O PAI DO HOMEM

SÃO PAULO – Então…

Depois de ler o que pude, ouvir o rádio e ver a TV, peguei meu carro, era dia de folga, jornalista folga de quinta-feira, fui até a oficina, vi os dois Weber que colocaram no Meianov, ligamos o carro, o motor ficou com um ronco legal, depois descemos lá onde eles fazem funilaria e pintura, a peruinha já está toda raspada, sem motor, descobrimos a cor original. Descobrir a cor original de um carro de 55 anos é algo emocionante para quem gosta deles, dos carros. Foi arrancar o forro do teto e lá estava o azul, Azul Firenze, segundo o amigo das cores, intocada a pintura, uma coisa bacana, ajuda muito na restauração, mesmo que o Azul Firenze não seja lindo, eu tinha a ideia de fazer creme e vinho, ou branco Lotus e azul-marinho. Mas ela era azul, ora bolas, e se nasceu assim, que continue assim. Acho que será azul, e também encontrei o número do chassi, é umas das únicas 173 fabricadas em 1956, creio que o mais correto seja mesmo fazê-la como era quando saiu da fábrica e tal.

Depois fui ao centro da cidade, com um trânsito curiosamente bom, atrás de um emblema e de umas calotas, o trânsito curiosamente bom.

As irrelevâncias nos movem. Tudo que fiz hoje foi irrelevante, ver uns carburadores, descobrir uma cor, procurar uns emblemas e umas calotas. Foi tudo que consegui fazer. Mergulhar na irrelevância e na indiferença.

O rapaz que entrou na escola atirando não se encaixa em nenhum perfil que permita esbravejar. Até onde se sabe, não era traficante, ladrão, fugitivo. Não era militante de nenhum partido, não lutava jiu-jítsu, não era um skinhead, não pertencia a nenhuma torcida organizada. Até onde se sabe, não usava drogas, não bebia, não era pedófilo, não era evangélico, não era muçulmano, não era judeu, não era cristão, não era xiita, não era sunita, não tirava racha na rua, não tinha suásticas tatuadas na pele, não pertencia a nenhuma seita, não era gótico, não era punk, não ouvia Bossa Nova, não usava piercing, não era rico, não era pobre, não era gordo, não era magro, não estava em liberdade condicional, não tinha passagem pela polícia, não vivia no Complexo do Alemão, não era do Jardim Ângela, não morava numa cobertura da Vieira Souto, não era nada. Segundo sua irmã, ele era estranho.

Estranho.

Seu nome era Wellington de Oliveira, um nome bem brasileiro, há milhares de Wellingtons, Washingtons, Andersons. O Brasil tem um estranho fascínio por W e por nomes que terminam em “on”. Wanderson, Jackson, Jobson, Richarlyson. Ele era um Wellington de Oliveira.

Quando não se pode culpar traficantes, fugitivos, ladrões, militantes, lutadores, skinheads, nazistas, torcedores organizados, drogados, cristãos, bêbados, pedófilos, muçulmanos, góticos, magros, evangélicos, rachadores, punks, gordos, xiitas, ricos, pobres, nem o prefeito, nem o governador, nem a presidenta, nem o ministro, nem o secretário, nem a polícia, nem o senador, nem o deputado, nem a diretora da escola, nem o médico, nem o professor, culpamos quem?

Culpamos quem?

Quando não podemos culpar ninguém, chegou a hora de assumir o que somos. Uma espécie fracassada, violenta, agressiva, condenada à extinção. Uma espécie habituada à barbárie, e que não se imagine que “nos transformamos em”. Sempre fomos assim, indecentes, obscenos, há séculos nos matando em guerras, inquisições, pogroms, chacinas, massacres, genocídios, atropelamentos, assassinatos, latrocínios, torturas, execuções. E pragas, pestes, terremotos, incêndios, tsunamis, deslizamentos, enchentes. Um moto-contínuo de mortes, mortes, mortes, e vinganças, vinganças, vinganças, ódio.

