FIM DE UMA ERA
SÃO PAULO (fará falta) – Com enorme dignidade e simpatia, David Letterman encerrou ontem sua carreira de 33 anos como apresentador do talk-show mais famoso da TV americana. O “Late Show”, primeiro na NBC, depois na CBS, foi o pai de todos os programas de entrevistas/humor/música que acabaram sendo replicados no mundo inteiro — na imensa maioria das vezes, conduzidos por pessoas sem sequer uma fração do talento de Letterman. Era uma instituição do fim de noite, e fico imaginando como será difícil para quem ia se deitar com a TV ligada no seu sorriso largo e nas tiradas estridentes não vê-lo mais.
Letterman decidiu parar, ninguém o tirou do ar. Aos 68 anos, tem um moleque de 11 para criar e, como disse na despedida, é tudo que importa agora.
É muito importante saber parar. Seu último “boa noite” para a câmera 1, alto e bom som, sem fraquejar, sem embargar a voz, é uma aula de profissionalismo em duas palavras.
É um personagem icônico aí dos Talk Shows não tenha dúvidas mas acho que o programa pecava por tempos reduzidos de entrevista, entrevistas com muitos artistas e pouco anônimos de áreas diferentes e muita papo de superfície e senso comum.
Não vou querer tapar o sol com a peneira, papos cabeça não é o que 89% da população mundial gosta e se interessa mas a ideia do programa abria caminho pra um aprofundamento dentro dos limites possíveis de televisão. Quando assisti David Letterman, sempre achei que um vazio ficava.
Neste sentido, terei de ser ufanista em relação ao Jo Soares. O programa do Jô segue mais ou menos a linha que penso (ou seguia porque o programa tem perdido muito essa vocação). Apesar das entrevistas bestas, dos sensos comuns, das conversas de boteco com artista, cantor e sub-celebridades, há lampejos de coisa séria no Jô. Pouca é verdade, mas tem.
Que programa de Talk Show faz debate político com jornalistas? Isso o David Letterman ficava devendo e muito. Claro que muitos vão argumentar que ele fazia comentários com piadas….mas acho que não pegava muito.
Mas essa de cancelar uma turnê na America Latina para homenagear o Letterman, hein, Foo Fighters? Serå que disseram o porquê à época?
Grande cara! Uma pena não ter o canal que passava o Late Show ultimamente, mas quando tinha, não perdia um. Espero que aproveite bastante o que a vida tem a oferecer a ele! Este merece.
Hora de parar. A(s) hora(s) que todos temos que enfrentar em nossa curta vida.
I was there!!
Pois é.
Para cada David Letterman que aposenta, surgem dezenas de Danilos Gentilis e Rafinha Bastos da vida.
Não tá fácil não.
Muito bom saber parar na hora certa. Poucos conseguem…
Galvão, é com você mesmo que estamos falando.
Foi o maior. Fato. O Jo sempre tentou imita-lo com resultados bem distantes do original.
Esse é um daqueles raros casos em que o cara é uma “lenda viva”. Mito.
Concordo com tudo no belo texto do Flavio; apenas discordo que seja o “pai” de todos os talk shows; o de Johnny Carson veio antes, e o Letterman o tinha como idolo e mentor.
Verdade, Johnny Carson começou o seu programa em 1962 até 1992, gerando uma disputa pelo posto de herdeiro do The Tonight show entre Jay Leno que pivô da aposentadoria compulsória de Carson e David Letterman.
Têm até filme sobre toda esta história.
exatamente
Ele é fã de monopostos, tem uma equipe de Indy junto com o Bobby Rahal, segue o Letterman entrevistando Mario Andretti em 1971 na 500 milhas de Indianapolis: https://youtu.be/UU-PDAQWcXg
É importante quando o profissional sabe a hora de parar.
Já ganhou fama e fortuna, ainda tem uma boa idade para poder fazer muita coisa na aposentadoria, de forma fisicamente decente.
