GURGEL

SÃO PAULO – Morreu na noite de ontem, aos 82 anos, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. O fundador da montadora que resistiu ao Brasil de 1962 a 1994 sofria havia oito anos do Mal de Alzheimer. Seus carros continuam por aí, rodando alegremente. São diferentes, pioneiros, marcantes.

Gurgel enxergava à frente, é um dos clichês associados a qualquer menção que se faça ao engenheiro, e enxergava mesmo. Pensou o carro elétrico (Itaipu), pensou o carro popular urbano (Cena, BR-800, Motomachine, Xef), pensou o utilitário, a picape, o furgão, sempre de olho no consumo e no uso de materiais alternativos à chapa.

Foi derrubado quando o governo do Ceará prometeu financiar sua fábrica de motores, salto que muitos achavam desnecessário, e deu para trás. Quebrou, e a Gurgel faliu. Por conta da doença do patriarca, e em meio a zilhões de ações judiciais, a família se descuidou, a marca caducou no INPI e há alguns anos um picareta se apropriou dela para lançar veículos agrícolas.

Há um bom perfil da Gurgel aqui, escrito pelo Fernando Calmon. No BestCars, a história da marca em páginas de autoria de Francis Castaings.

Bem, quem tem um Gurgelzinho, hoje, que faça um agrado em seu capô de fibra.

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fernando monteiro
fernando monteiro
7 anos atrás

Tenho um br-800 e um motomachine. Espero aínda comprar para o museu que estou construindo no meu autódromo particular na Paraíba, a maior quantidade possível dos modelos da Gurgel que foram fabricados. Homens de “havemos de fazer”, nunca farão nada. Gurgel fez. Sei muito bem o que é ser um visionário que pensa grande. Somos logo chamados de loucos e quase sempre desacreditados em nossos bons e firmes propósitos. Para mim, Gurgel sempre terá o meu respeito pela coragem que teve para chegar onde chegou. Críticos sempre haverão. Perfeito, ( ? ) nem Cristo;

calos
14 anos atrás

EU ACHO QUE O SR.JOÃO GURGEL SEJA LOUCO EU ACHO QUE ELE É UM VENCEDOR ELE VENCEU A IDUTRIA BRASILEIRA DE ALTOMOVEIS PRESIDENTE COM SEUS CARROS DE FIBRA EU ACHO QUE ELE É UM GRADE VENCEDOR

Dalton C. Rocha
Dalton C. Rocha
14 anos atrás

No site http://blog.estadao.com.br/blog/jc/?title=adeus_genio&more=1&c=1&tb=1&pb=1#comments alguém escreveu:
“Comentário de: Conhecedor [Visitante]
04.02.09 08:49
É interessante como o Gurgel conseguiu criar essa aura de semi-deus sendo como foi. Pelos posts aqui, as pessoas tem a imagem que o Gurgel foi um injustiçado, um empresário espetacular e um homem que não teve nenhum apoio. Repetindo, eu convivi com ele por 40 anos. Não é nada disso. Ele era um engenheiro genial. Disso não há dúvida. Suas soluções técnicas eram apreciadas por todos, incluindo as montadoras. Fora isso, ele foi um empresário lamentável.

Gurgel mantinha a famosa casa de hóspedes em seu sítio próximo da fábrica. Aquilo vivia lotado de políticos de todos os tipos, todos muito bem agraciados para garantir vantagens fiscais e financeiras à Gurgel. Nunca houve falta de dinheiro público. O próprio BNDES colocou dinheiro a fundo perdido (FUNDO PERDIDO) para financiar as pesquisas da fábrica. Hoje falam aqui que havia falta de dinheiro público. O Sr. Gurgel prosperou na fase do regime militar, anos 70 e 80, regime este que adorava apoiar empresários brasileiros. O Sr. Gurgel foi um desses empresários.

Gurgel não prosperou porque era impossível trabalhar com ele. Ele era extremamente centralizador. Nunca nada o que as pessoas faziam estava certo. Cansei de ver ótimos engenheiros serem contratados e pedirem a conta no mês seguinte porque o Gurgel os tratava mal, não lhes dava liberdade para nada e interferia o tempo todo no que estivessem fazendo. Dessa forma, os bons iam embora e Gurgel ficava cercado de bajuladores e puxa-sacos incompetentes, que era o que de fato o agradava.

Não existia custos na Gurgel e não foi feito projeto de viabilidade econômica para o 0800. Se fosse nos dias de hoje, a Gurgel Motores não teria como ter aberto o capital na bolsa. O objetivo do Sr. Gurgel era que o 0800 custasse 60% do preço do Fusca. De onde ele tirou esses 60% ninguém sabe. Era impossível fabricar, com a escala pretendida de 50.000 veículos anuais, algum carro mais barato do que o Fusca. Mas custo não importava ao Sr. Gurgel, apenas a notoriedade.

As montadoras gostavam do Sr. Gurgel, ao contrário do que muitos dizem aqui. Ele nunca foi competidor de montadora nenhuma e nem o seria com o carro popular. Todos o consideravam mais um visionário capaz de fazer muita articulação política e incapaz de administrar qualquer empresa. E era isso mesmo. Ele era amigo pessoal do Sr. Wolfgang Sauer, presidente da Volks, que vendia muitos chassis e motores para a Gurgel.

