DA FORÇA DA GRANA

Foto Luiz Aureliano (reprodução)

SÃO PAULO (luto) – Todo mundo que importa já pisou naquele palco. Chet Baker, B.B. King, Tom Jobim, Chico Buarque, James Brown, Ira!, Titãs, Marisa Monte, Tim Maia, Caetano, João Gilberto, Gil, Gal, Bethânia, Roberto Carlos, todo mundo, todo mundo. RC, aliás, inaugurou a casa numa terça-feira, dia 5 de abril de 1983, no número 213 da Jamaris, que nunca sei se é uma avenida, ou uma alameda.

29 anos atrás, a vizinhança ainda tinha o Colégio Moema, creio que era esse o nome, e a fábrica de brindes Pombo. E uma porção de casinhas. Isso tudo foi sendo derrubado aos poucos, e o Palace ficou ilhado, cercado de prédios por todos os lados.

O Palace. Eu ainda chamo de Palace. Mas desde 2000 a primeira casa construída exclusivamente para shows de SP já não é mais Palace. Foi Directv Music Hall, e hoje se chama Citibank Hall. Coisa mais brega, esse negócio de hall, tá doido. Para mim, é o Palace. Quando me mudei para aquele quarteirão, em 1997, eu dizia que morava do lado do Palace. Não do Citibank, nem da Directv, nem de hall nenhum.

E o Palace vai fechar. A partir de 1° de março, os donos do terreno deverão botar tudo abaixo para fazer mais um prédio. Ou mais de um prédio, sei lá.

Esta cidade é estragada diariamente sem o menor pudor.

Um minuto de silêncio pelo Palace.

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Guest
12 anos atrás

Para melhor compreensão das circunstâncias do fechamento do Citibank Hall, transcrevo esclarecimentos prestados pela Time For Fun:

(27/01) TIME FOR FUN (SHOW-NM) – Esclarecimentos
DRI: Orlando Viscardi Neto

Em atencao a consulta da BM&FBOVESPA, a empresa enviou comunicado no qual consta:

T4F ENTRETENIMENTO S.A., sociedade por acoes, com sede na cidade de Sao Paulo,
Estado de Sao Paulo, na Rua Fidencio Ramos, n 213, 1 andar, Vila Olimpia, CEP
04551-010, inscrita no CNPJ/MF sob o n 02.860.694/0001-62, neste ato
representada na forma de seu Estatuto Social (“Companhia”), vem,
respeitosamente, prestar os esclarecimentos solicitados no Oficio, enviado em 26
de janeiro de 2012, conforme segue abaixo.

Reportamo-nos a noticia veiculada em 25 de janeiro de 2012 no jornal Valor
Economico sob o titulo “Citibank Hall, administrado pela T4F, fecha as portas”
(“Noticia”) informando que a casa de espetaculos Citibank Hall encerrara suas
atividades em marco deste ano em razao do fim do contrato de locacao celebrado
entre a Companhia e a Associacao Brasileira de Educacao e Assistencia
(“Locadora”).

A noticia decorre de acordo homologado judicialmente entre a Companhia e a
Locadora em 09 de dezembro de 2011, vespera do recesso forense. Conforme os
termos de tal acordo, a Companhia devera desocupar o imovel ate 01 de marco de
2012.

Cumpre-nos esclarecer que o encerramento das atividades do Citibank Hall e fato
cuja possibilidade de ocorrencia ja e de amplo conhecimento do publico ha cerca
de um ano, e que, uma vez concretizado, nao trara reflexos relevantes para a
Companhia,

1. Informacoes sobre o contrato de locacao do Citibank Hall

A propria Noticia indica que as circunstancias e fatos relativos a esta questao
ja eram de conhecimento publico: “A T4F discutia em juizo a possibilidade de
renovar esse contrato, mas reconhecia, no prospecto de sua oferta preliminar de
acoes, que a chance de perda era provavel […]”.

De fato, a informacao sobre o risco de perda do direito de uso do imovel onde se
localiza o Citibank Hall e de conhecimento do mercado desde a publicacao do
prospecto preliminar da oferta publica inicial de acoes da Companhia, em 23 de
marco de 2011.

A acao judicial que discutiu a renovacao do referido contrato de aluguel foi
minuciosamente descrita na secao 4.3 – Processos judiciais, administrativos ou
arbitrais nao sigilosos e relevantes do Formulario de Referencia da Companhia,
conforme transcrevemos abaixo: (Nota da BM&FBOVESPA: vide a integra do
documento).
Nao obstante, a Companhia destacou os riscos decorrentes da eventual perda do
imovel na secao 4.1 – Descricao dos fatores de risco conforme ve-se abaixo:(Nota
da BM&FBOVESPA: vide a integra do documento).

