SÃO PAULO (primeiro, finalmente!) – Vocês precisam ver isso aqui. É de 1989. No programa do Gugu, aquele de sábado à noite, uma das grandes atrações semanais era o grupo Dominó, um horror. Mas fazia muito sucesso. Aí pegaram os integrantes e levaram para Interlagos para uma corrida fajuta de F-Ford. Identifiquem os carros, primeiro. Deleitem-se com a pista antiga. Mas, sobretudo, morram de rir com o Roberto Cabrini (!) narrando. Quem mandou foi o Denisson de Angelis.
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FÓRMULA DOMINÓ
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RESTAM DUAS
SÃO PAULO (para constar) – Ah, e a cinco dias do início dos testes de inverno em Jerez, com a confirmação de Razia na Marussia, restam apenas duas vagam abertas para 2013. Uma na Force India, outra na Caterham.
Meus palpites: Jules Bianchi na primeira, Bruno Senna na segunda.
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RAZIA LÁ
SÃO PAULO (Bahia também) – Luiz Razia, vice-campeão da GP2, baiano arretado, fechou com a Marussia e será companheiro de Max Chilton na única dupla 100% estreante de 2013. Pelas contas do amigo Rodrigo Mattar, será o 30° brasileiro a largar em um GP na história. A equipe não é novidade para ele. Em 2010, quando estreou como Virgin, o time o tinha em seus quadros como piloto-reserva (foto). Depois, Razia vestiu uniforme da Lotus verde, também, e chegou a participar de treinos livres em fim de semana de GP na China e no Brasil, em 2011. No ano passado, participou dos testes de novatos pela Force India e pela Toro Rosso.
Campeão sul-americano de F-3 em 2006, há sete anos Razia exerce intensa atividade em categorias internacionais, como A1GP, F-3000, World Series e GP2. Sua melhor temporada, sem dúvida, foi a passada com o vice na série que antecede a F-1. Perdeu o título para Davide Valsecchi no final, mas foi ao pódio nove vezes e venceu quatro corridas.
Jovem, 23 anos, tem, portanto, uma boa experiência e um currículo bastante aceitável. É simpático, sorridente, bom de mídia e de microfone (fez várias participações em programas da Globo no ano passado, especialmente). Passei a prestar mais atenção no rapaz quando, em outubro de 2006, por conta própria, colocou um adesivo do meu site, o Grande Prêmio, em seu carro de F-3. Achei muito simpático. Tem a foto aqui. Não havia interesse algum envolvido. Ele, apenas, sempre foi leitor do site, fã da gente, essas coisas. Quando fechou com a Virgin, no fim de 2009, até brinquei que estávamos, finalmente, colocando nosso primeiro piloto na F-1.
O que sempre me intrigou nessa trajetória de Razia foi a ausência de patrocinadores pessoais. Tudo indica que os degraus foram sendo vencidos graças à fortuna de sua família. Não sei avaliar com precisão quanto foi gasto até chegar à F-1, mas não é segredo para ninguém que nas categorias menores, com raríssimas exceções, só se corre pagando. Esses treinos pela Force India e pela Toro Rosso, igualmente, não devem ter sido baratos. Em geral, os pilotos jovens obtêm suas vagas com patrocínios. As equipes vivem disso no mundo inteiro. No caso de Razia, nunca houve envolvimento de empresa alguma.
Esse cockpit deixado vago por Timo Glock na Marussia tem valor estimado em US$ 10 milhões. Um pouco mais, um pouco menos. Estamos tentando levantar, no Grande Prêmio, se há patrocinadores brasileiros que vão ajudá-lo. A própria assessoria do piloto se disse surpreendida hoje quando a informação foi veiculada pela primeira vez, na Sportv, e não soube nos informar.
Cumpre lembrar, porque é informação de domínio e interesse público, que a mãe de Razia, Ana Elizabete Vieira Santos, foi detida em dezembro de 2011 na operação Terra do Nunca da Polícia Federal, que investiga esquema de grilagem de terras em São Desidério, cidade próxima a Barreiras, no oeste da Bahia, onde ela era tabeliã. O caso ainda está na Justiça. Ela já havia sido condenada, segundo este link do Terra aí em cima, a mais de oito anos de prisão por falsificação do livro de protocolo de seu cartório.
