FOTO DO DIA

A Mitsubishi anunciou que volta à Stock no ano que vem. A marca esteve na categoria de 2005 a 2008 com o modelo Lancer. Em quatro temporadas, foram 48 corridas, dois títulos com Cacá Bueno (em 2006 e 2007), 16 vitórias, 38 pódios e 37 pilotos levando o logo do diamante no macacão. A carcaça será do Eclipse Cross. A Stock vai adotar carrocerias de SUVs a partir de 2025. Toyota e Chevrolet são as outras montadoras que disputam o campeonato. Uma quarta deve chegar.

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XING-LING (2)

Verstappen: rotina de vitórias

SÃO PAULO (no coador é mais forte) – O sábado chinês começou como deve terminar o domingo. Com Max Verstappen ganhando. No caso, a brevíssima Sprint da China, corrida curta de 19 voltas com pontos para os oito primeiros colocados. Embora tenha largado em quarto, posição determinada pela chuva na véspera bem aproveitada pelo pole Lando Norris, Max demorou apenas nove voltas para assumir a liderança da mini prova. Depois, acelerou sozinho para receber a bandeira quadriculada com humilhantes 13s043 de vantagem para o segundo colocado, Lewis Hamilton.

Com exceção de Russell, que largou de pneus macios, todos os outros 19 pilotos optaram pelos médios para a Sprint. Hamilton, segundo no grid, partiu muito bem e Norris, o pole, muito mal. Com pneus frios, o inglês da McLaren tentou se recuperar, contornou por fora a primeira curva, foi para a área de escape e caiu para sétimo. Meio juvenil. Sua corrida acabou ali.

Lewis deu uma estilingada no início da prova, trazendo com ele Alonso em segundo e Verstappen em terceiro. E com o holandês, como diriam os narradores do rádio, sendo chargeado por Sainz, o quarto.

Durou apenas duas voltas o ímpeto do espanhol, porém. Verstappen reclamou que sua bateria não estava lhe fornecendo a potência necessária e prontamente recebeu uma orientação precisa do pitwall. “Posição 8, Max, por favor”, indicou, educadamente, seu engenheiro. Ele foi aos botões no volante. “Só vai até 7, cacete!” “Olhe bem, Max, por favor. É o botão da direita. Tem 8 e 9”, devolveu o engenheiro. “Ah, encontrei”, respondeu o piloto. “Obrigado, Max. Agora, por favor, ganha logo essa porcaria porque meu frango xadrez da China in Box está esfriando.”

Naquele momento, Lewis, quem diria, liderava com surpreendente tranquilidade. Abriu uma boa vantagem de Alonso e até começou a sonhar com um resultado improvável da Mercedes. Já pensou, ganhar uma corridinha com esse carro de merda? Isso ele não falou, mas pensou.

O espanhol da Aston Martin, em segundo, já divisava Verstappen em seu retrovisor. A ultrapassagem era questão de pouco tempo. E assim foi. No final da volta 7, Max passou e foi embora.

Hamilton: segundo OK, mas sem chances contra a Red Bull

Não demorou muito e, na nona volta, Verstappen colou em Hamilton. Estava bom demais para ser verdade, pensou o inglês da Mercedes. No fim da gigantesca reta de Xangai, Max deixou Lewis para trás como se estivesse ultrapassando um BYD. Pouco antes, seu engenheiro havia informado o tempo de volta do rival. “Estou vendo ele, mano. Não precisa me dizer”, respondeu, com alguma irritação, o #44.

Em uma volta, Verstappen abriu 2s de Hamilton. Desapareceu. Já dava para imaginar o que faria na classificação, um pouco mais tarde, e na corrida de verdade, amanhã.

A dinâmica da corrida mostrava que escolher Xangai para uma Sprint não tinha sido uma boa ideia. Verstappen à parte, o resto era um trenzinho sem grandes emoções. Ainda que as asas móveis fossem acionadas a granel, ninguém passava ninguém. A ordem dos vagões, a partir de Alonso, o terceiro, tinha ainda Sainz, Pérez, Leclerc e Norris. Todos próximos. E impotentes.

