147 OU 1800?
SÃO PAULO (a conferir) – O Denisson Gervásio mandou a foto. Diz ele que esteve em São José dos Campos segunda-feira e fez uma visitinha ao museu Aeroespacial Brasileiro. “Sabe o que descobri? O primeiro carro a utilizar o álcool como combustível, ainda na fase de testes, foi um Dodge 1800 1976, o da foto! Pensava que havia sido o 147.” Álcool mesmo, porque me recuso a usar etanol. Frescura, esse negócio de etanol.
Eu também pensava que tinha sido um Fiat 147. Mas fica a curiosidade. E se alguém aqui participou dessa história, que conte tudo!
Nesse dia 19/10/1976 teve almoço festivo no “rancho” do CTA.
Foi feijoada e com muita caipirinha, à vontade.
O expediente encerrou no almoço e depois, a caravana com os 3 veiculos de testes mais a equipe de suporte sairam do rancho até o portão de saída do CTA em desfile, acompanhados pela banda marcial da Aeronautica que seguia tocando: “Se voce pensa que cachaça é álcool …”
Foi memorável.
Teve também um Ford T com álcool no circuito da Gavea se não me engano nos anos 20. Parece que tais motores eram de fácil regulagem para suportar a qualidade variável de combustível no mundo todo.
O Fiat 147 me parece que foi o 1º carro lançado ao grande publico com motor a álcool.
Mas alguem aqui conhece algum dos antigos usineiros de açucar e álcool nordestinos, lá pela década de 1930? Pergunte a eles o que era usado em seus carros nos engenhos…
A primeira frota de carros a álcoo, experimentais, foi da Telesp. Fuscas convertidos para álcool (sem essa de etanol), isso na época “moderna”, sem o lado de coisa retrô do Modelo T. Andar de moto atras de um desses era coisa de gente corajosa! O odor e o efeito do alcool mal queimado era avassalador! Os Fuscas eram chamados carinhosamente de “caipirinhas”. Tudo baseado no trio pioneiro do CTA (Dodge 1800, Gurgel e Sedam VW). E lembro de um texto do José Luiz Vieira na extinta Motor3, já década de 1980, falando da peculiaridade de nossa frota, na época majoritariamente movida pelo combustivel vegetal. O que causava estranhamento aos estrangeiros. O 147 foi o primeiro carro de linha, vendido pronto de fábrica para o uso do derivado de cana.
Já nas motocicletas tanto Honda como Yamaha venderam suas 125 feitas no Brasil adaptadas para o ácool. Revistas Quattroruote da década de 197o citam experiências pioneiras de Morini e Gilera com etanol em motocletas de competição na década de 1950.
Pelos motivos citados fico com o Fusca como pioneiro no uso do ácool, em larga escala.
Tenho dito!
Foi o Polara mesmo, no CTA existia até motores de caminhão e onibus sendo pesquisados para utilizar alcool… fiz uma visita com escola no CTA faz uns vinte e poucos anos e lá estava esse Polara e uns 2 ou 3 motores de caminhão em testes. Esse polara fica no MAB para quem quiser ver muito bem conservado, junto com o carro tem a história tb.
onde fica o MAB?
Etanol é o caralho, alcool, álcool, alcol, sempre, esses babacas que acharam de mudar o nome não sei por qual motivo.
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O CTA E O PRO ÁLCOOL
O Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), por meio da Divisão de Motores (PMO) do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), atual Divisão de Propulsão Aeronáutica (APA) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), foi chamado a colaborar com o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL) criado em 1975 pelo governo Geisel com o objetivo de atenuar os efeitos da primeira crise do petróleo, ocorrida em 1973.
A escolha pela Divisão de Motores se deu pela referência que o laboratório de motores representava para o país e por possuir em seu quadro de funcionários o Prof. Urbano Ernesto Stumpf, que desde a década de 50, quando pertencia ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), advogava o emprego do álcool em motores de combustão interna.
Os trabalhos da PMO iniciaram-se por volta de 1975, com a definição do teor ideal de álcool anidro a ser acrescentado à gasolina: com os motores da época, até 15% de álcool poderia ser adicionado ao combustível sem a necessidade de modificações nos motores. Melhores resultados ainda seriam obtidos com a adição de apenas 10%.
A fase seguinte do projeto consistiu na pesquisa do álcool hidratado como combustível exclusivo para motores do ciclo Otto (ou motor de 4 tempos com explosão por centelha elétrica ou faísca). O primeiro veículo a rodar exclusivamente a álcool no país foi um Dodge 1800, em 1975, seguido por um Ford Corcel e um Volkswagen 1300 Sedan (Fusca).