Cumpre ressaltar que o assunto foi detalhadamente abordado ao longo do
Formulario de Referencia, tendo sido incluidas as devidas ressalvas sobre o
Citibank Hall nas secoes 7.2 – Informacoes sobre segmentos operacionais e 7.9 –
Outras informacoes relevantes – Contratos Comerciais. (Nota da BM&FBOVESPA: vide
a integra do documento).

2. Irrelevancia do fechamento de Citibank Hall

Com a possibilidade de rescisao do contrato de locacao do imovel onde a
Companhia opera o Citibank Hall, presente ha mais de quatro anos, a Companhia
orientou suas atividades no sentido de intensificar a operacao das suas outras
casas de espetaculo e de promover espetaculos em locais diferentes, nao
necessariamente operados pela Companhia. Assim, o impacto economico-financeiro
decorrente de eventual termino das atividades de operacao do Citibank Hall nao e
relevante para as atividades da Companhia. Ja no exercicio social encerrado em
31 de dezembro de 2010, o Citibank Hall, considerando todas as suas atividades
realizadas, inclusive patrocinios alocados, apresentou uma receita liquida de
aproximadamente R$17,0 milhoes, o que representa apenas 3,0% da receita liquida
total da Companhia no mesmo periodo, sendo que o EBITDA gerado pelo Citibank
Hall neste periodo foi de R$2,7 milhoes, representando somente 2,9% do EBITDA
total da Companhia. No periodo de nove meses encerrado em 30 de setembro de
2011, as atividades do Citibank Hall proporcionaram receita liquida de R$10,4
milhoes e EBITDA de R$1,3 milhao, representando apenas 2,8% da receita liquida
total e 2,4% do EBITDA total da Companhia no mesmo periodo.

Ressalte-se, ainda, que parte dos espetaculos apresentados no Citibank Hall
podem ser realocados para o Credicard Hall, vez que, em 2011, utilizamos 54% das
datas disponiveis para espetaculos nessa casa. Assim, ha flexibilidade de
realocacao de parte dos espetaculos da Companhia.

3. Conclusao

Dessa forma, concluimos que:

” o potencial encerramento das operacoes do Citibank Hall ja havia sido
amplamente divulgado ao mercado desde o inicio de 2011, sendo de conhecimento
dos investidores que participaram da oferta publica inicial da Companhia; e

” o efetivo encerramento das operacoes do Citibank Hall nao e um evento
relevante para a Companhia, visto que tais operacoes tiveram pouca
representatividade na composicao da receita e da geracao de resultado da
Companhia nos ultimos anos, e que a Companhia reorientou suas atividades ao
longo deste mesmo periodo de forma a neutralizar os efeitos deste evento.

Nota: a integra do comunicado com informacoes adicionais encontra-se a
disposicao no site da BM&FBOVESPA (www.bmfbovespa.com.br), em Empresas
Listadas/ Informacoes Relevantes.

Fabiana
Fabiana
12 anos atrás

Morro do lado do Citebank hall, vou em todos os eventos,adoro….Fora minha vista é linda sem um predio na frente…Gente vamos fazer algo???que tal uma abraço no quarterão para falar que não queremos a demoliçao ou programar um show contra o fechamento….

Pedro Henrique
Pedro Henrique
12 anos atrás

Eu que moro pertinho acabo de ficar triste….

Geraldo
Geraldo
12 anos atrás

Em 1993, eu e minha esposa assistimos ao Emerson, Lake & Palmer … chegamos cedo e ficamos no “para-guspo” … o último show que assisti foi recente, do Guilherme Arantes, mas de 2 horas de show …

Rodrigo Ghigonetto
Rodrigo Ghigonetto
12 anos atrás

Flavio, conforme nossa troca de e-mails, segue o post:

Bom dia FG, tudo bem?

Eu vi no seu blog um post sobre o Palace e aqui vai algumas informações a respeito:

A dona do terreno é a Associação Brasileira de Educação e Assistência, que pertence a ordem dos padres Salvatorianos que era a dona do Colégio Moema, que ficava ao lado, onde eu estudei da 7a série ao 2o. colegial, sempre fui de Moema, me mudei para o Bairro aos 2 anos de idade em 1978 quando era um simples bairro de classe media, beeem média, rsrsrs e Congonhas era aeroporto internacional.

Os padres tinham vários terrenos (inclusive o da frente do Palace que era usado como estacionamento e hoje está o condominio Time Square). Pelo dinheiro os padres acabaram com o Colégio Moema (virou prédios) e tava demorando para acabar com o Palace, ou seja a Associação Brasilerira de Educação e Assistência deveria mudar o nome para Associação Imobiliária de Lucros Vultuosos.

Um belo exemplo que o clero paulistano está dando, de colégio mesmo acho que somente restou um que eles tinham em Itapecirica que se chama Divino Salvador. Não vai me surpreender nada se um dia as freiras venderem o terreno do Colégio Nsa. Senhora Aparecida lá na Sabiá.

