TEXTINHO BOM

3M-1110_DSÃO PAULO (coisa rara) – Não costumo publicar aqui textos que não sejam meus — quando muito, indico um link para reportagens que apoiam meus posts. Sou um blogueiro egoísta, na maioria das vezes. Textos de F-1, então… Recebo aos montes, a maioria muito ruim, peças laudatórias e melosas cheias de clichês que não valem o tempo que se perde para lê-las. Sou chato com isso, embora compreenda que ninguém é obrigado a saber escrever bem.

Mas sou justo, também, quando recebo coisas boas — aliás, muitos dos que trabalham no Grande Prêmio aqui chegaram porque tiveram a coragem de me mandar seus escritos. Eu mesmo comecei assim, séculos atrás.

Faço este introito gigantesco para recomendar “Barulhinho bom”, texto que um leitor me mandou, o Marcos Cury.

Estamos cheios de projetos para o site, e um deles é abrir espaço para gente de fora escrever. A crônica do Marcos seria publicada sem que fosse preciso mexer numa vírgula sequer. Parabéns.

PS – A propósito do tema, sempre é bom lembrar deste vídeo aqui. Se preferirem matar mais as saudades, tem este aqui também.

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edgard souza
edgard souza
8 anos atrás

Fui a muitos gps na década de 90, e por ser dentista fazia com minhas massinhas de moldagem meus protetores auriculares. Tudo está ficando uma merda literalmente.

Jonas Vieira
Jonas Vieira
8 anos atrás
José Brabham
José Brabham
8 anos atrás

O texto é muito bom, mas a mensagem (sutil?), que tenta passar, é exagerada e distorcida. Talvez para quem tenha sido introduzido a uma corrida de F1 em 2008, mas não a alguém, como eu, que assisti a meu primeiro GP em 1985. Nessa tão decantada “época áurea” só era necessário proteger os ouvidos quando passavam os carros aspirados -quando os BMW, Honda e Porsche /TAG passavam era bem tranquilo. Hoje é esse IBOPE desmedido com o baixo volume do som. O mundo está muito mimado.

Rodrigo
Rodrigo
Reply to  José Brabham
8 anos atrás

Caro José, permita-me discordar respeitosamente. A intensidade das sensações, boas ou ruins, só podem ser medidas por quem as está sentindo. O parâmetro de comparação que ele tinha era só a TV. Me lembro muito bem de minha primeira vez em Interlagos, em 2004. Tudo que ele coloca aqui foi o que vivi. Sons, imagens, odores e por aí vai ainda estão vivos em minha memória. Fui mais umas cinco vezes, e as sensações eram sempre as mesmas. Sobre o “IBOPE do som”, uma constatação: em 2004 ainda tinha alguns V10. Salvo engano, em 2006 já era tudo V8, e a diferença de um pro outro já era razoável (na reta, sempre parecia que os V8 paravam a aceleração bem antes – era apenas uma sensação). Enfim, abraços e inté!

José Brabham
José Brabham
Reply to  Rodrigo
8 anos atrás

Caro Rodrigo. Reli meu post. Não ficou muito claro. Quando escrevi “distorcido e exagerado” eu me referia apenas à “perda de emoção” decorrida da mudança do som dos motores. Quanto ao cheiro da gasolina, da borracha do freio e demais sons (como do martelete pneumático) o autor do texto acertou na mosca! São sensações inesquecíveis e inebriantes para nós, fãs do esporte a motor – e que não temos idéia vendo apenas pela TV. E para fazer mais justiça ao autor do texto, uma das sensações que fazia meu coração subir para 12.ooo bpm era ouvir, ainda fora do autódromo, os F1 rasgando a Reta dos Boxes (Interlagos) ou Reta Oposta (Jacarepaguá)… era de quase fazer chorar… Eu não fui ainda às corridas depois do motor híbrido, e não sei se esta senasação ainda existe. Abraços!!

valter
valter
8 anos atrás

Parabéns. Resumiu o sentimento de vários admiradores da F1 com “motores”.

Rafael Chinini
Rafael Chinini
8 anos atrás

apesar de muito melodrama no texto, ele consegue explicar bem a emoção que é estar lá! foi oq eu senti das vezes que fui!
quando vem o primeiro carro do primeiro treino, é quase como comemorar um gol!!!
e você ouvir a reduzida, o cheiro de combustivel, óleo, sei la mais oq, vc percebe que aquilo tem vida!!

Boy George
Boy George
8 anos atrás

Curiosidade do povo: No vídeo “tem este aqui também”(https://www.youtube.com/watch?v=qvWxhhi0_yk), reparem que aos 2:50 o primeiro carro é uma Williams, que pode ser FW14 ou FW15, pintada de Ferrari!!