A criança é o pai do homem. Guardo um pequeno cartão com essa frase no meu carro, há anos está lá, era o convite da formatura do meu mais velho no pré-primário. Não o guardo como mantra ou guia espiritual. Está lá porque está lá, porque o carro que nos levou à formatura do pré ainda está comigo, e lá ficaram o cartão e a frase. De vez em quando uso o cartão, de papel de alta gramatura, cartolina, talvez, porque quando o vidro sobe levanta uma rebarba da forração da porta, e o cartão serve para colocar a forração no lugar. É um uso banal, irrelevante, coloco o cartão entre o vidro e a forração da porta, e tudo fica no lugar, tudo volta ao seu lugar. Um uso banal e irrelevante, mas que me faz ler essa frase todos os dias, ou, pelo menos, quando preciso colocar a forração da porta no lugar.

A criança é o pai do homem.

Wellington ajudou a nos matar mais um pouco hoje. É um erro, Wellington, matar-nos aos poucos. Da próxima vez, Wellington, mate-nos a nós, direto, sem intermediários.

Mate o homem, Wellington, não seus pais.

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wilma
wilma
12 anos atrás

Maravilhoso! Só posso dizer que terminei de ler o texto chorando. Que dor no peito! Que vazio! A uma profunda tristeza e ao mesmo tempo uma necessdade de tentar mudar o homem de hoje para que meus netos tenham a chance de ser o homem de amanhã.
Seu texto é sensacional, dolorido,indisível.

wilma
wilma
12 anos atrás

A única coisa que posso dizer è que terminei de ler o seu texto chorando. Fantástico, e ao mesmo tempo doloroso, real e por isso mesmo extremamennteindizível.

Brasílio
Brasílio
12 anos atrás

Um texto digno de co-assinatura, feito com o coração, nada a acrescentar, só apoiar;

opinião:
escola tem de ser aberta, pois não, mas acima de tudo as crianças devem ser protegidas não só de um maluco, mas de traficantes e de pessoas mal intencionadas, e o custo de protege-las deve ser considerado irrelevante, independentemente de seu valor numérico; diga-se de passagem que o estado tem toda a responsabilidade enquanto abriga as crianças em suas escolas, ou não?; agora as sugestões mais simples surgem, mas a análise profunda que deveria passar pela EDUCAÇÃO, é relegada a n-ésima prioridade;

Flávio
Flávio
12 anos atrás

O que todos queriam ouvir: sabe esses males que assolam a humanidade, então…não há nada o que cidadãos comum possamos fazer……Por isso podemos continuar com nossas vidas egoístas em busca de mais dinheiro. Covardia de quem tem medo de assumir a responsabilidade sobre as pessoas ao nosso entorno….temos muitos outros problemas, inclusive mortes de crianças do lado de fora do vidro insulfilmado

Rui Mendes
Rui Mendes
12 anos atrás

Muito bom…

Maria Inez do Espirito Santo
Maria Inez do Espirito Santo
12 anos atrás

Concordo com suas reflexões, mas discordo do tom totalmente pessimista.
Postei em meu blog – http://www.vasosagrados.zip.net – um texto – “Onde os adultos” que gostaria de compartilhar também. Temos pontos de convergência em nossos pensares e estilos diversos de dizer…
Muito grata.

LEILA MARIA DA CRUZ AZEVEDO
LEILA MARIA DA CRUZ AZEVEDO
12 anos atrás

É DIFÍCIL ACREDITAR NA EXISTÊNCIA DE ALGUÉM QUE TENHA ATINGIDO ESTE GRAU CONSCIENCIAL. VOCÊ FOI BRILHANTE NAS SUAS COLOCAÇÕES À RESPEITO DO CASO “WELLINGTON”. ESTE GRAU DE CONSCIÊNCIA EM QUE VOCÊ SE ENCONTRA É ALGO RARO. CONSIDERE-SE PRIVILEGIADO OU MELHOR, CONQUISTADOR DE UM CONHECIMENTO QUE REQUER GRANDE ESFORÇO. VOCÊ FOI CAPAZ DE ABORDAR O ASSUNTO AVALIANDO-O DE MANEIRA AMPLA E TOTAL. PARABÉNS, E QUE VOCÊ CONTINUE FAZENDO OUTRAS INDICAÇÕES NO MESMO NÍVEL DESTA.
MUITÍSSIMO GRATA! UM FORTE ABRAÇO LEILA MARIA