Até que, na volta 16, Charlinho tentou algo para cima de Checo deflagrando uma série de boas manobras. Não conseguiu de primeira, é verdade. Alonso, o único que não podia usar a asa móvel, segurava os demais na base da experiência. Mas acabou sendo ultrapassado por Sainz e, na confusão, Pérez passou os dois lindamente. Leclerc veio junto. Fernandinho perdeu três posições e foi para os boxes com “danos no carro”, segundo a Aston Martin. Sem mais o que fazer na corrida, abandonou.

Na 17ª volta, Leclerc não quis saber de muita diplomacia e partiu para cima do companheiro Sainz. A briga foi boa, bateram rodas e o monegasco acabou levando a posição. Charles reclamou que Carlos “passou dos limites” na defesa. O espanhol se desculpou. Norris, o sexto, foi outro que pediu desculpas à equipe pela má largada e pelo mau resultado — sexto, depois de largar em primeiro. “Ele não precisa se desculpar. Nós que temos de dar um carro melhor a ele”, perdoou o chefe Andrea Stella.

E a Sprint ficou nisso.

Final da Sprint: 19 voltas sem muita emoção

Verstappen, Hamilton e Pérez foram os três primeiros colocados. Fechando a zona de pontos, Leclerc, Sainz, Norris, Piastri e Russell. Zhou, o moço da casa, ficou em nono. Uma boa posição, mas nessas corridas curtas só os oito primeiros pontuam.

Foi a 13ª Sprint da história da F-1. Elas começaram em 2021. Max ganhou oito delas.

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XING-LING (1)

Norris: pole na chuva

SÃO PAULO (ô dia longo…) – Crianças, desculpem o atraso. Claro que quem está lendo esta postagem quase protocolar — por causa do horário — já sabe tudo que aconteceu de madrugada em Xangai. Tivemos um treino livre pouco depois da meia-noite, o único do fim de semana, e formação do grid da Sprint.

Stroll foi o mais rápido no treino solitário. A pista estava esquisita, com pouca aderência, e todos estranharam tudo — tipo de asfalto, piso do box, iluminação, arquibancadas, zebras, idioma, comida. Afinal, o último GP na China foi disputado em 2019, antes da pandemia. As quatro edições seguintes foram canceladas por causa da covid.

A F-1 em 2019 era outra, os carros eram diferentes, as rodas tinham 13 polegadas (hoje são de 18), os pneus tinham perfil alto, a Alpine se chamava Renault, a Toro Rosso ainda não tinha virado AlphaTauri (e já mudou de nome outra vez), a Aston Martin patrocinava a Red Bull e não tinha equipe própria (depois compraria a Racing Point), Bottas corria pela Mercedes, Sainz era companheiro de Norris na McLaren e Vettel estava na Ferrari.

Era outro mundo. E faz só cinco anos.

Stroll, no treino livre, virou na casa de 1min36s302. Para se ter uma ideia de como estava tudo diferente em Xangai/2019, a pole de Bottas naquela temporada foi cronometrada em 1min31s547.

Este é o primeiro de seis eventos com Sprint no ano. A Liberty mexeu de novo no regulamento e, para quem não lembra, agora é assim: um treino livre único e definição do grid da Sprint na sexta; corrida curta de meia hora abrindo os trabalhos no sábado e, depois dela, classificação para formar o grid da prova principal, quando é definido o pole-position para o GP de domingo.

Assim, hoje, as equipes tiveram pouco tempo para se preparar para o Shootout, nome dado à classificação para a Sprint, um pouco mais curta do que a sessão tradicional. E encontraram um asfalto menos aderente, sujo, que teve até pequenos incêndios no gramado na curva 7, algo que até agora não sei o que foi — se alguém explicou, ainda não encontrei; só sei que teve até bandeira vermelha por causa desse fogo-fátuo da Shopee.

