2016, DIA #8

[bannergoogle] SÃO PAULO (e fim)Rosberg em último! Habemus campeonatus!

Calma. Foi só o último dia de testes de pré-temporada, a Mercedes já fez o que tinha de fazer. Andou como nunca, testou tudo que havia para testar. E sabe exatamente do que será capaz a partir do dia 18, quando os carros voltam à pista em Melbourne.

Aos outros, caberá correr atrás. A Ferrari está se esforçando. Vettel foi o mais rápido hoje, com pneus supermacios. Nico-Nico e seu companheiro Hamilton só usaram os médios. Alguns, como Sainz Jr., Button e Haryanto, calçaram os ultramacios.

Acabou o período — curto — de preparação. Agora, o que esperar da Austrália? Vamos a algumas conclusões avulsas, sem hierarquia de importância.

– A McLaren melhorou muito em relação ao ano passado, quando passou dias tentando lugar o carro e procurando onde ficavam o câmbio e a bateria. O desempenho, porém, ficou longe de ser encantador. O time promete um novo pacote aerodinâmico, mecânico, elétrico e culinário para a corrida no Albert Park. Não será o vexame de 2015. Dá até para sonhar com um nono ou décimo lugar na abertura do campeonato. Mais que isso será lucro.

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– A Williams, ah, a Williams. Vamos fazer um carro inovador! Nunca na história desta F-1 um carro terá melhorado tanto de um ano para o outro! Chega de conversa fiada! Agora é nóis! Mas… A Williams me lembra um Corolla. Respeitável, mas sem sal. Nos últimos dois anos, a equipe deu um salto de qualidade inegável. Saiu de uma situação em que pontuar era raro, para brigar por pódios. Mas o ritmo da evolução é lento. Está tudo OK no time: pilotos, carro, motor, belezinha pura. Só que não vai ser muito mais do que foi no ano passado. Ficou em terceiro, sem incomodar o segundo e sem ser incomodada pelo quarto. Esperar mais do que isso? Não. Na real, vai incomodar menos ainda no segundo, no caso a Ferrari, e terá de se preocupar com quem vem por perto — Force India e Red Bull. Ficar no mesmo lugar em que terminou em 2015 será uma vitória. Tão sem graça quanto um Corolla.

– A Sauber vai começar um rígido programa de corte de custos antes da primeira corrida da temporada. Terminou o ano passado sem grana, começa este na mesma situação. Tudo contadinho, cada centavo. Foi a única que não andou com carro novo na primeira semana de testes. Tem de apostar numa estratégia de pontuar no começo do ano, na base da confiabilidade do equipamento, sem inventar muito. Pode conseguir, mas serão raras as presenças entre os dez primeiros depois da quarta ou quinta corrida.

– O carro da Red Bull é bom, mantendo a tradição da equipe de construir bons chassis. O motor Renault batizado de TAG Heuer será o calcanhar de Aquiles de novo. Não é potente como gostariam todos no time. Mas não vai dar vexame, exatamente. Apenas não vai brilhar. Em algumas pistas, poderá brigar com a Williams e com a Force India. Ferrari e Mercedes estão longe de sua mira. Almeja alguns pódios no ano e olhe lá.

– Olho atento na Toro Rosso. Será a melhor do terceiro escalão — o primeiro tem Mercedes e Ferrari, o segundo conta com Williams, Red Bull e Force India, e o terceiro tem o resto. E como ponteira da turma de trás, vez por outra dará uma estocada nos caras da frente. A dupla de pilotos é muito boa e o carro, honestíssimo. O motor Ferrari de segunda linha tende a ser mais eficiente que os Renault da matriz. Um sexto lugar no Mundial, com alguma folga, é a meta mínima.

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– Candidata a surpresa do ano: Force India. Foi muito constante nas duas sessões de testes, fazendo bons tempos com todos os tipos de pneus. Como a Toro Rosso, tem uma excelente dupla de pilotos, capazes de aproveitar cada chance de pontuar. E, se a turma da frente bobear, de sonhar com pódios. Sua segunda metade de temporada no ano passado foi muito boa. Terminou o campeonato em quinto. Um terceiro lugar agora é objetivo possível. Mas se fechar o ano em quarto, na frente de Red Bull ou Williams, vai se dar por muito satisfeita.

– Foram 1.294 voltas em oito dias, distância equivalente a 19 GPs. Esse é o resumo do trabalho da favoritíssima Mercedes, que percebeu logo de cara que está na frente de todos e resolveu trabalhar na resistência do equipamento e numa variação enorme de acertos e regulagens. Usou seus dois pilotos em quase todos os dias, incumbindo cada um deles de uma programa bem específico. Rosberg e Hamilton deram declarações muito otimistas. Eu diria que ficaram até impressionados com o que receberam do time. A ausência de problemas indica que os alemães estão próximos da perfeição no último ano deste pacote técnico. Vai ser muito difícil ganhar deles.