Fabiana Nogueira
Fabiana Nogueira
12 anos atrás

Belo texto. Sou professora de escola pública, de alunos da mesma idade dos que foram mortos. E, desde ocorrido, sou indagada a todo tempo sobre o ocorrido. Não tenho resposta, apenas angústia. E é exatamente a angústia de saber que estamos nos destruindo. Abraço.

Raquel
Raquel
12 anos atrás

Para quem esta farto(a) de um jornalismo preguiçoso que toma conta da tv, internet, jornais e sei lá mais o que… é muito bom ler um texto como este. Parabéns Flávio Gomes!

Jonas Bin
Jonas Bin
12 anos atrás

Flávio, acompanho seu blog há algum tempo e nunca tinha deixado nenhum comentário, mas desta vez não posso deixar de dizer que fiquei até arrepiado com o que você escreveu, ou com o que tu escreveste, como nós gaúchos dizemos. Acredito que tudo o que foi dito sobre isso pode ser resumido no seu texto: emocionante, e até onde pode haver um bom sentido nisso, impactante.

Eduardo Baldan
Eduardo Baldan
12 anos atrás

Linda a frase do convite da formatura do seu filho.
É desnecessário acrescentar qualquer coisa diretamente à esse assunto, muito já foi dito, inclusive com esse belo, porém magoado, texto. (Não teria como ser diferente, obviamente)

Tracei um paralelo, indo ao cerne da barbarie. Como ainda não possuo blog, publiquei no facebook, imagino que esteja disponível para todos.

Caso tenha sede, aqui está: http://www.facebook.com/#!/note.php?note_id=10150151694628932

Um abraço e obrigado por suas reflexões.

Daniel Faria
Daniel Faria
12 anos atrás

Brilhante.

Rodrigo Martins
Rodrigo Martins
12 anos atrás

Parabens pelo post.
Muito bem pensado e escrito.
Faz pensar em quem realmente somos.
Um abraco.

Rogério Magalhães
Rogério Magalhães
12 anos atrás

Vale uma leitura, diretamente d’além mar:

http://www.publico.pt/Mundo/reportagem-nunca-tivemos-nada-assim-no-brasil_1489022?all=1

Principalmente o toque em outra tecla chata, a porra do desarmamento do populacho… será que dificultar acesso a armas não ajudaria muito a evitar casos assim? Ou caras como esse partem para o famoso “quem não tem 38, caça com facão ou faca de cozinha ou canivete”?

Raphael Eterovich
Raphael Eterovich
12 anos atrás

Flavio.

meus parabéns, texto marcante…

Raphael

Moacir A F de Faria
Moacir A F de Faria
12 anos atrás

Quanto a espécie em extinção, convenhamos que negamos nossa origem em nome de uma racionalidade fragil. Os humanos, enquanto ramo dos mamiferos primatas somos animais, como os outros que dividem esse tempo neste planeta. Existem no íntimo de nossos gens aqueles impulsos primitivos que por milhares de anos tentamos dominar. Muitos conseguem, alguns não.
Então o animal primitivo explode em fúria inexplicável.
E a nossa maior indignação está no fato de não querermos nos ver naquele nosso semelhante desorientado. Queremos a todo custo negar nossa origem.

renato
renato
12 anos atrás

Que texto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!quanta amargura bem traduzida….excepcional

Adail Garrido
Adail Garrido
12 anos atrás

Este é a meu ver o “QUADRO” exato, da humanidade que vive num “ATRITO” permanente, sem saber onde se refugiar rsrs

Olivo
Olivo
12 anos atrás

Gigante. Monstro esse post. Um “temporal” do Flavinho, que larga na pole a respeito do assunto. Com folga. Parabéns véio.