Tem muito mais mas chega… vamos deixar Gurgel descansar em paz e os amigos aqui, que acompanharam tudo pela mídia, acreditar que ele foi um gênio injustiçado. Parte de sua família, entretanto, continuará morando nos EUA, onde estão os recursos patrimoniais e onde os processos criminais que correm na justiça brasileira não poderão alcançá-los.”

Edison Sampaio
Edison Sampaio
Reply to  Dalton C. Rocha
8 anos atrás

Com relação ao comentário desairoso de DALTON C. ROCHA, acima, sobre o grande João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, tenho a dizer que fiquei muito surpreso, pois contradiz tudo o que já li sobre o Eng Gurgel. Arrisco-me a dizer que o comentarista sofreu algum desentendimento pessoal e, por mágoa, fez essa postagem lamentável. Nem é necessário muitas palavras para se reconhecer o legado de João Gurgel. Dezenas de modelos esse industrial produziu e algumas centenas ainda rodam até hoje, possuindo uma legião de admiradores e Fans Clubes. É claro que, no trato com seres humanos, especialmente na administração de uma indústria, não há como se agradar a todos. Muitas das vezes tem-se que agir com rispidez para dar cabo de algum trabalho. Enfim, falar mal de João Gurgel é falar bobagem. Qto ao apoio que os governos militares deram a João Gurgel, isso é verdade. Os militares deram enorme apoio aos industriais brasileiros, ao contrário do que fazem os governantes atuais, que afundaram o Brasil fazendo regredir nossa indústria de transformação. Ponto para os militares, que alçaram o Brasil a uma posição econômica invejável. Isso é História. Outra coisa: aplicar recursos do BNDES numa indústria nacional, mesmo que seja a fundo perdido, tem infinitamente mais mérito do que fazer o mesmo em países estrangeiros, como fez o larápio Lula na construção do Porto de Mariel, em Cuba. Pelo que tenho lido, a Gurgel Motores faliu porque o governo do também ladrão Fernando Collor optou por oferecer subsídios à indústria automobilística alienígena, em detrimento da nacional, como a Gurgel, cujos veículos o mrreteiro “caçador de marajás” apelidou de “carroças”, Tivesse obtido apoio, os veículos Gurgel teriam avançado tecnologicamente. Parabéns a João Gurgel, um grande brasileiro.

PIMENTA  ( SERGIO G PIMENTA ) ( SAO PAULO  CAPITAL )
PIMENTA ( SERGIO G PIMENTA ) ( SAO PAULO CAPITAL )
15 anos atrás

EX FUNCIONARIO DA FABRICA ( AJUDANTE GERAL, LAMINADOR, MONTADOR, PILOTO DE TESTE, E FUNILEIRO NOS CONSERTO DOS GURGEL ), AQUI EM SAO PAULO E EM RIO CLARO, UM OTIMO PATRAO, QUE ESCUTAVA OS FUNCIONARIO, PELOS PAPITES QUE PODERIA MELHORAR O ANDAMENTO DA PRODUÇAO E DA LINHA DE MONTAGEM E TAMBEM NOZ CARROS OK, >>> QUALQUER PERGUNTA SOBRE O GURGEL OU MP LAFER E OUTROS CARROS DE FIBRAS E REPLICAS E BUGGYS SERAO BEM VIDAS OK E SO ENTRAR NO E-MAIL, ( [email protected] ) ABRAÇOS e OBRIGADUUU ” PIMENTA BUG NICK MP “

Max Ferreira Machado
Max Ferreira Machado
15 anos atrás

Sou técnico em máquinas e jornalista. Gurgel, o último bastião de uma história romantica, O nosso Preston Tucker, metido a designer, mas um empreendedor que acreditava no que fazia. Seus jipes são conhecidos até fora do Brasil.
Ficamos tristes por acompanhar toda a sua luta e a falta de incentivo de um país que só ajuda as multinacionais. Entre os seus projetos muitas sacadas geniais e a construção de uma fábrica nacional. Gurgel, um lutador que nos dá motivo de orgulho.
Que a tua passagem seja com muita luz. À família, meus sinceros sentimentos.
Max Ferreira Machado

Fabio Bastos
Fabio Bastos
15 anos atrás

Grande visionário. Fez diferença e deve ser motivo de orgulho a todos os brasileiros. Mesmo tendo falido acredito que em muitos momentos ele pensou “fui lá e fiz essa porra”. Uma coisa é ficar venerando os estrangeiros outra bem diferente é contruir do nada seus sonhos e objetivos. Um homen a frente de seu tempo, sem comentários.

José Roberto A. Vieira
José Roberto A. Vieira
15 anos atrás

Flávio um grande Brasileiro se foi.Como todo gênio,foi sempre muito avançado para o seu tempo. Que festa lá no céu. Que de lá ele ajude as divindades com suas invenções, a salvar a nossa ainda morada.

