HISTÓRIA NO CHÃO

SÃO PAULO (vamos tentar) – O excepcional São Paulo Antiga, do Douglas Nascimento e da Glaucia Carvalho, traz mais uma de suas matérias de resgate das coisas da cidade, agora sobre o patrimônio industrial da capital que vem desaparecendo nos últimos anos, com fábricas abandonadas sendo derrubadas e transformadas em shoppings ou condomínios verticais.

O tema de hoje é o que restou da planta da Vemag, ali pertinho do Ipiranga. Sobrou muito pouca coisa, mas pelo menos a fachada do prédio administrativo ainda está de pé, e bem que poderia virar um memorial. Afinal de contas, foi dali que saiu o primeiro — repito, primeiro — carro fabricado no Brasil. Foi uma perua DKW Universal, no dia 19 de novembro de 1956.

Alguém aí próximo do poder consegue descobrir quem, afinal, é dono das ruínas da Vemag? Sei que tem um shopping do lado, onde ficava parte da fábrica. Já me disseram que é da gigantesca Savoy. O vídeo diz que o dono do terreno é o governo do Estado. Alguém confirma?

Me ajudem, que eu salvo esse negócio. Pelo menos essa parede aí embaixo. Palavra de honra.

Subscribe
Notify of
guest

24 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Rogério
10 anos atrás

Caramba, se eu não me engano, ainda em 2004 os galpões estavam intactos. Acho difícil conseguir tombamento daquilo que já virou ruína. Guardar a fotografia não é tão relevante mas já é alguma coisa.

Reinaldo Bascchera
Reinaldo Bascchera
12 anos atrás

Saber quem é o dono é irrelevante, desnecessário. Para preservar o que restou da fábrica, o que não é pouca coisa, a melhor, senão a única forma de garantir isso, é entrar com um pedido de Tombamento. Pelo seu valor, as três esferas de poder deveriam ser demandadas: IPHAN (federal), Condephaat (estadual) e Compresp (municipal). Um bom dossiê, com fatos e fotos, mais a juntada de um abaixo assinado, deve ser suficiente para abrir os processos e garantir, ainda que de forma provisória, que o que restou não venha abaixo. Depois, se tombado definitivamente, o bem poderá ser objeto de uma ação mais elaborada, quem sabe o restauro não apenas da fachada. É isso, o resto é ilusão.

adrianobasco@ibest.com.br
12 anos atrás

Cara não tenho como não te falar. Te sigo no blog desde 1900eantigamente. Me emociono quando falas da Lusa, me lembra quando meu Avaí ninguém dava bola. Respeitoi teu amor pela Lusa, que já chegou a ser meu 1º time em 96. Sou comunista (que palavra feia, prefiro humanistas…) mas estamos falando de motor… Pra mim é estranho. pois só mando mensagem pros inocêncio da direita. Só quero te propor um ano maravilhoso:
Lusa Campeâ Paulista (Quase desisti do futebol depois do Castrili
Avaí Campeão Brasileiro
Barros Campeão da MOTOGP (Nunca o abandonei)
Gilles Villeneuve Campeão F1

E que Deus … nos espere ( pensei coisa bem pior, mas como o blog não é tão puro….)

[email protected]

Marcelo Rezende
12 anos atrás

Flávio, faz que nem os chineses fizeram com os templos. Desmonta este muro e ergue em algum museu dedicado aos carros. Não estou brincando, é sério, os donos poderiam autorizar a desmontagem e você teria que correr atrás de quem topasse investir nesta empreitada.

Grande abraço!

Dionisio
Dionisio
13 anos atrás

Muito nobre sua intenção Flavio Gomes, porém o prédio já se foi ha muito tempo e esse muro, que foi todo descarterizado, só não foi pro chão por ser uma sólida proteção contra ladrões e invasores. Desencana pra não ter chateação e decepções.