Não sei de onde vem o dinheiro para a vaga de Razia na Marussia. Tomara que seja de grandes patrocinadores dispostos a apostar na carreira de um garoto que é rápido e obstinado nas pistas.
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ESQUISITICES
SÃO PAULO (só enrolando) – Será que já publiquei foto deste estranhíssimo Audi que nunca foi produzido em série? Alguém tem informações adicionais sobre este modelo desenhado por Pininfarina? Sei apenas que se chamava Quartz, e foi feito em 1981.
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DICA DO DIA
SÃO PAULO (admirável mundo velho) – Não sei vocês, mas eu sempre tenho a impressão que o mundo foi preto e branco até mais ou menos a década de 30, quando começaram a se popularizar os registros fotográficos coloridos. Ou, pelo menos, quando eles se tornaram tecnicamente mais viáveis. Populares, mesmo, só depois dos anos 60.
Mas de vez em quando aparecem imagens em cores de tempos distantes, de tempos que a gente não consegue sequer imaginar como eram fora dos tons de cinza. Dia desses recebi um link com fotos da Rússia dos czares em cores, um negócio estupendo. E mais algumas delas estão neste site com fotos excepcionais da Paris do início do século passado, feitas com uma técnica da época para captação de imagens coloridas. O Cacá Vita mandou a dica.
As cores, claro, sempre estiveram por aí. Na verdade, creio que o mundo devia ser bem mais colorido antigamente do que é hoje…
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CARRO-AVIÃO
SÃO PAULO (tô com saudades do meu) – Como é bonito o SAAB 96, pelamor… O Luís Augusto Malta mandou o raro comercial de 1960. “O carro sueco com qualidade de avião”, diz o locutor ao fim do reclame. Coisa linda. Mas faltou o barulhinho do motor.
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SALTO ALTO
SÃO PAULO (elegante demais) - Faltam alguns detalhezinhos… Mas Miss Universe está quase pronta. Colocamos as rodas originais, enviadas da Alemanha por Dom Peter Von Wartburg, nobre tedesco-atleticano que as tinha no porão de seu castelo. Trocamos os sapatinhos, enfim. De salto alto ela ficou linda. A parte mecânica está ótima, e o som desse motor, com o escapamento igual ao do Candango (banjo na dianteira), é deliciosamente metálico.
Emblemas estão OK, botões do painel também. Vou atrás de um rádio de época hoje mesmo, lá no Centro. A tapeçaria feita pela Modelo ficou esplêndida. Acho que vou ter de trocar um vidro lateral, da porta do passageiro. Sem problemas, é plano e um dos poucos que não têm “DKW” estampado. Já deve ter sido trocado alguma vez nestes 56 anos e pouco de vida. O espelho do lado direito será removido.
Terei dificuldades com as calotas. A ponta de eixo traseira é muito saliente e fiquei com a impressão de que calota nenhuma entra ali. Por enquanto é o grande drama da peruinha, que está ficando como essa do desenho — que era a ideia original, depois que descobrimos sua cor de nascença.
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ADRENALINA CLÁSSICA
SÃO PAULO (quando é a próxima?) – No clipe editado pela megaprodutora do Erick Grosso, as emoções da corrida que encerrou a temporada 2012 da Classic Cup, dia 19 em Interlagos. O vídeo será inscrito no Grammy. Meianov concorre como melhor ator principal. Erick, como melhor entregador de queijos do ano.
A gente se diverte nesse negócio…
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NOME TEM
SÃO PAULO (tomara que role) – E está pipocando por aí uma história de que um grupo americano-canadense está a fim de comprar o espólio da HRT para montar uma equipe chamada Scorpion. Será, de longe, o melhor nome de um time de F-1 em todos os tempos. Coisa de Speed Racer.
Espero que dê certo, e se der, que a F-1 não fique com frescura de só deixar correr em 2014. Liberem os caras para colocarem o carro na pista este ano, será bom para conhecerem o ambiente, se acostumarem com tudo.
Não tenho ideia de quem são os pretendentes. Podem ser uns picaretas, traficantes de armas, gângsters. Mas, pelo menos, nome tem.
