SEPANGOLAS (2)

SÃO PAULO (já fiz bastante coisa hoje, não encham) – Lewis Hamilton, 40 poles, muito prazer. Num lugar legal, a Malásia, porque chove de repente. Inventaram de fazer a classificação no fim da tarde, foi o que aconteceu. Nos últimos minutos do Q2, desabou o céu sobre as cabeças em Sepang. E o Q3 na chuva foi.

Mas para Hamilton, chova ou faça sol, larga na frente do espanhol. E do alemão, do brasileiro, do finlandês, do australiano e de todo mundo. Está meio que fácil demais, porque Nico começou a temporada em marcha lenta.

Agora, só Schumacher, Senna e Vettel têm mais poles que o Comandante Amilton na história do universo. Pela ordem, 68, 65 e 45. Está bem na cara que a marca de Tião Italiano cai ainda neste ano. Até porque Sebastian dificilmente vai fazer uma pole, em que pese a melhora muito grande da Ferrari em relação ao ano passado. É ele quem sai em segundo, inclusive. Rosberguinho ficou em terceiro.

Vamos ao Q1. Pule de dez apostar nos dois Manor Marussia (como vamos chamar essa equipe, afinal?), nas duas McLaren e em alguém mais, talvez uma Force India, para rodar inapelavelmente e assistir ao resto do treino de camarote. Os dois manor-marússicos ficaram obviamente pelo caminho, com Merhi fora dos 107% (mas poderá largar) e Stevens sem tempo (idem). E a McLaren, putz. P17 e P18, Button na frente, Alonso atrás.

Vejam como são as coisas. No ano quem que estreou pela Minardi em 2001, Alonso se classificou em 22° para o grid no GP da Malásia. Seu tempo: 1min40s239. Hoje, 14 anos depois, com McLaren, Honda, dieta equilibrada, aulas de yoga, fisioterapeuta e massagista: 1min41s746.

“O importante é que ficamos na frente da Osella, e é com eles que estamos brigando”, disse Fernandinho, completamente recuperado do choque, da concussão, da depressão e tudo mais. “Fui atrapalhado pelo Panis na minha melhor volta e vou reclamar com o Max Mosley”, continuou, e assim que viu Raikkonen passando pelo paddock a caminho do escritório da Ferrari, gritou “hei, Schumi, me dá um autógrafo!”, e saiu correndo atrás do finlandês. Kimi se escondeu atrás de um segurança da Ferrari e Fernandinho voltou perguntando ao pessoal que o acompanhava se era jogo largar mais leve para reabastecer logo nas primeiras voltas.

O quinto degolado do Q1 foi Nasr. Devagar com o andor, foi o que eu disse depois de Melbourne. Devagar com o andor de novo. Felipe II não é nem um gênio pelo quinto lugar na Austrália, nem um tosco pelo 16° no grid malaio — ainda que Sonyericsson tenha conseguido um mui convincente nono lugar.

No Q2, a chuva despencou no fim impedindo alguns pilotos de tentarem melhorar seus tempos, e com isso Kimi Dera Tivesse Picolé, Maldanado, Incrível Hulk, Maria do Bairro e Sainz Idade ficaram pelo meio do caminho. Aqui, uma nota: a Lotus está andando direitinho. Grojã foi para o Q3 depois de fazer bons tempos e largaria em oitavo se não tivesse furado a fila na hora de sair dos boxes.

O Q3 teve seu início adiado duas vezes em 15 minutos, o que totalizou meia hora, e assim os carros só foram para a pista às 18h15 locais, quando já estava quase escuro. Apesar do aguaceiro de proporções bíblicas de pouco antes, os pneus intermediários foram suficientes para buscar tempo, e Hamilton garantiu a pole com meros 0s074 de vantagem para Vettel, porque na sua segunda tentativa pegou tráfego — Rosberg, inclusive.

Massa ficou em sétimo, na frente de Sapattos. Não é ruim, mas não é bom. A Williams, que terminou 2014 como segunda força do pacotão, agora vê a Ferrari se desgarrando e a Red Bull ameaçando — Ricardão larga em quarto e K-Vyado, em quinto. E quem acabou sendo o grande nome do sábado? Verstappinho. Sexto no grid, 17 primaveras, um fenômeno.

OK, devagar com o andor, não é fenômeno nenhum, ainda. Mas pela juventude, pela equipe, pela segurança, pode vir a ser. Logo.

Corrida às 4h, certo? Então durmam cedo.