João Netto
João Netto
12 anos atrás

Jamais iremos compreender a complexa pequenice do ser humano perante a infinitude do universo. O rapaz tinha uma psicopatia. A psiquiatria, ciencia que cabe na pequenice humana, seria capaz de cuidar do rapaz. Simples: ninguém dentre os próximos percebeu a doença.

orlando
orlando
12 anos atrás

Há tempos digo que o homem é um projeto que deu errado.
Rogo aos ET’s – se é que eles existem – que passando por aqui usem seu raio exterminador e acabem com a raça humana. Toda a raça humana. Não é pra sobrar ninguém. Deixando apenas as plantas e os animais, o planeta agradece.

Saret
Saret
Reply to  orlando
12 anos atrás

Que viagem profundérrima, ao fundo do poço!

Ana
Ana
12 anos atrás

Não sei o que dizer,….fui a coluna mais sensata sobre esse caso que eu li!
Perfeito.
Obrigada!

Ze' Maria
Ze' Maria
12 anos atrás

Merece tambem reflexao o que o ChistianS disse, mesmo que haja discordancia, ok!

ChristianS
12 anos atrás

Sou defensor de animais e quanto mais vejo, mais percebo que precisamos deles para nos educar e para aprender a compartilhar alegria, carinho, afeição e lealdade. Toda criança deveria conviver com um cachorro e um gato. Com isto teríamos muito menos pessoas desequilibradas e intolerantes. O mundo seria bem melhor.

Além disto, como podemos ser tão hipócritas sabendo que todos os dias, em nossos pratos existe a carne de animais que têm sentimentos, que sofrem e que são tratados por nós como coisas. Todos os dias milhares de animais são assassinados única e exclusivamente para o “prazer” gastrônomico da nossa espécie.

O que ocorreu no Rio ocorre em escala muito maior todos os dias com os animas de outras espécies, por nada, só por existirem. Como em Goiás, por exemplo, onde os cachorros recolhidos das ruas são mortos em câmeras de gás até hoje.

Neste sábado começa a caça as focas no Canadá mais de 300 mil filhotes serão mortos, geralmente ao lado de seus pais, a golpes de “martelo” para não estragar a pele, para virarem casacos.

Claro que o que houve no Rio me faz mal, aliás, Muito mal. Obviamente que sinto muita tristeza por tudo que aconteceu e vou sentir por muito tempo.

Este comentário não está sendo escrito para traçar um paralelo entre a espécie humana e as outras espécies do tipo qual vale mais. Mas para questionar nossas atitudes para com as outras espécies e só.

De meu ponto de vista todos os seres merecem respeito independentemente da espécie. O que fazemos com os animais não humanos e nos acostumamos com isto achando normal, agora – do sec XX em diante – estamos fazendo com nós mesmos.

Não está na hora de acordarmos?

Ze' Maria
Ze' Maria
12 anos atrás

Gostaria apenas de deixar registrado o seguinte: apesar de, por vezes, discordar de seu posicionamento, recebendo inclusive respostas por vezes atravessadas e/ou agressivas, sou obrigado a me render aos fatos e declarar minha admiracao (teclado gringo, sorry) pela qualidade do que foi postado. Simplesmente irretocavel, peca jornalistica a ser guardada e mostrada a todos que pretendam ser alguem na vida. Sinceros Parabens!