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DODGINHO EM LIVRO
SÃO PAULO (boa notícia) – Tem livro novo na praça e deve ser bem legal. A história do Dodge 1800, o querido Dodginho, de Marcos Faria Martins Filho e Luciano Jafet. Está à venda por 40 dinheiros no site da “Classic Show”.
Nesta madrugada assisti na TV ao fenomenal “Cazuza” e em um momento de sua juventude ele teve um, amarelo. Coincidência danada no mesmo dia me mandarem a notícia do lançamento do livro. Aos poucos, o Brasil vai construindo sua literatura de carros nacionais.
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RÁDIO BLOG
E o David Felipe manda este clipe bem legal de banda igualmente bacana, Tame Impala, uma turma meio psicodélica da Austrália. Que desde já é a banda preferida do nosso Jason Vôngoli.
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EPISÓDIO 3
SÃO PAULO (só no fim) – A Ford colocou no ar hoje o terceiro episódio da campanha do Fusion, com Piquet e Mansell. Os dois treinaram no Velopark e foram, como é normal, baixando os tempos até que… Ah, vejam vocês quem larga na pole.
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Muito bom o volante de Raikkonen que a Lotus fez questão de mostrar como será em 2013 em seus releases oficiais. Tem até botão para abrir portão. A Lotus está dando um banho de bom-humor e criatividade nas outras equipes.
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TARADO
SÃO PAULO (desliguem da tomada) – Michael Schumacher vai seguir correndo. De kart. O velhinho não quer saber de ficar olhando o fogo crepitar na lareira. Vai ser piloto oficial da Tony Kart.
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LOTUS E21
SÃO PAULO (black is beautiful) – Descrita como “sexy” pela Lotus, a máquina do time para 2013 acaba de sair do forno. É o primeiro carro novo a ser apresentado neste ano. Com lançamento ao vivo pelo YouTube e tal.
E21 é o nome de batismo do carro — o 21° construído em Enstone, que já foi sede da Benetton e da Renault. Os testes de inverno começam no dia 5 de fevereiro, em Jerez. Depois serão mais duas sessões coletivas, em Barcelona.
Acho que já nos acostumamos a esses degraus nos bicos. Pelo jeito, todos continuarão usando. Daqui a pouco virão as análises técnicas meio fajutas (“tem o bico mais afilado, perfil traseiro redesenhado para otimizar a passagem do ar” etc). Eu nunca percebo nada muito diferente, apenas acho os carros de F-1 bonitos, em geral, e me atenho à pintura.
Gosto de carros pretos, e portanto está lindo, o E21. Tem uma bela galeria de fotos aqui.
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NA REVISTA
Comentários (8)SÃO PAULO (seguimos) – A Revista WARM UP deste mês já está no ar. É a 34ª edição, que tem como destaque de capa uma entrevista com Cacá Bueno. Os outros destaques estão aqui. Boa leitura.
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CINISMO E INUTILIDADE
SÃO PAULO – A vida nestes tempos é muito estranha. Há um mundo paralelo, este aqui onde você me lê. Muitos físicos e cientistas defendem que uma outra dimensão espaço-tempo é possível, pode ser descrita com fórmulas complicadas que fogem à compreensão de cérebros mal treinados.
Os fatos de Santa Maria, por sua vez, são de fácil compreensão e bem reais. Uma boate com alegada capacidade para mais de mil pessoas (os bombeiros, baseados na metragem da casa, disseram depois que não deveriam entrar mais de 691) com apenas uma saída estreita e distante de quem não estivesse na porta da rua, sem janelas e revestida de material inflamável e tóxico. Jamais poderia ter sido aberta. Mas foi, porque recebeu um alvará de funcionamento um dia. E também um laudo do corpo de bombeiros, que estava em processo de renovação.
São criminosos aqueles que concederam o alvará e os que assinaram o laudo liberando a casa. Assim como criminosos são o arquiteto que a projetou e o engenheiro que executou a obra. E os proprietários, também. Não consigo entender como tantas pessoas envolvidas com a abertura de uma casa noturna possam ter sido capazes de colocá-la em funcionamento dessa maneira. Uma ratoeira. A casa não atende os requisitos mínimos de segurança que não só a lei exige, como também o bom-senso. Não é possível que ninguém — num grupo que tem um funcionário da Prefeitura que dá o alvará, um bombeiro que assina o laudo, um arquiteto que projeta, um engenheiro que constrói, proprietários que ganham dinheiro com o negócio — tenha, em algum momento, se perguntado: e se acontecer algo? Por onde saem as pessoas? Quais os riscos? Por que não havia iluminação de emergência? Por que os extintores não funcionavam? Por que permitir a entrada de 1.500 pessoas onde cabem 691? Pagou-se propina? A ideia foi economizar? Ignorar as leis, as recomendações? Como, me pergunto, alguém é capaz de conceber um lugar assim e abri-lo, enchê-lo de jovens, com mais do que o dobro de sua capacidade?