Foi uma daquelas sextas-feiras típicas de Xangai, cinzentas, ar carregado, poluição insuportável, cenário de “Blade Runner”. E acabou chovendo ácido sulfúrico entre o SQ2 e o SQ3, determinando os rumos da classificação para a Sprint.

Na primeira parte, o SQ1, Gasly, Ocon, Albon Tsunoda e Sargeant foram os eliminados, ainda com pista totalmente seca. Aí, uma pequena decepção: a posição de Tsunoda, que vinha andando bem em classificações. Tem a chance de melhorar amanhã, porque hoje disse que não entendeu o que aconteceu com seu carro.

No SQ2, Russell, Magnussen, Hülkenberg, Ricciardo e Stroll ficaram pelo caminho. Foi frustrante para o inglês da Mercedes, que quando saiu para sua segunda tentativa de volta rápida pegou os primeiros pingos d’água caindo dos céus plúmbeos da metrópole sínica. Aí não vem tempo. E a surpresa foi a passagem dos dois carros verdes da Sauber para o SQ3, para alegria do público chinês — que viu seu representante avançar para a turma dos dez primeiros.

A chuva veio com alguma intensidade antes do SQ3, e foi com pneus intermediários que todos tiveram de buscar seus tempos. Houve algumas escorregadas, escapadelas, uma batida leve de Leclerc numa barreira de pneus, mas nada grave.

Quem soube lidar melhor com as condições adversas foi Norris, fazendo a pole-que-não-conta-como-pole. E quem também deu sinal de vida foi Hamilton, com a segunda colocação. No seco, não estava andando nada. Alonso e Verstappen formam a segunda fila, seguidos por Sainz, Pérez, Leclerc, Piastri, Bottas e Zhou.

O grid da Sprint: chance de Landinho ganhar uma

E agora vamos a algumas caixinhas…

SAINZ & AUDI – Quem meteu a língua nos dentes sobre o estágio das negociações entre Sainz e a Audi foi Helmut Marko, o guru da Red Bull — dando a entender que há, ou pelo menos havia, certo interesse da equipe no espanhol. Ele falou que já lhe ofereceram um contrato de três anos, que é muita grana e que os alemães têm pressa.

PÉREZ & RED BULL – O interesse seria, claro, para a vaga de Pérez. Mas a saída do mexicano não são favas contadas. Ele é vice-líder do campeonato, não incomoda muito, e está negociando a permanência. Disse que é questão de tempo para renovar. Eu acredito que acaba ficando, mesmo.

15 ANOS – Como o tempo passa, não? Hoje, 19 de abril, a Red Bull comemora os 15 anos de sua primeira vitória na F-1. Foi justamente na China, debaixo de chuva, com Vettel. E dobradinha, com Webber em segundo. Button e Barrichello, dupla da incrível Brawn, ficaram em terceiro e quarto.

19 ANOS – E foi há 19 anos que Alonso, também em Xangai, ajudou a Renault a ser campeã de construtores pela primeira vez. O GP da China, em 2005, era o último do campeonato. Fernandinho já tinha garantido o título de pilotos. Renault e McLaren chegaram a Xangai separadas por apenas dois pontos. Com a vitória do espanhol, a taça foi para o time francês. O grid ainda tinha Minardi e Jordan… Alonso é, realmente, interminável.

HORÁRIOS – Não se percam no fuso! A Sprint é hoje, terá 19 voltas e começa à meia-noite (se preferir, à 0h do sábado, que é a mesma coisa). Os carros então saem do regime de Parque Fechado e a definição do grid acontece a partir das 4h. O GP da China será disputado às 4h do domingo. Depois da balada. Ou antes de abrir a padaria. A estratégia é de vocês.

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FOTO(S) DO DIA

SÃO PAULO (preparem a cafeteira) – Achei estas fotos o máximo! São 23 anos entre uma e outra. E essa de 2001 podia ter sido feita com o macacão da Minardi, equipe de estreia de Alonso na F-1. Mas foi tirada com o fardamento da Benetton em seus primeiros testes pelo time — que seria comprado pela Renault naquele ano e assumiria o nome da montadora francesa em 2002. Alonso, em 2002, passou o ano treinando com a Renault e chegou a andar de Jaguar, também. Assinou com a primeira e, como todos sabemos, foi bicampeão em 2005 e 2006. Já a Jaguar virou Red Bull em 2005. E a Minardi se tornou Toro Rosso em 2006.