Um abraço,

RG

Andrea Carvalho
Andrea Carvalho
Reply to  Rodrigo Ghigonetto
5 anos atrás

Uma pena o Palace ter sido demolido. Eu morei em Moema dos anos 1978 a 1988, saí de lá com 11 para 12 anos de idade. Vi o Palace ser construído, brincávamos de andar de bicicleta aos domingos de manhã no estacionamento vazio. Bons tempos. Vizinhança tranquila, Brindes Pombo, muitas casinhas, o “CONSA”, Colégio Nossa Senhora Aparecida. Eu morei na Avenida Jandira, nas casinhas da Portuguesa Dona Amélia (acredito já estar falecida), mãe do Mané e esposa do falecido Sr Paulino. Muitas saudades, amizades, brincadeiras, casinhas, os “cortiços”..O ferro velho do “Mingo”, o terreno da Sherwin Williams. Hoje tudo é arranha-céu!! Saudades…

Joel Jones
Joel Jones
12 anos atrás

Já vi muito show lá. A acústica é boa e o lugar é pequeno, você tem boa visão do palco em qualquer ponto da pista. Uma pena que vai fechar.

Danilo Cândido
Danilo Cândido
12 anos atrás

Vocês precisam ver o “massacre” que vem sendo praticado aqui na Vila Mariana: tudo quanto é sobrado antigo (muitos deles não necessariamente abandonados ou utilizados como cortiços, pelo contrário, a maioria antes habitados por famílias já antigas no bairro) estão sendo demolidos para a construção de prédios residenciais, desses de nome “pomposo” (“Vila Mariana’s Garden, “Vila Mariana”s Residence”, “Vila Mariana’s PQP”) e com muitos seguranças-de-araque na porta, piscina, academia e garagens sem fim para seus “garbosos” moradores enfiarem seus Hyundais e Toyotas. Uma das demolições mais tristes (para mim, pelo menos) foi a do casarão que abrigava uma excelente e tradicional pizzaria até meados de 2002 (Livorno, alguns aqui devem conhecer), além de muitas outras, que levam consigo a história (muitas histórias, aliás) de um dos bairros mais tradicionais da cidade, mas que hoje é apenas objeto de sanha desenfreada das construtoras e incorporadoras. Um bom exemplo pode ser visto na rua Francisco Cruz, que até três anos atrás tinha somente casarões e sobrados antigos em ambos os lados, e hoje tem só prédios…e um terreno ainda vazio, mas aonde já está sendo contruído outro prédio residencial ! Fico surpreso quando de, uma semana para a outra, casas desaparecem numa velocidade impressionante…

Vládesk Falcão
12 anos atrás

Pena, fui a apenas um show lá mas a casa me causou uma excelente impressão…

Rodrigo ghigonetto
Rodrigo ghigonetto
12 anos atrás

FG,

A dona do terreno é a Associação Brasileira de Educação e Assistência, que pertence a ordem dos padres Salvatorianos que era a dona do Colégio Moema, que ficava ao lado, onde eu estudei da 7a série ao 2o. colegial, sempre fui de Moema, me mudei para o Bairro aos 2 anos de idade em 1978. Os padres tinham vários terrenos (inclusive o da frente do Palace que era usado como estacionamento e hoje está o condominio Time Square). Pelo dinheiro os padres acabaram com o Colégio Moema (virou prédios) e tava demorando para acabar com o Palace, ou seja a Associação Brasilerira de Educação e Assistência deveria mudar o nome para Associação Imobiliária de Lucros Vultuosos.

Um abraço,

RG

Alvaro
Alvaro
12 anos atrás

Vivemos na cidade do “pagou, construiu” (tem ate um nome bonito: outorga onerosa)…
Ja estamos na inercia moral e caminhamos velozmente para a inercia fisica (ou imobilidade
urbana sendo mais exato). Nao precisa ser um genio do urbanismo para ver onde vai
dar esta verticalizacao desenfreada.
Afinal, o mais importante e que a Luisa voltou do Canada…

Eduardo Britto
Eduardo Britto
12 anos atrás

O Palace, ou CitibankHall, não é nem de longe o que de mais importante São Paulo já perdeu ou ainda vai perder, enquanto o business, o interesse especulativo, vigorarem sobre tudo. Já passou da hora da cidade começar a zelar e preservar o pouco que resta de sua história (que graças a Deus não é tão pouco assim, basta passear pelos bairros todos da cidade. Só que diminuem a cada dia). JÁ PASSOU DA HORA!