A cadeia de pessoas para ser responsabilizada não é pequena. E passa, claro, pela idiotice explícita da banda com seu show pirotécnico. Como é que alguém pode disparar artefatos que produzem fogo, faísca e fagulhas num ambiente fechado, seja ele qual for, tenha ele o tamanho que tiver?
É fácil, pois, descrever as causas do acidente e compreender por que ele aconteceu. Não há muita dificuldade para entender que o descaso, a negligência, a ganância, a burrice, isso tudo junto causou o incêndio e as mortes. Não há como fiscalizar tudo. Não há como fiscalizar a ausência de caráter das pessoas, nem seu grau de imbecilidade. Não são os governos que devem ser culpados nesse caso. São as pessoas, muitas delas abrigadas em governos, que não cumpriram com a obrigação maior de qualquer ser humano: a de ser uma pessoa de bem.
Gente que conhece os caminhos tortuosos da burocracia brasileira, como meu amigo André Barcinski, relata a crueldade do sistema, que acaba levando o mais puro dos monges a perder a paciência para abrir um negócio qualquer — e, em algum momento, a compostura, transformando-se num corruptor. Porque é quase uma regra nacional: o serviço público é contaminado pela corrupção e infestado de corruptos.
Mas há também aqueles que abreviam esses caminhos e fazem ligação direta com a corrupção. Pagam por fora, conseguem seus alvarás, não cumprem lei nenhuma e foda-se. Igualam-se ao pior dos corruptos. Você, certamente, conhece um.
Mas, insisto, não há como fiscalizar o caráter das pessoas. Eu sempre ouvi essas histórias, depoimentos de pessoas que afirmam, com todas as letras, que “se não pagar, não consegue”. Não consegue abrir um bar, um café, uma oficina, uma loja. Mas na minha santa ingenuidade, sempre imaginei antídotos para os corruptos. Eu, por exemplo, se fosse abrir um bar, requisitaria a legislação e cumpriria à risca cada item exigido. No dia da vistoria definitiva, montaria câmeras, contrataria cinegrafistas e acompanharia o fiscal metro a metro em sua fiscalização, com a lei numa mão e um microfone na outra.
Ninguém faz isso. As pessoas se rendem ao que consideram inevitável. Alguém vai me pedir propina. Alguém vai me extorquir. E a roda da putaria não para de girar.
Desviei-me do assunto, eu queria falar destes tempos estranhos. Já vou terminar.
Como muita gente faz hoje em dia, segui os acontecimentos de ontem por todos os meios disponíveis, entre eles as redes sociais — Twitter e Facebook. E é, realmente, estarrecedor como este mundo virtual abriu as portas para que gente nem tão virtual assim exponha o pior do ser humano. Ferramentas geniais — considero todas essas coisas que a internet criou geniais, espantosas —, que poderiam ser tão úteis e ricas, acabam se transformando em megafones propagadores da iniquidade e da demência. O blogueiro Marcel Dias, do “Diário do Nordeste”, escreveu sobre a inutilidade que tomou conta das redes sociais e de como tal inutilidade se mostrou clara ontem. “Seja qual for a rede social, repleta de pessoas, o comportamento do organismo funcionará da mesma forma como funciona aqui, fora dos computadores. O meio virtual apenas ‘digitaliza’ o caráter das pessoas. Por maior que seja o fingimento, o comportamento apresentado é real”, diz Marcel. Na mosca. Quem tiver estômago pode comprovar o que escreve o blogueiro nesta página do Orkut, outra rede social (tomara que já tenham eliminado o link, não é possível que o Google, dono desse negócio, permita que isso se mantenha no ar). Está tudo fora de controle.