Felipe Nicoliello
13 anos atrás

Flávio,
A história já foi para o chão há muito tempo. Infelizmente a parede não conseguirá representar nada, se ficar será mais uma amostra da nossa incompetência de não preservar nada em termos de história, porque todos perguntarão: – Por que preservaram só a parede da fachada?
Na Puma, ali perto na Avenida Presidente Wilson, derrubaram todos os galpões e hoje abriga uma área verde que faz parte do terminal de manutenção do Metrô, sem dar a mínima importância para a maior fabrica genuinamente brasileira, que marcou uma fase, um tempo da indústria nacional.
Seria muito mais correto, em ambos os casos, darem uma nova destinação aos edifícios, mesmo que para outras utilidades, mantendo suas características originais.
O descaso é grande no Brasil desde o início da república. O Pátio do Colégio, marco da fundação de São Paulo foi demolido no começo dos anos 20 do século passado, para abrigar o Palácio da Prefeitura de São Paulo, inaugurado em 1925, um projeto do famoso arquiteto Ramos de Azevedo. Duas décadas depois viram a besteira que fizeram e demoliram o edifício de Ramos de Azevedo e recriaram o Pátio do Colégio. Não sei qual atitude foi pior, a primeira demolição ou a segunda. Enfim, só besteiras porque não está na cultura brasileira preservar a história. Somente a partir do final dos anos 60, as forças culturais do país começaram a serem ouvidas com a criação do CONDEPHAAT em São Paulo.

vitão
vitão
13 anos atrás

o terreno é da Savoy, mas não sei se houve alguma permuta com a prefeitura ou governo do estado referente à construção da estação do metro, talvez daí venha a confusão. Quanto a preservação de prédios antigos , a melhor solução seria a venda de direitos construtivos, ou seja o proprietário fic acom o prédio, mas ganha o direito de vender a área equivalente para um projeto em outro local. O problema é conflito com a lei de zoneamento, etc. Ou seja, ninguém quer que dê certo. Hoje o proprietário que tem um prédio tombado não pode fazer nada, tem que conservar o prédio, e ainda paga imposto predial. Por isso o melhor é deixar o prédio desabar .

Claudio Pessoa
Claudio Pessoa
13 anos atrás

Flavio, já tentou levar o tema ao conhecimento do pessoal da Audi Tradition? Talvez o interesse deles contribua para a preservação do que restou. Lembrando que pra se preservar de fato é preciso dar vida ai local.

André
André
13 anos atrás

Infelizmente a atitude de salvar uma parede (não sei como se faz isso) não aumentará a cultura do povo em preservar patrimônios históricos.
André / Piloto no http://www.f1bc.com

Marcos Antonio
Marcos Antonio
13 anos atrás

Gosto dos DKW’s, mas não sou fã.

Creio que sempre há a necessidade de inovações tecnológicas etc, mas essas vem com o que foi criado no passado. Guardar, cuidar e zelar desses pedaços históricos, mostra as novas gerações e as pessoas da área que acham que tudo hoje tem que ser modernizado, o esforço para chegar a tecnologia atual.

Engraçado termos uma indústria de carros atual pífia com relação a outros países mais desenvolvidos. Nesses, com carros de ponta, museus automobilísticos, pedaços sobre o assunto têm aos montes. Aqui, nada.

Ê país tapa buraco.

Breno
Breno
13 anos atrás

Sou contra manter algo que ninguém deu valor até agora. Por isto estamos anos-luz de distância de nações que realmente valorizam sua história.

Valorizar a história não seria manter de pé uma parede que não abriga mais nada. Seria manter de pé todo o prédio, preferencialmente com uma utilidade definida, e não jogá-lo à própria sorte transformando-o em “centro cultural” (desculpa governamental para abandono).

Já que não foi valorizado até hoje (sabe-se lá por quais motivos), que seja jogado abaixo e dê lugar a algo útil. Assim como “n” outros abandonos por aí.

