A VIDA E A ARTE
SÃO PAULO (cadê meu tempo?) – Lia entusiasmado a “Ilustrada” de hoje quando me deparei com a crítica ao lado, anunciando e comentando uma interessante exposição no Centro Universitário Maria Antônia, aqui em SP, acho que onde era a FFLCH, do lado do Mackenzie. Abre amanhã. São quatro artistas: Fábio Miguez, Emmanuel Nassar, Marcia de Moraes e Ana Prata.
O rapaz que escreveu a crítica, Silas Martí, fala sobre os “espaços vazios” retratados nas obras e tudo mais. Eu não entendo de arte, mas claro que achei legal demais a tela “Vaca”, da Ana Prata. Que, juro, não sei se é uma artista brasileira ou angolana, porque procurei mui rapidamente no gúgou e achei só a angolana, e estou muito atrasado hoje e não vou procurar mais nada.
Martí, o crítico, fala muito bem da “Vaca”. “Pelo parabrisa”, escreve, “uma paisagem derrete esbranquiçada no quadro mais forte do conjunto e arremata a ode ao vazio”.
Uau. Mas é só uma vaca dentro de um Lada!
Essa foto, na qual Ana Prata se inspirou (juro, também, que não sei se ela contou para alguém que pintou a reprodução de uma foto), todos nós, amantes dos soviéticos, já tínhamos visto em algum lugar.
Nas duas versões, aliás: com a placa original 58 AR 237 (à esquerda), que não sei de onde é mas tem a tarjinha azul de algum país pertencente/pretendente à UE, e com a placa montada GS 10 CW (lá embaixo), que não sei de onde é também. Foi essa última que a artista usou para fazer seu quadro, com a montagem de uma placa de outro país, me parece até austríaca, e das antigas.
Juro, mas juro mesmo, que não estou fazendo nenhuma denúncia ou acusação de plágio da foto. Apenas achei demais o quadro. Gostaria que Ana Prata, que agora é minha artista predileta, melhor que Picasso, Van Gogh ou Hélio Oiticica, pintasse Gerd, ou o Meianov. Juro mesmo.
Agora, o que não aguento mesmo são as análises que os críticos de arte fazem de vez em quando. Me sinto um ignorante completo, um ogro primitivo e insensível. OK que não entendo nada de arte, talvez um pouco de vacas e Ladas, mas não é o máximo este longo texto sobre a “Vaca” no site do Centro Universitário? Olha um trecho:
Como crer que uma vaca derrete até se solidificar no vidro traseiro de um carro que anda em meio à neve? Na tela Vaca, um veículo amarelo segue moroso enquanto a figura da vaca malhada se desmancha, o carro se desfaz e a paisagem ao redor também se desmancha. Tudo vira borrão de tinta: mancha, ferro, pele, vidro, sombra, neve, luz, tinta.
Assina a pérola o crítico Tiago Mesquita. Que, claro, não tem obrigação alguma de conhecer a vaca original, muito menos o Lada idem. Só não vem com esse papo de que o carro se desfaz. Mas, evidentemente, ele conhece arte e enxerga coisas que a besta aqui não vê.
Para mim, continua sendo só uma vaca num Lada, nada de muito excepcional. E o quadro ficou lindo mesmo.
oi flavio tudo bem?
sou grande amiga da ana e gostei muito do seu post.
só por curiosidade, a ana pinta a partir de imagens que encontra na internet na maioria dos casos, e ela não esconde isso de ninguém (se é que isso faz alguma diferença), como vc bem mesmo disse não é?
fiquei contente com seus elogios! ela merece!
