Foto do Dalton Yamashita: o dia em que corri com o Karmann-Ghia do Mauro Kern e fiquei sem freio…
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FOTO DO DIA
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NOSSOS BLOGUEIROS
SÃO PAULO (vale cada letra) – Por que mantenho este blog no ar há 11 anos se as mídias mudaram, a audiência caiu, as redes sociais tomaram conta de tudo?
Por e-mails como esse aqui, que recebi no meio da semana:
Olá Flavio,
É com grande felicidade que lhe escrevo, pois finalmente realizei meu sonho de correr em Interlagos. E devo dizer que você foi, de certa forma, parte importante nesta conquista, logo mais explico. Neste momento vamos direto ao que interessa: tive o prazer de ser um dos 44 pilotos da Classic (Turismo N) neste sábado, mais precisamente o Gol #84 que largou exatamente à sua frente.
Antes de mais nada, peço desculpas por não ter te procurado antes da corrida; confesso que preferi manter o foco total e absoluto na prova, pois tinha uma grande preocupação em, como estreante, não atrapalhar a corrida de ninguém. Procurei você depois da prova, mas não o encontrei. Quem sabe numa próxima, se houver.
Vou tentar tornar a longa história curta.
Como você já sabe eu sou um apaixonado por automobilismo. As primeiras lembranças que tenho são de assistir na TV às corridas do Piquet com a Brabham azul e branca. A primeira vez que estive em uma corrida foi no GP Brasil de F-1 em 1990; e de lá pra cá já vi pessoalmente Stock, NASCAR, e o Paulista de Automobilismo, em especial a Classic Cup — certamente você se lembra da sua foto com o Bon Voyage na pesagem. É por isso que comecei escrevendo que você é parte importante nesta conquista, porque você foi a fonte de inspiração e de informação para esta empreitada. Nem lembro quando foi que comecei a me informar pelo Grande Prêmio, acompanhar o seu blog, e mais recentemente a contribuir com o blog; o que faço com o maior prazer, é a minha ínfima contribuição para os amantes do esporte. Fato é que foi assim, com os seus posts que eu fui conhecendo melhor a categoria e pouco a pouco “juntando as pontas”: dá pra correr sim!
Comecei então a jornada. Já corro de kart amador, o que é bem bacana, mas para acelerar em Interlagos, e digo acelerar com responsabilidade, seria preciso mais. Foram horas e horas assistindo aos diversos vídeos da cetegoria no YouTube, várias sessões de simulador e coach, finalizando com o curso de pilotagem em Interlagos e a carteirinha de piloto. Outra parte da história foi encontrar um carro, este alugado, mas vou pular esta parte.
E eu tentando ser breve, mas sem muito sucesso…
Bom, chegou o grande dia. Tudo pronto, vamos para a pista: treino. Minha maior preocupação, como disse anteriormente, era, na condição de estreante, não atrapalhar a corrida de ninguém. Queria andar, aprender, sentir, me adaptar. Como calouro meus tempos foram dignos de uma Manor com pneu furado… 2min21s na melhor passagem. Mas numa coisa eu mandei bem: tem que ver eu abrindo passagem para os carros mais rápidos no miolo!
Já na corrida, para atender a minha prioridade — aprender e não atrapalhar –, meu plano era largar em último, o que não seria difícil com os meus tempos. E para minha surpresa o que foi que aconteceu? Justamente você, o grande Flavio Gomes, bem atrás de mim! (PQP) E agora, o que faço? Juro que tentei abrir passagem desde o início: grudei o máximo que pude no canto direito da pista e fiquei aliviado quando vi o Bon Voyage rasgando pela minha esquerda. Creio que ainda vi você passando por cima da grama acho que ali no Sol e na minha frente na reta oposta. Mas não demorou muito e você sumiu. Ainda bem! Fiquei um tempo solitário na pista até que o pelotão me alcançou, fui dando passagem e eis que então veio o safety-car. Eu era o quinto da fila, seria um sufoco para mim na relargada. Não tive dúvidas, cruzei a reta por dentro dos boxes e assim todo o pelotão passou por mim. Depois da relargada, consegui por algum tempo acompanhar um fusca e recebi a quadriculada junto com o vencedor na geral, o Puma #2 que estava me dando mais uma volta. Quando cheguei nos boxes, mesmo tendo feito uma corrida pra lá de conservadora, pra não dizer outra coisa, minha emoção era simplesmente indescritível, não tenho habilidade para descrever em palavras. Ouso dizer que foi experiência mais marcante dos meus 42 anos até hoje.
Agora vou pensar o que fazer em 2017, não sei ao certo se continuo ou não. Talvez experimente a Clássicos de Competição, que me parece mais adequada para quem está começando, se gostar então quem sabe no futuro talvez comprar um carro… Como disse, vou pensar.
Bom, já escrevi mais do que devia. Foi um enorme prazer correr, e também estar na pista com você, a quem admiro por todo o seu trabalho no mundo do automobilismo.
Feliz Natal, e um 2017 em alta velocidade!
Forte Abraço,
Alexandre NevesVocês não têm ideia da felicidade que eu sinto ao ler essas coisas, ao saber que este blog, por vias tortas ou retas, mudou a vida de algumas pessoas. E sei que mudou. Tanta gente que se conheceu nestas páginas eletrônicas, na área de comentários, e se reencontrou, e se animou, e sentiu saudades, e voltou ao autódromo… E voltando ao autódromo, gente que pensou em fazer alguma coisa, que outro pensava também, e um negócio nasceu aqui, outro ali, um carro acolá, um campeonato, uma categoria…
Às vezes olho para algumas coisas naqueles boxes e penso, de uma forma um tanto pretensiosa, admito, que várias pessoas estão ali por causa disso aqui. Que se não fosse o blog, talvez elas não se encontrassem, não conhecessem as corridas de carros clássicos, as equipes, os preparadores, talvez as amizades que nasceram nunca tivessem nascido.
Na verdade, menos pelo blog, mais por causa do #96. O carrinho foi um catalisador, o motivo que faltava para essa pequena confraria sair da toca e viver a vida.
Coisas como esse texto escrito pelo Alexandre Neves me fazem ter certeza de que no fim das contas, tudo vale a pena.
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P22, E TEM NOVO CONCURSO
SÃO PAULO (valeu muito a pena) – Bem, macacada, ontem corremos pela última vez no ano, a primeira em Interlagos com a nova estrutura de boxes e paddock. Estava todo mundo na seca para correr. Os grids foram enormes na Old Stock, na F-Vee, na F-1.600, na Clássicos de Competição, na Sprint, na Força Livre, no Marcas e na Classic Cup — o maior de todos, com 46 inscritos. Teve também a estreia da F-Inter, um esforço danado do Marcos Galassi e sua turma. Os carros andaram bem, são bonitos, vai dar certo.
Falemos da nossa prova. Fui treinar na sexta de manhã e, depois de poucas voltas, bum! Fumaceira jamais vista quando passei de terceira para quarta no Mergulho. Achei que estava pegando fogo no carro. Imediatamente joguei para a grama para não lavar a pista de óleo e quando chegamos ao box #20 rebocados, a constatação já esperada: meu motor foi para o saco. Abriu um rombo no bloco.
Foi a primeira quebra de motor do Bon Voyage. Estive perto de não correr, mas o colega Marcelo Fortes, que disputa o campeonato com um Passat, tinha um MD 1.6 com mini-progressivo, meio caretinha, até, que servia. O pessoal da LF ficou até tarde trocando o motor e lá fomos nós para a corrida.
Sábado de manhã, sol e calor, saio para a classificação sem saber o que esperar. Motor diferente, quase sem treinar, cheio de carro na pista, quando abri minha primeira volta, fumaça de novo. Foi no fim da Reta Oposta. Joguei na área de escape e parei. Achei que tinha ido outro motor. Fiquei o treino todo ali e quando me rebocaram de volta, o alívio. Tinha quebrado a tampinha do corta-fogo que fica sobre o cabeçote. Voou óleo, mas não afetou nada no motor. Era só trocar a pequena peça.
Assim foi feito e, sem tempo de classificação, acabei com a gloriosa 42ª posição no grid. Isso mesmo que vocês estão lendo: P42, sem tempo. Penúltima fila de um grid maravilhoso que no fim das contas teve 44 carros — incluindo quem largou dos boxes. Se estivesse com meu motorzinho de sempre, que virava 2min10s em Interlagos, daria para largar em 28º, no máximo. Na minha categoria, Turismo N, um mar de carros: nada menos do que 15 dos participantes. Sensacional. Rafael Gimenez, com 2min076s944, voou na sua volta às pistas com o Gol #013 e foi o pole da N — 17º na geral. Ele ganhou, na nossa divisão.Fui para a corrida sem muitas esperanças, mas com a certeza de que iria me divertir muito, fosse qual fosse o rendimento do carro com o motor emprestado. Afinal, sempre tem um pessoal que anda no mesmo ritmo, lá atrás. E tinha um monte de gente estreando na Turismo N — que, inclusive, ia fazer hoje uma corrida à parte (resolvi não participar porque com esse motor não iria muito longe, e queria devolvê-lo inteiro ao Marcelo).