E o cara não perdeu um fio de cabelo em 23 anos!

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QUIZZ

Das miniaturas personalizadas do meu amigo José Rodrigo Octavio. Quero marcas, anos em que correram (pode ser por aprpximação) e pilotos!

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LONGAS MADRUGADAS

SÃO PAULO (muito café) – As madrugadas de GPs na China são bem longas. Programem-se, então… Os horários estão aí embaixo, incluindo a programação no meu canal no YouTube.

A última prova em Xangai aconteceu em 2019. Nos quatro anos seguintes foi cancelada por causa da covid. Agora voltou. É um mercado importante para a F-1.

Público nunca foi um estouro por lá. Tanto que as cadeirinhas das arquibancadas são todas coloridas para parecer, em fotos meio desfocadas ou com sensação de velocidade, que estão cheias de gente. Mas o traçado tem lá seu charme.

A primeira corrida disputada no país foi em 2004. Lembro que os motoristas das vans que nos levavam ao autódromo gigantesco, numa cidade de trânsito caótico repleto de VWs Santana conduzidos por gente que não sabia dirigir, se perdiam na ida e na volta. Um caos.

Não é corrida de que tenha saudade, sendo bem franco.

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24 EM 25

SÃO PAULO (e a pré?) – Saiu o calendário da F-1 de 2025, com grande antecedência. Sem novidades quanto às corridas: serão as mesmas 24 deste ano. Mas a ordem de algumas mudou. A temporada volta a ter sua abertura na Austrália no meio de março, duas semanas depois do começo do campeonato deste ano. Melbourne abriu o Mundial pela última vez em 2019. Seria a primeira corrida de 2020, também, mas ela foi cancelada na sexta-feira, com todo mundo na pista e carros montados nos boxes. Foi naquele fim de semana que descobrimos que estávamos numa pandemia. É meu marco pessoal. A pandemia começou em Melbourne/2020. Parece que foi em outra vida. Obrigado, ciência, por salvar as nossas.

Os GPs do Bahrein e da Arábia Saudita, que neste ano aconteceram em dois sábados por causa do Ramadã, voltam a ser disputados em dois domingos. A única prova de sábado será o noturno GP de Las Vegas. Sprints? Serão seis, como neste ano, mas as pistas ainda não foram definidas. A propósito, a primeira Sprint de 2024 acontece já no GP da China, próxima etapa do Mundial.

Agora falta saber onde será a pré-temporada, que nos últimos anos foi realizada no Bahrein por questões práticas, logísticas e climáticas. Em Melbourne não dá para fazer pré-temporada. A pista fica num parque e é muito perigosa — muros próximos, características muito próprias que pouco ajudariam no desenvolvimento de carros novos.

Já o grid, oficialmente está como na ilustração abaixo. Pouquíssimas confirmações e um monte de gente tentando arrumar um lugar para correr ou manter o que já tem.

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TOLEMAN, 86

SÃO PAULO – Quando se fala em Toleman, todos se lembram desse carro aí em cima. Ficou tão associado a ele que parecia… nome de carro! Mas poucos se lembram que Toleman era nome próprio, de Norman Edward “Ted” Toleman, o fundador da equipe pela qual Ayrton Senna estreou na F-1, em 1984. O inglês morreu ontem aos 86 anos nas Filipinas. O Grande Prêmio publicou um obituário completo do empresário, ex-piloto e responsável pelo início da carreira do maior piloto brasileiro de todos os tempos. Vale a leitura.