abs, Beatriz Toledo
http://guaciara.wordpress.com/2009/10/19/ana-prata-jogo-de-desmontar/
A quem interessar:
http://guaciara.wordpress.com/2009/10/19/ana-prata-jogo-de-desmontar/
Por fim, acho que se o senhor Flávio Gomes tivesse lido o texto todo, como li o seu, nenhum equívoco e nem escárnio seriam necessários. Presta atenção, no trecho seguinte ao supracitado. Lá, falo que a artista parte de imagens fotográficas e as transforma em pintura:
“Quando pinta uma tela, a artista trabalha a partir de procedimentos que mudam pouco. Escolhe uma imagem fotográfica e a transpõe para a estrutura de um quadro. As partes parecem não obedecer à mesma iluminação que na fotografia. A imagem perde duas das características que a unificam: a luz e a verossimilhança. A pintora dá valor diferente a cada figura. Faz isso pela cor, pela pincelada e pela carga de tinta aplicada em cada lugar. De uma ponta a outra do processo, o que era fotografado torna-se algo muito diverso do que aparece nas cores das tintas. Ao passar as imagens de uma técnica para outra, ela não revela a unidade da obra, mas a descaracteriza. “
Oi flávio, obrigado pela leitura e pela apreciação. Bem, o texto fala do modo como a tinta entra na tela. A figura que você falou é desfeita na tinta. Pois lá, o que é fumaça torna-se borrão, o que é figura, pincelada. Não é enrolação meu querido, é paciência, pois o modo de apresentar a imagem e a figura são duas coisas diferentes. Não sei se você teve a oportunidade de visitar a exposição, pois devia. Lá, você verá que as camadas de tinta são mais grossas do que parecem na reprodução no jornal. Vai lá, depois nós nos conversamos.
Oi Flávio, sou sua pintora favorita, to brincando, mas eu pintei a vaca no lada. Pra falar a verdade não entendo de carros, mas adoro esses carros antigos, as cores e formas deles, acho até que vou pegar umas imagens do seu blog pra pintar. Eu pego imagens de vários lugares e não escondo que é foto não, mas meu negócio é a pintura mesmo. Obrigada por ter gostado da pintura, tem outras com estradas e carros.
abraço
Ana
ps. não sou a angolana, moro em sp mesmo e meu trabalho é mais legal, sinceramente…
Ana, tive tudo o cuidado de não fazer nenhuma “acusação” justamente por não ter informação nenhuma sobre seu trabalho, além do pouco que encontrei na internet. Vou te mandar um e-mail. Beijos.
O que importa é que se a imagem fotográfica é diferente do tema que ela parte (o carro que anda pela rua), a pintura sobre a imagem fotográfica é mais diferente ainda. O que quis entender? quais relações a artista constrói a partir dá passagem de uma linguagem a outra. Agora, estou mais interessado na pintura do que no carro.
Com certeza é um adesivo, é só reparar no reflexo sobre a tampa do porta-malas … mas é uma ótima piada !
Suricata, eu falo é da pintura, não da foto. Na pintura não tem reflexo.
fisica quantica FG, fisica quantica!
existe a probabilidade de, tanto a vaca como o Lada, NAO existirem!
vaiquecola?!
Coitada da vaca
huahahuahaha É verdade. Esses entendidos de arte só enrolam. Eu tive uma matéria na faculdade onde tive que analisar uns quadros e fazer críticas. Quando terminei o trabalho vi que tinha escrito coisas idiotas e cheias de frescura que nem esse pessoal. Deletei tudo e escrevi o que realmente pensava. Adivinha quem tirou a nota mais alta da turma? Não, não fui eu… mas entendi onde a palhaçada começa.
Secretamente, a professora confessou que o meu trabalho foi o mais original, e minha nota só não foi melhor porque não usei os conceitos que ela havia ensinado. Devia tê-los googlado que nem o resto da turma fez.
Eu não entendo de Ladas tanto quanto queria, também não entendo de vacas, o que não é um problema, mas eu acredito que essa vaca é só um adesivo no vidro do carro… Uma vez que com uns 400 a 500 kg no banco de trás do carro, ele deveria ter a traseira bem baixinha!!! O que não estraga a poesia da foto, nem do quadro! Apesar de que, eu também não entendo nada de arte! rsrsrsrs…
A arte imita a vida.
Putz! meu filho de 6 anos adorou a vaca no carro.
Flavio,
Já dizem os versos famosos ….
“uma vaca é uma vaca, uma vaca, uma vaca … ”
uma vaca de lado num Lada.
uma vaca enladada
como sardinha enlatada
num Lada
…
a foto é ok. engraçadinha.
a pintura é péssima.
É algo hiperbólico. Todos sabemos que das vacas tudo se aproveita, e por isso muitos consideram as vacas uma obra de arte da natureza. Uma boa porcentagem da população mundial considera as vacas como sendo sagradas, inclusive. Portanto, trata-se de uma obra de arte (o quadro) retratando uma obra de arte da natureza (a vaca) dentro de uma obra de arte produzida pelo homem (um Lada).
Putz!