Ze’ Maria

Marco Antonio
Marco Antonio
12 anos atrás

a espada da justiça demonstra
lâmina cega que bate e não arranha
o escudo denso e covarde da omissão

veja a árvore que sombreia
braços incastos do ser sozinho
é a mesma que promete e desaparece
sobre um vazio transcendendo a solidão

pra onde vai, de onde veio
pra onde foi o sincero sorriso
da impura juventude que se foi

a chuva cai, o fim e o meio
diz como doi o que justifica
a candura que deixam pra depois

http://marcosa.wordpress.com/2011/04/08/o-ser-sozinho/

ivando Bornhausen
ivando Bornhausen
12 anos atrás

É isto mesmo Flávio. Dairiamente estamos instruindo nossas crianças para o bullyng, através dos desenhos animados, programa do didi, faustões e ratinhos da vida.
No caso deste menino, conseguiu resistir até aos 23 anos esta tendencia e esta negação de seus semelhantes. Porque se vivesse até aos 80 anos, continuaria sendo ninguem. Só lembrado em véspera de eleição

Ari Mascarenhas
Ari Mascarenhas
12 anos atrás

Pois é… Eu não gostei do artigo. Concordo com sua colocação de que estamos nos matando há séculos e que somos uma raça em extinção, isso não há dúvida; também concordo com o ponto em que não encontramos marcas que diferencie o assassino de nós. Mas é aí que está o ponto, as marcas que você cita são as marcas que a sociedade, induzida pela mídia, procuram em seus criminosos, quando na verdade, no meu ponto de vista, o que os diferencia de nós é justamente o fato de serem “criminosos”. Eu não matei ninguém, não mato ninguém ( ato contínuo), se bem que o mal que posso causar a mim diariamente é uma forma de crime, mas não posso me igualar ao Wellington. Aliás, o que o difere de nós é que ele é um assassino, que planejara o seu crime com detalhes antes de executá-lo. Nada pode explicar um sujeito que maneja armas com a destreza que ele manejava, segundo a polícia, e com um municiador automático em mãos. Ele premeditou. Ele planejou e executou. Esse relativismo apontado pelo senhor é típico dos novos tempos, assim, deixamos de apontar os verdadeiros culpados pelos crimes porque nos julgamos parte deles. Entendo suas colocações , mas a negação também é uma forma de sensacionalismo, aliás, qual é a melhor maneira de aparecer diante de um fato que todos apontam um culpado senão dizendo que todos somos? Minha vida não é um somatória de irrelevâncias. Ao contrário, planejo o meu dia, cumpro meus deveres, assumo minhas responsabilidades e tento, a medida do possível, construir um presente melhor para que eu possa desfrutá-lo. De qualquer maneira, obrigado por colocar essa questão em pauta. Valeu

Antonio Augusto
Antonio Augusto
12 anos atrás

O ser humano não deixa de ser um sistema complexo. E como todo sistema, inclusive carros de corridas, não são perfeitos e possuem fragilidades. Um louco é uma pessoa com defeito (de fabricação ou não) naquilo que nossa especie tem de mais valioso, a mente. Pronto, por mais triste e transtornante que seja, foi isso que aconteceu. E é assim triste exatamente porque ainda temos o que o louco perdeu: pensamos nos outros e sentimos sua dor.

Juremir Neto
Juremir Neto
12 anos atrás

Apesar do Flavio nunca postar os meus comentários………….Hoje êle está de parabéns pelo “O pai do homem”

Wellington Borges da Silva
Wellington Borges da Silva
12 anos atrás

Velho,

Desculpe a intimidade Flavio, mas depois de todo este tempo aqui lendo o seu blog, acho que posso chama-lo assim, sem rebuscar, sem floreios.

blog que por sinal, nao é mais sei, ams sim de todos que enviam todos, comentarios e que participam de maneira construtiva.

Vc conduz com extrema maestria o funcionamento deste canal com o seu publico, seja no tom, na abordagem, ou na simplicadade elegante da escrita.

Mas, meu caro Flavio, desta vez acho que vc se equivocou, sou Wellington com orgulho, um guereiro batalhador, um legito brasileiro, oras sou da Silva, mas poderia ser Oliveira, como tantos que residem em Mionas, incluse um bocado deles meus amigos, por uniao das familias.