Essa contaminação do mundo real pelo mundo virtual, talvez essa nova dimensão espaço-tempo que os cientistas descrevem com equações e algoritmos quando bastaria visitar uma lan-house, se dá em todas as frentes e desconfio que há pessoas que já não concebem mais a vida sem ele. Uma geração que definhará sem uma conexão wi-fi, sem um iPhone, sem um botão de “like”.
E isso é perigoso. Essa geração, hoje, se senta diante de um teclado e comete insanidades como a do perfil do jornal “O Estado de S.Paulo” no Twitter ontem, que em meio à contagem dos mortes conclamava seus seguidores a procurarem perfis das vítimas no Facebook.
Difícil imaginar cinismo maior. Difícil imaginar tamanha desconexão com a realidade. Há quem chame isso de “jornalismo participativo”, ou “interatividade”. O mundo em que tudo se compartilha e se curte.
Acho apenas que estamos ficando todos loucos.
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POBRES JOVENS
Pobres jovens que viramos as madrugadas à espera de notícias. Cheguei. Estou saindo. Deixe seu recado após o sinal. Deixe seu recado após o sinal.
Pobres jovens que precisam de nós. Queremos saber onde vocês estão, meninos e meninas. Que horas vão, que horas vêm. Chegou bem? Está tudo bem?
Deixe seu recado após o sinal. Chegou bem, filho? Chegou bem, filha? Está tudo bem, pai, está tudo bem, mãe.
É bom quando está tudo bem, quando o celular apita. Podemos dormir.
Pobres jovens em busca da felicidade eterna e permanente. Ela não existe.
Por que você fez isso, Deus?
O quê?
Matou esses meninos e meninas.
Não fui eu.
Então foi quem?
Vocês vivem se matando.
Você nos fez assim. Não desvie o assunto. Por que matou esses meninos e meninas?
Não fui eu.
Vou mudar. Jogaram um bebê no lago. Alguém o achou e salvou.
Graças a Deus.
A você?
Sim, a mim.
É o que todos dizem, graças a Deus. Então foi você que salvou o bebê?
Sim, fui eu.
E por que matou esses meninos e meninas?
Não fui eu.
Um pai disse que Deus salvou a filha dele. Foi você?
É o que disse o pai.
Foi?
Fui.
E por que matou os outros?
Você não entende a morte. Você não entende nada.
Não entendo, quero entender. Por que uns sim, outros não?
Porque é assim.
Eles mereciam morrer, é isso?
…
Uns mereciam viver e outros mereciam morrer?
…
Responda.
…
Por que tanto sofrimento, por que tanta dor? Quem merece isso?
A vida que eu dei a vocês é tão ruim assim?
Quando acontecem essas coisas, sim.
Mas acontecem coisas boas, também.
O quê?
O sorriso de uma criança, o sol que nasce todos os dias.
De que vale o sorriso de uma criança que vai morrer queimada?
…
Você nos criou?
Sim.
Para quê?
Para buscar em mim sua salvação.
Aqueles meninos e meninas não foram salvos.
Eles virão a mim.
E você dirá o que a eles?
Que estão salvos.
E os pais, as mães, os irmãos, os amigos?
Virão um dia, também.
E o que você dirá a eles? Como vai explicar tanto sofrimento?
Direi que é a vida, que precisam provar seu amor por mim no sofrimento.
Como alguém poderá amá-lo depois disso?
É preciso aceitar, são os desígnios de Deus.
Seus desígnios?
Sim.
Então você matou esses meninos e meninas.
Não fui eu, as coisas acontecem por suas falhas e imperfeições.
Corrija-as.
Por que deveria?
Você não é bom, infalível, piedoso?
Sou.
E onde está sua bondade? Sua piedade?
…
As guerras, o holocausto, as pragas, os desastres, onde está sua bondade?
Vocês fazem as guerras, vocês causam os desastres.
Vou mudar. Você nos criou?
Sim.
À sua imagem e semelhança?
Sim.
Somos parecidos com você?
Sim.
Pena.
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CARS & GIRLS
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MEU TIME
SÃO PAULO (gosto) - Segunda-feira a Lotus apresenta seu carro novo, que eu adoraria ver vencendo todas as corridas de 2013. Hoje a equipe colocou no ar um “teaser” com Raikkonen sendo entrevistado por Matt LeBlanc, de “Friends”. Reveladora, a conversa.