Por mais que exista gente que deveria ser imortal, cada um sabe o que é bom para cada um. “Parar”, cada um sabe qual é a hora.
Algumas pessoas já deveriam ter parado faz tempo, como Suzana Vieira, José Sarney e Marta Suplicy, Simony, etc… já deram o que tinham que dar.
É uma boa discussão e que é muito negligenciada sobretudo no Brasil. Vejo por exemplo o caso do Jô Soares, que ainda é o melhor por aqui nesse tipo de programa, mas talvez deva começar a pensar em sair enquanto ainda entrega uma apresentação formidável. O Renato Aragão é um caso de alguém que foi muito importante no entretenimento nacionalmente — sem discutir a qualidade, claro — e que não soube a hora de parar, foi retirado da Globo e ainda saiu amargurado.
No esporte a lista é longa, enorme. O falecido Luciano do Valle nos seus últimos anos mais constrangia o espectador do que fazia lembrar seus bons momentos (embora eu nunca tenha sido fã) nos anos 90. O Silvio Luiz, que nunca foi grande coisa, mas que conseguiu emplacar um tipo diferente de narração, é outro. Hoje está numa rádio que comenta futebol nos intervalos dos merchans e numa emissora que dá traço. E o pior: a falar besteiras e mais besteiras. Inclusive na área política. E ainda há o Galvão Bueno, que não tem mais condição de narrar um jogo de futebol. Sua narração de Bayern e Barcelona pela Liga dos Campeões foi qualquer coisa de surreal: errou nomes, trocou os times, perdia a condução do jogo, tentava criar uma emoção que não existia… Sem contar sua participação na F1, claramente manchada nos últimos anos primeiramente a tentar limpar a barra do Barrichello, depois a omitir claramente o desempenho péssimo do Massa. E por ser uma figura central em um modus operandi pseudo-jornalístico da emissora da ditadura que cria um nós, os pachecos contra eles, o mundão.
Enfim. A lista é longa.
Excelente! Um que é mito mas que tinha dado já foi Chico Anysio(mega magoado terminou seus dias) e outro que nao se manca é o Carlos Alberto da Praça é Nossa
Não pode faltar nessa lista o Rogério Ceni (e olha que sou são-paulino…), que anunciou pela “enésima” vez que agora para de vez no fim de seu contrato…alguém acredita??
E o cara era fã de piloto brasileiro:
http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2015/05/1631940-veja-quem-foram-os-6-brasileiros-entrevistados-por-letterman.shtml?cmpid=%22facefolha%22
Obrigado pelo link, a entrevista com o Tony Kanaan é sensacional !
simples como deve ser! eu me lembro de ter lido uma entrevista do miguel falabella há uns anos atrás onde ele falava sobre o fim do sai de baixo e ele falou algo mais ou menos assim, que achei genial : ” as coisas acabam, tem um fim e as pessoas tem dificuldade de entender isso, mas é preciso saber aceitar…” é isso mesmo. acabou sem mimi, chororô, aquela coisa espalhafatosa…. FIM !
Nada como o original!!! De qualquer forma vou tentando vender meu Jô Malzoni !!
Belíssimo programa! Ainda mais engrandecido com a presença da melhor banda da atualidade: Foo Fighters
Já o Jô Soares continua caquético, lépido e fagueiro na TV…
O que é ruim pode piorar…Um tal de Danilo Gentilli, um ser desprezível e sem graça, se diz apresentador…
Muito legal mesmo Flávio Gomes. E sem aquela choradeira e apelação típicas deste tipo de despedidas, mas a pergunta que não quer calar: O que Paul Shaffer fará a partir de hoje?
Passar seus dias na Flórida gastando a grana que ganhou todos estes anos ?
Pensei a mesma coisa.
O programa irá continuar com o mesmo nome e equipe, muda apenas o apresentador que a partir de agora será o Stephen Colbert