DICA DO DIA

SÃO PAULO (e deu, por hoje) – Foi enviada pelo Ricardo Divila. Uma página de fotos espetaculares de carros, motos, meninas nos carros, estradas, autódromos, corridas, ralis… Só tem um problema. Um grande problema. Enorme. O site não acaba nunca! A gente vai rolando a página para baixo e outras fotos surgem. Daria material para minhas cascatas diárias por anos e anos. Mas tem coisa que vale muito a pena, de verdade, para vocês que são taradas/os por coisas que andam. Escolhi essa foto abaixo sem nenhuma razão aparente, só para ilustrar. E porque gosto do 4 e da paisagem bucólica. Nem sei onde é.

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BUS STOP

SÃO PAULO (paraíso) – Um dia depois do anúncio da morte do líder Kim Jong-Il, uma pequena homenagem sobre rodas a um dos últimos bastiões socialistas do planeta. Este álbum tem fotos de carros, ônibus, caminhões e tratores norte-coreanos, desconhecidos do resto do universo. Escolhi, para ilustrar, esse trólebus Pégasus do início dos anos 70 lindíssimo.

Sobre a Coreia do Norte, é sabido, para quem tem mais de dois neurônios funcionando, que é o país que mais sofreu e sofre com as mentiras da propaganda ocidental em todos os tempos. São 60 anos de ataques. Normal a retração, fechar-se como um caramujo. É incrível como a imprensa, inclusive a nossa, fala com propriedade sobre uma nação onde ninguém quase nunca põe os pés. Chamam Jong-Il de todos os nomes possíveis (porque era baixinho, usava sapatos altos e óculos escuros, um curioso senso de julgamento estético; Berlusconi, com seus ternos bem cortados, é tratado apenas como um rufião inofensivo…) sem informação alguma, já que ninguém sequer entende o que ele fala para dizer alguma coisa.

Eu também não coloquei meus pés lá, por isso não digo muito. Mas vejo e leio o que posso e tenho algum senso crítico, ainda. O sofrimento do povo norte-coreano ao anúncio da morte de seu líder deveria indicar alguma coisa aos leitores de “Veja” e similares que vão aparecer aqui em 5, 4, 3…

Vão dizer que é propaganda oficial e tal. OK. Aí eu recebo dezenas de vídeos por dia, desde a Copa, com gente gracejando sobre a cobertura que a TV estatal deu ao Mundial da África do Sul, e que o governo disse ao povo que a Coreia tinha derrotado o Brasil. Legal, muito engraçado. Alguém entende coreano para fazer uma tradução fiel? Alguém viu esses vídeos de verdade ou se baseia nas coisas postadas no YouTube com legendas como aquelas brincadeiras que fazem com um vídeo do filme sobre Hitler? No quê essa disseminação de mentiras para milhões, bilhões, é diferente do que chamam de “propaganda oficial”? Por que acreditam nessas bobagens e não acreditam, por exemplo, no vídeo abaixo? Ah, porque é propaganda oficial. OK.

O que acontece, na verdade, é que as pessoas não aceitam as diferenças. A Coreia do Norte é diferente. As pessoas têm outros interesses, necessidades e ambições. Deste lado do mundo, todos ficam chocados com os desfiles militares nas ruas de Pyongyang, mas ninguém se assusta com os trilhões de dólares que os EUA gastaram nos últimos dez anos para invadir e subjugar o Iraque. Chocam-se com filas para comprar, sei lá, arroz, mas acham o máximo as filas para comprar o último modelo do iPhone. Espantam-se com o culto à personalidade do “ditador de cabelos espetados” retratado em estátuas e esculturas (era assim no Leste Europeu, também), mas não com o culto a, sei lá, Jesus Cristo — a imagem do Cristo Redentor não espanta ninguém, ao contrário, e quantas atrocidades já foram cometidas no mundo em nome deste e de outros deuses? Qual a diferença entre o culto a um líder político vivo e a um líder religioso morto? Não servem, ambos, aos mesmos propósitos?

Por essas e outras, talvez, as pessoas não entenderão nunca o choro de Jong Tae-Se quando tocou o hino de seu país antes do jogo com a seleção do Dunga em Jo’Burg. Algumas coisas, para os ocidentais, são aceitáveis. Outras, não. O povo norte-coreano vive do jeito que está habituado a viver por conta de algo que não criou, a divisão de seu país em dois. É preciso entender que não deve ser fácil um país pequeno optar por um sistema político sendo bombardeado dia e noite por aquilo que o Ocidente acha que é melhor.