O foco no nome do sujeito que cometeu tal atrocidade, é complicado, pois temos centenas, talvez milhares de Wellington por este Brasil a fora, quem horan o seu nome, podiamos ter o nome de Geraldo, Antonio, João, Zé, nao importa o nome, mas sim a sua atitude.

Atitude que não consigo achar adjetivos negativos para nomear tal personagem, pois é repgnante, sem sentido.

Tenho filhos na mesma faixa etaria, nao estou perto deles, estou fora de casa, trabalhando em projeto, sou demasiadamente ligados a eles, e quando houve o fato ele me ligaram e falaram, pai um cara fez tal coisa, olha o nome dele.

/blog nao permite e nem deve permitir palavroes, PQP, nao importa o nome do FDP, inocentes sofram xterminados, sem motivo e tal, e estao ligando para o nome do cara.

Pensei comigo, são crianças, bem mas, ja vouvi piadinhas de mal gosto sobre o nome varias vezes.
/porque vamso distorcer, nao importa o nome, o que importa e como a socidedade esta preparada para este tpo de fato, antes durante e depois, o que tiramos de aprendizado disto.

/para que novas situações não ocorram, simplesmente nada.

Não estou criticando a pessoa Flavio Gomes, mas sim o foco no nome.

Abraços

Wellington Borges

Marcelo Shulman
Marcelo Shulman
12 anos atrás

Não que a minha opinião conte muito, mas eu culpo a avareza mental, a mesquinharia espiritual, a pobreza existencial de uma determinada estirpe de ser humano.

Eu culpo o que um outro comentário aqui reportou como a indignação, o inconformismo histérico com que o pai do comentarista percebia a sua, do pai, própria mortalidade.

Esse inconformismo histérico com a impermanência é que fode tudo. O homo eurasianus acha que, se fizer bastante birra, algum dia, de alguma forma, ele vai vencer a mortalidade, essa ignóbil que se recusa a se dobrar ante a divindade do eu.

O ser humano do tipo eurasiano tem uma, e somente uma, certeza inabalável: “eu” deveria ser deus, todo-poderoso e imortal. A maioria das pessoas, quando se depara com o mundo real e os obstáculos que ele coloca entre a pessoa e a divindade à qual ela acha que tem direito, reage bem ou mal, mas reage dentro da civilidade.

Esse animal do RJ reagiu fora da civilidade. Agora vejam: ele REAGIU. Não fosse a birra existencial do homem eurasiano e a sua busca patético-patológica pela imortalidade, ele não teria nada em relação a que reagir.

Não fosse a crença visceral de que a impermanência provavelmente pode ser revertida, toda a nossa motivação, para fazer o bem ou para fazer o mal, simplesmente não existiria. Teríamos de achar um outro “sentido da vida”, ou de preferência acordar para o fato de que ela não tem sentido fora o que nós arbitrariamente criamos. E que consequentemente está sob nosso controle – ainda que a gente se recuse histericamente a abraçar essa nossa natureza criativa.

Fernando
Fernando
12 anos atrás

Boa noite, uma tragédia. Crimes sempre existiram, é impossível prever tudo. O autor desse crime provavelmente tinha algum disturbio mental, soma-se a isso a informação veloz que evidencia a criatividade cruel e pronto, tragedias identicas ocorrerão nos quatro cantos do planeta, qualquer “louco” ou não pode aprender um monte de coisas na internet, mas e antigamente, digo a 300, 400 anos atrás, ocorriam diversos crimes barbaros, as penas para esses crimes eram igualmente barbaras e crimes continuavam a acontecer, parece que realmente a natureza do homem, que é um animal, embora racional, é fadada a crueldades sem qualquer sentido, melhor é pensar em quantas alegrias ocorrem pelo mundo afora, pequenas futilidades ou não que alegram o ser, nascimentos, casamentos, festas, um sorriso…, é é melhor pensar nessas coisas.

luiz barranco
luiz barranco
12 anos atrás

com vistas arregaladas ao texto e a garganta seca de ansiedade li todo o textoo aoo desfecho sobre o qual se refere posso lhe resumir em choros de emoção ,dor e angustia…
agora as vistas estao embassadas de lagrimas e um nó na garganta de sentimento de impotência e Dor.