Caraca! Por essas e outra que o Veloz HP faz falta. Vacas num lada não é novidade aqui.
http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/2007/08/31/ladaland-sexta-18/?allcomments
Valeu
Falando nisso, faz tempo que não pinta um Ladaland por aqui.
Concordo com o sr Corradi, belíssimo texto do Veloz HP.
Parabéns pelo post, FG. Me diverti muito com ele.
Vou levar um na próxima Classic procê autografar.
Depois coloco do lado do poster do #96 que expropriei do R.Ruiz, com o beneplácito do Comendador em priscas eras, só pra ele lembrar que ainda tem gente que se preocupa com ele, apesar de estar em muito boas mãos. É capaz até dê um pó pó pó solidário a este fan/fã/fam ???? sei lá..
Eco ao coment da Jackie.
Olha, até hoje eu era meio desconfiado com você Flávio, porque as vezes escreve coisas que não concordo, mas hoje cara, você me ganhou. Isso ai foi digno dos grandes escritores, ri muito pensando na cara do idiota que fez o comentário sobre a tela plagiada de uma foto de uma vaca dentro de um lada. Teu artigo tá excelente, tu escreve muito. PARABÉNS cara !!! Abraços
Paulo Rogério, a cara do idiota está do seu lado. A tela não é um plágio. Desde que o mundo é mundo, fazem pinturas a partir de imagens tiradas de outro lugar. No século XVII, os gravuristas fizeram fama por passar as pinturas para o preto e branco das impressões.
Estou disposto a defender o meu ponto de vista, mas acho que para isso o senhor precisaria ver a imagem, a pintura e tentar ver a diferença de uma e de outra. Como eu disse para o autor do blogue, quando a imagem se torna tinta, ela se torna menos organizada. Perde a luz da fotografia que torna tudo uniforme e nos faz ver a imagem como um ponto de vista de quem fez o clique.
A pintura é mais pesada, feita de manchas de tinta que não disfarçam a marca da pincelada e nem a grossura da massa de tinta. Por isso, o aspecto mais superficial da imagem perde lugar para uma relação entre imagens manchadas. Agora, para ver isso, é preciso ser generosos com a pintura e notar que não se trata de um plágio, mas de uma tela que parte de uma imagem fotográfica e tornasse outra coisa.
Por fim, como o pessoal fica malcriado na internet
Na minha opinião é uma mutação da parlenda clássica:
“Vaca amarela
Cagou na tigela
Quem falar primeiro
Comeu a bosta dela”
Sacou?
Só que quando ela atravessou a janela, que é tipo um portal mágico, o carro tomou sua cor.
No mais, quem não concordar “come a bosta dela”
Muuuu
KKKKKKKKKK…
Falou tudo…
… e comeu a bosta toda…kkkkk
aiuhAIUAhiAUHaiuahiuAHAIUHAIUa
ri alto no meio do expediente!
genial nunca vi nada igual nem no louvre oh que lindos artistas religiosos
Tudo que diz respeito a “vaca” me interessa e atinge.
Principalmente as Vacca Pazzas. Aí é direto no queixo.
Se esqueceram da história, Tazio agradece.
Ceregatti ainda não.
Privilégio dos antigos Cerega.
A gente NÃO esquece; nem o Tazio.
Quem mandou?
Se não guenta toma leitinho, dá própria ;))
mas tudo é verde e vem da terra, aonde retornarás em cinzas, antes convertidas em divertidos círculos de fumaça tragada e exalada em momentos de êxtase solítário com os elefantes voadores……..
A intelectualidade está sendo subjulgada pelo meio difuso da dicotomia dialética, estando todos sutilmente impregnados na fusão contida do próprio eu.
Viu, é isso!! Vocês não entendem nada. Hahahaha.
Esqueci.
Ou trocaram a placa ou é clonado.
Hahahahaah, clonar um Lada, Troféu ximbica pro autor.
E pra artista uma banana. O dia que isso for arte me enforco..
Cartão amarelo.
Então vcs querem dizer que a imagem mostra a contradição humana em oposição ao natural, cujo componente fundamental é brutalizado pela sanha do homem hodierno por mais espaços?
Exatamente!
pô… não sabia que desenhar no paint brush do windows era arte…
O mundo está repleto de blefadores, especialmente na arte.
Uma pena que temos mais intolerância que blefe
Vocês são insensíveis !
Não percebem o pós-realismo da paisagem se derretendo e ampliando o vazio humano ?