Scopel
Scopel
15 anos atrás

Esse foi Polêmico com P maiúsculo!
Lendo os comentários acima vê-se que ou ele é idolatrado ou detestado. Tudo meio irracionalmente.
Tenho um MotoMachine e posso dizer que enquanto city-car é bem meia-boca. Não tem torque, não tem potência, é barulhento pacas, esquenta como um forno, ergonomicamente é um desastre (a não ser, talvez, para pessoas do tamanho do finado Doutor Gurgel), e de nada adianta ser conversível, porque ninguém é doido de andar sem capota, tomando sol no coco, comendo fumaça, ouvindo a doce sinfonia do trânsito e ainda arriscando ser assaltado por qualquer pivete com um canivete!
A vantagem é que é muuuuito econômico. não interessa a ladrões, tem direção super-leve, cabe em qualquer cantinho e desperta sorrisos (às vezes risadas e até uma gargalhada de vez em quando) e é um carrinho altamente colecionável, por ser 100% brasileiro, esquisito e só terem sido fabricados 177.
Quanto ao Sr. Gurgel, está claro que ele estava longe de ser um empresário equilibrado: mudava de opinião a toda hora, era, sim, megalomaníaco, vaidoso, cego para as necessidades dos consumidores em potencial de seus automóveis, mas se lesou instituições financeiras públicas, a culpa é muito mais dos safados que as dirigiam do que dele. Acho que ele só era meio gênio e meio louco, mas não acredito que fosse mal-intencionado. Quem deveria defender nosso dinheiro é que não o fez

Rodolfo Machado
15 anos atrás

Para mim o exemplo do Gurgel é do empresário brasileiro e patriota, coisa rara hoje em dia, a mídia e os economistas fizeram tanto a cabeça das pessoas que hoje quem defende empresa nacional, quem é patriota, é coisa de “esquerda”, coisa de comunista, eu já comentei uma vez aqui no blog sobre o motor do BR-800, veja neste link:
http://gurgelmotores.vilabol.uol.com.br/historia5parte.htm

Eu espero ainda um dia ter o prazer de ver grandes realizações tecnológicas legitimamente Brasileiras, que sabe um dia a Embraer venha a equipar seus aviões com turbinas nacionais, a Vale já desenvolveu uma turbina a gás 100% nacional.

Outras que merecem menção, a CBT, Companhia Brasileira de Tratores, que desenvolveu, até onde eu sei, o primeiro motor Diesel 100% Brasileiro, alem da bomba injetora para seus tratores e o jipe Javali.

A Engesa, com seus tanques Cascavel, Urutu e o formidável MBT Osório, que foi o mais avançado e porque não dizer, feroz tanque de guerra de seu tempo.

Felipe Nicoliello
15 anos atrás

Flávio, além de ser um excelente empresário com muitas criações, Gurgel era um gênio da mecânica, que teve a visão de juntar algumas peças de um motor com outras e saber que ia dar certo o seu valente motor.
A família não teve nada a ver com a perda do registro da marca Gurgel, quem bobeou foi o síndico da massa falida, que não renovou os registros no INPI, achando que não valeria nada.
Infelizmente a Gurgel começou a incomodar muita gente e não tinha jeito de dobrar o durão e forte João.

Paulo Franco
15 anos atrás

Um grande brasileiro!
Espero que não seja o último.
Paulo Franco

Varlei
Varlei
15 anos atrás

Sr Gurgel era um grande engenheiro, mas acho que ele pecou com o BR800, devia ter ficado no x12 que era o que fazia melhor, br800 um forno microondas alem de pular que nem um cabrito com aqueles amortecedores dianteiros que nem o cão arruma, o que acabou com a gurgel realmente foi o br800, sinto muito pela morte dele era um grande empresario e engenheiro, mas as vezes viajava um pouco em suas idéias “modernistas”.

Squa
Squa
15 anos atrás

Um pouco atrasado, mas merece. No link abaixo, tem fotos de praticamente todos os modelos produzidos, quem tiver a oportunidade de ver é bem interessante, serve até de arquivo pra futuros posts sobre a marca.
http://autozine.com.br/informacao/morre-o-fundador-da-gurgel
Abrçs

nikitifla
nikitifla
15 anos atrás

Caro Diego Portugal,

Para sua informação, como bem disse Otto, os asiáticos começaram fazendo traquitanas para circular em seus países, arrasados pela fome, pela miséria, pela ignorância, pela tirania e por guerras internas e externas, e hoje possuem algumas das marcas mais respeitadas do mundo, como a Honda, a Toyota, a Nissan e a Hyundai.

Chineses e indianos estão indo pelo mesmo caminho e não tardarão a se juntar aos japoneses e coreanos; aliás, a indiana Tata Motors tem desafiado os “global players” da indústria automobilística de diversas formas, desde a aquisição das tradicionais Jaguar e Land Rover até o projeto do Tata Nano, cujo conceito tem notáveis semelhanças com o do BR-800 da Gurgel.

Isso tudo, Diego, foi para lhe mostrar que, se os asiáticos pensassem como você, eles jamais teriam desafiado – e derrotado – a supremacia euroamericana no mercado automotivo. Se eles pensassem como você, não se falaria hoje em Toyotismo (o sistema Toyota de produção industrial, largamente utilizado no mundo, em diversos setores da economia). Se eles pensassem como você, os motores da Honda não teriam impulsionado parte das conquistas de Piquet e Senna no fim dos anos 80 e início dos anos 90 e, provavelmente, eles teriam feito muito menos do que seu talento lhes permitiu.