Rodrigo Deliberali
Rodrigo Deliberali
8 anos atrás

Fantástico texto!

Tiago
Tiago
8 anos atrás

Emocionante o texto, muito legal! Fiquei imaginando o que deveria ser o som desses carros ao vivo. Pelo jeito, não saberei…

Daniel
Daniel
8 anos atrás

Excelente texto. 2008 também foi minha primeira experiência em Interlagos. E me deu tantas estórias pra contar…
Na sexta-feira fiquei no camarote da Toyota com um amigo. Relativamente distante da pista e no início da parte de baixa, pouco antes do laranjinha, lembro de pensar que os protetores não seriam necessários afinal.
Mas no domingo a coisa foi diferente. Fiquei no meio da reta e lembro que, do meio pro final da corrida, nem os protetores ajudavam mais. É um troço inexplicável, não apenas o som, mas a vibração, a cabeça vibra inteira e você jura que nunca mais vai voltar ao normal. Não sei por que mas quando o Raikkonen passava era especialmente complicado (apesar de no sábado ter achado que os Honda de Button e Barrichello gritavam mais alto – sinal de que mais barulho não significa melhor performance).
Além de tudo, no domingo eu resolvi ir com um boné que tinha ganho no camarote da Toyota, com a assinatura dos pilotos, entre eles, claro, Timo Glock. E cismei que não ia tirar o boné ao sair do autódromo. Tive que aguentar muita cara feia.
Ainda fui a Interlagos em 2009 e 2010, mas depois desanimei. Um desânimo com a categoria de maneira geral, apesar de ainda manter o vício. Mas tenho vontade de ver corridas em pelo menos três pistas: Monza, Silverstone e Spa. E quem sabe as 500 milhas de Indianápolis.
PS: minha primeira experiência em um Autódromo foi no Estoril, na corrida de MotoGP de 2007 (vencida brilhantemente pelo Rossi com uma ultrapassagem sobre o Pedrosa na penúltima volta, se não me falha a memória). E indo pra Interlagos pela primeira vez no ano seguinte, fiquei decepcionado com uma coisa: a sensação de velocidade. Na MotoGP é muito maior. Sei que como Interlagos é muito travado os carros não atingem grandes velocidades nas retas. Além disso, a reta dos boxes é custa. Seja como for, aquela primeira sensação que tive ao ver a primeira moto rasgando a enome reta do lindíssimo Estoril, algo do tipo “esse cara só pode ter merda na cabeça”, nunca me ocorreu vendo a F1 ao vivo. Quem sabe em Monza…

Marcos Cury
Marcos Cury
8 anos atrás

Caramba Flávio. Primeiro eu pensei que você fosse apenas ler, talvez responder o e-mail cordialmente, dizer alguma coisa. Então meu ego entrou em ação, quem sabe compartilhar o link no Twitter, não custa nada.

Mas ontem quando abri seu blog cheguei a me emocionar. Quem me conhece sabe o quanto eu te admiro profissionalmente. E nós sabemos como é quando estamos começando um caminho, inseguros se realmente temos algum talento que vá além dos elogios de amigos e familiares, elogios feitos mais como uma demonstração de afeto que qualquer outra coisa.

Ler algo assim de alguém do seu peso faz crescer uma voz dentro de você que diz, “ei, talvez eu não seja ruim assim, talvez até leve jeito pra coisa”. É a motivação que eu precisava pra encarar os outros 3 anos de faculdade que eu decidi começar aos 30, após 11 de outra carreira, pra quem sabe me tornar um escriba profissional.

E queria agradecer também aos outros comentários. Afinal, que outro motivo temos pra querer compartilhar uma coisa dessas senão tentar causar nas pessoas a mesma emoção que nós sentimos, não é mesmo?

Abraço!

Daniel
Daniel
Reply to  Marcos Cury
8 anos atrás

Quem bom que apareceu por aqui, assim podemos cumprimentá-lo “pessoalmente” (ou quase isso…). Realmente você escreve muito bem, parabéns. Sei apreciar uma escrita de qualidade (esta é uma das razões pelas quais eu continuo frequentando este espaço – o texto do FG é impecável, embora ele seja um mala sem alça e sem rodinha).
Parabéns pela coragem, tanto de mudar de profissão como de nos submeter seu trabalho. Ao escrever para um público tão vasto, você enfrentará as críticas naturais de quem, no geral, não tem a mesma coragem e não tem nada de relevante a dizer. Não se deixe esmorecer. Criticar é fácil demais. Produzir algo de qualidade é bem mais difícil (ainda mais neste País, que trata tão mal sua língua-mãe).
Abraço.