Juvenal Jorge
12 anos atrás

Eu tenho absoluto nojo de construtoras. Ladras descaradas. Vendem com lucros de 1000% fácil, e não pagam o que devem para o município porque tem vereador e deputado enfiado em todas.
Mas o Palace, que eu saiba, nunca teve show do Rush ou Pink Floyd, so, no sacred soil.

petrafan
petrafan
12 anos atrás

vi o Pat Metheny Group no Palace em 1996.

Olavo
Olavo
12 anos atrás

Sé difícil…Só lá puxando de sopetão eu vi…
Bob Dylan, Focus, Nana Vasconcelos, Emerson Lake and Palmer, Steve Hackett…

[]s

Diego
Diego
12 anos atrás

Até hoje lembro-me da vinheta de tv dos carnavais: “Carnaval no Palace, do jeito que o diabo gosta, mas com ar-condicionado”. Bons tempos… FG, você chegou a ir a alguns desses bailes?

Etel-Orange-France
Etel-Orange-France
12 anos atrás

é a força da grana que destroi coisa belas…. começando agora, um movimento contra Eike Batista por ter dado grana a bruno Senna, pra tira Rubinho da parada!!!!!!!!!!

Ewerton
12 anos atrás

Revoltante, pior minha cidadezinha aqui no meio da chapada diamantina no interior da bahia onde as belas e pequenas casas com suas antigas e fortes portas e janelas de madeira feitas à mão, são aos poucos substituídas por feias esquadrias de ferro e vidro. restam poucas e ninguém diz nada, faz nada, fala nada. o mundo se perdeu. abraços, ewerton,