Otto Lima
Otto Lima
15 anos atrás

Ainda que pesem contra Gurgel as deficiências técnicas de suas criações e suas próprias deficiências de gestão empresarial, ele mostrou que o Brasil reúne todas as condições para ter uma indústria automobilística verdadeiramente nacional e libertar-se do colonialismo industrial. Temos tecnologia mais do que suficiente para projetar e fabricar qualquer tipo de veículo. Se não fosse assim, a Embraer não seria o que é hoje, disputando ombro a ombro o mercado de aviação regional com poderosos e tradicionais grupos industriais – e vencendo. Se não fosse assim, não teríamos essa vasta aplicação de tecnologia de informação que faz do Brasil um destaque entre todas as nações, como a automação dos serviços bancários, a votação eletrônica e o ajuste anual do imposto de renda pela Internet. Aliás, em um passado não muito distante, graças ao seu confuso e ultrapassado sistema de votação e apuração, os EUA permitiram a ascensão ao poder do imbecil que iniciou a crise financeira global ora em curso.

E o que dizer do Japão, da Coréia do Sul e da Malásia, no outro lado do mundo, cujas indústrias automobilísticas nasceram sob condições incrivelmente adversas, produzindo verdadeiras carroças, e hoje contam com marcas próprias, algumas delas notáveis, a pura expressão da tecnologia? Seriam seus povos seres superiores, dotados de inteligência e capacidade de trabalho várias vezes superiores ao nosso? É claro que não!

Ainda que pesem contra o empreendedor brasileiro a pesada burocracia estatal e a extorsão em forma de juros e impostos, a melhor explicação para o fato de o Brasil não ter uma marca própria de automóveis é letargia, pura e simples. Qualquer empresa ou grupo industrial que deseje fabricar de automóveis – partindo do zero, como se diz – terá aqui todas as condições para fazer do empreendimento um sucesso. Em qualquer mercado. Sem medo ou vergonha. Querer é o que basta.

Corcel Bino
Corcel Bino
15 anos atrás

E o Gurgel passou. Não o simpático Jipinho X12, nem BR 800, Supermini, Motomachine, Carajás. Esses ainda estão por aí, rodando impávidos apesar dos quase 15 anos do término da produção. Foi-se o grande criador e criatura, patriota como poucos. Infelizmente, doente e meio esquecido, como jamais deveria acontecer com os grandes brasileiros. O céu dos automóveis deve estar mais alegre. A nós resta seu legado.

Alexandre Ozorio
Alexandre Ozorio
15 anos atrás

Na infância, entre desenhos de automóveis nos cadernos de aula, ficava me imaginando como designer da Gurgel. Por um acaso do destino, meu primeiro automóvel foi um BR 800. Ótimo carro para quem tinha que andar muito com pouco dinheiro; média de 17km/l cidade-estrada, ótimo para estacionar, podia deixar com chave na ignição que ninguém roubava, manutenção cara, muito gostoso de dirigir (kart com marchas). Para andar na tranqueira de Porto Alegre a São Leopoldo todo dia, era tão eficiente quanto muitos carros gigantes e grotescos que andam por aí.
Também acompanhei a história da Gurgel motores, e se alguns dizem que ganhou incentivos do governo (ótimo), como TODAS as outras montadoras instaladas neste país ganharam. Tentou e teve seus erros. Mas tentou. Na década de 60 ríamos dos carros japoneses, que hoje são sonhos de consumo de muitos; na década de 80 ríamos dos coreanos, e estes também chegaram a um bom estágio tecnologico. Ainda riem dos chineses, mas e o Brasil, como está na escala tecnológica de automóveis com tecnologia e capital proprios?
Quanto ao Proalcool, era mais do que duvidoso, na época, um sistema que direcionava dinheiro dos contribuintes para subsidiar o alcool, alimentando um sistema extremamente ineficiente das usinas de alcool. Tão ineficiente que quando o preço do açucar ficava vantajoso, não havia alcool para os carros.
Na verdade, enquanto a Ford do Brasil fazia leilão para ver quem dava mais para ela, levando ao todo mais de R$ 1 bi, a Gurgel faliu porque o governo cearense da época (se não me engano Ciro Gomes…será teu parente Flávio?), puxou o tapete do Sr Gurgel e não fez as contrapartidas necessárias para instalação da fábrica. A fábrica tinha uma idéia interessante: fazer o que a VW fazia com os pequenos: vender plataformas para serem montadas com características próprias para a região onde seria vendido. Redução de custo de transporte e descentralização.
Por onde andarão as máquinas e o ferramental que seriam utilizados na fábrica do Delta?
Saudade do meu BR 800
Condolências aos familiares doSr João Gurgel
Longa vida aos seus carros

Valmir Passos
Valmir Passos
15 anos atrás

Este senhor era de fato um visionário. Sempre esteve a frente de seu tempo. E foi muito, mas muito sacaneado pelo lobby das grandes montadoras. Vale ressaltar que seu pedido de redução de impostos para a fabricação de um veículo popular foi devidamente negado pelo Governo, e “misteriosamente” concedido depois à Fiat, que lançou o Mille. Mas aí, Gurgel já estava quebrado. Batalhou o quanto pode, num país corrupto e injusto.
Que descanse em paz.

