NAS ASAS
SÃO PAULO (vou procurar) – A notícia é velha, mas quando se trata de literatura, nada envelhece. Só meu livro, talvez. Foi o Luis Biriba quem mandou. Em fevereiro, Gianfranco Beting lançou “Tango Bravo Alfa – Vida, paixão e morte da companhia aérea mais querida do Brasil”. É a história da Transbrasil, que começou a voar em 5 de janeiro de 1955 (meu pai nasceu em 5 de janeiro) como Sadia, e pousou definitivamente em 4 de dezembro de 2001 (minha mãe nasceu num 4 de dezembro).
Gianfranco é irmão do Mauro Beting, meu colega de Fox Sports. Trabalhou na Transbrasil de 1990 a 1997. O livro, pela descrição deste site, deve ser realmente espetacular, com registros de todas as aeronaves voadas pela companhia em sua gloriosa trajetória.
No começo dos anos 90, a Transbrasil e a VASP romperam o monopólio internacional da Varig e começaram a fazer voos internacionais. Me corrijam se estiver enganado, mas acho que a primeira chegou a voar para Amsterdã e Viena. A VASP, para Bruxelas, certeza, e Tailândia, acho.
Voei num 767-300 “extended range” (minha memória é fotográfica para certas coisas; creio que isso estava escrito na fuselagem, e de novo me corrijam se estiver errado) para Viena uma vez, talvez em 1991, para fazer uma corrida não sei onde. A passagem era mais barata e fiz uma conexão para algum canto a partir da capital austríaca. Voei com a VASP para Bruxelas, também. Mesmo caso, preços mais em conta, a agência que montava as viagens para o jornal acabou optando por abrir mão da malha mais completa da Varig.
[bannergoogle]Foram voos deliciosos, em aviões novinhos em folha, mas vazios. Eu viajava como um rei, fileira de cinco poltronas no meio só pra mim, aeromoças atenciosas, comida boa, garfos de metal e pratos de louça. Mas batendo lata daquele jeito, não tinha como dar certo. E estamos falando dos anos 90, crise desgraçada, Plano Collor em vigor, inflação dos infernos (vocês não sabem o que é crise de verdade), quem iria voar para Viena e Bruxelas?
Ninguém. E, por essas e outras, a Transbrasil dos mais lindos aviões coloridos quebrou.
Vou pedir o livro ao Mauro.
É impressionante a falta de conhecimento dos jornalistas em geral quando noticiam alguma coisa referente à aviação . A notícia refere-se ao acidente de um Boeing 777 no aeroporto de Dubai e a foto publicada é de um Airbus A-380 ….
Tá falando de mim?
Claro que não !!! a foto foi colocada no portal do IG
Eu achava fantásticos aqueles aviões – acabei de descobrir que eram os BAC One-Eleven – com pintura saia-e-blusa.
Olá Flavio. Trabalhei na VASP, na transição de estatal para empresa privada. Adquirida pela familia Canhedo. O primeiro voo regular internacional foi para ARUBA. Cuba era fretamento. Depois vieram LOS ANGELES, SEUL, BRUXELAS. ATENAS, e mais pra frente outros tantos. Os voos de longo curso eram operados pelos MD 11. Quando deu todo o problema que culminou com a insolvencia da empresa, a TAM acabou adquirindo as linhas “rentáveis” internacionais da VASP, ou seja, Bruxelas, Seul, Atenas, etc. foi tudo pro saco. Abraços.
E logo depois largou todas essas rotas, fazendo voos internacionais praticamente só de São Paulo e para meia dúzia de destinos. E hoje a TAM é chilena. Com o governo permitindo a entrada de estrangeiras e 100% de capital, ficaremos sem flag carrier.
Caras como Santos Dumont, Gago Coutinho, Comandante Rolim, etc devem estar se revirando no túmulo com o que fizeram e estão fazendo com a nossa aviação
Não tem como o milho engolir a galinha, é uma manobra fiscal essa estória da TAM, agora LATAM, ser chilena…
pois pra mim o ocaso dessas empresas todas tem origem no desmonte da Pan Air, quando o governo militar cancelou as permissões de vôo da Pan Air e repassou tudo pra Varig e Cruzeiro. Porque o grupo controlador da pan Air era ligado ao Kubitscheck.
os militares estragaram todo um processo minimamente sadio de capitalismo, e a Varig operou anos como monopolista das linhas internacionais, sem ter tido o tempo de maturação e conquista dessas linhas, coisa que a Pan Air teve.
Interessante, temos o livro da Pan Air, o da Varig e agora o da Transbrasil.
Flávio, trabalhei na Transbrasil de 91 a 94. Peguei o fim da época boa e o início da fase ruim.
Esse da foto, se não me engano é o tango alfa alfa. Ele, junto com o Alfa Charlie (TAC) estão largados com suas carcaças jogadas num canto daqui do aeroporto de Brasília.