– Entusiasmo que não se viu na Ferrari. Seus pilotos optaram por um otimismo cauteloso. O carro é melhor que o do ano passado, mas talvez ainda não bom o bastante para ameaçar a Mercedes. São as palavras de Vettel. De Raikkonen, não se ouviu nada muito diferente. Talvez com menor ênfase — tanto para aquilo que viu de positivo, tanto para o que percebeu de negativo. A Ferrari vai ganhar corridas — Vettel é muito capaz disso. Kimi, em sua provável última temporada na F-1, poderia tomar um banho de motivação para animar a brincadeira. Em forma e animado, também tem condições de vencer.

– Os motores Mercedes farão bem à Manor, que deixará de ser uma equipe tão mais lenta que as demais. A tendência é abandonar os últimos dois lugares que foram cativos nas últimas temporadas. Terá companhia na rabeira — da Haas e da Sauber. Pelo que se viu nos testes, Pascal Wehrlein é infinitamente melhor que Rio Haryanto. O indonésio mostrou algum talento na GP2, mas parece assustado com a F-1. Esse pode ser um dos problemas da ex-Marussia: correr com um piloto só. Pontos não estão nos planos. Se vierem, podem ficar que vai ter bolo.

– “Isso aqui não é a Carolina do Norte”, disse Gene Haas. O dono da debutante americana está espantado com a complexidade da F-1. De tudo. Motores, sistemas eletrônicos, freios, procedimentos. “Não estamos preparados para isso.” É natural, o susto. Mas que ninguém se deixe enganar pela humildade. É claro, e isso pôde-se ver desde o primeiro dia de testes, que a Haas se preparou bem e o carro nasceu direito. Seus tempos foram mais do que aceitáveis e as quebras, quando aconteceram, não foram graves e/ou numerosas. Normal, normal e normal. Internamente, Grosjean será importante, pela experiência e capacidade. A meta mais concreta é não ficar em último no campeonato — e acho que não vai ficar. Sonho de uma noite de verão na Carolina do Norte é conseguir um pontinho. Previsão deste que vos bloga: o resultado será melhor ainda.

– Nenhum time foi mais opaco que a Renault na pré-temporada. De volta à F-1 com equipe própria, a equipe errou a mão na escolha dos pilotos. Magnussen e Palmer dificilmente ajudarão a equipe a conseguir algo sequer parecido com o que obteve no ano passado como Lotus — rolou até um pódio em Spa, e um total de 17 chegadas na zona de pontos. Os franceses vão brigar com a Toro Rosso. Mais do que isso, será uma surpresa.

E é isso por enquanto. Em instantes, volto para comentar as novidades no regulamento e para falar sobre o lindo Halo — que ganhou defensores de peso.

FRASE DO DIA
“Ainda bem que quebrei alguma coisa, porque é melhor descobrir alguma coisa agora do que lá em Melbourne.”
Hamilton, que teve um problema de câmbio no fim do treino de hoje

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Cranio
Cranio
8 anos atrás

Concordo Gomes… Só acho que a Force India anda na frente da Williams na maior parte do campeonato. Os caras evoluíram muito neste ano e vai ser difícil a Williams se manter a frente deles.

No mais, assino embaixo tudo o que tu comentaste! =)

Davi Ribeiro
Davi Ribeiro
8 anos atrás

Gostei da idéia do André.
Concordo com muito do que foi dito mas, com todo respeito que tenho a nosso ultra mega wide guru sabe tudo de F1 Flávio Gomes – isso não é uma ironia -, acho que ele vai acertar no máximo 60%. O que é muito, considerando que são várias assertivas e na fase de testes tem muitas variáveis.
Saberemos mesmo na madrugada do dia 18 a 20 de março.

Samu
Samu
8 anos atrás

Sem sal é uns carro ruinssu lada!

Glauson
Glauson
8 anos atrás

“A Williams é como o Corolla” kkkk. Perfeito seu comentário

Motos Antigas
Motos Antigas
8 anos atrás

Essa primeira foto ficou fantástica. A Fórmula 1 precisa de oxigênio.
http://125ecia.blogspot.com.br/

Garlet
Garlet
8 anos atrás

A Ferrari vai beliscar. É só o Hamilton e o Rosberg começarem atirar escova de cabelo um no outro. gritinhos, chiliques, que o Vettel vai estar ali, feito tubarão só na espreita. É, mais um ano chato. Mas teve algum que não foi? Poucos que eu me lembre.

Júlio
Júlio
8 anos atrás

A Williams é a equipe mais competente da F-1. Seu orçamento é inferior aos da Mercedes, Ferrari, McLaren, Red Bull e Renault.

alberto
alberto
Reply to  Júlio
8 anos atrás

Equipe competente é a que vence ,só derrotados pensam como você .

André
André
8 anos atrás

Guardarei esse seu texto com muito apreço, para ler novamente na última corrida do campeonato. Provavelmente, será tudo isso que vc disse mesmo. Parabéns pela análise.