de cinema no Roxy, os lanches na Confeitaria Colombo. .. Teu texto trouxe todas essas lembranças de volta, FG!

Wagner
(ao som de Dick Farney, cantando “Copacabana”)

Rogério Magalhães
Rogério Magalhães
15 anos atrás

Poxa, FG, li só agora essa tua crônica da vida real… matou a pau! Lembranças da infância são sensacionais… eu só não tenho essas “lembranças da velha casa” porque ainda moro, 32 anos depois, na mesma casa em que nasci e cresci… mas essas recordações das brincadeiras, dos machucados são boas demais. E quando se tem a verve de transformar isso em texto primoroso, melhor ainda.

Aliás, sábado retrasado fiz minha estréia no Rio, que ainda não conhecia, fui com mais 8 camaradas ver a Portuguesa jogar no Engenhão contra o Botafogo. Chegamos cedo na cidade e fomos justo para onde? Copacabana! Ficamos num quiosque em frente ao Miramar Hotel, onde a Lusa estava hospedada, pude curtir in loco um calçadão que só via na tv, rodamos a Atlântica até o Leme e voltamos, passamos em frente ao Copacabana Palace… se minha memória não estiver falha, almoçamos nesse mesmo Alcazar que você citou, um rodízio de petiscos muito bom. Inclusive o gerente (se não for o dono, não cheguei a perguntar) tinha um sotaque muito parecido com o português, até brincamos que conhecíamos aquele sotaque, mas ele só dizia “é galego, é galego”, hehehehe… Só saímos de Copa quando o time foi para o Engenhão, a gente foi junto… mas no começo do vídeo que fiz da escolta, pega boa parte da nossa última volta pela Atlântica… dá uma olhada:
http://br.youtube.com/watch?v=ATQmVfbK-FU

Parabéns mesmo pela crônica! Mais uma para a galeria…

Vecchio
Vecchio
15 anos atrás

Só li agora.Espetacular seu texto. Nada a comentar. Estou “engasopado”. Parabéns.Calou fundo em todos os que têm uma história, e todos a temos, a relembrar. Abraço.

Maurício Carvalho / RJ
15 anos atrás

Flávio, simplesmente, obrigado.
O que você provocou em mim, e em muitos aqui, não se descreve com palavras, se senti.
Muito obrigado, meu amigo.
Fique com Deus.

Tohmé
Tohmé
15 anos atrás

Como a gente falou num bate-papo naquela noite. O negócio é viver com intensidade, pois a vida é mais veloz que nossos desejos.

jose carlos
jose carlos
15 anos atrás

caro fg
e as meninas do barata 200
foi la o inicio
jc
sete lagoas

Grünwald
15 anos atrás

Viva Copacabana, viva nossas lembranças…

Acarloz
Acarloz
15 anos atrás

Emocionante!

Renato Mesa
Renato Mesa
15 anos atrás

Cara, demais esse texto. Lendo a sua infância, lembrei da minha…demais…

Dú
15 anos atrás

Bá Tchê, já me achincalharam por ter te chamado de canalha!
Ainda bem que vc. foi de avião e não passou pelo Paraná!

Pedro Paiva
Pedro Paiva
15 anos atrás

Você é o rei do saudosismo!

Marcao Fioretti
Marcao Fioretti
15 anos atrás

Que texto!!!! Parabens e obrigado por compartilhar com a gente….
fomos contemporaneos de Rio de Janeiro… hoje moro em Sao Paulo… ha um mes, mais ou menos, comprei um LTD do Rio e na conversa com o vendedor, um senhor muito simpatico, disse que o carro estava numa casa no Jardim Botanico, para minha surpresa, foi o bairro em que morei, tambem, ha 35 anos atras… tambem me lembro da rua e da casa… em detalhes….
Forte abraço

Trovão
Trovão
15 anos atrás

Traços de recordações que remete as nossas infâncias!
Excelente texto, parabéns e boa viagem!

Fabio Taccari
Fabio Taccari
15 anos atrás

FG.
Talvez você tenha lido uma entrevista tempos atras, se não me falha a memória na “Folha” do Umberto Eco.
Ele dizia que o resto de nossa vida só serve para relembramos nossa infância.
Quem teve um dia verá.

Mário Buzian
Mário Buzian
15 anos atrás

FG,

Vou ser repetitivo,e pouco inovador,mas é impressionante como vc. tem o dom de transmitir emoção nas palavras,e em cada detalhe,cada flash de memória…Eu sei exatamente comoé,pois eu vivi o mesmo período que vc.,não no Rio,mas em SP,num bairro afastado daonde nasci,na Zona Leste,e nos mudamos para o Bairro do Limão em 1971,num conjunto habitacional da COHAB,construído naquele ano…Vivi lá por 5 anos,e nos mudamos de volta a ZL porque meu pai não conseguiu pagar as prestações mensais,que subiram muito naqueles tempos…
Toda a sua descrição sobre as crianças e travessuras eu tembém vivi,a digo mais,só quem foi criança no início dos anos 70 pode ter a mesma visão que temos do mundo.
Assim como vc.,voltei ao prédio que morei depois de mais de 20 anos sem aparecer,reencontrei alguns amigos e amigas de infância,foi maravilhoso !!!!
Apesar das grades circundando tudo,e a falta de lugar para estacionaf,os blocos continuaram os mesmos,e as memórias se avivaram cada vez mais…
Muito obrigado por me trazer lembranças daquilo que fomos,isso é sempre faz bem à alma…

Mário

PS:Já que estás aqui pertinho de casa,que tal combinarmos um café ???
Sei que a agenda deve andar corida,mas se tiveres um tempinho,me manda um e-mail com um contato,certo ??
Meu sogro adoraria conhecer esse homem que ama DKW´s (ele também tem algumas histórias a respeito…)

Pé de Chumbo
Pé de Chumbo
15 anos atrás

Ano passado fui à São Paulo e resolvi passar para ver a casa onde nasci a 56 anos atrás.
Derrubaram para construir um posto de gasolina.
Me deu uma tristeza…

Episcopo
Episcopo
15 anos atrás

Parabéns FG !
Belíssimo texto que me fez viajar e reviver alguns de meus tempos felizes de infância !
Muuuuito obrigado ! Obrigado mesmo !

alberto medros
alberto medros
15 anos atrás

bonito texto!
já passei por essa experiência.é interessante. minha mulher diz que tem esse talento por que foi aluno do colégio rio de janeiro.
abs
alberto medros