Vc está certo, a Transbrasil tinha três 767-200. Depois que conseguiu a rota pros EUA fez um arrendamento de dois 767-300 novos, zero bala. Pra vc ter uma idéia, essas aeronaves (TAD e TAE) voaram mais de um ano quase que sem parar, exceto pra troca de óleo, freios e pneus. Nunca tinha visto isso. Pra vc ter um idéia, enquanto os 767 da empresa faziam check a a cada 06, 08 meses e ficavam parados por até 03 meses, esses novos voavam direto.
Lembro que na época teve o acidente com um avião igual, da Lauda Air ( o reverso abriu em vôo e arrancou a asa do avião) que caiu com mais de 200 pessoas.
A Boeing mandou travar o reverso de todas as aeronaves até encontrar o problema. O conjunto de freio chegava a ficar incandescente quando o avião chegava.
Mas, era a companhia mais brasileira de todas. O início do problema foi quando resolveram sair dos excelentes 727 para operar com 737. Mas, nem tudo era problema, a empresa só operava com dois modelos: 737 e 767. Muito diferente da Vasp que tinha Airbus, DC-10, Boeing.
Quantas vezes eu atendi os 767 quando o falecido Omar Fontana vinha pilotando ele mesmo. Eu trabalhava na manutenção de pista e sofri demais, infelizmente a empresa tinha muita gente arrogante e incompetente, principalmente nas chefias.
Hoje, além das carcaças dos 767 o Hangar que foi da companhia está vazio esperando por alguém que o alugue.
Triste fim.
O Gianfranco – vulgo Panda – é um cara que , ao lado do mestre Vito Cedrini , tem o maior acervo de fotos de aeronaves comerciais do país. É um dos grandes na fotografia aeronáutica brasileira. Seja pela qualidade, seja pelo acervo.
Tudo – ou quase…. – foi registrado por ele. E no facebook/instagram, ele sempre presenteia com grandes fotos dos bons tempos.
O Vito registrou um pouco de toda a aviação nos anos 60/70/80/90; O panda tem quase a aviação comercial inteira , dos 70 pra cá.
As estórias que ele contou, no seu finado – e saudoso jetsite – com o cmt Omar Fontana, são fantásticas. As fotos ilustravam tudo com absoluta sincronia. Era curioso lê-las, e ir vendo as fotos ao mesmo tempo. Impossível não imaginar um filme acontecendo.
Tudo isso com a trilha sonora dos DC-3, One-Eleven, Bandeirante, 727, 737 e 767….
A TR acabou, todo mundo sabe: um cidadão inescrupuloso, dono de um táxi-aéreo, ascendeu à condição de presidente, quando da morte do cmt Omar, e aí….
Obvio, que outros N fatores contribuiram. Mas a cereja no bolo, foi essa.
Fica só a lembrança, ainda pálida, nos dois Boeing 767 ( ou o que resta deles ) em Brasilia….
Uma pena.
Quem voava para Bangkok era a Varig, inclusive foi em um deck superior de um 747 dela que PC Farias foi repatriado depois de detido pela polícia tailandesa no Royal Mandarin.
Voei para Orlando e JFK no 767 na Transbrasil, este com escala em BSB, e estava realmente um pouco vazio, pois era 1995. Mas fui para Frankfurt e Bruxelas nos MD-11 da VASP, direto aqui de SSA – voozinho massa e estes estavam cheios, pois era 1998, o dólar estava R$1,14, e a classe-média brasileira ia febrilmente torrar seus Reais no exterior…
Não vi esse ainda, mas o Gianfranco publicou há alguns anos um livro sobre a Varig (Eterna Pioneira) que é simplesmente fantástico!
Quanto ao livro, pode ser comprado no site da Beting Books (www.betingbooks.com.br).
Voei em 1993 para Washington de Transbrasil. Tinha ido levar um filho recém-nascido que estava com uma doença rara para tratamento lá. Na volta, disposto a pagar um up-grade para ter mais conforto, a funcionária do check-in nos colocou na executiva sem custo algum, alegando que havia lugar e que estávamos com um bebê vindo do hospital. Inesquecível.
Quando do enterro do Sr Fontana um avião da companhia fez um rasante perto de um cemitério no morumbí que a princípio pensava ser um desastre de avião de tão perto que estava do solo.
Por falar em livros, como posso adquirir seu “Boto do Reno”, Flávio? Já procurei muito, mas nunca consegui comprar, nem mesmo com a editora. Mandei email para a Alesandra Alves ( [email protected]), procurei em sites e sebos, mas não tive êxito. Gosto muito de seus textos, idéias e atitudes. Parabéns.
Boa pergunta Andre, tambem estou tendo o mesmo problema e tambem nao obtive resposta no email….
Nos ajude FG !!!
escreva pra [email protected]
Fui eu que enviei.