E foi exatamente assim. Diversão do começo ao fim, brigando com o Puma #538 do Marcelo Chamma, o Voyage #707 do Beto Grandis, o Gol #95 do Renato Resende, o Escort #172 do Henry Shimura, o Fusca #9 do Wagner Wilke, o Gol #59 do Marcelo Caslini e mais um Passat branco que não lembro o número. Pena que o ritmo do Bon Voyage era muito fraco, com a melhor volta em 2min18s784. Não tinha a menor condição de lutar por muita coisa, mas no final fiquei em 22º na classificação geral, o que está até bom para quem largou 20 posições atrás. E fui muito bem numa relargada depois do safety-car, que me jogou um pouquinho mais na frente.
Me diverti, e isso que importa. Agora vou ter de arrumar uns cobres para fazer um novo motor, pagar umas dívidas e tentar continuar no ano que vem. Independentemente de qualquer outra coisa, vou trocar a pintura do Bon Voyage. Meus amigos escrotinhos que correm conosco ficam chamando do carro de “Voyage da PM”, o que tem me irritado bastante.Concurso novo na área, pois. Mandem sugestões de pinturas para flaviogomes@warmup.com.br. Os três mais legais vão para votação popular aqui no blog. Exigências: nenhuma em especial, apenas o número #69.
Mas tenho uma ideia de mudar radicalmente as coisas. Pensem em pinturas que deixem esse carro com cara de mau, coisas mais clássicas, sem muito rococó. Nada de muitas cores. Alguma coisa marcante, que neguinho olha de longe e já identifica. Pensei até em raspar a pintura (como se fosse um DeLorean envelhecido) e tacar uma faixa vermelha de ponta a ponta por cima do capô e da capota. Sei lá, coisas assim. Desenvolvam o tema. Vale qualquer cor, óbvio. Não precisa ter as rodas brancas (fica a dica).
O prêmio para os três finalistas? Exemplares do anuário AutoMotor Esporte e mais algumas coisinhas de que podemos dispor. Tem até um tênis com a grife Corvette para o grande vencedor. Custa caro, esse negócio.
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LITTLE LONDON (2)
SÃO PAULO (acelerando sempre, kamarada) – Semana retrasada, sexta-feira, peguei um avião para Londrina. Era nosso décimo GP do Café, jamais poderia faltar — apesar da falta de grana, da temporada errática do Bon Voyage, das dificuldades todas. É preciso agradecer de público o Nenê Finotti, seu pai Luiz, o Marcônio e nossa equipe toda. A LF faz de tudo para que eu corra, mesmo sabendo que não está fácil.
Mas fui, fomos, treinei, melhorei bastante meus tempos em relação às primeiras voltas, e as duas corridas, no sábado, eram promissoras.
Eu ia escrever sobre elas na segunda-feira seguinte, porque domingo teve decisão da F-1, foi uma correria danada, aí gravamos o “Nitro”, ficou tarde, eu estava cansado, e veio a terça-feira e aconteceu tudo aquilo.
Bem, fica apenas o registro, então, porque não tem muito clima para comemorar nada — por um bom tempo será assim. Ganhei as duas provas na minha categoria, a Turismo N, muito em função da quebra do Fernando Kfouri, que era o favoritaço com seu Uno. De qualquer forma, foi legal. Vencer sempre é gostoso. Fiquei em sexto na geral na primeira prova (vencida pelo quase imbatível Antonio Chambel e seu Passat Monster) e em sétimo na segunda (Caio Lacerda, também de Passar, ganhou). Usei as sapatilhas e a camiseta de Nomex que o Tony Kanaan me deu de presente. Deram sorte.Eu tinha outra meta particular, que era chegar à frente da caixa de fósforos do Marcelo Giordano nas duas, o que acabou acontecendo. Ele vai alegar que na primeira o carro ficou desalinhado e na segunda furou um pneu, e por isso em ambas ganhei a posição dele na última volta, mas isso é coisa de quem quer estragar o negócio dos outros.
Se perdesse, eu ia abandonar a carreira. Mas acabou sendo tranquilo. Tanto que minha “quote” no release oficial da LF foi a mesma para as duas baterias: “Deixei ele passar no começo, fiquei cozinhando a corrida inteira e na última volta ganhei”.
Foi isso. Ah, e não posso deixar de registrar aqui a vitória dos irmãos Mauro Kern e Paulo Sousa nas 500 Milhas de Londrina, a prova principal do fim de semana. Ambos são companheiros de primeira hora na LF, mas hoje estão voando em outras glebas. Com brilho e dedicação.
Enfim, foi muito legal em Londrina. É muito bom ir para lá todos os anos. O povo do norte do Paraná é de uma camaradagem inigualável.
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LITTLE LONDON (1)
LONDRINA (será cedo…) – Já estamos no décimo GP do Café. Que coisa. Começamos com essa história de correr fora de São Paulo em 2007, e desde então todos os anos viemos para Londrina. Quanta coisa aconteceu na vida de cada um de nós nesse tempo… Não é demais? Já vim de DKW, o inesquecível #96, de Lada, o intrépido Meianov, e no ano passado o Bon Voyage #69 estreou aqui — com vitória, diga-se. E corri duas vezes com o Corcel Pac-Man do Nenê. Grandes e inesquecíveis aventuras.
Fiz dois treinos hoje, num calor danado. No livre, na hora do almoço, sol e 33 graus na cachola, virei na casa de 1min39s4. Pior que em 2016. Mas, de tarde, na classificação, o bichinho fez uma volta em 1min37s4, meu melhor tempo na pista paranaense. A cronometragem oficial, no entanto, marcou 1min38s020. Tudo bem. Fiquei atrás do Uno do Kfouri, na nossa categoria, e à frente do Gol do Caslini, que está estreando o carro. Acho que farei boa corridas amanhã, e serão duas: a primeira começa às 8h30; a segunda, às 13h10. O Chambel larga na pole da primeira, virou na casa de 1min28s. O resultado dessa prova formará o grid da segunda bateria.A comemorar, a volta do Fiat 147 do Marcelo Giordano, que andava longe das pistas. Apostei que se terminar atrás dele amanhã, jogo meu capacete barranco abaixo e abandono a carreira. Só para vocês não se animarem muito, largo na frente. Virei 0s2 mais rápido que sua caixa de fósforos ridícula. E para me passar, precisa ser muito macho. A lamentar, a quebra do Passat do Rogério Tranjan, conhecido como “cupim-de-aço”. Arrebentou o comando. Nunca vi isso. No fim, teremos provavelmente 14 carros nas duas baterias. Não é muito, já viemos com mais, mas as coisas andam esquisitas no país e no automobilismo. Só de darmos sequência ás tradições do GP do Café já é uma vitória.
Não chegaram fotos do treino ainda, mas o Rodrigo Ruiz deve publicar daqui a pouco. Por enquanto, fiquem com essa dos nossos boxes. Estamos debaixo de uma tenda, porque tem 500 Km de Londrina amanhã e os boxes estão cheios. Como sempre, estamos nos divertindo pacas. É isso que importa.
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VOYAGE X GOL
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FOTO DO DIA
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NÃO VEIO TEMPO…
SÃO PAULO (blergh) – P4 na categoria, P13 na geral entre 20 carros, depois de largar em P18. Longe, bem longe de impressionar. Fui bem na classificação, mas os carros da Turismo N ainda são mais de 2s mais rápidos, e assim não tem disputa. O pessoal de trás também está 2 ou 3s mais lento do que o Bon Voyage, e assim corri sozinho, sem tentar nada de especial porque não havia muita motivação para tal.
Não foi uma boa prova, ontem, em resumo. Fica apenas o registro. O resultado está aqui. O #122 foi desclassificado.
Mas, por conta do tempo na classificação, deu para animar um pouquinho. Virei 2min10s182, melhor que ontem, o que chegou até a me surpreender. E, na última volta, estava 0s5 mais rápido até o último trecho, mas cometi um pequeno erro na Junção e acabei não melhorando.
Na próxima vamos trocar os pneus. Estou usando uns muito duros, Cinturato P4. Vou usar o tal Spider Formula 175/70/R13, mais macio. É uma linha de baixo custo fabricada pela Pirelli — segundo consta, capaz de virar 1s mais rápido, pelo menos, que os pneus que estou usando. Vende em supermercado.
Se alguém tiver loja de pneus e quiser me patrocinar com três jogos, estou aceitando. Faço uma temporada toda com eles. Se não tiver ninguém, vou comprar, mesmo, em dez vezes no cartão.
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E VEIO TEMPO…
SÃO PAULO (enfim) – É preciso treinar. Tudo que aconteceu de ruim com o Bon Voyage neste ano, exceção feita à vitória em Curitiba, foi culpa minha. Não fui treinar nunca, por um motivo ou outro, chegava a poucos minutos da classificação — teve um dia que nem classificação fiz, porque perdi a hora miseravelmente –, queria que tudo desse certo na corrida.
Claro que não é assim que a banda toca.
Hoje fui treinar cedo. Não estava escalado para nenhum programa na TV pela manhã, dormi cedo ontem, levei o moleque na escola de pijama (é muito legal sair de carro de pijama), passei no apartamento que está reformando, peguei as coisas de corrida dentro do DKW, que está lá, vesti as roupas de baixo, aquelas antichama, anti-chama, antixxama, an-tichama, aquelas que não pegam fogo, enfim, coloquei macacão e sapatilhas e toquei para Interlagos.