Para provar ser o álcool um combustível factível, foi realizado, em 1976, o Circuito de Integração Nacional: um Dodge 1800, um VolksWagen 1300 e um jipe Gurgel X12 Xavante realizaram um percurso de cerca de 8.000 quilômetros pelos estados de São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Pará, Maranhão, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, retornando a São Paulo com êxito.
Em 1977 iniciou-se a instalação de dez frotas experimentais, totalizando 731 veículos do tipo Volkswagen 1300 Sedan, no programa de conversão de motores a gasolina para álcool, sob supervisão técnica do CTA/PMO. Destas frotas destacava-se a da TELESP, em São Paulo, que, com 400 (quatrocentos) veículos sob os dizeres “MOVIDO A ÁLCOOL”, fez sobressair o programa.
Nessa época o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) passou a atuar também como Centro de Apoio Tecnológico (CAT), orientando e supervisionando as empresas conversoras de motores a álcool, retíficas homologadas e credenciadas para esse serviço.
Aplicações diversas
O programa beneficiou ainda outras áreas de aplicação, como a geração de 250 horas de energia com um grupo gerador acionado por motor a álcool de VW 1300, suprindo a falta de energia local da comunidade vila de Cações BA. Para essa mesma região, turbinas a gás estacionárias como a de Lucas SS-900, de 60 kVA, funcionou por cerca de 11 meses para geração de energia elétrica utilizando o álcool como combustível.
A partir de 1981 fábricas puderam realizar a venda direta de veículos a álcool para pessoas físicas, até então permitidas apenas para frotas. Em pouco tempo, auxiliado pelos incentivos dados ao novo combustível, automóveis a álcool dominaram o mercado de veículos leves, chegando a representar 95% das vendas por volta de 1985.
Em 1981, o setor aeronáutico passaria a ser beneficiado com o início das pesquisas, no CTA, da conversão de motores de aeronaves para uso com álcool, objetivando a redução de custos das horas de vôo. Para o trabalho foi escolhido um Lycoming IO-540-K, motor das aeronaves Universal T-25 (treinador primário da Força Aérea Brasileira) e Embraer Ipanema (avião agrícola).
Ensaios em dinamômetro exigidos para a certificação do motor a álcool foram realizados, assim como os ensaios de durabilidade em banco de molinete. O índice da potência alcançada foi de 7% superior em relação à gasolina aeronáutica, com a mesma taxa de compressão, e 12% maior com aumento de taxa. Porém, o consumo de álcool, em média, foi de 40% superior ao da gasolina aeronáutica. Um vôo de demonstração com uma aeronave T-25 foi realizado em dezembro de 1985.
A Divisão de Motores também desenvolveu pesquisas para soluções com álcool para veículos pesados e motores de ciclo Diesel, pesquisando principalmente a utilização de misturas de álcool anidro ao óleo diesel, objetivando a substituição parcial deste combustível.
Outras técnicas de utilização do álcool em motores pesados também foram estudadas, como a alimentação simultânea de diesel e álcool. Apesar da mistura ser plausível e cogitada de tempos em tempos, essa medida nunca foi efetivada.
Também nessa linha de trabalho (substituição do óleo diesel) e como conseqüência do Proálcool, o CTA, no início dos anos 80, começou o desenvolvimento de um motor pesado do ciclo Otto, abastecido por álcool, para substituir os motores pesados alimentados por óleo diesel. Esse projeto chegou à fase de protótipo, tendo sido construídos cinco deles. Veja a seguir um dos protótipos instalados em um ônibus com carroceria Mafersa, rodando com álcool e gás natural.
Com disse o Baroni, o 147 foi o primeiro carro movido a álcool produzido em série.
Carros com alterações pontuais existiram aos montes durante as duas guerras mundiais.
Por sinal, em tempo de guerra saem coisas bizarras. Motores mercedes usados para aviões usavam óxido nitroso na água para melhorar o resfriamento, usavam misturas de ether na gasolina para melhorar a queima, na Alemanha tinha 3 tipos de gasolina e tanto aviões como carros e blindados, usavam identificações para não se enganarem no combustível.
Assim na 2ª guerra tenho certeza que alguns veículos chegaram a ser movidos com alcool, só que duravam pouco por causa da corrosão das peças e porque o alcool exige uma compressão maior no colindro, na ordem de 10:1 e os motores a gasolina usavam uma taxa de compressão de 8,5:1, então o desempenho no alcool era ruim.