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Esses fusquinhas metidos a besta não se garantem… Miniatura da coleção do Zé Rodrix.
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PLACAR
SÃO PAULO (quando começa a fazer um quarto de século…) – Eu tinha 12 anos quando comprei pela primeira vez, com meu dinheiro, uma revista na banca. Foi a edição 333 da “Placar”, ou “de”, como se diz na Abril, algo que fui descobrir anos depois, muitos anos depois, no dia em que entrei pela primeira vez na redação, que ficava num prédio na região da Berrini, numa rua que tinha meu sobrenome.
Achei aquilo um bom sinal, uma tolice sem tamanho para disfarçar o nervosismo enquanto esperava o elevador vestindo um blazer cinza yuppie metido a surrado, camisa branca, gravata comprada em brechó e tênis All Star. Eu era metido a moderninho, e vinha de um jornal onde todos eram moderninhos.
Mas era meu primeiro dia no trabalho com o qual sonhava desde aquela edição 333 comprada em 1976, e só lembro do número porque 333 não é tão difícil assim de guardar.
26 de janeiro de 1988. Descobri a data por acaso nesta semana, não sou tão maluco assim. Estava revirando um baú no escritório atrás de uma dessas pastas que tem plásticos vazia, para arquivar as contas do ano que está começando, quando dei com outra pasta com uma etiqueta na capa: “Placar, 26 de janeiro a 28 de fevereiro de 1988″. Nela, cuidadosamente recortadas e arquivadas por data, todas as palavras publicadas na (“em”) “Placar” que saíram da minha cachola naquele mês de 1988, 25 anos atrás.
Desde aquela edição 333, nunca mais deixei de comprar “Placar”, e não é clichê dizer que “esperava ansiosamente” pelas terças-feiras de manhã, para colocar as mãos na revista. Esperava ansiosamente, mesmo. Assim como esperava ansiosamente pelo dia em que estaria trabalhando lá, escrevendo sobre futebol, minha grande paixão.
Foi pensando em trabalhar na “Placar” que passei os anos seguintes àquela edição 333, entrei na faculdade, me formei, comecei a dar minhas caneladas, até o dia em que, exatamente uma década depois de comprar a edição 333, já agoniado por ainda não ter sido descoberto pela revista, decidi tentar. Sentei-me à máquina e escrevi uma carta para o diretor de redação, Juca Kfouri. Uma carta. Que continha um erro grave de português, “intensão” em vez de “intenção”. Eu, se recebesse uma carta de alguém com a intenção de trabalhar na minha revista com esse S no lugar do cê-cedilha, teria jogado no lixo.
Mas ela não foi jogada no lixo. Quem a leu, e acho que foi o Juca, deve ter achado engraçado aquele moleque se oferecer com tanta presunção. Na carta, eu dizia que queria trabalhar na “Placar”, porque era leitor da revista havia dez anos, e, basicamente, escrevia bem e entendia de futebol. “Sou bom”, era o que eu afirmava. Assim, não havia razão nenhuma para não me contratarem. Só faltou terminar com um “quando começo?”.
Enfiei a carta num envelope desses de tamanho pequeno e esqueci de colocar o remetente, assim como um número de telefone. Mesmo se passasse pelo “intensão”, portanto, o destinatário não teria como me encontrar, e assim o destino daquela cantilena teria mesmo de ser o lixo. Mas não foi. O envelope tinha o timbre da SBPC, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde eu trabalhava na época fazendo programas científicos de rádio para a Cultura AM.
Hoje, tanto tempo depois, intuo o caminho que aquela carta percorreu. Deve ter chegado ao responsável pelas cartas dos leitores, era por carta que leitor falava com uma revista antigamente, embora endereçada pessoalmente ao Juca. Generoso, o estagiário que a leu pela primeira vez deve tê-la encaminhado para o diretor da revista. Que, possivelmente, estava sem nada de muito importante para fazer naquela hora, talvez tivesse acabado de pegar uma café para abrir a correspondência do dia, e deu de cara com aquilo na sua mesa, e leu.