Diego Portugal
Diego Portugal
15 anos atrás

Importante o resgate feito pelo FireHawkBr

Trata-se de um exagero ufanista olhar apenas para o lado “gênio” do Gurgel. Seu sucesso, enquanto durou, foi em boa parte financiado por nós.

E os propriotários originais dos BR-800 tem mesmo que gostar muito do carrinho. Afinal, com aquele golpe da aquisição de cotas da empresa, pagaram uma fortuna pela traquitana.

Como alguém comentou antes, fazer jipinhos toscos para enfrentar estradas precárias é uma coisa. Já, construir AUTOMÓVEIS para competir com o knowhow das multinacionais do ramo só tendo muito dinheiro público para queimar. Mas até isso acaba. E não adianta a brazucada recalcada ficar atacando as montadoras que, afinal de contas, são quem sabe fazer carros de verdade. Na época da gestação do BR-800 sempre me perguntei porque o Gurgel não buscava uma parceria para transferência de tecnologia ou algo assim. A Nissan, por exemplo, sempre teve minicarros urbanos excelentes. Incrível que ainda tem gente que acha que uma geringonça como o BR-800 tem algum sentido no mercado atual. Que tal submetê-lo a testes básicos de homologação de crash-test e emissões???

E, para encerrar, mais uma das “jogadas” do Gurgel que acho que ainda não foi lembrada aqui: O primeiro nome de batismo do carrinho foi CENA (“carro econômico nacional”). Sugestivo, não?

É claro que o verdadeiro Senna não gostou da idéia. Daí surgiu o BR-800.

Acarloz
Acarloz
15 anos atrás

Aos que criticam, o que já fizeram como empreendedores? qual seu legado ? estaremos falando dos srs. por aqui quando falecerem ? Ora vão plantar batatas…

Jorjão
Jorjão
15 anos atrás

FALUI POR CAUSA DO GOVERNO DO CEARA NÃO SENHOR. o Dr. gurgel montou um “fabrica”, com sucata de uma fabrica francessa, aqui perto do autodromo. o terreno foi terraplanado e entre pelo governo do estado, (ainda está lá abandonado). o dr. gurgel queria R$ 5 milhões de dolares (salvo) engano, do governo do estado do ceara para pagar funcionarios. dai do sul do pais. o ciro gomes botou o dedo e o dinheiro não saiu. op homem foi embora e nunca mais voltou. a fabrica foi abandonada e saqueada pelo sucateiros.

FireHawkBr
FireHawkBr
15 anos atrás

Aprendi a ler com 3 anos de idade, lendo Quatro Rodas então eu acompanhei in
loco a saga do Gurgel.
No começo, ele era meu ídolo. À medida que cresci, fiquei crítico conheci
outros horizontes, fui verificar o engodo que ele é.

1. Personalista ao extremo ao ponto de TER que particupar dos comerciais dos
seus carros. Adorava aparecer em fotos ou eventos. Vide o nome da empresa,
não é?
2. Brilhante tecnicamente mas sem o menor comprometimento com a viabilidade
financeira dos seus projetos.
3. Capacho do regime militar, sempre em conluio com eles, recebendo polpudos
empréstimos durante o governo dos milicos.
4. Chassi feito com mistura de aço com fibra de vidro (chamou de Plasteel)
que apesar de muito resistente não tinha resistência a torções, fazendo
literalmente o carro trincar.
5. Teimoso, foi um dos grandes opositores do Pró-Alcool e se recusou a fazer
um carro a álcool, na época que 99% dos carros 0 Km vendidos eram na cana.
6. Teimoso, quando virou empresa automobilista grande, indo contra o seu
staff técnico, não quis fazer carro com lataria, sem abandonar a precária
fibra de vidro, que trincava, sem permitir consertos.
7. Ótimo de marketing, enganou muita gente que investiu dinheiro no projeto
do BR800. Lesou o Banespa, Baneser, Banestado e BEC em mais de R$250
milhões resultado de empréstimos não pagos nem após a falência.
8. Lesou também bancos federais, por conta de empréstimos (sem garantias)
dados pelo José Sarney.

Seus carros eram feios, mal construídos, feitos de plástico, sem espaço
interno, sem ergonomia e sem potência.
Deu certo como fabricante de jipinhos pé-de-boi para rodar nas estradas
precárias do Brasil de 30 anos atrás.
Quando quis virar fabricante de carro de verdade, faliu.
Não fosse pelos empréstimos de bancos público, o claro protecionismo dos
milicos e uma absurda reserva de mercado em várias áreas de tecnologia,
ele teria quebrado bem antes.

