MAO AÍ (4)

SÃO PAULO (mui amigos) – Trocamos de tradutor lá na China, depois das denúncias de que o contratado na sexta-feira não falava mandarim coisa nenhuma e na verdade vende celulares e capinhas para iPhone no standcenter da Paulista. Seguem agora as declarações reais e verdadeiras da turma hoje depois da classificação para o GP da China na nossa Tecla SAP.

ROSBERG, O EX-VIRGEM – “Firstly it was a strange feeling because I was watching the end of Q3 from the FIA garage as we decided to save a set of option tyres for the race, and I couldn’t do anything but watch! Seeing that I finished at the top of the timesheets and with half a second in hand made me the happiest man today. Thanks to the team, everyone here and in the factories. I will enjoy starting next to Michael from the front row which is also very special to me.” SAP – “É tudo muito estranho, porque eu estava vendo TV depois que a gente assumiu a opção de guardar sete jogos de pneus para a corrida. Aí me vi em primeiro com aquela merda de tempo. Sou um homem feliz de segunda mão! Obrigado a todos na equipe, na fábrica, aqueles operários todos, lindos e fortes. Mas aviso que neste momento estou apenas ao lado de Michael, que é uma pessoa muito especial para mim.”

SCHUMACHER, O TIGRÃO – “Congratulations to Nico, he achieved his first pole position with a just fabulous lap. As for me, I am happy too, and obviously my ambition for the race is to stay where we are now. But tomorrow is another story.” SAP – “Nico é um menino fabuloso. Quanto a mim, tenho uma única ambição: ficar onde estou agora. Se possível, nem largar. Ficar parado, olhando tudo, contemplando. Esse é meu clube. Essa é minha história.”

BRAWN, O SABICHÃO – “Congratulations to both drivers, but especially Nico on a stunning lap which earned him his first pole position. It is a great boost for everyone. However, we know it is only a small step and that what really counts is the race. That’s what we have been working on, to start delivering similar levels of performance on Sunday afternoon.” SAP – “Parabéns aos nossos motoristas, eles mostraram que todos os outros são uma grande bosta. É um pequeno passo para nós, mas um grande salto para a humanidade. Estamos trabalhando agora para implantar o delivery aos domingos à tarde, também.”

WEBBER, O VINGATIVO – “The Q2 lap wasn’t bad, but I didn’t get the Q3 lap together as I would have liked. It’s a bit all over the place with pulling a lap time together on the soft tyre, but I would have liked to have finished a row further up. The 1m35.7 in Q2 was a good lap, but I maybe tried to eek a bit too much out in Q3. It’s frustrating.” SAP – “Chupa, alemãozinho de merda!”

HAMILTON, O BROTHER – “Very big congratulations to Nico [Rosberg] today. We first met back in 1997 and were team-mates in 2000. We’ve been good friends ever since. When we were team-mates, we always dreamed of qualifying first and second together in Formula 1 – and it’s crazy that we did that today.” SAP – “É nóis, mano! Baguio muito loko!”

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EXCEDE

SÃO PAULO (gente, que saudade…) – O Jean Tosetto me matou de inveja com este post no site da turma dos MP Lafer. Ele ainda tem o jogo da memória que vinha numa miniatura de lata de óleo da Shell. Shell Super. “Shell excede”. Rapaz, lembro de cada um desses carros, cada foto, cada modelo, a textura, até o cheiro dessa latinha! Pode ser que meus pais tenham guardado, vou procurar loucamente. Há uns três anos outro blogueiro mandou fotos do mesmo joguinho. O post está aqui, mas na migração do blog algumas fotos desapareceram, infelizmente.

“Shell excede”. Nunca compreendi bem esse “excede”, na minha cabeça de moleque era algum nome estrangeiro, o nome do óleo: Shell Excede. “Coloca aí meio litro de Shell Excede”, eu sonhava em pedir ao frentista, quando tivesse um automóvel. Quando descobri o real significado, achei meio estranho. Usar o verbo “exceder” num slogan publicitário sempre me pareceu um tanto quanto erudito e incompreensível. Os publicitários são esquisitos.

Mas seja como for, o famoso óleo Shell Excede ficou na minha memória, no joguinho da memória que é a vida, afinal, e que aos poucos se esvai.

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MAO AÍ (3)

SÃO PAULO (falei?) – Mas que bela pole, hein, Rosberguinho? Agradeça aos buraquinhos do Ross Brawn, com todo respeito. Andamos falando bastante deles, recentemente. Rosberg foi minha aposta para a pole assim que começou o treino. Pena que não tinha ninguém para apostar comigo, nem registrei em cartório. Achava que McLaren e Red Bull poderiam incomodar um pouco, até, mas que nada… O alemão imberbe, sorridente e delicado enfiou uma trolha de meio segundo em Hamilton e outra em Schumacher, sem dó. Fez uma volta só em 1min35s121 e foi desfilar seu sorriso kolynos pelo paddock enquanto os outros tentavam alguma coisa.

