BRASÍLIA, 50 (7)
SÃO PAULO (sombras) – Hoje a homenagem a Brasília, que vai até dia 21, 50º aniversário da cidade, é um pouco diferente. A indicação veio de vários blogueiros e nos leva a este blog do “Estadão”, “Olhar sobre o mundo”, que publica uma série de fotos feitas pelo franco-brasileiro Marcel Gautherot em 1958, durante a construção da nova capital.
Gautherot foi convidado por Niemeyer para registar o nascimento de Brasília e o resultado de seu trabalho é excepcional. As fotos são em preto e branco e têm uma luz mágica, como essa aí embaixo. Vale a visita. É colírio para os olhos e uma aula de fotografia.
Flávio e amigos.
Notaram como diminui a quantidade de comentários quando a foto é do que se veicula como a cidade para os que estão fora dela? Não se discute a qualidade dessa fotografia (belíssima). Nem a beleza das obras de Niemeyer que simbolizam – externamente – a cidade. Mas essas imagens, diferentemente daquelas da rodoviária, do conjunto nacional, da W3, etc. têm pouco a ver com as pessoas que para cá vieram nos primeiros anos, daqueles que aqui nasceram e que aqui vivem. Mesmo assim, há o que recordar, como escorregar sobre um papelão nas rampas do gramado do Congresso, ou subir na cúpula do Senado, coisa que também fiz quando garoto. Mas as recordações trazidas quando vimos as fotos de onde as pessoas realmente andam, vivem, frequentam são, na minha opinião, mais significativas pois representam o dia-a-dia dos cidadãos comuns que fazem a verdadeira Brasília.
Augusto Freire – Brasília (DF)
Brasilia tem uma luminosidade incrível, realmente mágica. Capturar isto em foto é uma arte. Parabéns ao artista, embora talvez já não esteja entre nós. Agora, excluído se manifestando é o cacete! Pichador é (uma das) a raça mais filha-da-puta da face da terra. Devia nascer morto. E concordo com Moncho. Qualquer pessoa eleita é, antes de mais nada, um do povo.
O Congresso foi o ápice da criatividade de Niemayer. Pena que ele estava muito melhor como nessa foto, ou seja vazio. O que tem sido colocado lá nas últimas décadas deveria estar sendo enterrado junto aquilo que deslizou no Morro do Bumba.
Incrível a quantidade de ferragens na cúpula invertida do Congresso. Aquilo deve aguentar um bombardeio ( não estou dando idéias não, ok? rs ).
Mal me engano, ou essa foto foi utilizada na capa de um livro do Florestan Fernandes… o “Que Tipo de República?”. E claro, de fato é uma belíssima imagem
Esta foto é capa de um livro…
O prédio fica mais bonito assim, vazio, e com mais assepsia, sem os… bom, deixa pra lá senão o politburo me censura.
Mas aí no vão de baixo fica o Salão Negro do Senado. E nessa extremidade vista da foto tem um corredor com a bandeira de todas as unidades da federação.
Eu agora estou na dúvida, meu pai tinha que estar aqui, mas esse salão negro é popularmente chamado de chapelaria. Entrando pelo salão e virando à direita toma-se um ótimo cafezinho.
“Os” que lá estão, foram eleitos… Saíram do corpo da população. São parte do que é a sociedade.
Não há órgão são em corpo podre…
Eu já escalei essa abóbada quando era moleque!
É um cenário tão Sci-Fi que queriam rodar o Aeon Flux em Brasília…
Quando eu era moleque era permitido escalar a abóbada do Senado (que aparece em primeiro plano). Outra diversão no mesmo lugar era deslizar de papelão pelo gramado inclinado que cerca o Congresso…bons tempos. Tempos em que haviam cisnes no espelho d’àgua do Congresso (localizado atrás do prédio e portanto à frente da Pça dos 3 Poderes).
O espelho d´agua hoje esta um lixo. Chega a ser vergonhoso. É mais ou menos como ir ao Kremlin ou a Casa Branca e encantrá-los pichados.
Segue o jogo… Brasilia é muito mais bonito que tudo isso.
Obs.: Acho que uma coisa deve ter mudado, e não sei se estava previsto pelos seus idealizadores… a vista do horizonte mudou muito… as que podemos ver nessas fotos da decada de 50 são espetaculares.
Imperador
A única coisa que apareceria a mais nessa foto tirada hoje em dia seria o Anexo 4 da Câmara.
Então Ricardo, o problema é que aqui, pichador é considerado “excluído se manifestando”… Feito aquela maluca que pixou o Museu de Arte Moderna no Ibirapuera e foi defendida por figurões do governo federal. Saiu da cana sorrindo na cara de todos, levada em van de luxo. Um mes depois foi detida furtando em um supermercado…
Houvera água limpa e cisnes nos espelhos d’água, não durariam 24 horas. As aves virariam cozido, os laguinhos piscina pública.
Parece uma imagem de um dos filmes de ficção científica da década de 50.
Na real: a luz é “mágica”, os traços são interessantes mas às vezes ofusca a vista. Naquele museu novo da República perto da biblioteca, é iinviável chegar até o museu em dias de sol, atravessar todo aquele concreto de olho aberto é impossível. Algo simples mas que, no entanto, o autor da obra ignorou. Niemeyer é profundamente superestimado.
Por vezes a estranheza mesmo – para não dizer pior – é o que ofusca a vista. Sem não ir longe, que dizer daquele toco de mão aberta lá na Barra Funda aqui em Sampa? E aquele disco voador- museu, emborcado lá em Niterói?…
Dentre as primeiras obras do velho comunista – quando ainda não insistia em fazer tudo TÃO “diferente” – é que estão as mais interessantes.
Ainda bem que quem o superestima entende bem mais de arquitetura do que você!!!
Cassius Clay, nem tanto. Primeiro, entre os pares, sobretudo os não-ideológicos, Niemeyer é considerado um péssimo arquiteto de interiores (opinião corroborada por quem vive ou trabalha nos prédios desenhados por ele). Segundo, Niemeyer se autoplagia: basta ver, entre outros tantos, os arcos do MRE em BsB e a sede da Mondadori, em Milão. Terceiro, seu comentário não tem valor porque não explica sua predileção pelo jurássico e datado Oscar Niemeyer, o que apenas reforça a impressão de que se trata de um arquiteto superestimado de obras superfaturadas.
Pena que, hoje, estas construções estejam completamente contaminadas.