No caminho, um café e um croissant, porque sou fino. Cheguei na hora, com folga, fiz a inscrição, conversei com a equipe — Nenê, Marcônio, Pascoal e Toninho –, me explicaram o que foi feito no carro desde a última prova, recomendaram que desse umas duas voltas só para aquecer a bagaça porque estava muito frio, 12 graus, e fui para a pista.
E quando um carro está bom, a gente sente de cara. Os tempos começaram a baixar naturalmente, passei a levar mais a sério o cronômetro com parciais, e acabou vindo uma volta em 2min10s638. Se eu tivesse encaixado os três melhores trechos, que foram feitos em voltas distintas, meu tempo seria de 2min08s831. Assim, essa é a meta, o número mágico. O carro vira isso. Basta acertar uma volta perfeita — para meus padrões, claro.
Foi o melhor tempo do Bon Voyage até hoje em Interlagos, este digníssimo 2min10s638. Em dezembro, virei 2min12s587 (se fizesse as três melhores parciais daquele dia, chegaria a 2min11s139). Em janeiro, 2min12s097 (2min10s344 com os três melhores setores). A velocidade máxima registrada hoje foi de 173,34 km/h. Em dezembro, 178,13 km/h. Pode ser que tenhamos perdido um pouquinho de reta. Tem a ver com o câmbio, bem diferente daquele que usávamos no fim do ano passado. Mas, no miolo, o carro melhorou um monte.Por estar animado com o resultado, escrevi tanto — o que não fazia sobre a Classic havia algum tempo. Confesso que nos últimos meses minhas corridas vinham trazendo mais aborrecimentos que alegrias. Pode ser que o jogo vire.
Amanhã classificamos às 8h35. A largada será às 11h30. Torçam.
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FOTO DO DIA
Assim acabou minha prova da Classic Cup sábado, depois de uma batalha bem divertida contra um Karmann-Ghia, um Fusca e outro Voyage. No fim, fiquei em quarto na minha categoria. Estou guiando muito mal, não sei bem o que está acontecendo. Mas não tive culpa nesse para-choque quebrado… O KG quis arrancá-lo! Coisa de corrida, culpa nenhuma dele, apenas um toque de leve.
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QUEBROU…
SÃO PAULO (quase lá) – Demorou um pouco, mas aí está o vídeo da terceira etapa do Paulista, no começo do mês. A corrida foi divertida por algumas voltas, fiz várias cagadas, o motor acabou quebrando. Na verdade, quebrou o filtro de óleo, comecei a sentir cheiro de queimado, saiu fumaça, parei.
Vejam em HD e com legendas!
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FOTO DO DIA
Assim terminou minha corrida hoje em Interlagos. Sem uma roda. Larguei em último porque na classificação estourou o burrinho de freio e não consegui dar nenhuma volta cronometrada. Na corrida, na terceira volta comecei a sentir uma vibração estranha na roda dianteira esquerda e na volta seguinte, quando já tinha decidido recolher aos boxes, ela caiu. Dois prisioneiros quebrados. Não sabemos ainda o que aconteceu.
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EXPLICANDO
SÃO PAULO (mais uns dias) – Há quem esteja estranhando o período meio errático deste blog nos últimos dois ou três meses. Menos posts, menos textos, menos fotos, menos análises, menos tudo.
Não se preocupem. Não estou abandonando este espaço. É algo absolutamente circunstancial. Ainda acho que um blog é uma ferramenta excepcional de comunicação. Meu jornalzinho diário, para falar de tudo.
Ocorre que os dias têm apenas 24 horas. De fevereiro para cá, além de todo o trabalho envolvendo o “Fox Nitro”, nosso novo programa de automobilismo na TV, posso elencar algumas outras coisas que andaram me tomando muito tempo e embaralhando minha rotina: começa na rádio, sai da rádio, lança o GRANDE PREMIUM, apresenta o “Paddock GP”, grava programa piloto, faz reunião, orçamento de reforma aqui, de mezanino ali, degustação do rango para os convidados, escolhe o lugar, a decoração, os convites, corre em Curitiba, corre em Interlagos, cuida do carro novo, edita vídeo, publica vídeo…
A coisa anda tão zoada que tem corrida sábado em Interlagos e nem avisei ninguém. E a filmagem da última etapa, que foi legal até eu quebrar, nem consegui postar (pelo menos está mais ou menos editada). Aliás, nem escrevi sobre a corrida, e nem vou ter tempo de escrever direito.
OK, resumindo: larguei em 12º na geral, tive uma boa briga com um Gol, um Fusca e um Uno, e estourou meu filtro de óleo a quatro voltas do final. Até transmiti ao vivo pelo Facebook, vocês viram? Vou tentar fazer algo parecido de novo.
Mas, sobretudo, o que arrebenta qualquer um é mudança. O que aparece de pepino para descascar é uma grandeza. Mas aparecem coisas legais, também, como reencontrar a Mayra, sobrinha do nosso querido Veloz-HP, que levou algumas coisinhas para a nova sede. Coisinhas do Veloz. Ainda quero abrir as caixas com cuidado. São três. E ainda rever a querida Eli que, do nada, me liga e ordena: “Vem aqui em casa pegar dois pneus de Fórmula 1!”. Fomos, estão lindos, serão mesas.
Enfim, assim que as coisas estiverem resolvidas, voltamos ao ritmo normal. Não briguem comigo.
Enquanto isso, leiam e comentem:
- Alonsito diz que prestígio vale mais que títulos e vitórias. Que muitas vezes, na F-1, o sujeito dá azar de estar na hora errada, no lugar errado — como agora, na McLaren. Que não dá para ganhar sempre. Que ser respeitado pelos pares já está bom demais.
E não é que concordo com ele?
- Monisha Kaltenborn, chefe da Sauber, já admite que uma venda para a Alfa Romeo pode ser a solução. Que a marca é importante, tem tradição, é capaz de salvar o time suíço da falência e ainda lhe emprestar uma grife importante.
E não é que concordo com ela?
- Button sugere que alguém “de fora”, como Ross Brawn, assuma o comando da F-1 para escrever suas regras. Porque ninguém entende de nada, só fazem bobagens e alguém como seu ex-chefe tem conhecimento técnico para evitar que cagadas sejam levadas adiante.
E não é que concordo com ele?
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CURITIBA, DIA #2 (E FINAL)
SÃO PAULO (valeu muito, no fim das contas) – Quando uma corrida é decidida praticamente na última volta, em geral a tristeza de quem perde é maior que a alegria de quem ganha. Bom, ao menos é o que penso sempre que vejo alguma coisa assim acontecer. De primeira, sem puxar muito pela memória, lembro de umas 500 Milhas recentes em que o moleque, JR Hildebrand, “rookie”, viu a glória escapar por seus dedos na última curva de Indianápolis. Dan Wheldon herdou a vitória.
Bem, fui o Dan Wheldon de domingo em Curitiba, com todo respeito à memória do piloto inglês — que viria a morrer naquele ano mesmo, numa tragédia em Las Vegas. Ganhei graças à quebra de Rafael Gimenez, que estourou o motor no fim e deu adeus a uma vitória certa na nossa categoria. Outros também quebraram, ao longo da prova. Em certo momento, me senti como Olivier Panis em Mônaco, 1996. Todo mundo foi ficando pelo meio do caminho, o francês ganhou com a Ligier.
É o que fica para a história, enfim. Na minha medíocre história de piloto amador de carros velhos, uma vitória, afinal. Deve haver algum mérito em se manter na pista, fugir de eventuais confusões — houve pouquíssimas, na corrida –, cuidar do carro para não quebrar nada. Mas, na prática, caiu no colo, mesmo.
Larguei em 12º num grid de 28 carros, graças à posição final na corrida de sábado. Que foi boa, afinal larguei em 23º depois de fazer apenas um treino, o de classificação — não cheguei a tempo de fazer nenhum treino livre nem na sexta, nem no sábado. Na minha categoria, a Turismo N, terminei a prova em segundo, e essa era minha posição no nosso grid particular, que tinha seis carros. Fisicamente, estava alinhado atrás do vencedor da primeira prova, o Voyage #53 de Milton Vieira, que é do pedaço.Larguei muito mal, cauteloso demais, sem atacar ninguém e sem me defender de um monte de carros que estavam atrás no grid por circunstâncias, apenas — eram de outras categorias, mais velozes, que tiveram problemas na primeira corrida e só por isso largaram atrás. Mas tudo bem. Num estilo declaradamente de “corrida de resultados”, estava preocupado apenas com meus colegas de Turismo N, para tentar terminar no pódio de novo.
Tais pretensões acabaram já na primeira volta, porque fui ultrapassado pelo Uno da dupla Nodari/Pacheco antes mesmo do “S” no fim da reta dos boxes, e pelo Rafinha, que largara em último, no cotovelo que acho que se chama Pinheirinho — não sei direito os nomes das curvas de Curitiba. Como não conseguia alcançar o Voyage #53, me vi em quarto lugar sem muitas chances de chegar num piloto bem acostumado com a pista e que provavelmente guia bem melhor do que eu.
Assim, fiquei quietinho no meu canto sabendo que os outros dois da categoria estavam bem para trás — um deles o valente Escort de Luc Monteiro, colega jornalista de Cascavel que conheci quando ele tinha 15 anos, hoje consagrado locutor de corridas de várias categorias pelo Basil. Fui tocando o barco e ganhei uma posição de brinde com a quebra do Uno, logo no começo. OK, um podiozinho razoavelmente garantido, se não fizesse nenhuma cagada — e não estava disposto a virar herói, sequer fui buscar o melhor tempo do fim de semana, estava mais concentrado em ficar na pista torcendo para não se repetirem os probleminhas da prova de sábado, quando algumas marchas teimavam em não entrar e, no fim, me custaram a vitória.
