GIRA MONDO, GIRA
SÃO PAULO (é, amigo…) – Recebo interessante artigo da “Forbes” enviado pelo Ricardo Divila, sobre a situação das montadoras americanas que, ontem, divulgaram números tenebrosos de queda de vendas. O autor é Jerry Flint, que atua na área há meio século. O título: “Desperate times”.
Reparem especialmente neste trecho:
Our presidential candidates all decry the loss of manufacturing, the factories shut, the idled workers. They blame Mexico or China or Japan, but they aren’t helping save anything. They are part of the problem.
This industry needs help now–if it is to be saved. And government isn’t helping, it’s piling on.
O cara vê que as gigantes estão indo à bancarrota, entre outras coisas porque mexicanos, chineses, japoneses e europeus são bem mais eficientes, e clama pela ajuda do… governo!
Uai, não são os EUA o reino da iniciativa privada? Não é lá que o mercado dita as regras? Aí os caras vão mal das pernas e o sujeito acha que o governo tem de ajudar a indústria americana?
Pois é, o mundo dá voltas. Gira. Aqui no Brasil, hoje, os neo-alguma-coisa sobem no saltinho quando o governo fala em ajudar algum setor em dificuldades. Lá, os mesmos neo-alguma-coisa acham o máximo. Acham tudo nos EUA o máximo. Inclusive os subsídios à agricultura, que estrepam os países mais pobres, e a sobretaxação (tem hífen?) de matérias-primas que os países mais pobres exportam.
É a roda. Às vezes engripa.
Os EUA sempre tentaram e na maioria das vezes conseguiram acabar com o comércio internacional de outros países. Tá certo que o país tem o direito de conseguir escoar sua produção e com isso trazer dinheiro para o país e para a população, mas não da forma predatória que os governantes americanos fazem a décadas. A partir da década de 90, os americanos começaram a cair com o seu estilo de vida defasado e outros mercados surgiram para tomar o espaço a que todos os países tem direito no comércio internacional, e aí o Brasil tem conhecimento na siderurgia, no petróleo e na agricultura, e que podem trazer mais dividendos para o nosso desenvolvimento.
Todos os paises desenvolvidos fazem política industrial (e os subsídios agrícolas são o quê?) . A longo prazo tem que balancear o interesse do setor com o público/consumidor/contribuinte , que é quem no fundo paga a conta.
Política industrial no Brasil era uma vergonha, servia como barreira para locupletar empresários incompententes, que iam torrar dinheiro em cassino na Europa. A abertura do Collor foi atabalhoada, mas tinha que ser assim ,senão não abria nada ( e vc FG não teria o seu adorado Lada) . A questão não é ser neo-bobo, é a velha política oligarquica de privilégio. Portanto, quanto mais aberto o mercado, menor a possibilidade de “práticas não usuais” , infelizmente para grande alegria dos chineses, coreanos, indianos, etc.
Pois é FG… Já diziam que não é o ESTADO que interfere no mercado, mas o MERCADO que só sabe sobreviver do estado….
Coisas da “neo-sabe-lá-o-quê”……………..
Guerras, instalação de ditaduras para impedir o avanço da ameaça comunista, imperialismo comercial, guerra contra o “terror”… acabou a farsa Estadunidense, tentaram se manter no topo de todas as formas possíveis, mas agora eles estão colhendo o que plantaram – serão engolidos pelos seus próprios ideais furados de liberdade econômica total e conservadorismo social.
Complementando, o mercado é rei enquanto tudo vai bem para os donos do dinheiro. Quando o mercado lhes é desfavorável, correm pedir para que os governos intervenham.
Lá, como cá, privatiza-se o lucro enquanto o prejuízo é socializado.
Ao Claudio Ceregatti:
Você diz Obvio! neles, mas a motorização destes carrinhos é da Chrysler fabricado na Tritec do Paraná. Não entendi.
O carro é um agregado de soluções práticas e muito bem pensado por pessoas de alto nível mas na minha opnião ele está muito distante de fazer algo legitimamente tupiniquim.
Nesse ponto os Russos são melhores que nós. Fizeram de um projeto obsoleto virar automóvel e lançaram algumas naves espaciais sem explodir a ponte de lançamento. Isso sim é de se admirar.
Nós aqui também temos capacidade de criar mas somos incopetentes quando chega a hora de gerir. Infelizmente o preconceito do produto nacional ajuda a afundar o barco.
Quanto aos americanos minha opnião é que eles como qualquer outro grande império estão vendo o início da ladeira. Basta eles lerem um pouco sobre da história da humanidade e ver que tudo o que sobe um dia desce.
Abraços,
Tanto é o paraíso da livre iniciativa e da democracia economica – vulgo capitalismo – que lá as crises são pontuais e passageiras, enquanto nos países de regime estatocrático com empresas estatais e altas cargas tributárias as crises são endemicas.
Flavio, bem escrito: O mundo dá voltas…
Nos anos 80, houve a invasão dos veículos japoneses na américa, as montadoras americanas se estreparam, reclamaram, estrebucharam e o governo americano não sobretaxou os carros importados. Resultado: hoje os americanos compram carro a preço de banana, enquanto isto, aqui no bananal, pagamos uma baba para andar de Uno…
Assim é a mentalidade desta turma: privatiza-se o lucro e publiciza-se o prejuízo.