Por alguma razão que jamais saberei qual foi, Juca passou a carta para seu chefe de redação, Carlos Maranhão, que igualmente teve a chance de jogá-la no lixo. Não deviam ser muito raras as cartas de leitores se dizendo capazes de trabalhar na “Placar”. Mas, também por alguma razão que jamais será conhecida, ele achou interessante o que leu e resolveu entrar em contato comigo. Mas como? Não havia um endereço, nem um telefone. Mas havia o timbre da SBPC no envelope, que milagrosamente sobreviveu à ação das mãos do estagiário que o abriu sabe-se lá como, rasgando o próprio e poupando-o igualmente do lixo. A carta foi parar na mesa do Juca com o envelope junto.
O timbre da SBPC era a única pista, pois, e imagino que Maranhão tenha procurado o telefone na lista, e se ligou caiu na sede que ficava numa outra casa, não aquela onde fazíamos o programa de rádio. Quem atendeu poderia simplesmente ter dito que não, não existe nenhum Flavio aqui, o negócio do programa de rádio era meio marginal às atividades principais da SBPC, mas milagrosamente, de novo, alguém deve ter lembrado que havia outra casa, e outro número de telefone, e lá um Flavio, e assim, algumas semana depois de ter colocado a carta no correio, atendi a uma ligação na casa do programa de rádio dizendo SBPC, boa tarde.
Era o Maranhão querendo falar comigo. Espantado, ouvi calado as duas primeiras reprimendas do redator-chefe da revista onde sonhava trabalhar: 1) intenção é com cê-cedilha; e 2) quando você escrever para alguém, lembre-se de fornecer algum contato, um meio de encontrá-lo.
Naquela mesma semana, tinha mandado meu currículo para a “Folha”, que procurava um repórter para Educação e Ciência. O salário era bom e, embora sem muito entusiasmo, eu tinha alguma chance por já ter dois anos de atuação nessa área, na SBPC. Tinha boas fontes em universidades e institutos de pesquisa. Fui chamado para uma entrevista, mas marquei uma visita à “Placar” para o mesmo dia, pela manhã. Eles queriam me conhecer, embora tivessem deixado claro que não havia vaga nenhuma no momento. Fui à revista pela manhã, me encomendaram uma matéria para ver como eu me sairia, e ao jornal à tarde, onde fiz de tudo para não ser aprovado na entrevista — falei muito mal da “Folha”, não queria trabalhar lá, achava que convenceria os caras na “Placar” a me contratarem mesmo não havendo vaga alguma.
No dia seguinte, recebi um telegrama do jornal informando que eu tinha sido o escolhido para a função de repórter de Educação e Ciência, fiquei desesperado, liguei para a “Placar” e o editor que me atendeu, Tonico Duarte, me disse para aceitar, claro, porque não tinha lugar mesmo na revista. Mais vale um pássaro na mão… recitou, para minha profunda tristeza, e fui trabalhar na “Folha” em novembro de 1986.
Um ano e pouco depois abriu uma vaga em Esportes, na pauta, e fui. Tinha esquecido da “Placar”, nunca mais entraram em contato, havia mergulhado de cabeça no dia a dia do jornal, passei a amar aquilo, até que um dia assinei uma matéria tola sobre uma festa brega da Federação Paulista de Futebol e no dia seguinte recebi, na “Folha”, outra ligação do Maranhão. Você está em Esportes agora, que bom, olha, abriu uma vaga aqui.
Não perguntei nem qual era o salário. Pedi demissão da “Folha” e fui atrás do sonho da criança que corria às bancas às terças-feiras, e no dia 26 de janeiro subi pela primeira vez naquele elevador do prédio da Geraldo Flausino Gomes não para pedir emprego, mas para começar nele, para trabalhar na revista da minha vida. Minha figura patética de blazer e gravata não passou despercebida, meus novos colegas não perdoaram aquele figurino yuppie da Barão de Limeira, fui vítima, dias a fio, das gargalhadas de amigos inesquecíveis como Ari Borges, Milton Bellintani, Sergio Kraselis, Marcelo Duarte, Anjinho, Mario Sergio Della Rina, Sergio Berezovsky, lendas do jornalismo até hoje, professores eternos.