A cinco voltas do final, quem ficou foi o Milton do Voyage da casa, depois soube que quebrou a bomba de álcool. Um segundo lugar no bolso, estava bom demais, bem melhor que a encomenda. Fui levando, procurando não atrapalhar os líderes que já me encontravam como retardatário (foram seis), até a penúltima volta, quando saí do tal Pinheirinho e vi o Rafinha encostado na grama.Fiquei muito chateado por ele, um parceiro de primeira hora nas nossas corridinhas, cara dedicado, que trabalha no carro como poucos, e guia como ninguém. Claro que meu altruísmo durou apenas o tempo suficiente para me dar conta de que estava em primeiro e que, como diria Téo José, não perderia mais — faltava uma volta, precisa ser muito burro para deixar escapar uma chance assim. Tirei o pé, fiz a última volta como uma tiazinha indo à feira de Aero Willys, liguei a ventoinha mais uma vez para baixar a temperatura de tudo, passei a trocar as marchas a menos de 6 mil rpm, tratei de receber a quadriculada sem maiores sustos.
Ganhar deixa a gente feliz, e fiquei feliz — em tempo, fui 13° na classificação geral, em prova vencida de novo pelo já imbatível Caio Lacerda, com um Passat que melhora a cada corrida. Afinal, foi um fim de semana esquisito, sem treinar, pouco tempo de pista, mal vendo o pessoal por conta das madrugadas de F-1, alguma solidão, sono interrompido, diferente das corridas fora de São Paulo que costumamos fazer e que são festivas e divertidas.
Voltei para casa com dois troféus, e foi a segunda vitória do Bon Voyage — a outra foi na estreia em Londrina, no fim do ano passado. É um carrinho simpático, me entendi com ele desde o dia em que o vi na oficina da LF, minha incrível equipe, e mais ainda depois que sentei nele pela primeira vez. Estamos longe de formar uma dupla espetaculosa, mas nos viramos dentro de nossas possibilidades. Com um time tão forte e azeitado por trás — Nenê, Finottão, Marcônio, Léo e Cláudio, nesta corrida –, as coisas fluem e acabamos conseguindo um ou outro bom resultado, apostando na fórmula “cuidar do carro + não fazer bobagens”. É algo que venho aprendendo com o tempo, depois de bater cabeça de DKW e de Lada, sempre tentando fazer mais do que eu e os carros éramos capazes de realizar.
E assim me despedi do autódromo de Curitiba, onde tinha estado apenas uma vez, em 2002, para comentar corrida de Fórmula Renault ao lado do querido Luciano do Valle. Soube hoje que a venda do terreno foi finalmente formalizada e homologada pela Justiça de São Paulo — não me perguntem por quê não foi a do Paraná a cuidar disso. Vai virar condomínio, ou centro empresarial, ou cemitério, ou terminal ferroviário de carga, ou usina de asfalto, sei lá. De certa forma, o pequeno Voyage #69 rabiscou algumas linhas na história do circuito, ainda que não tenham sido memoráveis. Mas deixou sua marquinha, o que já é alguma coisa.
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ONE COMMENT
Aparentemente, ganhei.
(Amanhã falamos sobre a corrida, postamos fotos, editamos vídeo. Agora preciso descansar. Foi um fim de semana estranho.)
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DAQUI A POUCO TEM
O leitor Allan Cunha Luz mandou a foto tirada agora pela manhã em Curitiba. Daqui a pouco, 13h, tem a segunda corrida do fim de semana. Vamos ver o que dá.
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“FG, TEM VÍDEO?”
Tem, sim. Nas configurações do vídeo, assistam em HD. Fica bem legal.
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CURITIBA, DIA #1
CURITIBA (e já vamos dormir) – Foi legal, a primeira corrida da Classic hoje em Curitiba. Cheguei meio em cima, já para a classificação, sem fazer nenhum treino. Não é recomendável, mas foi o que deu pra fazer — cheguei ontem à noite, depois dos dois treinos da sexta, virei a madrugada com a F-1, perdi o treino livre da manhã e só consegui chegar ao autódromo depois das 11h.
Sem treinar é meio complicado, mas no excuses. Problema meu. Virei 1min52s144 na minha melhor volta, foram apenas oito, me atrapalhando um bocado com a pista desconhecida. A última vez que estive no circuito curitibano foi em 2002, como comentarista da Fórmula Renault pela TV Bandeirantes, em dupla com Luciano do Valle. Nunca dirigi nele.
É um traçado de alta velocidade, com um delicioso “S” no fim da reta dos boxes, um cotovelo tinhoso e uma sequência de duas curvas rápidas para fechar a volta. Muito legal. Fiquei em 23º no grid, que tinha 28 carros — alguns, do Sul, com pneus slick e asas. A corrida é amistosa e foram convidados. Dos seis da minha categoria, a Turismo N, fiquei em quinto.
Na corrida as coisas foram melhores. Larguei sem grandes problemas e consegui acompanhar meu adversário direto, o Voyage #53 de Milton Vieira. Luc Monteiro, que estaria na minha frente no grid, quebrou e não largou — uma pena, porque seria uma disputa divertida.
Passei o Milton, que é daqui, na quarta volta. Mas comecei a ter um problema irritante no câmbio. A quarta marcha não entrava na saída da Curva da Vitória. Só lá. Perdi 4s numa volta com isso. E mais 4s em outra. O Milton, claro, me passou. Ainda perdi a posição para o lindo Bianco laranja #68 de Fernando Brock, mas esse deu para buscar de volta.
No fim, com a quebra do Uno #49 e a desclassificação do Rafinha do Gol #13 — alegada queima de largada –, ganhou o Voyage #53, com o Bon Voyage #69 em segundo. Na geral, a vitória foi de Caio Lacerda, com Passat.
Um bom começo, com a melhor volta registrada em 1min50s028 e a 12ª posição na geral. É onde largarei amanhã. O Nenê Finotti andou com meu carro na sexta e virou 1min49s777. Meu computador de bordo, na verdade um aplicativo de celular que funciona também como cronômetro, me informou que 1min48s456 seria minha volta ideal, juntando as três melhores parciais. Vamos ver o que podemos fazer. Warm up às 11h. Corrida logo depois do almoço.
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P2, E MERECIDO
SÃO PAULO (vem mais) – Depois coloco os vídeos, que esse troço dá trabalho para editar. Odeio vídeos por causa da edição. Não existe nada mais chato. Mas isso não importa. Importa o segundo lugar que o Bon Voyage conseguiu sábado na Turismo N entre os dez carros da categoria — incluindo a turma de motores a ar, igualmente 1.6.
E foi segundo-segundo, mesmo, passando na pista os que estavam na minha frente depois de uma classificação muito ruim — sétimo na categoria, 21º na geral. Não pudemos treinar na sexta por causa da chuva e fomos para o treino que definia o grid com um carburador novo ainda não testado.
Putz. Saí do box e o diabo do carrinho não chegava a 5 mil giros. Parei imediatamente e os mágicos da LF — Nenê, Toninho, Léo e Marcônio — trocaram o carburador em minutos, e deu tempo de fazer uma voltinha ridícula em 2min15s417 para pelo menos não largar em último. As perspectivas eram tenebrosas.Mas aí o Nenê, meu chefe de equipe e guru, resolveu ver o que o carro tinha de errado e inscrevemos o #69 na Força Livre. Ele foi para a classificação e fez uma volta em 2min13s353. O cara pilota de verdade, não é como eu. Mas sacou que faltava velocidade de reta, nossa quinta marcha era inútil e tínhamos problemas crônicos de freio — por isso seguro muito o carro no câmbio, mas como não tinha referência nenhuma de outro freio, achei que era assim mesmo.
Não era. Espetamos pastilhas novas, mais macias, e fui para a corrida. Na volta de instalação e na de apresentação, queimei freio do jeito que dava. Pastilha nova é foda.
Largamos bem, quatro posições ganhas, e todas da turma da minha categoria. Aí, na terceira volta, entrou o safety-car — batida do Doktor Arnaldo Faerman. Foi quando começaram minhas agruras. Tinha um Gol branco na minha frente, #333, o mesmo que me passou sob bandeira vermelha na prova de abertura, em janeiro. Mas era outro piloto — o carro foi alugado.
Eu estava em terceiro na nossa categoria. À frente do Gol, o Voyage vermelho do Silvio Bellucci liderando. Mas o cara do Gol não encostava no pelotão. Andava devagar, eu fazendo sinal para ele avançar e grudar nos demais, e nada. Foram três voltas assim, e finalmente, na abertura da terceira — a última com o safety-car à frente –, chegamos no pelotão e fizemos a volta toda em fila indiana. Não entendi a lerdeza do Gol, mas tudo bem. Como acabamos encostando nos caras da frente, teria a chance de, na relargada, tentar algo.
Só que quando apontamos na Junção, na subida para o Café, prontos para a relargada, o cara tirou o pé de novo. O pelotão começou a desgarrar, e eu não podia passar sob bandeira amarela. O cara do Gol dividiu o grid em dois: do líder até o Voyage do Bellucci, um buraco de uns dez carros, e ele à frente do segundo pelotão, lerdo, incompreensível, estragando a corrida de todo mundo atrás dele.