Marcão
Marcão
12 anos atrás

Sei bem o que vc sente nessa hora!!!
Aqui onde moro, em Osasco “”city”” tinha, vveja bem tinha uma padaria! Taquelas que o que vc procurava achava e tudo de bom, vinha gente de todo lugar, Asphaville, granja viana, Barueri,Caracas, Lapa, Leopoldina, etc.. Toda a redondeza vinha pra cá pra comprar o tal do “pão”, a bengalinha, o pão de torresmo, outros vinham pra tomar um café da manhã, outros idem depois da noitada, (Ficava 24 horas no ar). Muitas vezes depois do Kart da granja ou da aldeia. Nessas corridas longas, a gente se encontrava por lá pra botar os “causos da corrida da noite em dia”…
Sempre sem preça!!
Todos os dias por mais de 30 anos, veja vc, 30 anos de consumismo lá, as 6,00 hs da manhã eu pegava o leite ainda de garrafa, “que tinha até janeiro desse ano” , o pão o bolo, o masso de holliwood, um golezinho de café no vasco, e um papo com o portuga..
Sai de férias dia dois de janeiro volto ontem e hoje vou lá …
Tava só os escombros, demoliram tudo…. Eu fiquei parado olhando, e olhando!!! Um funcionário da obra apareceu e veio falar comigo, “”Sr. Marcos”” ((não sei como gente que nunca vi sabe o meu nome )) tenho que entregar um embrulho pro senhor…. Falei pra ele. – O que aconteceu aqui??? Olha o sr. Joaquim morreu no mesmo dia que o Sr. viajou, a familia vendeu tudo pra incorporadora..
Tenho aqui esse pacote pro senhor.. Desembrulhei ali mesmo e vi o que tinha , Todas as cadernetas que usei durante esse tempo todo, Todo mundo daqui de casa ia lá comprava e o Joca anotava, no começo de cada mês lá pro dia 2, 3 nós faziamos a somatória e ele debitava do meu cartão de débito… Há uns 10 anos atrás precisei fazer uma viagem de uns 6 meses mais ou menos a serviço, combinei com ele de deixar um cartão pra ele fazer os débitos das despesas do meu povo, e o cartão acabou ficanado por lá esse tempo todo….Sempre que o Bradesco mandava ou criava uma atualização, um cartão era pedido só pro seu Joaquim, nosso gerente de conta até já sabia e mandava direto pra lá, até a senha era especial pro Joca….
Bom no pacote tinha, o quadrinho dele feito pra mim, onde dizia que nunca tinha encontrado um fregues tão legal, o cartão em uso estava lá, e os outros já desativados também…..Fiquei duplamente triste, por ter perdido o amigo, sem me despedir dele e nem marcar um encontro noutras “vidas” se é assim… E por ter perdido logo de cara a rotina das minhas manhãs, a familia inteira tá chocada. Não com a morte do joca, um dia essa é a nossa passagem so de ida.. Trabalhava só pra se divertir, ele passava as primaveras, verões e outonos aqui, o nosso inverno inteiro ele passava lá na “Terrinha”.. Sempre vinha com novidades, Gostava de corridas, na verdade era apaixonado por elas, se tinha uma corrida de tartarugas com rodas a TV dele tinha que mostrar, e ele chamava todo mundo que era amigo pra assistir com ele.As corridas noturnas viamos todas lá, se no mercado aparecesse uma TV.. modelo “”rabo de peixe”” como ele falava, tava lá na padoca no dia sequinte.. Era assim..Sentava com agente e lá vinha o tal do “porto” com o queijo, ou com o backalhau, pra gente dar uma provadinha, tirar um gostinho, esse gostinho essa provinha era a deicha, o cara queria tomar uns e comer um pouco, tirar uma folgasinha do dia a dia.. A gente entendia e fazia “mesa” pra ele, era o que ele gostava.. Eramos em 8 amigos, nosso canto era reservado…
Sua esposa uma portuguesa trabalhadora demais, amiga demais dos amigos do Joca, sabia e entendia tudo o que o marido e os amigos precisavam, nunca ouve um unico problema naquela padaria.. Varias crianças esperavam a perua da escola na frente da padaria…
Bom resumindo tudo isso.. Perdemos o amigo, o local, a rotina,..Pergunto eu.. E agora???
Se a gente soubesse de que o joca tava doente, a esposa ia embora, e os filhos todos morando na Europa, quizessem vender a gente até que comprava.. O preço até que não foi tão caro assim… Como ele era amigão e tudo mais, não quis contar do seu “problema” inoperavel, achou melhor não amolar os amigos.. Ficamos muito tristes com o Joca, nós eramos seus amigos, como ele foi conosco, um irmão camarada..
Agora comecei a fuçar nessas cadernetas, e nem lembrava mais de quantos zeros o governo nesses anos cortou.E outra, percebi que o pão doce com creme, que minhas filhas comeram desde pequenas até 31 de dezembro 2011, e os que a neta come, os sorvetes de chocolate, e o doce de coco branco, nunca foram cobrados, A minha cervejinha “original” e a feijoada de sábado também nunca foram parar nas “cadernetas”…
Como o Joca era da “turma” as agendas da firma, o Panetone, o presente de aniversário e de fim de ano, ora a camisa listrada, ora as abotoaduras “douradas” que ele gostava sempre faziamos questão brinda-lo com essas coisas…
A coleção de miniaturas 1.43 tomava conta de uma ala inteira da padoca, essa coleção nunca teve um dono, tinha la só carros antigos com mais de 20 anos, motos de todo tipo e modelo, essas, quanto mais novas e rápidas melhor, acho que todos os carros de corridas, desde a mercedes-benz W125, 1937 Siberpfeil.. O xodó da coleção!!!
Todo tipo e modelo, aparecia no mercado ia pra prateleira…
Ainda vamos ver o que faremos com ela…..Alguem contou mais de 2500 peças… Todas impecáveis..
Por fim isso tudo acabou assim de um minuto pra outro… Fazer o que? A vida é assim…
Fiquei triste, mas orgulhoso, também, de ter feito parte de uma história de vida tão rica e bonita…..
Só um detalhe, as primeiras e segundas fornadas, não importava do que e nem de quantas vezes o forno era aquecido por dia.. Pertenciam a instituições particulares que o joca também colecionava…
Grande pessoa, grande ser humano.. O potuga que não torcia pra Lusa, Só torcia pra dois times, a seleção brasileira, e a seleção portuquesa, suas duas patrias. Torcer pra lusa aqui seria ser bairrista falava ele..
Tem muito mais pra falar de uma padaria e da vida de uma padaria..
Só comentei aqui por que vc comentou aí!
fiquei triste e quis fazer uma homenagem pro meu amigo…
Brigado pelo espaço..
Valeu

Marcão

enko
enko
Reply to  Flavio Gomes
12 anos atrás

é de emocionar até o mais duro de coração.
marcão, este é o tesouro mais precioso que amelhamos nesta vida; A AMIZADE,
certo dia um amigo falou uma das frases mais bestas que alguém criou: amigo é dinheiro no bolso.
Não, isto está tremendamente errado, pois se eu estiver sem dinheiro e tenho um amigo, não estou desamparado.
nossa vida terrena não é avaliada pelo dinheiro que temos, e sim pelos amigos que conquistamos.
solidariedade a voce e os outros sete.

Marcão
Marcão
Reply to  Flavio Gomes
12 anos atrás

É
Um amigo é um amigo!!
O melhor amigo então??
É complicado!
Valeu !!!

Valente
Valente
Reply to  Marcão
12 anos atrás

Emocionante mesmo… isso são RAÍZES, que construímos ao longo dos anos e que fazem parte do nosso dia a dia, do nosso existir. Eu digo isso porquê nasci e cresci em S Paulo, e hoje moro em outra cidade; assim sempre que vou a S Paulo mato as saudades dessas pequenas coisas como ir na padaria, no posto de gasolina, na oficina e no barbeiro aonde todos me conhecem pelo nome e me tratam como se fossem da casa…
Só se valoriza isso quando alguma coisa muda. Eu sinto muito por você e seus amigos, mas pelo menos foram presenteados com muitos e inesquecíveis momentos.