É a primeira pole da Mercedes desde 1955. Isso mesmo. A última foi de Fangio no GP da Itália. Chupa que a cana é doce. A primeira desde a volta da estrela de três pontas como equipe própria, em 2010. E a primeira de Rosberguinho, que tinha um segundo no grid da Malásia lá mesmo em 2010 como sua melhor posição de largada. Conseguiu a pole na sua 111ª corrida. Demorou pacas. Suspeito que tenha sido um dos pilotos, entre os que já largaram na pole, que mais tempo levou para lograr tal êxito. É o 95° na lista de laureados com a dita posição de honra em todos os tempos.

E como Hamilton, o segundo, caiu para sétimo porque trocou o câmbio, a primeira fila será toda da Mercedes, o que é um resultado e tanto. Schumacher parte em segundo, todo pimpão. Pela primeira vez na primeira fila desde o GP do Japão de 2006, quando ainda se vestia de vermelho. Mas isso não faz do time de Brackley favorito à vitória. Na corrida, o buraco do Ross Brawn é mais embaixo. A asa móvel só pode ser ativada uma vez, e isso se tiver alguém na frente para passar. A eficiência de seus tubos de PVC ao longo do carro cai bastante, nessas circunstâncias. Nos treinos, eles podem ser usados à farta. Lutar por um pódio é o que mais se aproxima da realidade para a Mercedes, o que já estará de bom tamanho. Se ganhar, ficarei surpreso e direi “oh”.

Teve coisa muito boa nessa classificação. Kobayashi, mítico, larga em terceiro, na segunda fila. Olha só o tamanho da bagaça: na sua história, a Sauber só tinha conseguido coisa parecida três vezes. Frentzen foi terceiro no grid no Japão em 1994 e Alesi fez dois segundos, em 1998 na Áustria e em 1999 na França. De lá para cá, nunca os fazedores de chocolate e relógios tinham obtido um resultado tão bom. Mito é mito.

Raikkonen ficou com o quinto tempo e larga em quarto. Morro de rir de quem achava que Kimi seria um vexame depois de dois anos na lama e no pó. Vou dizer um negócio: pode até ganhar a corrida. Também direi “oh”, mas ficarei menos surpreso do que com uma vitória da Mercedes. E se o fizer, vai comemorar com talagadas de schnapps e não vai ter puta pobre em Xangai. Apostinha do blogueiro: vai para o pódio. Button larga em quinto, Webber em sexto e Hamilton vem depois, seguido por Pérez, Alonso e Grosjean para fechar o top 10.

E aí entramos no purgatório da turma que ficou no Q2. Vettel, quem diria, foi um deles. Sua pior posição de largada desde o GP do Brasil de 2009, quando foi o 15° no grid. O que passa na Red Bull? Virou abóbora? Reagirá no campeonato? Sei não. É só a terceira corrida do ano, mas nota-se que se há um caminho para voltar a brigar na frente, este é longo e sinuoso. E Tiãozinho está de tromba. Mais umas duas provas e será possível dizer se ainda haverá alguma chance. Por enquanto, este campeonato está é com cara de McLaren.

Depois dele ficou Massa, que desta vez chegou um pouco mais perto do Q3, mas segue em sua sina de maus resultados que parece eterna. Maldonado e Senninha formam a sétima fila, separados por pentelhésimos. E o resto foi tudo normal, em duplinha: forceíndicos, tororrôssicos, caterhâmicos, marússios e hispânicos fechando o grid. Nas últimas seis filas, pois, parceiros de equipe lado a lado.

Choverá? Pode ser que sim, e aí muda tudo. Ano passado, Hamilton venceu a corrida com três paradas no seco e a prova teve ultrapassagens de balde. Será parecido neste ano, por conta da reta do tamanho da Grande Muralha que permite vácuo, asa móvel e freada forte para passar. Se a Mercedes conseguisse resolver o problema de desgaste de pneus, poderia sonhar com algo glorioso e retumbante, mas é pouco provável. Lewis, se não quiser abraçar o mundo na primeira volta, me parece ser o mais forte candidato à vitória, mesmo largando atrás de Button. Entre as surpresas possíveis para beliscar troféus estão Koba-mito e Pérez, o Ligeirinho, que só para para trocar pneus se for obrigado. Além de Kimi.

Vai ser uma corrida interessante.