Relargamos e o sujeito imediatamente entrou nos boxes. Acabou minha prova. O Voyage vermelho já tinha quase uma reta de vantagem. Ele me tirou a chance de, pelo menos, brigar pela vitória. No vídeo dá para ver direitinho. Fiquei muito puto.
Daí até o fim corri sozinho. Quando terminou a prova, fui até os boxes do rapaz para saber por que ele tinha feito aquilo. Irônico, disse que estava quebrado. Perguntei, então, por que não tinha parado antes, em vez de levar o carro até a relargada e parar na minha frente sabendo que eu não podia passar sob regime de safety-car. Ele fez uma gracinha qualquer e perguntei se ele era bobo, ou namorado do cara do Voyage.
Seguiu-se um bate-boca ríspido. Mandei o cara tomar no cu e ele me chamou de “piloto de fim de semana” (todos somos, a não ser que tenha corrida de terça ou quarta-feira) e “comunistinha de merda”. Aí saquei que o boçal, por alguma razão, não gosta de mim — deve ler o blog, me segue nessas merdas de redes sociais — e fez de propósito. Xinguei-o mais algumas vezes, usando repertório vasto, virei as costas e fui ao pódio receber meu troféu.
Essas coisas enchem bem o saco. Aparecem uns anexos nessas corridas que a gente não sabe de onde vêm, nem para onde vão. Por mim, que vão para a puta que pariu. Mas que não venham estragar a corrida de ninguém. Uma coisa é cometer um erro e bater. Acontece. Já aconteceu comigo, como vítima e culpado. São mais de 13 anos na Classic e nunca — nunca mesmo — tive qualquer desentendimento com outro piloto na pista. A única treta em que me envolvi foi num briefing, com um tonto que desrespeitou nosso diretor de prova, o Ernesto Costa e Silva.
Enfim, já foi. Fechei a corrida a 10s do Bellucci, que provavelmente venceria mesmo se o goiaba do Gol não tivesse feito a babaquice que fez. Na geral, 12º — um bom resultado. Minha melhor volta foi registrada em 2min14s055, longe dos 2min12s2 que esse carro já virou. Mais tarde, o Nenê correu com ele na Força Livre e fez sua melhor volta em 2min13s716, 0s339 mais rápido que eu. Portanto, meu desempenho esteve longe de ser um desastre, ao contrário.
A vitória na geral ficou com o imbatível Puma do Denísio Casarini, da GTS. Fábio Coelho ganhou na TS de Passat (final emocionante, 0s120 à frente do Antonio Chambel), Erick Grosso levou na TL com Fiat 147 e o Bellucci faturou na Turismo N. Saí feliz com o segundo lugar, mas meio contrariado com o bate-boca. Não gosto dessas coisas. Mas, também, não se deve ficar quieto quando alguém te sacaneia na pista. Para quem corre, não existe nada mais abominável do que uma sacanagem deliberada. A gente percebe. Não tem bobo nesse negócio.
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AMANHÃ TEM
Nem deu tempo de avisar direito, mas tem Classic Cup em Interlagos amanhã, classificação às 8h, corrida às 13h. Apareçam! A meta do Bon Voyage neste fim de semana, com algumas mudanças que fizemos, é virar 2min10s.
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FOI BOM, VOYAGE!
SÃO PAULO (mas vai melhorar) – Sumi no fim de semana. Porque era fim de semana de corrida, de passeio de Vespa, de feriado em São Paulo na segunda. Às vezes a gente precisa esquecer o computador pra viver um pouco a vida de verdade. Façam isso.Abrimos a temporada paulista de 2016 no sábado. E antes de falar qualquer coisa da corrida, a terceira da vida do Bon Voyage #69, é preciso fazer alguns elogios.
Tudo funcionou perfeitamente na prova, organizada pelo Automóvel Clube da Lapa. Tinha bandeirinha em todos os postos. Tinha carro de resgate em quantidade suficiente. Ninguém ficou horas esperando para ser guinchado de volta aos boxes. Tinha comida e tinha até lojinha. Comprei um macacão novo, que foi do Patrick Dempsey. Coisa fina, um Sparco Superleggera que o cara usou no Tudor IMSA em 2014 e — chorem, meninas — ele tem o meu tamanho.
O Magrão, diretor de prova, fez um briefing claro e bastante completo. As demandas que os pilotos fizeram depois da tragédia da última etapa de 2015 foram atendidas. O valor da inscrição foi reduzido e tivemos treino na sexta e uma sessão extra no sábado. Nada a reclamar da estrutura, exceto do autódromo — a SPTuris, que administra o equipamento, deveria ter vergonha de entregá-lo nesse estado lamentável, sem luz, papel higiênico e água nos banheiros, tudo detonado e aguardando pela próxima reforma.
Correu tudo bem, inclusive no grave acidente do fim da corrida, em que o Chambel foi tocado no S do Senna pelo Carloni e seu Passat capotou. Resgate rápido e eficiente e prova encerrada com safety-car (com luzes no teto, como deve ser) liderando o pelotão nas últimas três voltas. Ah, é ruim acabar com safety-car? É. Mas quando precisa, e foi o caso, nada a reclamar.
Nosso bravo filhote de São Bernardo do Campo começou bem o dia, fazendo 2min12s207 no treino da manhã. Na véspera, o Nenê Finotti, chefe de equipe e piloto espetacular, virou 2min11s777 com ele. Fiquei apenas 0s430 atrás, o que para mim já teria valido o fim de semana. O Nenê é, em geral, de um a três segundos mais rápido que quase todo mundo com o mesmo carro. No teste que fez, detectou algumas deficiências que teremos de corrigir: uma quinta marcha longa demais e o escapamento que deverá ser trocado. Mais para a frente vamos soltar a traseira para o bichinho dar umas escorregadas. Por enquanto, para o piloto não fazer cagada, o mais prudente é deixá-la meio amarrada, mesmo.O tempo me deu o décimo lugar na geral, resultado com o qual, definitivamente, não estou habituado. Mas, na classificação (vídeo acima), já com muito calor e o carrinho falhando em alta, consegui apenas o 17° tempo, 2min13s857 (mas larguei em 16º por conta de uma punição de um Passat que estava lá na frente). Na Turismo N, minha nova categoria, fiquei em quarto de oito inscritos. José Santiago, o pole da nossa divisão, virou 2min09s405 com um Gol. Tenho muito para remar, ainda.
A corrida aconteceu por volta das 13h, com temperatura ainda mais alta. Essas coisas afetam carburação, ainda mais quando se usa um mini-progressivo esgoelado como pede nosso regulamento. A largada desta vez aconteceu com procedimento adequado do safety-car, semáforo funcionando e nenhum problema. Fiz uma prova bem OK. Logo na largada o Voyage do Dú Lauand, com quem esperava brigar, me passou e abriu meia reta. Nunca consegui chegar. Em compensação, corri o tempo todo com o Gol do Cássio de Almeida embutido, e consegui segurar a onda.
Isso até o acidente do Chambel. Quando passei pelo S do Senna e vi o carro capotado, me deu um gelo e me desconcentrei. O safety-car só seria acionado na volta seguinte, e antes disso escapei miseravelmente no Laranjinha, perdendo uns 15s em relação às minhas voltas anteriores. Claro que fui ultrapassado pelo Cássio. Consegui encostar esperando uma relargada — provavelmente ganharia a posição, pois meu carro era mais rápido –, mas ela acabou não acontecendo.
Houve três desclassificações e fechei a corrida em 11º na geral entre 23 carros que largaram. Na Turismo N, fiquei em quinto. Um pódio era possível, se não fosse o passeio pela grama e se tivesse tido uma atitude um pouco mais agressiva na largada, evitando que o Dú Lauand escapasse como escapou. Minha melhor volta não foi grande coisa, 2min13s712, e terminei em quinto na categoria — troféu ficou para a próxima, portanto.
A corrida foi vencida, na geral, pelo Denísio Casarini com seu Puma espetacular, que virou 1min57s461 no treino da manhã — todo mundo piorou um pouco à tarde. Alguns pilotos merecem aplausos pelo que fizeram no sábado. Sebastião Gulla, que teve seu Puma praticamente destruído no acidente de dezembro, recebeu um carro inteiramente refeito pela nossa equipe, a LF Competições, e terminou em segundo. Meu brother Rogério Tranjan se achou com o Trovão Azul II e foi o quarto colocado, vencendo na divisão TS — virou 2min03s778 na classificação, um temporal que lhe deu o quarto lugar no grid, uma façanha. O mesmo pode-se dizer do Marcelo Caslini, que na etapa anterior se envolveu no acidente com o Gulla, teve a capota de seu Passat arrancada, fez um novo e largou em quinto, mesma posição final. Esses caras tinham tudo para andar mal depois da pancada de dezembro. Mostraram que o acidente não os afetou e tiveram desempenho de gente grande.
No fim das contas, foi um bom fim de semana para o Voyaginho. Temos coisinhas para certar, mas elas virão com o tempo. Fiquei muito satisfeito de fechar uma volta na casa de 2min12s, e minha meta para este ano é entrar nos 2min10s para poder brigar um pouco mais na frente na categoria. Acho que conseguiremos.