Na época da 2ª Guerra, era raro motores ciclo Otto com mais de 8,0:1 de taxa de compressão devido à qualidade da gasolina disponível, mesmo em motores aeronáuticos. Dai o uso de eter, oxido nitroso, injeção de água e outras maneiras de garantir um aumento, ainda que momentaneo, de desempenho nas situações de emergências. Os avanços no processo de refino de petróleo possibilitaram taxas de compressões maiores, chegando a 14,5:1 em motores Toyota de competição na década de 1970, nos EUA. Devido a fatores de emissão de poluentes (principalmente NOx), as taxas de compressão baixaram posteriormente, voltando a subir nos anos 1990 cortesia da melhor tecnologia de gerenciamento (ignição eletrônica, injeção eletrônica com sonda lambda).
Lembro também dos motores turboélices do Fokker27( Rolls Royce Dart), que tinham injeção de metanol, para dar um aumento de potência momentaneo, disponível para decolagens em dias quentes.
Eu tenho dois carros a ALCOOL, e também não fico nessa frescura de etanol.
o Dodge era experimental, de linha foi o Fiat mesmo.
Sei lá, mas tive dois Dodginhos que deixaram saudades, com seu carburador redondo e pilãozinho. Um deles, amarelo gema, era cobiçado por colecionadores. Na avenida Cruzeiro do Sul tinha uma mecânica especializada em Dodginhos, e outra na av. Independência, Cambuci, que não conheci.
certeza….147
O fato foi muito usado pelo marketing da Fiat…
POdem te ter utilizado outros como teste, mas quem veio pro mercado primeiro disparado foi o Cachacinha, ou, vulgo FIAT 147.
Ahhhhh, por onde andas este Jorginho?
Foi o Dodge
Ele serviu de laboratorio para a pesquisa
Inclusive se não me engano o Eng responsavel morrou tem poucos anos
Sim o Dodge 1800 foi o primeiro. Comercialmente foi o… Ford T!
Em 1900 e la vai bolinha o Ford T já era Flex e podia andar com alcool, já que na época muitas pessoas do campo produziam seu próprio alcool e o Ford T era opção para o combustível caseiro.
A 147 que fica no átrio do Ministério da Fazenda no Rio diz que é o primeiro, mas nem ela nem o Dodginho da foto são os pioneiros, segundo o JLV os Ford’s A foram testados com alcool nos anos 20 pela própria Ford, e o único problema era a corrosão das peças em contato com o combustível. Na segunda guerra tb foi usada essa solução
Dodge 1800 com certeza….
Aqui no Brasil tem algumas pessoas desocupadas que ficam alterando os nomes e as coisas como no caso do Álcool, e o pior foi o desocupado que inventou de trocar as tomadas por esse sistema imbutido que não dá para conectar nada dos nossos clásicos aparelhos, coitada da mãe dele
Etanol é coisa de viado. Eternamente Álcool!
Concordo, nascido em 78 eu me dou o prazer de falar bem alto no posto: Enche com ALCOOL até a boca, por favor.
Concordo brother.. o problema é que quando lançaram o alcool como combustível, a galera começou a utilizá-lo para fazer bebidas alcoólicas, pois era mais barato..
Então a petrobras passou a colorizar o alcool, sei lá se introduziram na mistural algum agente quimico.. mas seu que passaram a chamá-lo de etanol, Justamente para assustar e inibir este tipo de comercio.. no começo a galera nem se importou, até que começaram a surgir alguns casos de pessoas que morreram ou ficaram cegas ingerindo os famosos “bombeirinhos” elaborados a partir do alcool de posto, no final da década de 80.
Só assim a coisa parou.. coisa de gangster americano rsrs
Nem Polara, nem Fiat 147.
Se não me engano, o primeiro carro a álcool foi uma Brasília 1975.
Pelo menos foi o carro utilizado para os testes.
Eles queriam um carro com nome nacional.
Até hoje, pra mim, era a Brasília 1975.
Se isso foi protocolado ou não, se estou ficando gagá ou não, são outros 500.
Olha aqui uma matéria do Auto Esporte falando sobre o Pollara:
http://www.youtube.com/watch?v=G6ZwttE8n3c
Fala sobre ter sido o 1º carro a álcool do país aos 2:54
Eu vi essa reportagem e ia postá-la aqui, o que já foi feito por você. Confirma que o 1800 foi o primeiro.
Estudei na Faculdade com um colega que trabalhava no CTA e ele sempre me disse que um Polara foi o carro utilizado em todos os testes e estudos deste que era o “novo combustível”. Era um carro de testes, porém não sei se foi o primeiro carro a álcool comercializado.