A vaca simbolizando a perda da identidade humana.
O Lada simbolizando os valores pós-modernos em decomposição.
Acho que vou tentar arrumar um emprego desses. Falar merda é muito fácil…
Concordo, só que tem que falar com uma tremenda afetação, para dar a idéia de que sabe doque se trata.
Aliás, do que estamos falando mesmo?
Pusta falta do que fazer…
Não entendeu?
“veículo, moroso, se desfaz…”
Nas entrelinhas, tem que ler nas entrelinhas!
Ahá!! Um crítico! Ou é dono de Lada… “moroso” e “se desfazendo” é coisa de Lada mesmo…
Hehehe, achei sua análise melhor do que a deles!
Compra o quadro!
Gomes, dessa vez vc. disse o que todas as pessoas tem vontade de dizer.
Uma obra de arte merece respeito e admiração, mas tem cada crítico por aí que por favor, nasceram pra escrever uma besteira em cima da outra.
Vaca se desmanchando, pele, osso, lata, neve, o vazio do ser humano… hahaha
O melhor trecho foi o cara falar do Lada ” se desfazendo” … hahaha
Não é o lada da foto, mas das massas de tinta. Presta atenção no uso da tinta, não na figura. Aí, depois conversamos. Sobre o respeito, todos merecem: eu, você, ate a vaca
E o Lada também.
Vaca malhada? Esse cara nunca deve ter ido conhecer o sítio do avô no interior. Parece a menina da propaganda do leite de caixinha, anos atrás: “a vaca é quadradinha e a gente corta o biquinho dela pra tomar leite.”
Não tenhjo avô, mas nasci e cresci no interior.
Também não entendo nada de arte, o Tiagão quis dizer que a artista não sabe nem copiar uma foto ou eu que sou uma besta e não captei a técnica e a sutil profundidade da obra ?
Vixe, esse negócio é contagioso! :-P
Não é questão de saber ou não saber copiar Ítalo, mas de ter a consciência de que quando você trabalha de uma linguagem para outra, a descrição de um fenômeno se transforma. Pensa em um telefone sem fio; uma história contada para um vai ter palavras, sentidos e ênfases diferentes. A artista olha para a imagem e tenta fazê-la diferente da foto. O peso aqui é maior no uso de uma pincelada marcada, na relação entre as manchas de tinta do que no inusitado da figura.
O que eu vejo é um crítico de arte,o tal de Tiago, que não tem o que dizer sobre uma “obra” que não tem o que mostrar (é só uma foto de uma vaca dentro de um Lada) e fica digitando asneiras para justificar o seu (dele) salário. Depois que Marcel Duchamps expôs num sei onde um mijador, assinado por ele, e alguém levou a sério, criou-se a tal de arte pós-moderna e escreveu-se teses e mais teses sobre o assunto. Mas….porquê estamos perdendo nosso tempo com isso mesmo?
Edilson, o salário não é o caso. Agora, que raiva rapaz. O que eu falo, e você nem leu o texto todo e nem viu a pintura, é que quando a figura deixa de ser uma fotografia e passa a ser feita de manchas grossas de tinta, uma certa uniformidade da imagem se perde. Por que? A fotografia torna tudo uniforme, como se olhassemos uma cena através da janela. A tinta não. é material, é pesada, é marcada. Se um artista pegasse a sua foto 3×4 e passasse para um graveto de madeira, perceberias que a imagem se modificaria. Então, a obra não fala só da figura, mas do sentido que o trabalho da artista tem ao passar a imagem fotográfica para a pintura.
Discorda? podemos conversar, mas sem valentia de internet.
Nada contra a Artista, alias excelente !!
Só que o modelo é péssimo !!
Pintura………H O R R Í V E L !!!
Essa vaca ficaria muito melhor dentro do DKW !!
LADA ARGH !!!!
uma bela idéia,quem sabe cocloco uma glfinho no meu Palio.
Essas análises de críticos de arte são um tanto quanto complexas, ou então eu também sou um ogro sem qualquer conhecimento de arte! Mas que o quadro é massa isso é fato!
Entendi e concordo com a crítica,ser No sense*.Mas…essa vaca nunca esteve dentro do carro,é só um adesivo!
O Mack virou uma agência de empregos……Falo isso c/ certeza.
Esse pessoal que mexe com tal tipo de arte que me desculpe, mas vão caçar um serviço…