Samuel Santiago
Samuel Santiago
15 anos atrás

interessante esses relatos dos blogueiros, mas quantos de vcs comprariam um gurgel??

agora sobre o picareta que o Sr. Gomes, cujo nome é Paulo Emilio Lemos, que é da minha cidade Presidente Prudente, utilizou de um meio legal, registrou o nome e aguardou 60 dias alguma reinvidicaçao, provavelmente quem ficou marcando bolinha foi a familia que deveria ter zelado mais pelo nome…

a nova Gurgel produz triciclos rurais, empilhadeiras e fechou um contrato com Fiat para aquisiçao dos motores Fire, para produçao de carros e caminhoes de pequeno porte a diesel e basculantes, sua nova fabrica sera montada em 3 Lagoas Mato Grosso do Sul.
e uma fabrica em castilho sp

Agora sim poderemos ter em um futuro breve a marca Gurgel realmente estampando carros populares brasileiros

http://www.noticiasautomotivas.com.br/gurgel-motores-vai-voltar-a-produzir-carros/

http://74.125.113.132/search?q=cache:WGX6lLgF5IkJ:www.folhadaregiao.com.br/noticia%3F96967+gurgel+3+lagoas&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=br

RESPOSTA DO FG:

Picareta mesmo. Por que não batizou sua empresa de “Lemos Motores”? Se apropriou de nome que não é dele, para se aproveitar da fama construída por outro. Isso se chama picaretagem.

Rodrigo Moraes
Rodrigo Moraes
15 anos atrás

Tive um Gurgel BR-800, em 88-89. Rodei demais com ele. Viajava, pra cima e pra baixo. Empinava ao passar de 1a para 2a rapidamente. Andava muito em estrada de terra, botando o carrinho de lado nas curvas. Carro pequeno com tração traseira, ô tempo bão! Na estrada, andava a 100 km/h, sem problemas. A janelinha de correr ficava aberta um pouquinho na frente, um pouquinho atrás. Quando ia pra praia, tirava as portas pra melhorar a ventilação! :) Adorava o carro. Quando quis trocar, anunciei e vendi na hora. Acho que até hoje um Gurgel em bom estado tem essa liquidez. E neguinho vem dizer que os carros dele eram uma draga. Haja paciência!

God speed, Seo Gurgel!

alvaro
alvaro
15 anos atrás

Um egocentrico que gastou uma montanha de dinheiro público, BNDES, para fazer umas tranqueiras!!!

Alvaro

Carlos Afonso
Carlos Afonso
15 anos atrás

Meu pai o conhecia pessoalmente e me falava bem dele. Dizia que era um sonhador empreendedor. Gostava dele apenas por essa referência de meu pai.
Que sua alma descanse em paz. Onde estiver com certeza estará bem distante dos aproveitadores das tetas do governo.

JBCarneiro
JBCarneiro
15 anos atrás

Em 1974 a Gurgel projetou e construiu um carro elétrico chamado :
Itaipu. Foi quando aconteceu a primeira crise do petróleo:
Era alimentado por Baterias que podiam ser recarregadas usando qualquer tomada elétrica residencial.
Tempo de recarga completa: 10 horas
Velocidade máxima: 60 Km/h
Autonomia: 60 Km

http://quatrorodas.abril.com.br/classicos/brasileiros/conteudo_229224.shtml

http://www.autoclassic.com.br/galeria/gurgel_itaipu/album2/index.htm#8

http://autogirog6.blogspot.com/2008/05/testes-5.html

Em 2008 o governo brasileiro homologou um carro Indiano elétrico para ser comercializado aqui, a partir de jan 2009, o Revai. Em pela crise ecológica do planeta e em um momento em que o preço do petróleo se torna cada vez mais insuportável:
É alimentado por Baterias de íons de Lítio que podem ser recarregadas em qualquer tomada elétrica residencial.
Tempo de recarga completa: 8 horas – 4 horas para 80%
Velocidade máxima: 80 Km/h
Autonomia: 80 Km

http://www.htforum.com/vb/showthread.php?t=81684

http://www.webmotors.com.br/wmPublicador/Tecnologia_Conteudo.vxlpub?hnid=41250

O veículo, reconhecido internacionalmente — Prêmio de Montecarlo de Mobilidade Sustentável (2005), Prêmio de Veículo mais Ético no Reino Unido (2005), Prêmio de Veículo mais Respeitoso com o Meio Ambiente no Reino Unido (2005 e 2006) e Prêmio de Melhor Veículo Urbano no Reino Unido (2006 e 2007) –, circula nas ruas do Reino Unido, Índia, Grécia, Espanha e de outros países.

Se a Gurgel tivesse conseguido dar continuidade aos seus projetos, ele com certeza seria hoje o carro elétrico aclamado no mundo, além do que seria muito mais avançado que este, pois seria uma tecnologia modificada e atualizada ao longo de 35 anos! Sem considerar que dele poderiam surgir outros maiores, mais possantes e luxuosos. Como os que já existem atualmente.

Um extraordinário brasileiro que se foi. Um gênio com uma incrível visão de futuro. Que seu exemplo inspire outros, que possam ser mais bem sucedidos.

Bento
Bento
15 anos atrás

Existe uma senhora que é bem mais teimosa que o Sr. Gurgel. Chama-se: HISTÓRIA. Ela tem o poder de transformar mocinhos em bandidos e vice versa. Pode demorar décadas, talvez mais, mas, no devido tempo ela se encarregará de mostrar as futuras gerações o “facada nas costas” que o governo brasileiro, capitaneado pelas montadoras (todas) deram neste brilhante visionário. No Brasil, com dizia Tom Jobim: O Sucesso incomoda!

HUGO
HUGO
15 anos atrás

O Pedro Jungbluth escreveu que um BR 800 custava mais que um gol e uno juntos. Verdade.