Quanto ao resto, espero que o bom exemplo do clube que organizou esta etapa seja seguido pelos demais. Segurança é prioridade sempre, e não faz sentido economizar na estrutura que tem de ser colocada à disposição de todas as categorias. Dia 21 de fevereiro voltamos a Interlagos. Vamos ver como será.
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FOTO DO DIA
Do Rodrigo Ruiz, nosso lambe-lambe predileto. Sábado tem corrida. Desmembraram os treinos. Reduziram o valor da inscrição. Agora só falta colocar bandeirinhas e carros de resgate. Se não tiver isso, paro o campeonato.
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AGRURAS DE UM PILOTO EM SP
SÃO PAULO (só piora) – Fiquei quase o ano todo sem correr, em 2015. O Meianov se aposentou, estava sem grana para fazer outro carro, Interlagos ficaria em obras, nem boxes poderíamos usar, resolvi tirar uma temporada “sabática”. Nem sabia se ia voltar, apesar da paixão e do prazer que tenho quando estou num carro de corrida.
Já contei aqui. O Nenê Finotti, meu chefe de equipe, me convenceu a fazer um Voyaginho, ele estreou em novembro em Londrina, ganhei uma corrida na minha categoria, me empolguei de novo.
Interlagos, 19 de dezembro de 2015. Sábado. Última etapa do Campeonato Paulista de Velocidade no Asfalto. Não sei quantas foram, não acompanhei. Porque lá no começo de 2015, a FASP (Federação de Automobilismo de São Paulo) e os clubes nos informaram que como os boxes não poderiam ser usados por causa das obras de expansão do paddock, seria feita uma estrutura provisória, com tendas, possivelmente do lado de fora da Curva do Sol.
Aí veio a primeira etapa sob as reformas e a estrutura oferecida foi… nenhuma. Há uma laje no miolo das antigas curvas do Sol, Sargento e Laranja, erguida há anos para que nos eventos mais importantes lá sejam montados HCs, camarotes, lojas e exposições. Quando não tem nada disso, a área sob a laje vira estacionamento.Pois ela se transformou em box. Juro que não sei como meus amigos se acomodaram. O grid, pelo que entendi, era montado na área de escape do Laranjinha que foi adaptada como “saída de box” — os carros “acessavam” a pista por ali, no meio do Laranjinha. Desculpem as aspas. Serão necessárias muitas vezes. A “entrada de box” ficava no mesmo lugar, só que na contramão, delimitada por cones. Hum… Que solução engenhosa.
Não tinha tomada, ar comprimido, luz, água, nada. Cada equipe que se virasse. Mas as inscrições continuavam sendo cobradas integralmente: no caso da Classic Cup, 850 reais por etapa, incluindo dois treinos de cerca de meia hora na sexta, classificação e corrida no sábado, também com cerca de meia hora cada.
Nessas condições julguei ser mais sensato não correr. Mas quando os boxes foram liberados para a F-1, voltamos a eles para a última etapa do campeonato. Eu de carro novo, cheio de amor pra dar.
A FASP E SEUS CLUBES INCRÍVEIS
Vou contar para vocês como funciona o automobilismo em São Paulo. Os campeonatos são montados e chancelados pela FASP — para carros, ralis, terra, kart, tudo que tem quatro rodas. Ela solicita à SPTuris — empresa de capital misto controlada pela Prefeitura que administra vários equipamentos, entre eles o autódromo — as datas que precisa para fazer seus campeonatos.
Isso feito, cada data é alocada para um clube.
O que é um clube?
Nada, a rigor. Uma salinha (daqui a pouco falo delas) onde trabalham poucas pessoas que a cada evento se deslocam para o autódromo, no caso de Interlagos, para cobrar as inscrições, distribuir lugares nos boxes, cuidar do abastecimento, providenciar equipes de sinalização, resgate e médica, essas coisas.
São Paulo, a cidade, tem 11 clubes. Se vocês tiverem curiosidade, eles estão listados aqui, na página oficial da FASP. São os que me interessam, por ora. Três deles — Automóvel Clube do Estado de São Paulo, Piratininga Esporte Motor Clube e Interlagos Motor Clube — ficam no mesmo endereço: Av. Jangadeiro, 693, em Interlagos, apropriadamente perto do circuito. Um quarto, o Paulistano Motor Clube, tem sede na mesma avenida, mas no número 691. O que me leva a acreditar que faz parte da, digamos, mesma “holding” de clubes.
Muito bem. Para entrar em contato com os três primeiros, deve-se ligar para (11) 5666-3361. Se preferir um e-mail, escreva para imc@interlagosmotorclube.com.br. Mas se quiser escrever para o Paulistano Motor Clube, o do número 691, pode usar o mesmo e-mail que chega. Um quinto clube, o glorioso Clube Motor Race, que de acordo com a página da FASP é presidido pela “Srª Vera Lúcia de Castro Vidal”, tem endereço registrado na Lapa mas, curiosamente, seus prefixos telefônicos (5667) são de Interlagos e o e-mail é o infalível imc@interlagosmotorclube.com.br.
Temos aí cinco clubes muito, digamos, parecidos. Afinal, atendem no mesmo endereço, no mesmo telefone, no mesmo e-mail. Mas não é só com essa “holding” esportiva que tal curiosidade ocorre. Ela se repete com a dupla Automóvel Clube da Lapa e Rallye Motor Clube, ambos sediados na rua Guaricanga, 426, na deliciosa Lapa, e ambos atendem no (11) 3831-6462 e no e-mail autclubelapa@gmail.com. Foi nesse endereço, mas não vou saber em qual clube, que tirei minha carteirinha de piloto no ano passado. Paguei 1,1 mil reais. Parte desse dinheiro, não sei quanto, vai para a FASP, ou a CBA.
Os clubes que não pertencem a estas duas “holdings” são o Clube de Pilotagem Automobilística, de Roberto Manzini, que dá cursos de pilotagem, o tradicional Automóvel Clube Paulista, que fica na Av. Brasil com a Nove de Julho (e hoje organiza os 500 Km de São Paulo), o São Paulo Motor Clube, em Interlagos, presidido pela “Srª Suzana”, segundo a FASP, e o Bandeirantes Motor Sport Club, que fica… na Lapa, claro!
Lapa e Interlagos. O coração do automobilismo paulista. Com um pezinho na Rua Luis Góes, na Vila Mariana, onde fica a sede da FASP.
A DOIDA TABELA DE ALUGUEL DE INTERLAGOS
Está cansativo? Paciência. É preciso explicar tudo direitinho. Porque isso aqui não é uma denúncia — poupem seus advogados, não estou acusando ninguém e vou apenas relatar fatos que um bom promotor poderia interpretar como tal, mas juro que não tenho essa intenção.
Interlagos, 19 de dezembro de 2015. Sábado. Não estou com nosso “schedule”, mas acho que a classificação era às 8h30 e a largada, às 13h. Se não foi isso, foi perto. Atrasou tudo, porém. Acontece.
Quando a FASP solicita e consegue as datas para suas corridas, e depois aloca cada uma para um clube “diferente” — as aspas se justificam porque, como vimos acima, na maior parte do tempo estamos falando dos mesmos organizadores, “donos” de clubes muito parecidos –, é preciso consultar a tabela de aluguel do autódromo, que pode ser facilmente encontrada aqui, no site oficial do equipamento administrado pela SPTuris.
Vejam que interessante. Se eu quiser alugar Interlagos por uma semana para fazer um evento, um encontro de blogueiros, por exemplo, terei de pagar 336 mil reais. Por um mês, 1,13 milhão — é justo.
Se eu quiser fazer um Track Day, das 8h às 18h, são 28,5 mil — 2.850 reais por hora. Mas se meu Track Day tiver uma hora de almoço, portanto das 7h às 12h e das 13h às 18h, terei de pagar 27,7 mil. Nesse caso, com as mesmas dez horas de pista, cada hora vai custar… 2.770 reais! Uau! Que tabela inteligente! Amigo, se for fazer um Track Day, vá na segunda opção. E almoce, inclusive.
(O parágrafo acima foi editado, eu tinha considerado o valor de meio período como de período integral. De qualquer forma, com almoço é mais barato.)
São 54 modalidades possíveis de aluguel — eventos, apresentações artísticas, filmagens, quadras, escola de pilotagem, curso de direção defensiva, um monte. E sete delas contemplam… “campeonatos”.
Ah, o esporte. O esporte é tão generoso que, quando é preciso alugar o autódromo para uma competição estadual, de carros ou motos, Interlagos custa 10,7 mil por dois dias. Mas se você enfiar junto do campeonato um Track Day, um Time Attack ou um Test Drive, o valor cai para… 5 mil reais por dia! Oba!
Não faz nenhum sentido, claro. A tabela é tão doida que quando o campeonato é nacional, tem de pagar 50 mil pelos dois dias se a intenção for fazer apenas corridas de uma única categoria — Porsche, por exemplo. Mas se enfiar um Track Day no meio, a fatura cai para 20 mil por dois dias. Pessoal da Porsche, atenção: o negócio é levar meia-dúzia de carros de rua e inventar um Track Day. O preço cai para menos da metade!
Quem foi o gênio que elaborou isso?
Não importa. Fiquemos com o que nos interessa, o segundo item da vasta tabela: “Estadual com Track Day/Time Attack/Test Drive Carros ou Motos (adicional)”. Cinco mil reais por dia.