George
George
12 anos atrás

A acústica sempre foi péssima, os engenheiros de som tinham que se desdobrar… mudou de nome mas sempre manteve sua característica e ter uma péssima acústica, não sei como alguns artistas se sujeitavam a essa péssima característica da casa talvez com músicas mais tranquilinhas, voz e violão funcionasse, mas com blues e rock era impóssivel tem uma boa equalização. Como casa de Shows o finado Olympia era muito superior – lá vi Black Sabbath – Santana – Satriani entre outros – e o som era sempre de qualidade e quem não estivesse interesado estar no aperto da pista, lá na beira do palco, conseguia até assistir parte do show lá do fundão no bar….´pena que transformou-se num ponto de musica sertaneja e suas derivações e hoje nem sei se ainda funciona.

Silveira
Silveira
12 anos atrás

Também gostava de lá. Assisti bons shows e tenho boas lembranças.

Também lamento o fechamento. As casas de shows estão indo para fora da região mais central de São Paulo. Por outro lado, hoje há mais opções, mais locais e com melhor infraestrutura e som que o Palace que já estava decadente.

Mas vejamos pelo lado realista. O que poderia ser feito nesse caso? Desapropriar com dinheiro público para manter o interesse de uma elite?

Digo de poucos por que a grande parte da população de S.Paulo nunca frequentou o Palace, talvez nem saiba de sua existência e certamente não se importa. Para esses é melhor que o dinheiro público seja gasto com educação e saúde.

Prefiro então que se ponha abaixo o Palace e se construa um condominio de prédios. Certamente vai gerar muitos empregos para as pessoas que nunca colocaram os pés lá.

Fábio Peres
12 anos atrás

E curiosamente mais da metade dos paulistanos quer fugir dessa cidade …

Oliveira
Oliveira
12 anos atrás

Kassab foi bancado pelo setor imobiliáirio, assim passou a entregar e estragar a cidade. É assim na cracolândia, no Itaim Bibi, na Água Branca, Vila Olímpia, Móoca etc, etc, etc. Vejo o antigo prédio da cervejaria Antártica, próximo à Estação Móoca da CPTM, todo em tijolinhos à vista e é uma pena pensar que em breve ele, provavelmente, vai virar um “paliteiro” de prédios. São Paulo atropela a sua memória em nome do moderno, de uma “juventude” que é cada vez mais chata. Interessante que prédio velho só vira cartão postal para alguns brasileiros quando está na Europa.

Wellington Cunha
12 anos atrás

Lugar ótimo pra assistir shows pela disposição do palco, mas com uma acústica horrível (pelo mesmo motivo). Assisti a muitos shows e fui em algumas festas lá. Aliás, o último que eu assisti (Jon Anderson) foi lá. Mas a vida segue. Sinto mais saudades do Olimpia, que hoje, se não me engano, é um templo evangélico.

Ana Marina
Ana Marina
12 anos atrás

FG,

Tudo na vida tem um começo, meio e fim…………

Não adianta lutar contra o tempo……..

Que venha abaixo o Palace

Ewerton
Reply to  Ana Marina
12 anos atrás

vc precisa ler um pouco mais…

JT
JT
12 anos atrás

Na alameda Jauaperi, em Moema, existe uma igreja luterana resistindo bravamente à especulação imobiliária. Já ofereceram milhões de reais pelo terreno, construção de outro templo em outra região, mas a comunidade resiste bravamente ao assédio que, infelizmente, já extinguiu muitos clubes esportivos e sociais e outras pequenas igrejas.

Por causa da proximidade com o aeroporto de Congonhas, o projeto da torre da igreja teve de ser limitado a uma altura menor do que a originalmente imaginada – isso há mais de meio século. Na época a igreja era uma edificação vista em toda a região. Depois, sabe-se lá como, os edifícios de apartamentos foram aumentando o gabarito do bairro, fazendo a igreja desaparecer do skyline.

Ricardo Soares
Ricardo Soares
12 anos atrás

Flávio, não só aí em sampa…mas em todos os grandes centros ocorrem a mesma coisa…vem pro interior!!!

Ricardo Soares
Ricardo Soares
Reply to  Ricardo Soares
12 anos atrás

ocorrem???, ocorre???, não ocorreu??? (ocorreu sim!!!) rsrsrs

Eduardo Castro
Eduardo Castro
12 anos atrás

No Market Square Arena, Elvis fez seu último show. Lá Oscar deu o seu maior – a vitória do Brasil sobre os EUA no basquete masculino do Panamericano de 1987. E tb foi lá que Michael Jordan voltou às quadras e ao Chicago Bulls, depois da primeira aposentadoria.
Foi abaixo. Virou pó, em 2001.
Se a turma de Indianapolis fez, a de Higienópolis faz tb.