A razão disso é que quando o governo Itamar “inventou” o carro 1000, deu um caminhão de isenções de impostos às grandes montadoras.

E para a Gurgel NEM UM CENTAVO.

A desculpa oficial foi que o motor do BR era 800 e não 1000.
————————————————————————————-

Alguns críticos afirmam “sua teimosia e falta de visão estratégica” que faliram a Gurgel.

Tá bom…

Todas as grandes montadoras vivem fazendo as suas cagadas, aí elas vão ao governo de penico na mão e são atendidas em cinco minutos.

Essa é a única razão delas ainda estarem de pé e a Gurgel não.

rafael jorgens
rafael jorgens
15 anos atrás

Algumas histórias renasceram em minha mente quando soube do falecimento do “Seu Gurgel”: Copersucar, Presidente e Gurgel. Somos bons em aceitar o estrangeiro, mas massacramos e humilhamos nosso compatriotas. Sentamos em posição confortável para assistirmos a grande derrota, damos gargalhadas …
Êta lugarzinho de gentinha fiadaputa (tô incluido) …

Andre
Andre
15 anos atrás

Uma vez um amigo meu capotou com um x-12 e nada sofreu,o carro continuou intacto,os gurgels sao feitos para durar.outro dia vi um mini karmann guia e nao tive grana pra comprar… O amigo ´´Venax“,vai cara critica mas antes CONTROI carros melhores(durante uns 50 anos)

nikitifla
nikitifla
15 anos atrás

O maior erro de Gurgel foi ter acreditado em um país que não acredita em si mesmo.

Otto Lima
Otto Lima
15 anos atrás

Graças à falta de visão daqueles que se recusaram a apoiar as iniciativas do Eng° Amaral Gurgel, o Brasil hoje é o único dos Bric’s a não ter uma marca genuinamente nacional de automóveis. A China tem a Jinbei e outras bizarrices do gênero; a Rússia tem a Lada, que quase faleceu com o fim da URSS e ressurgiu das cinzas; a Índia tem a Tata, que comprou a Jaguar e a Land Rover e projetou o Tata Nano, que vejo como uma reencarnação do BR-800 da Gurgel.

Carlos Alberto
Carlos Alberto
15 anos atrás

Minha noiva possui um BR 800, com motor de VW a ar de 1500cc (Fusca) e está com um estilo meio Off Road (estepe na traseira como a Ecosport) e o carrinho é danado de valente, vai e volta de São Paulo/Ubatuba e sobe a serra todo alegre. Queríamos ter mais recursos financeiros para cuidar melhor dele. Sempre fui um fã do Gurgel. Infelizmente nosso País não soube valorizar este pioneiro!

Guga.
Guga.
15 anos atrás

Taí uma pessoa que merece toda nossa admiração. Os erros estratégicos, e administrativos, não tiram dele o merito pela visão e, sobretudo, coragem.

Filipe W
Filipe W
15 anos atrás

Com certeza um grande homem por tudo que fez e representou.

Mas como todo ser humano acertou e errou, cometeu erros estratégicos em sua empresa por teimosia, foi sacaneado em outros momentos e a conjunção dos fatores acabou resultando sua ruína, não creio que só um fator como muitos dizem, que tenha sido o causador da falência da Gurgel.

Mas as pessoas são passionais, ainda mais com uma figura com a história que Gurgel carregava, daí de sua morte para a criação de um símbolo na cabeça de muitos é um passo.

Que seja lembrado por todos os seus momentos bons e ruins, por seus sucessos e seus fracassos, pelas sua qualidades e seus defeitos, pois só assim ee será lembrado por completo.

rubem rodriguez gonzalez
rubem rodriguez gonzalez
15 anos atrás

Um homem bem maior que o país em que ele nasceu, terra especializada em engolir tudo quanto é merda contanto que possua algo tipo “made in usa” , todos admiram os “self made man” americanos e seu empreendorismo. Mas quando o assunto é Brasil temos que nos deparar com opiniões tipo do que se entitula aqui por “venax” que consegue escrever uma quantidade enorme de baboseiras em tão exiguo espaço.
Se na época que caiu no conto do governo do Ceará o João Gurgel tivesse feito o que a grande maioria dos que se auto intitulam empreendedores faz teria criado meia dúzia de laranjas, pendurado alguns milhões nos bancos e bye, bye!!!!! Deveria ter seguido a escola dos grandes usineiros do nordeste, ou então os seus irmãos mais modernos tipo os Gereissati que foram mamar na telefonia e na imprensa, que mamam nas tetas públicas e nada produzem, risco zero. Esse é o Brasil que sempre deu certo, ao contrário do Brasil do sr Gurgel, esse sempre deu errado…..

PS. Gurgel foi o primeiro empresário que mesmo contrariando alei da época pagava seus funcionários em ORTN’s ao invés da depalperada moeda da época,e por ironia do destino parece que o Brasil é um lugar que serve de epitáfio para gênios empreendedores automobilisticos, pois Preston Tucker também morreu aqui, mais exatamente em Copacabana…..

Luís Augusto Malta
15 anos atrás

A um dos maiores Empreendedores da história do Brasil, minhas sinceras homenagens.