E vale, aqui, usar a palavra “legado”, que o Fábio Seixas destacou em postagem no Instagram. Porque a Toleman de Toleman foi vendida à confecção italiana Benetton no final de 1985, e a Benetton virou uma das grandes da categoria, entrou para a história — assim como sua antecessora — ao levar Michael Schumacher a dois títulos mundiais, em 1994 e 1995, e mais tarde, em 2002, já comprada pela Renault, mudou de nome novamente, para ser outra vez bicampeã — agora com Fernando Alonso, em 2005 e 2006. Hoje, é a Alpine. Sim, o Seixas tem toda razão: isso é legado.

Abaixo, Ted com o sobrinho de Ayrton, Bruno. Toleman não era um carro. Era um grande cara.

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ENCHE O TANQUE

Às vezes alguns seguidores deste blog disparam suas câmeras e meio sem querer as fotos ficam muito boas, com luz caprichada, ângulos certeiros, sombras pertinentes… Parecem até fotógrafos de verdade. Essa aí embaixo ficou muito boa. Veio acompanhada de um e-mail, que está logo depois.

Caro Flavio, aqui está mais um posto para você. Fica em um lugar chamado Lanteuil, no departamento de la Corrèze, no sudoeste da França (não sei se isso faz alguma diferença significativa). O café é bom, mas o jornal que eu estava procurando tinha acabado (o famoso “ter, tem, mas no momento esta em falta”). Um abraço! J.R.Duran

É claro que ficou no ar a dúvida: qual jornal o viajante estava querendo ler numa manhã de primavera francesa? “Le Monde”? “L’Équipe”? “Le Figaro”? O “Libé”? Ou “L’Humanité”, pasquim vermelho, comunista, globalista e marxista-leninista?

Saberemos quando ele encontrar, no próximo café. Ainda assim, resta outra questão… O que faz o blogueiro por aquelas paragens? Lanteuil fica no meio do caminho entre Limoges e Toulouse. Suponho que ele esteja indo em direção ao sul, e não o contrário. O destino seria Andorra? Ou um desvio até as muralhas de Carcassonne? Lourdes, talvez, uma viagem de cunho religioso? Quiçá uma incursão ao País Basco, um pouco mais adiante?

Muito suspeito, nosso colaborador.

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DIA DO “ME QUEDO”

SÃO PAULO (bom pra nós) – Com essa folha de papel (enviada digitalmente, claro) e essa foto em redes sociais, Aston Martin e Fernando Alonso anunciaram a extensão do contrato do espanhol. O compromisso atual terminaria no final de 2024, com uma opção de renovação. Ela foi exercida em comum acordo. E por mais de um ano, já que a velha e boa palavrinha “multi-year” foi usada para definir o novo contrato. Multianual pode ser qualquer coisa entre dois e mil anos. Significa que até 2026, pelo menos, Alonso fica na Aston Martin. E com uma curiosidade adicional: em 2026 a equipe passa a usar motores Honda, fornecedora duramente criticada por ele ao longo de três anos na McLaren, de 2015 a 2017.

Eram outros tempos. Os japoneses, no final de 2008, venderam sua equipe para Ross Brawn e foram embora da F-1. Resolveram voltar em 2015 para reeditar uma parceria com a McLaren que, nos anos 80 e 90, foi das mais bem sucedidas da história. Mas seus primeiros motores, justiça seja feita ao piloto, eram muito problemáticos. Faltavam-lhes potência e confiabilidade. A ponto de Alonso, num GP do Japão, pelo rádio, tê-los chamado de “GP2 engine”. Uma humilhação pública talvez desnecessária, ainda mais em Suzuka, pista da Honda. GP2 era a categoria que vinha abaixo da F-1, hoje F-2. Aquilo pegou mal. A McLaren acabou dispensando a Honda e passou a usar motores Renault.

Depois disso Alonso foi embora, ficou dois anos afastado da F-1 (2019 e 2020) e voltou em 2021, para correr pela Alpine — novo nome da Renault, sua velha conhecida. Já a Honda encontrou seu porto seguro na Red Bull e os “GP2 engine” viraram campeões. A

Em agosto de 2022, assim que Sebastian Vettel anunciou sua aposentadoria, o espanhol fechou com a equipe verde do milionário Lawrence Stroll, seu conhecido de longa data. E foi assim que ele renasceu em 2023, com uma impressionante sequência de pódios no início da temporada e guiando com a classe de sempre. Terminou o campeonato num excelente quarto lugar, à frente dos pilotos de Ferrari e McLaren e atrás apenas da imbatível dupla da Red Bull e de Hamilton.