Wagner Campos
Wagner Campos
12 anos atrás

O problema são esses homens virtuosos, donos da moral, homens do “bem”, cristãos de toda ordem. A humanidade ainda n superou seu lado animalesco, pq animais é o q somos. Essa noção de homem “bom” n passa de balela religiosa, uma perfeição inatingível só atribuida a estratagemas espirituais. O homem vive de criação e destruição, assim o é, o foi, e sempre será. A cultura está decadente, isso sim deve ser reavaliado. Qto ao assassino de ontem, pelo q ví e li a respeito trata-se de um portador de sofrimento mental, um esquizofrênico motivado por um surto psicótico. N adianta demonizá-lo, se estudar a doença vai entender melhor o q estou dizendo. Pode-se, claro, lamentar o ocorrido, oferecer suporte as famílias, criticar a segurança da escola q permitiu seu acesso com tamanha facilidade, ponto. Contudo deve-se atentar pra uma coisa: a repetição. Tal como já vimos inúmeras vezes por aqui, crimes q são massivamente divulgados pela mídia estimulam a mente fértil de assassinos em potencial à copiá-los. E esse risco é eminente. Aí sim teremos alguém pra condenar, pra saciar nosso desejo de julgar pessoas, como se nós fossemos a parte “humana” da humanidade.

Antonio
Antonio
12 anos atrás

A mente humana, sã ou doente, é capaz das coisas mais inacreditáveis.

Clarice
Clarice
12 anos atrás

Caro Flávio,
A menina é pai do homem. Os meninos que morreram não eram alvos prediletos desse assassino. Existe, sim, uma razão: ódio ao ser feminino. Misoginia. Tá na hora de admitir que esse foi um crime de ódio.
Leia isso aqui:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2011/04/assassinos-de-mulheres-e-seus-crimes-de.html

Jose Carlos
Jose Carlos
12 anos atrás

Todo mundo ‘pensando’ em deixar um planeta melhor para nossos filhos… Quando é que ‘pensarão’ em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

danilo
danilo
12 anos atrás

brilhante o texto

playmobil
playmobil
12 anos atrás

lamentavelmente…perfeito

Bruno
Bruno
12 anos atrás

Me sinto algemado, preso e não há nada que pudesse ser feito. Imprevisível. Pontual. Violento. Insano. Não há palavras para descrever o que houve naquela escola.

Gostaria de uma opinião sua Flávio (e dos demais jornalistas que estiverem lendo). Qual o limite entro o profissionalismo e o oportunismo barato e violento da imprenssa nesse caso? Vi em diversos canais crianças de 8, 9 anos (que deveriam estar conversando com psicólogos depois de ver essa barbárie) conversando com jornalistas. Isso é válido para se ter audiencia? É válido entrar em contato com um sequestrador e colocar no GC “EXCLUSIVO!!”? É realmente necessário expor uma criança a esse ponto? Faze-la reviver todo momento de tragédia que acabara de acontecer?

Lamento muito por essa imprensa exploradora!!

Luis Guilherme
Luis Guilherme
12 anos atrás

Meus parabéns, Flávio.

Sua coluna foi simplestamente perfeita.
Vi e ouvi muita coisa sobre esse triste episódio, mas nada chegou ao menos perto da tua abordagem.

Mais uma vez, parabéns.

Guilherme
Guilherme
12 anos atrás

Que visão pessimista que você tem da humanidade. Reflita um pouco sobre tudo o que o homem já fez, você acha que o saldo é negativo? Com mais pessoas pensando como você, o homem não vai muito longe mesmo não.