AH, OS DELICIOSOS TRACK DAYS…
Até o ano passado, não podia enfiar Track Day com campeonato no mesmo dia. Isso porque o valor camarada era válido apenas para competições. Vou repetir, em maiúsculas: COMPETIÇÕES. Porque elas geram empregos, movimentam muita gente, é um esporte. Em maiúsculas: UM ESPORTE.Track Day não é competição e não gera emprego algum. Mas em alguma negociação com a SPTuris para compor a tabela de 2016, alguém contrabandeou essa atividade para a faixa de preços mais baixa. Basta fazer seu Track Day num dia de campeonato, que você fica lindo na fita.
E é o que nossos adorados clubes estão fazendo, claro. Já no ano passado, não sei se de forma irregular ou não, Track Days foram enfiados goela abaixo de quem estava disputando campeonatos. Podia? Não sei. Mas aconteceu.
Agora pode. E o que você, Flavio Gomes, tem contra os Track Days?
ELES NOS APERTAM E SÃO UNS SEM-NOÇÃO!
Mas não é só isso, nos apertam. Primeiro, creio que a SPTuris se equivoca barbaramente ao colocá-los na mesma categoria dos campeonatos no que diz respeito à faixa de preço. Porque Track Day não é competição. Track Day é abrir um autódromo para qualquer um que tenha CNH sair andando. Tem de tudo. Fusca velho e Radical capaz de virar 1min39s em Interlagos. Milionários com seus cafonérrimos Camaros e Mustangs, Subarus, Nissans, Audis, tudo tunado e preparado, dividindo freada com Puma de rua, Variant, Fiat 500, tudo que se puder imaginar.
Não é preciso dizer que essas pessoas não têm a menor noção do que é guiar numa pista. Não usam macacão, luva, balaclava, sapatilhas. Seus carros não têm santantônio. É uma aberração. Mas OK. É algo que existe, quem quiser que faça. Só que…Só que no domingo, 20 de dezembro de 2015, foram reservadas para o Track Day quatro horas de pista. Quatro horas. Resultado? A programação de todas as outras categorias de competição foi espremida para o sábado. E eram oito: F-1600, F-Vee, Classic Cup, Clássicos de Competição, Força Livre, Marcas, Sprint Race e Old Stock. No total, 185 carros de corrida. Contra 66 do Track Day, totalizando 251 automóveis no autódromo.
Cada categoria tem um valor diferente de inscrição. A F-1600, por exemplo, custava 1.550 reais e tem quatro baterias. A gente pagava 850 na Classic. Marcas custava 1.350. Os caras do Track Days pagavam 800 reais. Por quatro horas. QUATRO.
ENTÃO, ENTRA MUITA GRANA, NÃO?
Sim, claro. O Dú Cardim fez a conta. Incluindo a turma da Arrancada, que não atrapalha porque fica na antiga reta, foram 471 carros que acorreram a Interlagos no fim de semana antes do Natal de 2015, com uma arrecadação bruta de 285 mil reais. Só o Track Day rendeu 52,8 mil. É um puta negócio. Também quero.
O aluguel por três dias (treinamos na sexta) custou ao clube, que não sei qual foi, 15 mil reais. As outras despesas, creio que não chegaram a 50 mil — se chegaram, ou passaram disso, favor apresentar a descrição de todos os gastos, que agradecemos.
Mas por conta das quatro horas do Track Day, como eu dizia, ficamos espremidos no sábado. A ponto de no briefing, antes da largada, a direção de prova pedir que alinhássemos no… box! Montar um grid de 40 carros no pit-lane! Para sair e já largar e não perder tempo. Porque, afinal, tinha de fazer tudo para que pudesse haver tempo suficiente para o… Track Day, claro.
Não aceitamos. Na negociação, ficamos sem tempo de boxes abertos, normalmente 15 minutos antes da largada, para verificar se tudo está OK no carro. Saímos, alinhamos, largamos. Nosso ritual — todo piloto tem um — de sair, dar uma volta, passar nos boxes, fazer algum ajuste nos 15 minutos antes da largada, isso nos tiraram. E a largada aconteceu atrás de um safety-car sem identificação e luzes de sinalização adequadas, num flagrante desrespeito ao regulamento geral de corridas da CBA, que EXIGE que o carro tenha luzes giratórias no teto, siga um procedimento padrão etc. e tal. O resultado foi a maior panca da história da nossa categoria.
FALTOU GENTE, GUINCHO, TUDO
Posso ter contado errado, mas vi bandeirinhas em apenas seis postos de sinalização. Repito: posso estar errado. Mas não havia — e nisso não estou errado — nos 22 postos de Interlagos. E é obrigado. É OBRIGATÓRIA a presença de bandeirinhas em TODOS os postos de sinalização. Não havia. Para seu conhecimento: um bandeirinha custa 90 reais por dia.
Havia dois carros de resgate, guinchos que recolhem quem quebrou. Teve gente que esperou UMA HORA para que seu carro fosse levado de volta aos boxes. Cada guincho custa 250 reais por dia. Em Interlagos, me contou um ex-diretor de prova, pelo menos cinco carros de resgate, mais medical-car, mais carros de intervenção rápida, mais bombeiros, mais 60 comissários, mais fiscais de box são necessários. Um contingente de 110 pessoas. No sábado da nossa corrida, não tinha mais de 30 cuidando da gente.Organizar corridas, ainda mais com Track Day pendurado no ombro, é um excelente negócio. Num fim de semana, o clube X arrecadou pelo menos 285 mil reais e não gastou 50. Que sejam 200 mil reais de lucro — é mais. Em dez etapas no ano, mais de 2 milhões. Gosto da ideia. Fiquei com vontade de fundar um clube. Até porque cada vez que faço uma inscrição, não ganho um recibinho ou uma notinha fiscal sequer para declarar no Imposto de Renda.
APONTANDO O DEDO SEM MEDO
Mas não vou montar clube algum. O que vou fazer é, agora sim, apontar o dedo para os dirigentes do automobilismo local — leia-se FASP –, os donos de clubes — as “holdings” –, a patética administração do autódromo — está um lixo, sem luz, água, tudo quebrado, uma merda –, a SPTuris — genial idealizadora da tabela de preços mais ridícula de todos os tempos –, e a CBA. Porque essa entidade, que se desloca até Salvador para inaugurar uma pista de terra de menos de 2 km, não tem uma única alma disposta a ir a Interlagos para ver o que a turma anda fazendo por aqui. Como pode?
FASP, clubes, amiguinhos… Não queremos luxo. Queremos bandeirinhas. Não queremos Outback para almoçar. Queremos tempo para treinar e correr. Não queremos escritórios climatizados. Queremos safety-car de verdade. Não queremos banheiros de mármore. Queremos bombeiros nos boxes. Comissários que quando o diretor manda colocar a bandeira vermelha, não fique agitando a amarela junto como se a prova tivesse acabado. Queremos que na próxima largada da F-1600 não tenha nenhum fiscal na pista pulando o muro para não ser atropelado. Queremos que o semáforo funcione. Queremos gente capacitada para cuidar da nossa segurança num esporte de risco.
Vai morrer alguém, claro. Se não nas nossas categorias, que correm quase no escuro sem sinalização e coordenação de direção de prova, certamente nos Track Days, infestados de beócios que deveriam passar pelo teste do bafômetro antes de entrar em seus carros para acelerar feito retardados — sim, muitos bebem, e seria ótimo se a PM fizesse um comando na saída de box.
Eu não quero morrer e pretendo continuar correndo. Esperava que na próxima etapa não tivéssemos vergonha daquilo que nos oferecessem. Esperava alguma vergonha na cara de quem comanda o automobilismo de São Paulo. Mas…
MAS FALTA VERGONHA
Em vão. Saiu o “adendo” da próxima etapa, dia 23. “Adendo” é a programação de horários, com a ficha técnica da prova. Vejam que gracinha. Espremeram tudo no sábado e no domingo, embora segunda-feira seja feriado. Por quê? Porque segunda tem um lindo Track Day só para carros japoneses! U-hu! Está aqui. Das 8h às 19h! U-hu!
Dia 25 de janeiro é data reservada na cidade de São Paulo para as Mil Milhas Brasileiras. Como não tem faz tempo, quem chegou levou. E quem chegou? Bom, o contato para participar é thiago@interlagosmotorclube.com.br. Uau! O Interlagos Motor Clube de novo! Uia! Onipresente! Dono do autódromo!
Com essa patifaria dos dirigentes de São Paulo, programaram três sessões de treinos para oito categorias. Na nossa, das 9h às 10h, vamos andar junto com a molecadinha do… Marcas! Serão uns 80 carros na pista! Dá para acreditar? Aí inventaram nossa classificação das 12h às 12h25. E a largada, às 15h55. Tudo no sábado. Um dia. Eram dois. E aumentaram a inscrição. De 850 para 950 reais.
E no domingo, já que empilharam tudo, adivinhem o que vai ter? Track Day das 11h às 19h! U-hu!
Em dois dias, 8h45min dedicadas a TODAS as categorias do Campeonato Paulista. Em dois dias, 19 horas dedicadas a Track Days.
Olha, com todo respeito, vocês que me leem e fazem parte deste circo, vão todos tomar no cu.
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O ÚLTIMO, JURO!
SÃO PAULO (é que ficou legal, sabe…) – Bom, este é o último vídeo da corrida de estreia do Bon Voyage em Interlagos. São as duas largadas de dentro do carro. No primeiro que publiquei, a câmera era a da capota.
Divirtam-se!
