PILOTAR É PRECISO

SÃO PAULO (cada vez mais) – A gente vive falando aqui dessas competições menos “profissionais”, como o rali Transparaná, semana passada. São oportunidades que os mortais têm de colocar seus carros, motos e jipes na estrada, seja de asfalto ou de terra, sem preocupação com desempenhos excepcionais, na maioria das vezes apenas para chegar ao final de uma aventura que os tirem, por alguns dias, da rotina sacal casa-trabalho, trabalho-casa.

Ontem, sábado, terminou em Fortaleza o enduro VeloPiocerá, que começou em Teresina no dia 27. Foram 1.200 km de trilhas e paisagens inesquecíveis. Teve sol, chuva, lama, areia, pedras, um pouco de tudo. Apesar do “amadorismo”, os organizadores não dão moleza a ninguém. São percursos difíceis, que acabam deixando muita gente pelo meio do caminho.

A foto foi enviada pela assessoria da dupla Roberto Reijers/Rogério Almeida, que teve problemas na terceira etapa, ficou sem chances de vitória, mas fez questão de ir até o fim. Esse é o espírito. Os resultados, mapas, roadbooks e outras informações, estão no site oficial do evento — que conta até com bicicletas, o que é muito legal. Parabéns á turma do Nordeste. Se algum blogueiro daqui participou, que conte tudo!

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Eric
Eric
15 anos atrás

Esse ano Piocerá= PIaui até o ceará.

Ano que vem Cerapió.Ao contrario.

Pelo jeito,o resultado final vai mudar ainda….recursos…

Ricardo
Ricardo
15 anos atrás

E aí Gomes, eu estou teclando do aeroporto de Fortaleza, to esperando meu vôo pra São Paulo, vim aqui para o Piocerá prestar suporte técnico para os pilotos e navegadores que possuem computador de bordo Compass, que a empresa que trabalho fabrica, e vou contar um pouco do que aconteceu pra vcs.

Eu trabalhei mais com as motos, que é onde temos mais clientes, mas também dei atenção especial ao pessoal dos carros, em especial para 3 equipes que tiveram varias situações curiosas.

A primeira das equipes era a Wan Informatica Rally Team, de Juazeiro do Norte – CE, composta pelo Moisés – Piloto e Wanderton – Navegador. Este foi o primeiro Piocerá deles, e correram com uma Mitsubishi L200 zero, com apenas 2000 km. No inicio da semana, dois dias são reservados para a vistoria técnica e administrativa, antes da largada em Teresina – PI. Nestes dois dias as equipes adesivam os carros, pagam filiações, instalam equipamentos, testam tudo, pegam as planilhas de navegação, partipam dos briefings, programam os computadores de bordo, etc. No primeiro dia, eles vieram pegar comigo a programação do computador de bordo, contendo as informações do percurso (numa prova de rallye de regularidade como o Piocerá, o percurso é dividido em trechos, e em cada trecho é informado a quilometragem inicial, a quilometragem final e a velocidade média que deve ser mantida, ao longo do percurso são espalhados postos de controle virtuais, onde é feita a cronometragem do evento, e cada piloto tem um tempo correto para passar em cada posto, a cada um segundo atrasado em relação a este tempo, perde-se um ponto, a cada um segundo adiantado, perde-se 3 pontos, ganha a prova ou a etapa, quem perder menos pontos nos mais de 80 postos de controle….. e acredite, tem que passe zerado sem perder 1 ponto em mais de 50% da prova) e o computador deles apresentou um problema. Na hora liguei para a fabrica em SP e pedi um novo computador para repor, que chegou no dia seguinte, via sedex, mas até chegar, eles estavam quase arrancando os cabelos, pois sem o computador é impossível disputar a prova para ganhar. O computador chegou, foi substituido e eles foram para a prova, no primeiro dia, com 227 trechos em 250km de prova e duas etapas, não foram muito bem na primeira etapa pois estavam ainda se acostumando com o computador, já na segunda etapa se recuperaram e conseguiram um segundo ou terceiro, não lembro bem. No segundo dia, apos estudar o manual e tirar algumas duvidas de operacao comigo, ganharam as duas etapas e passaram para a liderança da prova, estavam extremamente contentes, pois foi uma reviravolta, tudo estava caminhando pra dar errado e agora estavam ganhando. No terceiro dia, o concorrente direto deles acordou e ganhou as duas etapas, na primeira eles ficaram em segundo e na outra etapa eles tiveram um pequeno erro de navegação, ficando em setimo acho eu, com esse erro, eles cairam para segundo na classificação geral, alguns pontos atras do primeiro. No ultimo dia, eles navegaram e pilotaram muito bem, durante todo o percurso. Na hora da premiação, eles estavam muito nervosos, pois ainda nao se tinha o resultado, e ninguem sabia quem havia ganho. E o organizador começou a chamar os competidores da categoria deles, a partir do quinto colocado. Dava pra ver a tensão no rosto deles, e então foram anunciados na segunda colocação, perderam por apenas 1 ponto de diferença. Foi nítida a frustração, pois foi uma diferença muito pequena, lembrou até o massa contra o hamilton rsss… mas eles estao apenas no primeiro piocerá, muitos ainda virão.

As outras duas equipes que se destacaram, foram a atração durante todo o evento, pois passaram por onde todos os carros grandes, a diesel, com tração 4×4, chuva, lama, etc… As duas equipes eram de Belém, e com carros 4×2.

Um Fiat Uno 1.5 a alcool, com bancos de competição, santo antonio, pneus off-road, e um Fiat Palio 1.6 praticamente original a não ser o pneu off road só na tração dianteira (!) e um snorkel (uma tubulação que substitui a caixa do filtro de ar, se projetando para fora do capô para enfrentar alagamentos, impedindo a entrada de água pelo TBI). Estes dois chegavam todos os dias, atrasados, nas ultimas colocações, mas com muitas histórias. Passaram por atoleiros com água no parabrisa, lamaçais, rios, pedras, até na areia, tiveram amortecedor quebrados, furo de pneu, radiador, parachoque, etc. um dia o palio chegou com o protetor de carter arrastando por quilometros, pq bateu em uma vala e teve a solda quebrada, e no ultimo dia, o uno não conseguiu completar por que passou por uma trilha de pedras onde um parafuso que segura o câmbio quebrou e o motor desceu, furando o carter e vazando o óleo. Mas na premiação eles estavam lá, para receber a medalha e foram ovacionados pelos outros competidores, pois realmente merecem, não é pra qualquer um completar um piocerá com um carro sem tração nas 4 e sem ser um off-road. Bom é isso por enquanto, vou lá fazer meu check-in pois a hora do vôo tá chegando, amanhã eu mando fotos, só preciso saber pra qual e-mail, fui !!!

Gabriel
Gabriel
15 anos atrás

Se nesse ano a prova foi difícil, ano que vem…Cerapió(Não resisti…!)
; )

Luís Augusto Malta
15 anos atrás

Pois é, Flávio, provas como essa, a Transparaná e a Superclassic servem para lembrar que esporte ainda é feito por esportistas e não pelos cartolas das federações ou executivos de grandes corporações – ambos só querem dinheiro fácil e deturpam o espírito da coisa.