Essa passagem por “Placar” durou exatamente um mês, a revista da minha vida estava mal das pernas, havia planos de transformá-la numa publicação voltada a games, o clima estava meio pesado, não era essa a revista que eu tinha comprado na banca aos 12 anos, e dias depois desse 26 de janeiro de 1988 meu editor de Esportes na “Folha” ligou para me chamar de volta, a editoria tinha virado uma zona, preciso de você, o que você quer para voltar?, te coloco em outro horário (a pauta era triste, tinha reunião às sete da manhã), olha, tem uma corrida de Fórmula 1 no Rio no mês que vem, te coloco na cobertura…
Decidi voltar, saí de “Placar” (em questão de horas, ali, deixei de falar “na ‘Placar’” e adotei o abrilês “em ‘Placar’”), ficaram até zangados comigo, pedi desculpas e semanas depois estava em Jacarepaguá para cobrir meu GP do Brasil de F-1, e o resto é história, a minha história.
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DAYTONA DE DENTRO
SÃO PAULO (imperdível) – O leitor mais atento do Grande Prêmio já deve ter percebido que estamos em Daytona para as 24 Horas que começam hoje, sábado. Mas de um jeito diferente. Quem está escrevendo para a gente é Oswaldo Negri Jr., um dos grandes pilotos brasileiros em atividade, um cara excepcional que há anos milita no automobilismo americano.
Suas colunas têm sido sensacionais. É algo inédito na imprensa brasileira, até onde me lembre, um piloto mandar seus textos de uma prova desse porte em tempo real direto dos boxes, enquanto o pau come na pista. Claro que isso não se faz sozinho, e o Américo Teixeira Jr., mais uma vez, é o parceiro dos parceiros. Somos eternamente gratos a esse grande amigo de tantas batalhas.
Portanto, entrem no carro com “Ozz” Negri e boa corrida a todos!
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RESERVE UM TEMPINHO…
SÃO PAULO (impressionante) – …e aproveite o fim de semana para ver, na íntegra, o GP da Alemanha de 1973 com imagens inacreditáveis de Nürburgring. Um blogueiro pingou aí nos comentários.
Os carros eram lindos demais.
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ACELERA MAIS, MEIANOV!
SÃO PAULO (preciso contratar uma produtora) - E aqui, um resumo da corrida de sábado passado, que teve de ser reiniciada por determinação da CIA, quando os ianques notaram que o Meianov estava fora de controle. Meu amigo Erick Grosso, com seu Fiat de entregar queijos, levou uns risquinhos na porta! Mas chegou na minha frente e ficou com o troféu…
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ACELERA, MEIANOV!
SÃO PAULO (como dá trabalho, isso…) – Bom dia, macacada. Já viram boas largadas? Daquelas excepcionais, que entram para os anais (ui) da história? Que são lembradas por toda a eternidade, veneradas, usadas como exemplo em cursos de pilotagem e em documentários sobre automobilismo?
Pois é essa aí.
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CARS & GIRLS
Foto da inesquecível “AutoEsporte”, Malzoni #10 da Vemag e a linda… a linda quem?
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(OUTRA) DICA DO DIA
SÃO PAULO (como fala, como escreve!) – Grande Comendattore! Nosso Cláudio Ceregatti, que agora virou piloto de verdade, escreveu uma Barsa sobre sua última corrida de F-Vee, no fim de semana em Interlagos.
O Cabeça Branca tem andado muito bem. De verdade. Mas, sobretudo, renasceu (em todos os sentidos) dentro desses carrinhos deliciosos. Querem saber? Acho o Cerega um exemplo. De como é possível rejuvenescer a qualquer momento na vida, bastando para isso um negócio chamado paixão.
Leiam seu relato no Blog do Mestre Joca, cheio de vídeos, também. Falando neles, ainda tenho de editar o meu, vou fazer isso amanhã, que estou de folga.
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DICA DO DIA
SÃO PAULO (daqui a pouco chegou!) – Aos amantes dos carros mais lindos do mundo, o vemagueiro Ayrton Amaral, que é pai da Miss Botucatu, oferece este álbum de fotos do Blue Cloud de 2011, o maior encontro que fizemos até hoje, em Poços de Caldas. Batemos nos 100 carros, ou quase isso.
O BC deste ano já está marcado e será em Poços novamente, de 28 de agosto a 1° de setembro. Miss Universe estará lá. Miss Botucatu também. Encontro de misses.
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