Aos 42 anos — faz 43 no final de julho –, Alonso é uma lenda viva das pistas. Podem dizer o que quiserem, mas uma figura como ele faz bem a qualquer competição. Primeiro, porque é um piloto excepcional. Depois, ainda que o espanhol não levante a questão como uma bandeira, para combater o etarismo no esporte. Ele não se comporta como um veterano desmazelado e decadente, aquilo que se costuma chamar de ex-atleta em atividade. Ao contrário, desfila seu talento, inteligência, velocidade e espírito competitivo cada vez que entra num carro. Eleva o nível do grid. E se sua longevidade acaba ocupando espaço de pilotos mais jovens, azar dos jovens. Eles também costumam ocupar os lugares dos mais velhos sem muito remorso. Que lutem.

Entre eles, o brasileiro Felipe Drugovich. O campeão da F-2 de 2022 está em seu segundo ano como piloto reserva da Aston Martin. Terá de se mexer se quiser mesmo um lugar na F-1 para correr. A não ser que Lance Stroll resolva parar de uma hora para outra, o que parece pouco provável. Ele é filho do dono da equipe. A vaga que poderia eventualmente ser aberta com uma provável aposentadoria de Alonso já era. Fernandinho não é eterno, claro. Mas pelo menos até o final de 2026 o cockpit é dele. E Drugovich não pode esperar tanto tempo.

Alonso estreou em 2001 pela Minardi, é o piloto que mais GPs disputou na história (381) e o que ostenta o maior intervalo entre a primeira e a última corrida da qual participou na F-1 — já são 23 anos de estrada, mas não de temporadas consecutivas, já que ficou fora de algumas. Tal recorde será significativamente ampliado com o novo contrato. Ganhou dois títulos mundiais (2005 e 2006 pela Renault), passou por várias fases e regulamentos da categoria, venceu 32 corridas (a última em Barcelona/2013 pela Ferrari), fez 22 poles e subiu 106 vezes ao pódio. Já correu em Indianápolis, faturou as 24 Horas de Le Mans e disputou o rali Dakar. Enfrentou, ao longo de mais de duas décadas, gente do calibre de Schumacher, Button, Hakkinen, Villeneuve, Montoya, Raikkonen, Alesi, Rosberg, Vettel, Hamilton e até o pai de Max Verstappen, Jos. É um “racer”. Dá gosto de ver.

Mike Krack, chefe da Aston Martin, disse que vinha conversando com Alonso havia alguns meses, e que o asturiano tinha prometido falar com o time assim que tomasse uma decisão sobre a continuidade de sua carreira. Antes disso, não conversaria com ninguém. Foi o que fez. A extensão de seu contrato encerra as especulações que o colocavam na Mercedes ou na Red Bull para 2025, já que ele estava teoricamente livre no mercado e essas duas equipes ainda não fecharam suas duplas para o ano que vem. “Here to stay”, estou aqui para ficar, disse El Fodón, e o assunto está encerrado.

Claro que em alguns lugares vocês lerão que a relação com a Honda será um problema, que em algum momento tudo vai dar errado, que é o fim do mundo “nosso Drugo” não ter sua chance. São as trombetas dos “influenciadores” nas redes sociais, aqueles que acham que descobriram a roda e que tiveram uma grande sacada ao recuperar vídeos piratas de Alonso dizendo “GP2 engine” para colocar em seus perfis. As legendas serão publicadas na linha “vai dar muito certo” (pode ser que escrevam “serto”), “eu conto ou vocês?”, seguidas de “kkk” e emojis de carinhas de todos os tipos, antevendo crises incontornáveis e o apocalipse.

Esqueçam isso, ninguém na F-1 liga para tais bobagens. A vida real é bem diferente.

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