Antonio
Antonio
8 anos atrás

O texto é ótimo, mas discordo da necessidade do protetor auricular.
Minha primeira vez na F1, ano 2000, levei meu protetor pois sempre houvi falar que o barulho dos F1 era ensurdecedor.
Manhã de sexta-feira, autódromo quase vazio, eu no setor G, coloquei meu protetor a espera do primeiro carro.
No terceiro que passou, as espuminhas já estavam de volta na mochila, de onde não voltaram a sair por todo o resto do final de semana.
Ainda não assisti ao vivo a “nova” F1, mas deve ser de chorar de raiva.

Beto
Beto
8 anos atrás

Muito bom o texto,sou leitor seu a vários anos, mas tu é arrogante demais alguma vezes, mas mesmo assim não te abandono .

Abraço

Turco
Turco
8 anos atrás

Estive pela última vez numa corrida de Formula 1 em 2003.
Me recusei a usar protetor.

Clayton Araujo
Clayton Araujo
8 anos atrás

Belíssimo texto. Espetacular! Enquanto lia o texto minha memória foi a 2006, onde tive o prazer de sentir a mesma sensação. Foi a única vez que pude ir ao GP em Interlagos, e dei muita sorte. Pude ver o Shummy furar seu pneu ao tocar com Fisichella, e urrar ao final com a vitória espetacular de Massa. Mas foi uma experiência quase que indescritível, para quem desde garoto com 7 ou 8 anos, asssitia as corridas aos domingos e que sonhava em ver de perto os carros da F1. De arrepiar ao ver o primeiro F1 deixar os boxes, na época, um Super Aguri com Yamamoto. Depois as BMW de Heidfeld e Kubica roncava tão alto que chega tremia as minhas entranhas, não sei se era só do barulho ou era a mistura com a emoção de está alí. Mas o ápice do barulho veio da largada onde todos os carros com o giro lá em cima partiram num barulho ensurdecedor quase que estourando meus miólos, show. Os protetores? Ah os protetores…….O protetor solar eu levei, mas…….Os auriculares eu dispensei ainda dentro de um taxi onde um vendedor berrava querendo me vender um. A resposta já veio do taxista (motorista de taxi aqui na Bahia, não sei se em todo lugar chamam assim) “Tá doido meu? Os cara vem da Bahia pra escutá zuada e voce querendo vender protetor?”……..KKKK
Um abraço a todos.

Acarloz
Acarloz
8 anos atrás

Belo texto !!

Rogerio Tranjan
Rogerio Tranjan
8 anos atrás

Muito legal o texto. Sou um privilegiado. Estive em vários momentos em Interlagos. Só não vi ouvi o berro dos 12 cilindros. Mas os V10 e V8 já eram maravilhosos. Coloca o protetor, tira o protetor, coloca o protetor, tira o protetos. Espetacular. Sensacional. No ano passado estive lá e ouvi o ruído de aspirador de pó dessas tais unidades de força.. Que bosta. Não aconselho.

Rafael Camargo
Rafael Camargo
8 anos atrás

Sensacional! Belíssimo texto. Cheguei a me emocionar ao me lembrar porque sou apaixonado por F1 até hoje. Pena que meu filho não pode viver isso ao vivo. Só no youtube. Torço para que um dia tenhamos de volta a verdadeira F1.

Gus
Gus
8 anos atrás

O rapaz é muito talentoso; excelente texto!

Teles
Teles
8 anos atrás

Muito Bom!
Abração!!

Ron
Ron
8 anos atrás

Excelente.
Parabéns ao autor e ao “mecenas” Gomes.

YEROSHA
YEROSHA
8 anos atrás

Como um simples protetor auricular revela-se um ótimo gancho para um belo texto. Parabéns.

Squa
Squa
8 anos atrás

Lendo o texto, tive a exata sensação de quando estive pela primeira vez em Interlagos, só que em 93 e no final da reta oposta, no famoso setor G. E outra diferença, os motores: V10, V12… Eu estava exatamente na curva do lago e quando os carros contornavam a curva, ficavam exatamente de costas para mim em aceleração total. Os protetores de ouvido realmente eram os itens mais importantes.

Jorge Luis
Jorge Luis
8 anos atrás

Exatamente, quando penso em f1, sempre me lembro da Williams BMW rugindo na reta, com Montoya, bons tempos aqueles dos V10, aquilo não era um carro, era uma divindade de fato.

Márcio
Márcio
8 anos atrás

Muito massa o texto, estive em Interlagos em 2002 e ver o Montoya subindo a reta com a Williams BMW rachando, tem seu valor.
PS: neste ano o ronco dos BMW era notadamente mais encorpado, estilo Voitão.