Como diria o Luiz Carlos Azenha: “Enquanto isso a mão invisível (do mercado) mandou dizer que está na esquina e volta logo.”
É assim mesmo, enquanto estão ganhando livre mercado, quando o negócio esfria, reserva de mercado, subsídio.
A gente aqui no Brasil falar da economia americana, principalmente em relação à indústria automobilística, é o sujo falando do mal lavado.
Entre impostos, gastos com logística e lucro, os carros importados chegam aqui ao dobro do preço praticado em outros países. E ainda assim brigam em preço com os carros nacionais. Ou seja, nossa indústria automobilística só sobrevive, também, devido ao protecionismo dado pelos impostos de importação.
Coitadinhos dos americanos! Daqui a pouco farão parte de 90% da população mundial que não tem teto sobre suas cabeças nem comida no prato para comer.
De nosso lado teremos uma chance de ouro para provar o quanto somos solidários para com os pobres não é mesmo?
Produtos obsoletos, leis de mercado, política interna e externa, arrogância, monopólios, guerras não justificadas, etc. Eles estão começando a colher o que plantaram. Que sirva de alerta para muitos que os idolatram em tudo e que deveriam se mudar de vez para lá.
Legal o teu texto Flávio, é por isso que venho aqui todos os dias além dos ótimos sites que vc. nos visualiza, fala com propriedade aquilo que vemos e que a mídia brasileira (macacos segundo los hermanos) nem se pronuncia sobre.
FG!! esses abutres anti-PT podem ser tudo, menos neo-alguma coisa, já que eles têm mais de 500 anos por estas bandas!!
e que estrago fizeram ..
pode ser neo-idiotas!!
Estão sobreferrados, sem hífen.
É Flavio e a arrogancia dos americanos vai ter que ser engolida sem açucar porque duvido que eles consigam mudar muito as coisas na velocidade que precisam.E vai ser divertido ver a industria brasileira quem sabe exportando carros para lá algum dia.
Lee Iaccoca pediu ajuda nos anos 70 pra salvar a Chrysler, e conseguiu. Faz um belo trabalho de recuperação, saiu da presidencia e ai… Trinta anos depois a Chrysler uniu-se a Daimler e todo mundo viu no que deu. A fabrica da tritec no Paraná é apenas um exemplo da incompetencia extrema. O cara tá certo – os executivos são parte do problema.
A China, por sua vez, saltou do cipó direto para a pós-revolução industrial. Hoje tem marcas próprias, exportam carros para o mundo.
O Brasil, enquanto isso, fabrica carros há 50 anos. E não temos nenhuma indústria brasileira.
Incrível, não?
Como pode um país como o nosso exportar aviões e não termos nenhuma fábrica de carros brasileira?
Obvio! neles. É a única solução que se avizinha no horizonte tupiniquim.
Quanto aos EUA serem um país de primeiro mundo, discordo completamente. É uma economia de primeiro mundo, mas não um país.
Países de primeiro mundo, de fato e de direito são os nórdicos – os herdeiros dos vikings. Esses sim, acharam a fórmula mágica. Enquanto aqui tomamos sol, descemos o cacête no governo (todos, sem exceção) e importamos carros chineses.
Francamente… Carros europeus sim, principalmente alemães.
Mas trazer carros chineses é assinar um atestado de incompetencia.
Sabemos tudo de carros aqui, temos tudo de autopeças aqui e capital farto e massa crítica.
Só não sabemos o que fazer com isso.
o autor do texto é absolutamente confuso.
ele coloca a culpa em deus e o mundo, mas só quer justificar sua tese estranha, de que se os estados unidos ficariam bem piores caso não tivessem suas fábricas de carros.
ele foca em apenas uma parte da questão (os possíveis empregos com altos salários que segundo ele seriam exportados) e esquece a outra ponta, da qual os eua e todos (inclusive os que não são donos de empregos com altos salários) se beneficiaram com a entrada no mercado de outras fábricas: a queda no preço dos carros.
a questão com alguns americanos é essa coisa de ‘orgulho nacional’, ‘soberania’, ser um pouco exagerada. ter uma fábrica nacional pode até ser legal e tal, mas não tê-la não é o fim do mundo (como provam os britânicos citados) e talvez os governos, de todos os lugares, tenham preocupações mais importantes para investir os impostos do que concorrer com a Toyota.
Caro Flávio,
a “iniciativa privada” sempre foi assim…
privatiza os lucros e “socializa” os custos.
A infra-estrutura geral, sempre, sempre, sempre é cobrada do governo, mas os dividendos…serão só acumulados!
E ainda tem gente que defende…ah! inocentes úteis…
abraços!
Dois ditados bem surrados cabem aí:
“Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço…”
“Dois pesos e duas medidas”
Ou, como diria uma pessoa que conheço:
” A boca fala e o c+u paga “
É… quando o calo aperta na busanfa, até capitalista doente vira adepto doentio da economia de estado…
é…os SUV que estavam tão em alta lá podem ser extintos…a GM já colocou a faca no pescoço do Hummer por conta da crise e por questões de combustível…acho q a Lada poderia ceder gentilmente alguns Niva pra eles aprenderem com se faz….hehehe