TROP HUMAIN
SÃO PAULO (mas era melhor) – O documentário é longo, está em cinco partes de mais ou menos 15 minutos cada, não se diz uma palavra, nem tem trilha sonora. Se você não tem tempo, ou só assiste a vídeos de três minutos no YouTube, esqueça. Mas se você sabe quem foi Louis Malle, talvez comece a se interessar. E se respeita carros feitos por gente, vai gostar. “Humain, trop humain” foi filmado por Malle em 1974 na linha de produção do Citroën GS. O Jason Vôngoli foi quem mandou. Quem tirou onda daquelas imagens dos Trabants sendo feitos em Zwickau vai se espantar com o uso disseminado de martelinhos e marteladores na linha de montagem de uma gigante francesa, igualzinho ao que se fazia numa mais modesta montadora alemã-oriental. É que carro era feito assim, por gente, não por máquinas, 40 anos atrás.
Não sei vocês, mas quanto a mim, é reconfortante olhar para um carro e saber que quem o montou foi uma pessoa, não um robô. Eu costumo dizer que cada carro jamais feito neste mundo carrega dentro dele todas as histórias de vida de todos que nele entraram um dia. Uma visão lúdica, sei bem. Mas é a minha, e gosto dessa visão. E acrescentaria que um carro carrega, também, a história de quem nele tocou numa fábrica. Para soldar uma peça, retocar a chapa com estanho, colocar um vidro, apertar um parafuso. Horas, dias, semanas, meses, anos a fio soldando, retocando, colocando, apertando. Robôs não têm história de vida, pessoas têm.
Operários e operárias são os grandes heróis do meu tempo.
O único carro feito por gente e que realmente é uma obra de arte é o Karmann Ghia … o resto é lixo…
Eu fiquei meio estarrecido com o ambiente extremamente propenso á acidentes de trabalho GRAVES. Ambiente muito perigoso. Vale lembrar que, a multidão do operários do vídeo, não estava exatamente preocupada com a “poesia” de ser feito á mão, ou não, a maioria estava lá por necessidade, de botar o pão em casa; muitos ali, provavelmente, até gostariam de um emprego fora do ambiente fabril, creio que principalmente as mulheres. Aquelas prensas e guilhotinas e outros equipamentos, na situação de manejo do vídeo, eram grandes riscos á segurança dos operários.
Olha os caras na câmara de pintura, sem máscara, até com os narizes sujos de tinta, a partir de 12:15, da parte 3, PELO AMOR DE DEUS. Considerando o agravante de que a maioria devia ser fumante, depois naquela câmara respirando aqueles jatos de, acho que fundo de base pra pintura, quantos não devem ter, infelizmente, contraído um câncer.
E a partir de 10:40, reparar no olhar e no ar entristecido, chateado, infeliz mesmo, da Sra. operando a guilhotina; seguramente ela estava ali por força da necessidade de sustento, mas gostaria de ter um outro emprego, mais salubre e menos embrutecido e perigoso.
Talvez seja por isso que nenhum carro moderno mexa comigo, eles não tem alma, são quase todos muito parecidos para conduzir, cheios de eletrônica boba e gadgets
Disse pouco, mas disse tudo. É a mão humana que constrói tudo.
Male fazendo documentário… Custei a acreditar, mas no final entendi a mensagem.
Imagens épicas por sua simplicidade.
Agora, como já comentei antes, nada me surpreende com relação a montagem de veículos, principalmente depois que vi em vídeo, um enorme americano de 120kg e 1,80 de altura ajustando a capota de um Chrisler Viper 2010 usando os cotovelos.
E se eu errei o ano, digo apenas que era a última série.
O resto vai se f…
Bom dia. Tenho carro feito por máquinas e carros feito pelas pessoas. O feito por máquinas é muito mais seguro potente, confortável, etc… Mas quando saio com os antigos….vou andar de fusca hoje!
Cara, como engenheiro, digo que os robos sao sim importantes numa linha de produçao. Nao so pela eficiencia, mas pelo fato de evitar perigo em vidas humanas. Mas acho que robos tem de estar apenas em serviços perigosos, como a solda.
O resto, tem de ter um toque humano. Basta pensar de quao caro sao os Rolls-Royce, cada um deles feitos a mao….
Mas mesmo hoje em dia, mesmo nos carros mais sem sal, ainda há sangue e suor de muitas pessoas, bem menos que antigamente, é verdade.
“Eu costumo dizer que cada carro jamais feito neste mundo carrega dentro dele todas as histórias de vida de todos que nele entraram um dia.”
A Mercedes teve essa mesma visão ao elaborar o comercial abaixo. Hoje os carros estão tão sem graça que têm o mesmo peso sentimental que um grampeador.
http://www.youtube.com/watch?v=ee5zZ8OlH30
Pegando emprestado um termo do juridiquês, ainda há o trabalho “personalíssimo” no mundo automotivo: a obra dos restauradores. Os artistas da lata são figuras geniosas e rebeldes, que não aceitam uma prensa acorrentada ao tornozelo. E não se sujeitam a relógios, calendários e esteiras móveis. São livres.
Pegando emprestado um termo do juridiquês, ainda há o trabalho “personalíssimo” no mundo automotivo: a obra dos restauradores. São figuras geniosas e rebeldes, que não aceitam uma prensa acorrentada ao tornozelo. E não se sujeitam a relógios, calendários e esteiras móveis. São livres.
Tem o WallE…
Meu Deus… é pra deixar qualquer técnico de segurança doidinho!
Gosto muito dos documentários do You Tube das Assembly Lines (linhas de montagem). Eu baixo para meu PC com o aTube catcher e salvo. Assim, se um dia resolverem tirar do You Tube…
Aos que não tiverem tempo ou paciência para ver tudo, recomendo ir diretamente à parte 4 https://www.youtube.com/watch?v=t7s8Bll1XV0 , a partir de 03:30…
Jason,
Dia desses estive observando com ‘olhos de lince’ a lataria de uma Fiat Strada, o km, e achei algumas marcas estranhas. Agora, vendo esse vídeo que você indicou, desconfio que o mesmo processo de solda (aos 6:12) é usado na versão cabine estendida, pois há marcas de lixamento nas emendas do ‘puxadinho’. Será que tem um dedinho de gente naquele carro?
Flavio, pesquisa sobre a marca Bristol, tu vai amar, eu acho que é a tua cara, os carros eram montados para durar a vida inteira, porque tudo o que é feito a mão, pode ser consertado a mão, muito legal.