Wania Maria
Wania Maria
12 anos atrás

….vai saber o que havia naquele mesmo terreno antes do Palace ?, que, de resto, é um nome tão ‘brasileiro’ quanto hall.
Talvez uma quitanda, onde as donas Emilias e Odetes faziam continha pra pagar no fim do mês. Ou quem sabe a casa de um misterioso seu Francisco que, segundo a vizinhança abrigava ‘comunistas e maconheiros’?
E um dia, anos mais tarde, um empresário ganancioso demoliu tudo pra erguer no local uma casa de shows!

A vida é como tem de ser, e em cada fase dessa danada vai haver , invariavelmente, os que vão festejar a renovação e os que lamentarão ‘cada tauba que caía’….
E todos terão suas nobres razões para isso.

Um beijo,
Wania

Valente
Valente
Reply to  Flavio Gomes
12 anos atrás

Rinque que se chamava exatamente “Rink”, um dos melhores na época que a patinação foi uma febre em S Paulo.
Nessa mesma época existia a Bad Wolf, na Av. Ibirapuera com Av. Ibijaú, e o Tony Kanaan era instrutor lá, pois havia perdido o pai recentemente por conta de um câncer e precisava ralar para defender uns trocados. A mãe dele, D. Miriam, também trabalhava lá na administração. Tony trabalhava ali e também na fábrica da Kart Mini (mecânica Riomar – que era na Av. Aratans e mudou para Interlagos), aonde ele trabalhava na produção montando os karts e com isso tinha apoio da fábrica para continuar a correr de kart.

Kiko Prada
Kiko Prada
12 anos atrás

É. Realmente é de se lamentar o que fazem com esta cidade.
Já pensou, Flávio se estes mesmos dirigentes “cuidassem” da parte histórica de Roma, do centro histórico de Paraty, Ouro Preto, e de tantos outros lugares com alguma importância histórica e/ou cultural?
O interessante é que a “força da grana que ergue e destrói coisas belas” também existe em vários lugares, só que por lá se respeitam a história, tradição e cultura.
Quanta coisa em São Paulo foi demolida em nome deste “progresso”?
Meu minuto de silêncio pelo Palace….

Pedro Paiva
Pedro Paiva
12 anos atrás

Dois comentarios. Foi no Palace que assisti o primeiro show com minha entao namorada, atualmente esposa e mae dos meus dois filhos. Uma ma noticia, portanto. Outro ponto com relacao a reacao das pessoas quando sabe que algo vai fechar, muitos saudosistas e lamentando. Lembro da mesma atitude no caso do Cine Belas Artes. Capitalismo: fecha porque nao da dinheiro e o terreno/ imovel passou a valer mais que o negocio em si. Portanto, se voce ama de paixao algum lugar, frequente-o rotineiramente. Deixe la parte do seu salario, convide amigos, faca a casa faturar e, quem sabe, ela se mantem no negocio.

Pedro Paiva
Pedro Paiva
Reply to  Pedro Paiva
12 anos atrás

Ah, show do Nuno Mindelis. Esqueci de mencionar.

Adriano
Adriano
12 anos atrás

Foi lá que vi um de meus primeiros – e mais de 15 anos depois, ainda um dos melhores – shows: Camisa de Vênus com abertura das Velhas Virgens. Voltei algumas vezes depois, que só reforçaram minha simpatia por aquele lugar que, mesmo antes do primeiro show, já me chamava a atenção diariamente quando passava por ali no trajeto escola-casa.

Triste ver que um lugar tão bacana para se ver shows vai abaixo para subir mais um prédio em Moema. Como se o trânsito no bairro já não fosse ruim o suficiente.

Ao menos ficam as boas lembranças das visitas ao eterno Palace. Não há prédio que substitua isso.

Antonio
Antonio
12 anos atrás

Aconteceu o mesmo com o Canecao no Rio. Fechou.
Pelo visto,casa de show nao e muito rentavel. uma pena, mas
Palace tambem eh brega.

Leonardo Dantas
Leonardo Dantas
12 anos atrás

Flávio, se isto fosse só em SP estava fácil de resolver, este problema está em todas as capitais, creio eu, aqui em Teresina – PI, cidade bem relativamente menor, é derrubado casas e prédios com história sem a menor preocupação, derrubam a noite que é para ninguém atrapalhar. Depois só lembranças.

Ewerton
Reply to  Leonardo Dantas
12 anos atrás

saudades da bela e quente teresina de outrora, onde viajava da bahia todos os anos para visitar minha avó. morava em uma bonita casa na homero castelo branco, casa esta já não sei se existe mais…

Cadu
Cadu
12 anos atrás

Desde que virou Citibank, o carnaval foi extinto, mas sempre havia uma esperança de voltar os bailes do Palace….. Estou de luto.