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OS BURAQUINHOS DE ROSS

SÃO PAULO (agora é assim) – A Coluna Warm Up de hoje, que volta a ser publicada ininterruptamente às sextas, já está no ar. O tema: a engenhosidade de Ross Braws e os buraquinhos em sua asa móvel. Um trecho:

É uma pena que essa história dos dutos instalados a partir de buraquinhos na asa traseira da Mercedes não transformou os carros de Schumacher e Rosberg no que foram os Brawn da primeira metade de 2009. É uma ideia genial, essa de reduzir a pressão aerodinâmica da frente usando uma traquitana que a FIA inventou para diminuir o arrasto atrás.

São as armas de Ross Brawn contra a sofisticação aerodinâmica de Adrian Newey. Três anos atrás, ele inventou os difusores duplos que transformaram carros brancos de uma equipe à beira da extinção em máquinas imbatíveis que conseguiram a façanha de conquistar o título em seu único ano de vida.

Para continuar lendo, clique aqui. E comentem, claro!

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BELO LUGAR

SÃO PAULO (ridículos) – Reproduzo a foto e recomendo a leitura do post no blog do Fábio Seixas. Imagem registrada hoje em Manama. É esse país aí que vai fazer uma corrida de F-1 na semana que vem. A foto é da Reuters. Qualquer evento esportivo internacional num país em conflito é, além de absurdo, um desrespeito.

O Grande Prêmio segue em tempo real a situação no Bahrein.

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MAO AÍ (2)

SÃO PAULO (falam muito) – A Tecla SAP de hoje demorou um pouco mais porque as traduções foram feitas em Xangai e me enviaram tudo em chinês. Falo um pouco de mandarim e eu mesmo me encarreguei de verter para o português as principais declarações desta sexta-feira depois dos treinos livres para o GP da China. Vamos lá, para que se entenda exatamente o que nos espera este fim de semana.

GLOCK, O ESQUECIDO – “In general a positive day of progress. Unfortunately we have experienced a problem which points towards an operational issue. There is damage to the car, as you might expect from the impact, but the chassis is fine. Personally I am fine. Initially I had some pain in my hand from the steering wheel when I hit the wall.” SAP – “Acho positivo que generais cuidem do progresso [da China]. Mas tivemos problemas operacionais. O carro ficou todo estropiado, porque o chassi é fino. Inicialmente, achamos que tudo aconteceu porque eu tinha um pão na mão quando dei um murro no muro.”

RAIKKONEN, O SINCERO – “To be honest, it doesn’t matter if you are the slowest car on Friday if you are fast for the rest of the weekend. We tried some different things with the set-up today so we have some information to look at, and we know there are certain areas where we have to improve.” SAP – “Pra que servem essas sextas-feiras? Puta saco.”

HAMILTON, O FELIZ – “It’s been a great day – it stayed dry in the afternoon so we successfully got through our run programme. The guys back at the factory have done a great job.” SAP – “Pô, mano, puta dia! Fiquei seco pra ter sucesso de tarde no nosso programa [de TV]. Os caras lá no fundão da fábrica foram bem, mano, venderam uns bagulho bão pra nóis.”

SENNA, O APRENDIZ – “I don’t know the circuit particularly well so it is a steep learning curve, but I’m learning all the time and we’ll have some further improvements tomorrow.” SAP – “Não conheço bem esse autódromo aqui e não sei em que curva deixei o estepe. Mas vou aprender e amanhã encontro.”

VETTEL, O BALADEIRO – “I haven’t seen everything, but I think overall we can be quite happy. We tried a lot of things today and now we need to go through everything and see what the best set-up is. It’s cooler here than at the last two races.” SAP – “Cara, não vi nada, mas tô de boa. Tentamos umas paradas aí, mas o cara que fez o acerto é uma besta. Colocaram mais uns coolers nos boxes porque tinha pouca coisa pra beber nas últimas duas corridas.”

KOBAYASHI, O PREOCUPADO – “Sometimes the visibility was a bit poor and this didn’t help to predict where the track was and wasn’t slippery. Of course there is still room for improvement in regard to the set-up.” SAP – “Vindo pra cá era visível a quantidade de pobres escorregando no nosso caminho. Mas fizemos um curso para dividir nossos quartos com eles.”

HAUG, O ANALFABETO – “We are not reading too much into today’s lap times but we are quite positive about what we have learned.” SAP – “Nós não estamos lendo muito neste fim de semana, porque não dá para entender nada que eles escrevem, mas vamos aprender.”