Sou de sao jose, o museu eh show. Tem inclusive um carro feito pelos alunos do Ita, de fibra da casca da banana!
Também sou um dos que se recusa a chamar o Álcool de Etanol.
Nossa que legal, o lendário Gervásio por aqui também!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
É mto engraçado!!!!!!!!!!!!!!
Legal
Nossa que legal, o lendário Gervásio por aqui também!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu tive um Polara 1980, minha definição pra ele na época: Indestrutível !
pelo que eu li a muito tempo o relato no jornal frances AUTOJOURNAL, LA NOS ANOS 60, . UM FORD T , NOS ANOS 20 SAIU DE SÃO PAULO ATE O PACIFICO PASSANDO PELO PANTANAL, QUANDO ACABOU A GSOLINA ELE CONTINUOU A VIAGEN COM ALCOOL DE CANA , OU SEJA CACHAÇA.E CHEGOU ATE O PACIFICO.
É verdade, eu já tinha lido sobre isso em algum lugar! Dodginho, O Esquecido. Que pena.
Bacana também eram os caminhões Dodge V8 a álcool, que mais tarde se transformariam nos “Fuscões” 22.160 e 11.160 com o mesmo motor.
Lembro de ter visto em revistas os caminhoes chrysler movidos a alcool………..
O Pessoal do CTA é bem pioneiro nessa história de álcool.
Lembro-me que existia um ônibus movido à álcool que andava lá dentro. Fazia uma barulheira esquistíssima o motor, mas era funcional.
Fora o Neiva T-25 à álcool, que voou em 1984, bem antes do Ipanema em 2003, 2004, sei lá.
Tá com cara, de que eles conseguiram viabilizar, e a FIAT colocou em produção.
Salve Dodginho!
Na verdade o termo etanol não é uma frescura pois álcool é o nome de toda uma classe de compostos químicos, portanto o uso do nome etanol diferencia o álcool usado como combústivel no Brasil de todos os outros álcoois existentes, tais como o metanol e propanol.
Preciosismo talvez, mas não frescura…
Isso é verdade. Já fui lá no Museu Aeroespacial e o Dodge 1800 está exposto. Foi um dos três carros usados no teste do motor a álcool, criado pelo Urbano Ernesto Stumpf, que por sinal dá nome ao aeroporto de São José dos Campos. Foi o primeiro carro no teste, cedido pela Chrysler. A Gurgel emprestou um Xavante e o CTA comprou um Fusca. O primeiro voltou para a Gurgel e foi vendido com motor gasolina. O segundo virou sucata. Acho que se rodar a internet deve encontrar umas fotos ou links com histórias.
Ah, olha lá atrás do Dodge 1800 na foto do post: está o Gurgel citado. Fiz uma pesquisa e o link que achei, do “Blog do Dodge Polara”, diz que o Dodge, o Gurgel e o Fusca rodaram 8.500 km por nove estados em 23 dias, saindo de São José em 19/10/1976. Foi a caravana do Pró-Álcool, segundo o texto.
Já devo estar enchendo o saco, mas como você quer a história completa, encontrei uma matéria da “Quatro Rodas” sobre o Dodge 1800 a álcool, ainda em fase de testes. Pode ser lida aqui: http://is.gd/CMpHDi
Como proprietario de Dodge 1800,mesma cor do que está exposto no MAB(Museu Aerospacial Brasileiro) conheço o carro e parte da historia dele.Após o Raid , o carro foi incorporado a frota do CTA e acabou sofrendo algumas modificações que tiram um pouco da originalidade do mesmo,porem não alteram o pioneirismo da Caravana que atravessou o país.No Museu está exposto tambem um prototipo, em fibra de bananeira,obra do Prof.Hazin e seus alunos e que valeram como TCC da turma de Eng.ª e montado sobre a plataforma de um Jeep.Vale conferir.O MAB só abre aos domingos
O museu abre de 6ª a domingo, das 10 as 17 horas:
http://www.saojosedoscampos.com.br/class-cidades/index.php?id=23406&cat=14
Caro Flávio, o Dodge foi realmente o primeiro, mas foi convertido pelo ITA e não pelo fabricante, por isso houve muita divulgação comercial. Grande abraço!!
JC
Corrigindo: “não houve muita divulgação comercial”
O 147 foi o primeiro a entrar em linha a alcool.
A confusão álcool/etanol é como papo de ébrio:
alcoólatra fresco – aguardente de cana;
bebum tosco – cachaça.
cada um, cada um. Abraço.
O Dodge foi realmente o primeiro movido a álcool e o FIAT 147 o primeiro movido a álcool a ser fabricado em série.