Guest
Reply to  Cadu
12 anos atrás

O Palace acabou quando deixou de ser Palace… talvez ainda fosse bom para os VIPs do Citi (ingressos “no Vasco”) ou para seus demais clientes (com preferência – de duvidosa legalidade – na compra dos ingressos). A “aura” de casa de shows há muito fora perdida.

Daniel Corsi
Daniel Corsi
12 anos atrás

Pois é Flávio, é um tanto triste, me senti um pouco assim quando fecharam o Olympia, na Lapa, lugar onde vi grandes shows e que hoje é uma “loja” da franquia da Igreja Bola de Neve.
Eu me sinto saudoso, mas acho que não compartilho sua indignação. Mesmo vendo locais que me eram estimados virando coisas que não me acrescentam em nada, de modo geral recebo a evolução de braços abertos.
Acho sim que esse crescimento desmedido em busca do ouro é um câncer que corrói não só nossos antigos e queridos espaços, mas a sociedade toda.
Enfim, um minuto de silêncio .

jk
jk
12 anos atrás

Que zica… dia 3 de novembro de 1990, meu primeiro show no Palace: Engenheiros do Hawaii, com 14 anos eu estava deslumbrado, ainda cheguei em casa a tempo de ver o mestre Piquet segurar o Mansell no 500o gp de F1 e vencer de forma espetacular com a bela Benetton B190… bons tempos!

jk

André
André
12 anos atrás

Minha formatura foi no Palace. Ou seja, só a nata mesmo que pisou lá! Que pena…

Saloma
Saloma
12 anos atrás

Estou e muito de saco cheio dessa bola imobiliária que tomou conta, principalmente SP, depois de 2007…vou falar do bairro que moro, Moema, desde que cheguei a sampa, e não tem como subir mais prédios com essa minusculas vias de acesso. Sobe um condominio e desce pra rua mais de uma centena de carros e não me venha falar que logo ali estará no futuro uma linha de metrô….balela! É isso…

FalaFlavio
FalaFlavio
12 anos atrás

E antes de ser o Palace, foi o Rink, de patinação ! Era o máximo !

jrg
jrg
12 anos atrás

Não acredito…….meu primeiro show foi lá, Jerry Lee Lewis! Esse mundo está chato pra c…..!

Michelle
Michelle
12 anos atrás

Não acredito!!! O lugar que mais gosto de ir em shows, já perdi as contas de quantas vezes eu fui e quantos artistas eu vi. PUTA MERDA MIL VEZES!!!! Sem dúvida, a casa de show mais aconchegante de São Paulo e a mais próxima de casa tbm! Que mundo injusto.

Bruno Terena
Bruno Terena
12 anos atrás

Triste!

Dia 26/05/1996 eu assisti meu primeiro Show………Raimundos! Presente de aniversário de papai.

Luiz Guimarães
Luiz Guimarães
12 anos atrás

Flávio, a Jamaris é uma alameda.
Antes de ser o Palace, a área abrigou um rinque de patinação (de rodinhas), febre na época. Criativamente, chamava-se Rink!
O Colégio Moema era de propriedade e administrado pelos padres Salvatorianos (daí a denominação da Av. Divino Salvador) da Paróquia de Moema – Igreja N.Sra. Aparecida. Foi desativado e vendido, em virtude da falta de alunos! No local, subiu mais um prédio.
A fábrica de brindes Pombo foi demolida e, do outro lado da Av. Ibirapuera, como lembrança, existe a Praça do Pombo.
E vem mais coisa por aí: a região (inclusive parte da Praça N.Sra. Aparecida) será desfigurada, em função das obras da estação Moema do Metrô.
Como diz o Milton Leite: “segue o jogo”…

Valente
Valente
Reply to  Luiz Guimarães
12 anos atrás

Você também é um dos antigos de Moema? Também sei muita coisa do bairro. Mudei para lá em 1978 e vi muita coisa acontecer e mudar… mas ainda sou apaixonado pelo bairro.

Luiz Guimarães
Luiz Guimarães
Reply to  Valente
12 anos atrás

Valente, não sei se sua pergunta foi para mim ou para o F. Costa.
Eu sou mais antigo do que você no bairro, que, quando mudei, chamava-se Indianópolis. Moema era o nome da avenida e do largo da igreja.Isso, em 1956! Para ilustrar minha “longevidade” no bairro, as únicas ruas calçadas, na ocasião, eram a Maracatins e a Moreira Guimarães…
Visite o blog “Moema de tantas histórias”, que tem muitos relatos interessantes dessa época.
Para ilustrar minha “longevidade”,

Luiz Guimarães
Luiz Guimarães
Reply to  Luiz Guimarães
12 anos atrás

Desculpe, a frase “para ilustrar minha longevidade” saiu repetida… idade é fogo!