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HISTÓRIA NO LIXO

SÃO PAULO (exceções) – Abrindo um espacinho para o futebol, seara na qual raramente este blog se mete, porque é realmente triste o que conta o blogueiro Pedro Ivo, de Uberlândia. Leiam e vejam:

Entro com frequência no seu blog e tenho acompanhado a série de camisas dos pequenos grandes clubes que você recebe, entre as quais algumas do Uberlândia, equipe da minha cidade.
Bom, como você dá uma atenção bacana aos times do interior, queria contar uma história sobre o Verdão que talvez não seja do seu conhecimento. O seu tradicional estádio, o Juca Ribeiro, nome do primeiro sócio e dirigente do clube, foi vendido para o grupo supermercadista Bretas, que não hesitou em derrubar boa parte do histórico caldeirão para construir mais uma loja na cidade. Sobrou muito pouco do lugar, e na minha opinião, era melhor que tudo tivesse ido abaixo. Após dois anos, foi a primeira vez que tive coragem de ir até lá. Uma terrível experiência, como já esperava. O campo, palco de muitos duelos regionais, hoje é um estacionamento. Ver parte das arquibancadas em pé e os tão sonhados refletores adquiridos após uma campanha que mobilizou toda a população iluminando carros é de partir o coração.

Não conheço detalhes das negociações entre UEC e a rede
Bretas, mas sei que muita gente, inclusive a Diocese de Uberlândia, levou dinheiro na jogada. O poder público como sempre, deve ter tido algum interesse nisso também, pois se lixou para a demolição. O Verdão, na mão de diretores e empresários com outras prioridades, está atolado em dívidas desde sempre, por isso deve ter aceitado qualquer trocado.

Quando ainda estava na faculdade (sou formado em publicidade, mas não sou da turma da Vila Olímpia), dediquei meu último ano a ajudar o Uberlândia.  Acompanhei uma
situação crítica na época: leilões de bens, corte de luz, telefone etc. Após analisar detalhadamente o cenário, criei propostas que tirariam o time do atoleiro. Eram medidas simples e que teriam grande efeito caso fossem implantadas de forma correta. A diretoria só precisaria entrar com uma coisa para e execução do plano: boa vontade. A resposta foi zero, nem na apresentação do trabalho eles compareceram.

Com a falta de ação, uma grande parte da história saiu de cena para dar lugar a um supermercado. Hoje, o Uberlândia manda os jogos no Parque do Sabiá, um imenso estádio criado na época da ditadura. Sem o caldeirão, a pequena e insistente torcida fica ainda menor num elefante branco pra 50 mil pessoas. A situação do time após o grande negócio? O mesmo lixo.
Sempre que posso, evito passar na porta do velho Juca. A pintura externa do estádio permanece, como uma espécie de provocação aos românticos, como gostam de dizer. Em pouco tempo e para o delírio de muitos, o único verde que estará na fachada será o da rede Bretas.

Em anexo eu lhe mando as fotos para que você possa ver. As imagens após a demolição são de minha autoria.

Aqui, um link para a notícia no jornal da cidade. Apenas uma pessoa comentou a notícia.

As fotos lá no alto dizem tudo. Sem mais.

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JÁ QUE É NA CHINA…

SÃO PAULO (moderno demais) – Já tinham me mandado isso, mas aproveitemos o fim de semana chinês para mostrar, afinal. Ói o trem que não para na estação, que genial. É projeto, ainda. E genial numas, também. Esse treco economiza tempo e energia e tal, em termos de engenharia é um espetáculo. Mas precisam mesmo acabar com o ritual de um trem parar na estação, abrir suas portas, o apito soar? Ainda bem que se isso um dia existir, nunca vai chegar aqui, nem na Europa, onde não tem espaço para essas coisas. Mas vale pela curiosidade.

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REFORÇO ARGENTINO

SÃO PAULO (só crescendo) – Estreou hoje no Grande Prêmio a coluna Carrera, do argentino Bruno Tarulli, que vai falar sobre o automobilismo aí do lado, onde se leva corrida a sério. É mais um grande reforço ao nosso time de colunistas que terá, ainda, mais novidades nos próximos dias.

Deu para perceber que estamos ampliando bem a área de colunas porque julgamos que hoje, com a quantidade infinita de informações circulando pela internet, é importante termos referências que possam orientar os leitores em seus julgamentos e análises. A internet despeja muita coisa no ar e é difícil acompanhar tudo. As colunas, de certa forma, organizam essa deliciosa (e muitas vezes perigosa) bagunça geral.

A página de colunas do Grande Prêmio está aqui. E é claro que queremos saber o que vocês estão achando.

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1:01:10

SAINZ SÓ PENSA EM 2025 (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #2)

Carlos Sainz foi o nome do sábado em Melbourne, ao garantir a primeira fila para a Ferrari ao lado do pole permanente Max Verstappen -- que disputa outro campeonato. O espanhol, duas semanas atrás, ...

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ALBON BATE; SARGEANT NÃO CORRE (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #1)

No primeiro treino livre para o GP da Austrália, em Melbourne, Alexander Albon se espatifou no muro e a Williams não tem chassi reserva. Resultado: o pobre de Logan Sargeant terá de ceder seu carro...