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DE CARONA NO BON VOYAGE
SÃO PAULO (até de tarde) – Óbvio que fiz alguma bobagem na hora de editar o vídeo, e a qualidade das imagens da GoPro, gravadas em HD super ultra plus dos infernos, foram para o saco. A versão final ficou meia boca, mas dá para ver. Acho que melhora se clicar naquele ícone de configurações para colocar em 480p, fica um pouquinho mais nítido. O original tem mais definição, se tiver tempo faço tudo de novo.
Mentira, não vou editar outra vez, dá muito trabalho. Mesmo assim, elogiem!
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BON VOYAGE EM INTERLAGOS
SÃO PAULO (acabou?) – Demorou, mas editei as imagens da primeira corrida do Bon Voyage em Interlagos — a estreia aconteceu em Londrina com vitória, mas eu estava sem câmera pra filmar…
Já falei da prova, dos problemas de organização, da penúria de Interlagos, mas o que importa agora é curtir o carrinho. Se der tempo, ainda hoje coloco uma volta da câmera dentro do carro, com imagens bem legais.
A briga bacana dessa etapa, que encerrou o campeonato de 2015, foi com o Gol branco e verde. Interessante, porque é carro da minha categoria nova, a Turismo N, e ainda preciso pegar a mão. Andar junto com alguém que já faz parte dela foi ótimo para pegar referências, conhecer os adversários e essas coisas todas.
Já tô louco pra correr em 2016. Só não sei quando será.
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CURVELO VEM AÍ…
…e pelo jeito vamos pra lá também no ano que vem. Negociações com a Classic Cup abertas. Não vejo a hora!
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SOBREVIVEMOS
JOÃO PESSOA (morarei aqui) – Estou de férias, e não vou me alongar muito. A prova da Classic Cup no sábado foi deprimente. O vídeo abaixo mostra o acidente mais impressionante de nossa categoria desde sua criação, em 2003 — houve outro no início do ano com um Karmann-Ghia capotado, o Trovão Azul dando perda total e dois Fuscas, idem. Mas igual a este, nunca vimos.
Aliás, o vídeo lá embaixo foi gravado de dentro do Trovão 2, do Rogério Tranjan, que só não contribuiu para agravar ainda mais a situação porque, civilizado que é, fez uma coisa que muitos pilotos da Classic não sabem o que é: frear. Aqui o mesmo acidente pode ser visto de outro ângulo.
O que aconteceu?Aconteceu que as pessoas que controlam o automobilismo paulista são abaixo da crítica — federação, a FASP, e clubes. A estrutura que eles colocam à disposição dos pilotos é uma piada. Dois carros de resgate, 200 categorias, treinos e corridas. Teve piloto que ficou mais de uma hora com carro quebrado na pista à espera de resgate. Horários apertados. Tudo espremido para dar tempo de fazer o… track day.
Ah, os track days… Quanta grana entra, que delícia! De inscrição e carteirinha, claro, porque agora precisa. Foram 64 carros inscritos neste fim de semana. Teve imbecil virando 1min39s. E gente virando 2min27s na mesma pista. Sem equipamentos de segurança, macacão, santantônio, nada. Apenas um bando de retardados tirando racha na pista e enchendo o rabo de clubes e federação de dinheiro. Vocês têm ideia de quanto é 1min39s em Interlagos? Pesquisem no Google: “Pole Stock Car 2015″. Vejam aí embaixo o que estou dizendo.
Uma hora morre alguém. Claro. E espero que, quando isso acontecer, os donos do cirquinho sejam responsabilizados por essa insanidade descontrolada.
Agora, à nossa corrida. No briefing, nos informam que o semáforo não é lá muito confiável. Como assim? Acender e apagar um farol é tão complicado? Bem, complicado não é, mas não é confiável. Então vamos na bandeira. Aceitamos. Mas devo dizer: sem compreender direito como seria aquilo. Largar lançado com bandeira no posto de controle da reta dos boxes num grid de 40 carros com neguinho subindo o Café sem enxergar nada? Sem semáforo, que pelo menos a gente vê a distância?
Bom, só poderia dar merda. O vídeo mostra com clareza. O safety-car saiu da pista a galera acelerou, a bandeira não apareceu, alguns frearam, o Puma amarelo de cano cheio desviou do Bianco que tirou o pé porque não tinha largada nenhuma, jogou para a direita, acertou o Puma vermelho, que acertou o Passat do Marcelo Caslini, que acabou com o teto aberto como se fosse uma lata de sardinha.
Ninguém se machucou, um milagre.
Corri sem a menor alegria. Guiando mal, sem saber onde estava, preocupado com os amigos que se acidentaram. Na última volta, o Rafinha, que corre na minha categoria, foi parar no muro na reta dos boxes. Bandeira vermelha. Um Gol que estava atrás de mim me passou. Ridículo. Neguinho não vê nem bandeira vermelha — tem gente muito ruim correndo na nossa categoria, um pessoal que chegou agora, nunca andou de nada, acha que é só sentar e acelerar, uma coisa inacreditável. Aliás, no posto seguinte à primeira vermelha que vi, no Laranjinha, o bandeirinha, despreparado, agitava a amarela junto, achando que a corrida tinha acabado, fazendo festa. Patético.
Afastaram, da FASP, o diretor Ernesto Costa e Silva e sua equipe — numerosa, experiente, competente, eficiente, pessoas que sabem o que fazem. Colocaram gente que não tem a menor ideia do que é conduzir uma corrida — e em número insuficiente, afinal é preciso economizar em carros de resgate, comissários, estrutura, para encher as burras de dinheiro com os tontos do track day.
Fora o autódromo, que está um lixo — o prefeito Fernando Haddad não tem desculpas, gastaram uma grana preta na reforma, está tudo caindo aos pedaços, banheiros sem luz, umidade, vazamentos, um horror. Tiraram o Chico Rosa, quem é que manda naquela merda agora? A quem devemos reclamar? Quem é o incompetente que dirige este equipamento municipal?
Voltando à prova, nem sei em que lugar terminei. Acho que 21º, depois de largar em 29º na geral. Talvez sexto, ou sétimo, na categoria. Não sei quem ganhou. Não importa. Está tudo errado. Federação e clubes que só pensam em merdas que nada têm a ver com corrida, como esses track days indecentes e perigosos. Autódromo largado. Comissários e bandeirinhas sem noção. O horror, o horror.
O Bon Voyage está prontinho, é um bom carro, virou 2min12s na classificação, sábado, depois de começar virando 2min17s na sexta. Temos uma meta de chegar logo a 2min10s, quem sabe, em alguns meses, a 2min08s.
Mas o piloto já desanimou. Na segunda corrida do bravo Voyaginho. Vamos ver onde buscar ânimo para seguir.
PS: lamento aqui, profundamente, a morte do professor Rubens Carpinelli, 88 anos, que durante décadas presidiu a FASP. Um apaixonado por automobilismo, com quem discuti asperamente várias vezes — mas todas as discussões acabavam com um abraço carinhoso, porque nos gostávamos, era um velhinho que me tratava como se eu fosse seu neto. O Professor, como sempre o chamamos, estava afastado havia algum tempo, com a saúde debilitada. O Américo Teixeira Jr. escreveu sobre ele com ternura e serenidade em seu blog. Fique bem, Professor.
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EM INTERLAGOS
SÃO PAULO (amanhã é que vale) – Meus dias têm começado cedo demais, às 5h, e terminado tarde. Por isso mesmo consegui treinar hoje em Interlagos! Salvo engano, não andava em São Paulo desde janeiro.
O Bon Voyage deu suas primeiras voltas no nosso templo e não gostei muito dos resultados. A pista me pareceu mais lenta do que há um ano (acho que está mesmo, pelos tempos dos colegas) e minha melhor volta, na casa de 2min17s, nem deve ser considerada. O plano amanhã é virar pelo menos em 2min14s, com uma meta de médio prazo de chegar a 2min10s. Um pouco mais para a frente, 2min08s — que acho ser o limite de um motor 1.6 com mini-progressivo.
Ainda não me achei com o novo câmbio e as marchas que usarei amanhã em alguns trechos serão bem diferentes de hoje. A segunda, que quase nunca usava no Meianov, é necessária em pelo menos cinco pontos do circuito: S do Senna, S antigo, Pinheirinho, Bico de Pato e Junção. Estava sem cronômetro, e por isso fui andando sem saber se estava melhorando. Com 40 carros — sim, 40 — na pista num treino livre, o mais difícil foi encontrar uma volta limpa.
Amanhã cedinho, 8h, classificamos. Às 13h, largamos. É o final do Paulista e também a despedida dos boxes e da torre de controle que conhecemos desde 1990. Vão derrubar tudo para concluir as reformas.
Mas bacana mesmo, hoje, foi ver os Opalões da Old Stock Race, que fará sua primeira corrida. São modelos iguais aos de 1979, da primeira temporada da Stock Car. Contei uns 12 carros. Acho que tinha mais. O ronco dos motores de seis cilindros, 4.100 cc, 300 HP, é espetacular. As duas provas acontecem domingo — a primeira, às 10h.
Paulo Gomes, Paulo Soláriz e George “Grego” Lemonias, os idealizadores da nova categoria, estão de parabéns. Fizeram um ótimo trabalho e a categoria está linda. Depois, se alguém souber, me digam os tempos de volta que marcaram hoje. Não acho em lugar nenhum.
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