S
S
15 anos atrás

Oi Flávio Gomes.
Resolvi ler seu blog acreditando que vc fosse um grande historiador da UFRJ, seu homônimo.. Mesmo constatando não se tratar da mesma pessoa, lí seu artigo e voltei no tempo lembrando da minha infância, quando eu passeava em carros fabricados pela Gurgel.
O mais triste é ver que o governo se empenha tanto em salvar bancários que não dividem os lucros conosco, não fez nada para ajudar este empresário a manter seu negócio e os empregos que gerava…
Grande beijo e gostei daqui! =)

Rogerio Tranjan
Rogerio Tranjan
15 anos atrás

Caro Flávio,

parabéns pela lembrança, fiquei triste também. Meu falecido pai ganhou um prêmio Abril de jornalismo por uma matéria que ele fez para a Quatro Rodas com o Sr. Gurgel e o carro elétrico. Isso foi em 78 ou 79 e hoje, 30 anos depois, o mundo só fala de carros elétricos, carros pequenos urbanos, etc. O engenheiro era sobretudo um visionário.

Um abraço,

Rogério Tranjan
Passat #44

márcio x-burger
márcio x-burger
15 anos atrás

O cara teve peito pra caramba, ainda quero comprar um BR 800.

Marcos Satoshi
Marcos Satoshi
15 anos atrás

No final da década de 80, estudante de engenharia mecânica, meu sonho era estagiar na Gurgel. Como um tarado por automóveis eu tinha motivos de sobra para admirar aquele homem.

Provavelmente já se tratava da fase crítica da Gurgel como negócio, mas lembro de ter recebido resposta de uma carta que eu havia enviado ao próprio. Caso eu fosse um pouco menos desorganizado e tivesse guardado esta carta, certamente seria um documento legal para o acervo da história da Gurgel.

Por outro lado, como de gênio e louco todo mundo tem um pouco, às vezes o homem “viajava” nas suas criações. Alguém se lembra do primeiro projeto de suspensão do BR-800? Amortecimento por fricção, tipo carruagem…

Mesmo do alto da minha imaturidade de jovem engenheiro eu questionava na época as chances de sucesso de projetos como o do BR-800. Muito defasado tecnologicamente. Perdoem mas mesmo naqueles dias já não havia mais lugar para “carrocinhas” no mercado. Por isto discordo de afirmações ufanistas do tipo “um visionário massacrado pelo cartel….”

Era gênio, bocudo e complicado de se lidar. Com sua história e suas criações já faz parte há bastante tempo na galeria de grandes brasileiros.

Venax
Venax
15 anos atrás

Meus sentimentos a família.

Ao contrário do que se fala o problema da Gurgel não foi com as poderosas multinacionais e sim com ela mesma. Vocês acham mesmo que uma GM ou uma Volks da vida estaria preocupada com um fabricante nacional que iria dividir o mercado com eles? Tirando o BR 800 na pratica ela nunca fabricou um carro verdadeiramente nacional, a maioria dos modelos era um Frankstein de peças usadas por estas multinacionais. Dava ate lucro para elas. Elas também sabiam que a Gurgel iria se auto-destruir, bastava examinar o que ela produzia. Fabricar um carro com fraco desempenho, acabamento tosco, cheio de defeitos e contra o que pedia o mercado não é por culpa dos outros. Não só o BR 800 era assim, o Xef também não ficava atrás. Nem sempre o gênio das soluções de engenharia é bem sucedido na gestão empresarial. Se ao invés de fabricar estes lixos tivesse focado nos veiculos cidade/campo com certeza a empresa estaria ativa ate hoje. Foram erros seguidos e depois que um produto se queima é muito difícil recuperar a imagem. É bom lembrar que o relativo sucesso em vendas da marca era resultado das vendas aos orgãos governamentais.

Guirds
Guirds
15 anos atrás

uma pena !!!

um visionário massacrado pelo cartel …

Thiago Schauenberg Pereira
Thiago Schauenberg Pereira
15 anos atrás

Que tristeza…

Existe um documentário que conta a história da Gurgel, vou procurar.

revelador
revelador
15 anos atrás

ta na globo!!!

Milton Eller
Milton Eller
15 anos atrás

Um GÊNIO que não teve o apoio que este pais deu as multinacionais.

Marcos Micheletti
Marcos Micheletti
15 anos atrás

Uma entrevista que o Sr. Gurgel deu à Quatro Rodas eu utilizei em muitas aulas de Geografia para exemplificar aos meus alunos os problemas do Proálcool. Nela, ele destacava os elevados custos para a produção do álcool (uma tonelada de cana para produzir 60 litros de álcool hidratado, por exemplo).
Foi um vitorioso, apesar de tudo, pois conseguiu produzir um carro nacional com todos os lobbys contrários que as montadoras multinacionais fizeram. Sempre fui seu fã, além do mais a fábrica dele ficava na cidade natal do meu pai, Rio Claro.
Não sabia desse lance de um cara que “pegou” o nome Gurgel. Lamentável…

Philipe Pacheco
Philipe Pacheco
15 anos atrás

Sem dúvida uma grande perda.

Momento oportuno também para relembrar um post nesse mesmo blog a respeito desse documentário:

“Sonhos Enferrujam – Gurgel e o Carro do Brasil”
http://video.google.com/videoplay?docid=-6387288048102520065