Raphael
Raphael
Reply to  Guilherme
12 anos atrás

Você, amigo, acha que o saldo é positivo? Sou biólogo e garanto pra você que o homem se encaixa muito bem na definição de um parasita. Infelizmente somos uma doença num mundo que funcionaria de forma magnífica sem nós. A beleza do mundo que não sofre com o homem é algo que me deixa ao mesmos tempo exultante e frustrado, porque sei que estamos estamos escrevendo a parte mais feia da história da vida. Te desafio a achar na história humana um período que não foi dominado pela ganância, intolerância, guerra… O que as pessoas de bem podem fazer é continuarem assim, para não acelerar o processo, mas ao menos os mais inteligentes sabem que essa disputa é causa perdida, porque destruir é muito mais fácil que construir.

Felipe Marcos
Felipe Marcos
Reply to  Guilherme
12 anos atrás

Concordo inteiramente com o Gomes e não me considero pessimista.
É uma constatação da realidade que vivemos e do que somos.
Acredite em seus sonhos, mas não deixe que eles distorçam o seu entedimento da realidade. Eu adoraria viver em um mundo diferente, mas não sou obrigado a ter uma visão utópica da realidade para provar a mim mesmo o que penso.

Álvaro Andrade
Álvaro Andrade
12 anos atrás

Caro Gomes;
Leitor assíduo do seu blog e do grande premio, sempre tive a vontade de lhe conhecer pessoalmente. Não gosto de incomodar as pessoas, nunca tive coragem de pedir um autógrafo para um ídolo meu do automobilismo. Seu post matou a pau. Vou ter a cara de pau de me apresentar a você e te dar pessoalmente os parabéns. É só você botar o meianove na pista. Estou acompanhando todas as etapas do paulista de Marcas e Pilotos mas esse ano me parece que você não correu ainda. Vamos ver na terceira etapa dia 17.
Grande abraço e parabéns mais uma vez.
Álvaro Andrade – Belo Horizonte

Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia
12 anos atrás

Ao invés do mínimo de respeito pelas vítimas, o jornalismo brasileiro deu um show de irresponsabilidade.

Sobrou até para a internet. Se religião, fundamentalismo e terrorismo islâmico soariam pesado demais para o público tupiniquim (já basta terem importado dos EUA o paralelo com Columbine), a solução foi culpar a internet, pois o responsável pelo massacre supostamente era uma pessoa isolada e que passava muitas horas na internet.

Assim que descobrirem sua banda ou cantor favoritos, a mídia terá outro alvo, outro assunto para analisar profundamente em todos os horários possíveis.

http://tsavkko.blogspot.com/2011/04/o-massacre-de-realengo-e-falencia-do.html

Carlos
Carlos
12 anos atrás

Parabéns. Somente isso.

MARCO ANTONIO
MARCO ANTONIO
12 anos atrás

Um vendedor da praia disse o seguinte: “se ele não matasse, mas atirasse nas vidraças da Assembleia Legislativa RJ ou do Palácio Laranjeiras e depois cometesse suicídio ele seria ovacionado”. Emendou: “viraria um mártir”.

Tulyo Cruz
Tulyo Cruz
12 anos atrás

Não falo muito gírias e raramente falo palavrões, mas vou me permitir, mesmo que voce não publique:
PUTA QUE Ô PARIU…. este texto veio do âmago de teu ser. Valeu…

André
André
12 anos atrás

Eu ainda acredito na raça humana. Presenciamos um terrivel Wellington, mas em contrapartida tivemos Emerson, Nelson, Ayrton. Esta outra ponta dessa raça é a que me faz acreditar nela. Não podemos nos deixar vencer por uma minoria (mesmo crescendo muito nos ultimos tempos).
André / Piloto no http://www.f1bc.com

Hugo
Hugo
12 anos atrás

Ótimo o texto.
Alguns não entenderam, talvez lhes tenham passado despercebido que, para uma sociedade ser bem sucedida deve-se pensar no coletivo e não apenas em si.