. Viena foi somente a partir de Jan 1995…de 767-300 ER… Eu Fui no voo Inaugural
A TBA foi tambem para Amsterdan, Londres e Viena, alem de fazer NY e Londres….e foi a primeira a fazer Brasília-Washinton. Antes, em 83, acho que foi a primeira tambem a fazer Orlando…na empresa rolava um material exaltando a intenção do Omar Fontana: dar a volta no Mundo…
A Vasp fez Johannesburgo, Bangkok e Seul.. E por um ano Casablanca(eu fuii, de MD 11)
Bons tempos, mas insustentaveis, a medida que Canhedo e o genro do Omar, Celso Cipriani, ex agente do DOPS que assumiu a empresa em Fim dos anos 1990 eram dois picaretas.. Hoje, ambos estao milionarios, mas deixaram as empressas e seus funcionários no chão
Gianfranco quando publicou o livro da Varig (Estrela Pioneira, se não leu vale muito a pena) citava no prefácio que trabalhou na Transbrasil mas que não tinha como não admirar, com uma pontinha de inveja, a concorrente por tudo que ela representava. Depois vou reler o trecho e descobrir como comprar este novo.
Tango Bravo Alfa… TBA no alfabeto fonético internacional. Deve ser o prefixo da primeira aeronave. Tentei ver na foto, mas não consegui.
Eu curtia a Transbrasil. Fiz várias viagens com essa companhia e eram tempos legais da aviação. Tudo era feito com mais paixão, responsabilidade…
Esses aviões de hoje, com joystick e telas de computador me assustam bastante.
TBA era o código da Transbrasil na ICAO (Na IATA era TR).
O primeiro avião da empresa foi um DC-3 (PP-ASJ), mas, sim, existiu um PT-TBA, o primeiro Embraer Bandeirante da história e que fazia voos no sul do país. Acabou sofrendo um acidente voando pela Nordeste no aeroporto de Petrolina.
Este ainda não li, mas ganhei do Gianfranco o “Varig Eterna Pioneira”, saborosíssimo do começo ao fim.
Interessados nestas e noutras obras, além de posteres – Gianfranco é um excelente fotógrafo – é só fazer o pedido no site: http://www.betingbooks.com.br/
Bom dia Flavio,
a TR foi onde tive meu primeiro emprego na aviacao, la se vao 31 anos.
Alem de tudo que voce escreveu, havia uma coisa sensacional, o dono da companhia PILOTAVA os avioes de vez em quando, principalmente na rota GRU/BSB/GRU…algumas vezes, na recepcao do voo em GRU, saia o Omar Fontana da cabine e nos cumprimentava, com aquela mao que parecia uma frigideira das grandes.
Infelizmente, virou historia…
Quero muito comprar este livro mas nao o encontrei em nenhuma loja online, nem em sebo…como voce tem contato com o autor, sera que nao poderia nos ajudar nesta empreitada ???
grato,
Fernando
Fiz parte da “Família Transbrasil” de 1991 à 1997 (dos 14 aos 20 anos, entrei como office boy) e meu pai já tinha trabalhado antes na empresa. Foi um dos melhores lugares em que eu trabalhei e realmente nos sentiamos como uma família. À despeito de todos os problemas internos e externos, talvez este tenha sido um dos motivos do ocaso da empresa. Ela era muito amadora e não soube se adaptar à desregulamentação do mercado e à perda dos incentivos governamentais. A TR fazia todo o transporte dos Correios com exclusividade nos trechos onde operava, como “compensação” pelas vantagens que a Varig tinha (rotas internacionais e preferência em espaço nos aeroportos brasileiros). Muitas vezes os vôos iam “batendo lata” mas os porões estavam entupidos de cargas dos Correios (os de Manaus principalmente e posteriormente os dos EUA), então valia a pena voar ao invés de acomodar os poucos passageiros em outras cias aéreas, como seria comum nestes casos.
Além de Amsterdam e Viena, a TR também voou para Miami/Orlando e Nova Iorque/Washington, além de Lisboa e Buenos Aires. Também chegou a voar para China (em vôos fretados via Amsterdam).
A VASP pelo que eu me lembre voou para Seul também (acho que de MD-11, via Los Angeles, onde fazia stopover).
Bom dia, Flávio.
Tenho procurado nos sites das grandes livrarias e não encontro esta grande obra a venda. Caso conheça, por favor forneça-nos uma alternativa de compra deste livro.
Muito obrigado.
Entre no site betingbooks
Sim muito bem lembrado, a Transbrasil e suas cores.Formidável.
A Transbrasil acabou por que após a morte do Omar Fontana, foi saqueada pelo genro do falecido.
Texto perfeito !!!
Texto perfeito!
O primeiro vôo internacional da Vasp: Cuba com A300!
Eu fui a Cuba com este avião ( 1989 ) com escala em Curaçao.