Claudio Pessoa
Claudio Pessoa
Reply to  Breno
13 anos atrás

É perfeitamente possível preservar e ser útil ao mesmo tempo. A Europa de forma geral nos dá o exemplo, onde o patrimônio histórico e cultural convive sem conflitos com a modernidade. Precisamos aprender a fazer isso também, e não simplesmente dar as costas ao passado.

valmir chicarolli
valmir chicarolli
13 anos atrás

Pra mim este prédio é um excelente local para se montar 1 autoshopping. Pense num Auto Shopping Vemag? Desta forma salvaria a fachada e usaria o espaço para algo relacionado aos automoveis.

Thiago Azevedo
Thiago Azevedo
13 anos atrás

Gomes,

Uma justificativa para manterem a parede poderia ser o fato de ela ainda estar em pé – atualmente você dificilmente vê alguma prefeitura aprovar algo no alinhamento, sem recuar alguns metros.
Aqui em Londrina, imóveis antigos podem permanecer no alinhamento original desde que não sejam demolidos. Uma vez demolidos, já era, a construção terá que recuar e perderá vários metros de área útil. Não sei como é aí em Sampa.

Imagine a área construída que o dono deixaria de perder.
Aí seria o caso de darem um trato legal na fachada e adequa-la para um shopping ou para a finalidade para a qual o imóvel será destinado.

Esse é um ponto, e tem que ver se é o caso do que eu disse.

Boa sorte, mesmo!

Daniel Granja
Daniel Granja
13 anos atrás

FG,

Não está no vídeo, mas ao final da reportagem a informação foi corrigida. O prédio pertence ao shopping.

Conte comigo. Vamos salvar, ao menos, essa parede.

Abraço,

Tiago Mio
Tiago Mio
13 anos atrás

Só em pensar como era antes e como está hoje, dá uma grande dor no coração. Daqui alguns dias, meses ou anos não vai ter nada, somende shoppings e condomínios verticais de luxo.
FG uma pergunda o q será q aconteceu com a fábrica da GURGEL, e da IBAP ( o que seria realmente a primeira fabrica de carros 100% brasileiro).

Andre L G Brandt
Andre L G Brandt
13 anos atrás

Salve Flavio,

Aqui em Curitiba já estão demolindo as instalações da antiga fábrica da Matte Leão (hoje da Coca Cola). Foi esta empresa que alavancou o crescimento da cidade no início do século passado.
O terreno foi comprado por uma igreja evangélica, para a construção de um mega templo. Dizem que a família pediu 30 milhões e a igreja pagou 33 milhões para evitar a concorrência na compra!

Não adiantou a reclamção de todos, a memória das cidades é coisa do passado. Viva o poder público ausente!

Saudações – André

Conde
Conde
13 anos atrás

Desmonta essa parede , restaura e monta como era na sua futura casa-galpão no interior de SP . Já pensou que beleza iria ficar .

Peterson
Peterson
13 anos atrás

fala que vai fazer e vem com essa de restaurar parede…já que é pra fazer, se compromete a fazer completo…as pessoas que gostam vão te ajudar!

beau
beau
13 anos atrás

Muito bonita sua atitude. Você é um homem bom.

giovenardi
giovenardi
13 anos atrás

errata .. fábrica de trailer “TURISCAR” e não karmanguia.

giovenardi
giovenardi
13 anos atrás

FG .. aqui em Novo Hamburgo a fábrica de trailer karmanguia ficou abandonada (semi ruinas) o terreno estava a venda até o final do ano passado .. hoje já está ocupado por uma concessionária Hyundai

wag
wag
13 anos atrás

Há quanto tempo eu não ouvia essa frase “palavra de honra”? Voces, colegas blogueiros, tem idéia do sentido que essa frase tem?
FG é merecedor de todo nosso esforço para honrar sua palavra…Coisa rara hoje em dia…

Felipe
Felipe
13 anos atrás

Flavinho,
Moro no Ipiranga, e pelo que sei o prédio administrativo da Vemag é do Metrô ou da CPTM, algo assim.
Algumas semanas atrás fui no tal shopping e bati uma foto da parede, é muito triste mesmo saber que a nossa história é tratada assim