Não nos esqueçamos que a divisão da Coreia foi consequência direta de uma guerra que os coreanos não causaram, bem longe dali, na Europa. Acabou a Segunda Guerra, americanos e soviéticos expulsaram de lá os inimigos japoneses, que haviam ocupado a península, e resolveram dividir o país em dois. Cada um, então, decidiu fazer de sua metade o que quis. E aquela terra distante virou palco de experiências e, aí sim, propaganda de lado a lado. Em 1950 explodiu a Guerra da Coreia e o mundo esteve perto de acabar — o conflito, em certa medida, foi bem pior que o do Vietnã, até pela proximidade com a Segunda Guerra e pela necessidade das duas potências de demonstrarem força. Mais de três milhões de coreanos morreram por causa da brincadeira da Guerra Fria. Centenas de milhares de famílias foram separadas por uma fronteira fictícia. Quando acabou, queriam o quê? Sorrisos? Os norte-coreanos se fecharam. Os sul-coreanos se abriram. A única coisa aceitável, do ponto de vista humanitário, seria hoje uma reunificação. Mas como fazer, como curar as feridas, como promover a paz depois de tanta crueldade?

E assim a Coreia do Norte tomou seu caminho, e ele diz respeito somente aos norte-coreanos. É bom? É ruim? Não cabe a nós, que não conhecemos nada, julgar. E, sinceramente, duvido que Pyongyang seja pior do que a Cracolândia, por exemplo. O fato de a economia da Coreia do Sul ser 36 vezes maior que a de seus vizinhos do norte não deveria ser motivo para júbilo, e sim de tristeza e vergonha. Como se chegou a esse ponto? É culpa exclusiva do baixinho de sapatos altos e óculos escuros?

Ah, escrevi muito, dane-se. Cada um acredita no que quer.

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DE VESPA POR AÍ

SÃO PAULO (que demais) – Acho que vocês se lembram do Marcio Fidelis, da Scooteria Paulista, que decidiu partir no começo do mês de Vespa para Buenos Aires. Pois a viagem está chegando ao fim. Seus relatos são maravilhosos e recomendo a todos — a leitura e uma loucurinha dessas de vez em quando.

Pois a viagem termina quarta-feira e vai ter festa para o Fidelis. Vejam o e-mail que ele mandou:

Boa tarde amigos,

Como todos sabem, ontem regressamos ao Brasil, minha Vespa e eu. Fizemos uma viagem internacional bastante tortuosa e gratificante. Conhecemos uma parte da Argentina, até Buenos Aires, e diversas partes do Uruguai, do norte, e da costa sul e leste. Nesse momento estamos em Porto Alegre (RS), de onde partiremos para Santa Catarina.

Chegarei a São Paulo nessa quarta-feira à tarde, dia 21 de dezembro.

Alguns amigos estão preparando uma recepção pra mim no centro velho da cidade. Haverá uma festa no antigo prédio desativado, nas esquinas entre a Avenida São João e a Rua Dom José de Barros, no Largo do Paysandú, em frente à Galeria Olido, em São Paulo.

Shows: Oskarface (a banda dos scooteristas Fabio Much e Lincoln) + Beber’s Operário (de Itatiba, futuros scooteristas). Discotecagem, cerveja, refrigerante, uma bela vista do centro da cidade e uma recepção à moda antiga. Estacionem suas motonetas na Av.São João, ao lado do prédio. É seguro e poderemos observá-las da sacada da festa (que acontecerá no segundo andar).

FESTA – Garajão do Julião . Quarta-feira das 19h às 23h.
Rua Dom José de Barros, 337, Piso 2 (esq.com Av.São João) – Fone: 11 3337-5750
Scooteristas e garupas são VIP. Apresentem o documento da motoneta na portaria e diga a senha “Scooteria Paulista”.

Quarta eu não poderei ir, Fidelis, mas considere-se abraçado por este lambreteiro que morre de inveja e de admiração pelo que você fez. Escolhi essa fotinho para ilustrar a nota porque adoro essa fronteira. Ela é especial para alguns. E se você tivesse me pedido dicas do Chuí, eu indicaria um lugar inesquecível para comer. Fica para a próxima. Quem sabe num bis dessa viagem.

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FELIZES PARA SEMPRE

SÃO PAULO (e o buquê?) – Vai casar? Pois tem uns caras na Inglaterra que alugam o carro dos seus sonhos para enfeitar a festa. Não é para levar a noiva. Mas não deixa de ser engraçado. É esse Jordan da foto. Custa 395 libras por dia se ficar em algum lugar coberto e 435 para festanças ao ar livre. E pode personalizar, claro. A dica é do Jaime Boueri.

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GM MATA A SAAB

SÃO PAULO (assassinos) – É precisamente isso que aconteceu. Nunca vou entender esses meandros corporativos, mas a GM, ex-controladora da SAAB, não aprova a injeção de dinheiro chinês na empresa. Parece que os americanos, que compraram e quebraram a SAAB, ainda têm alguns produtos sob sua licença e não querem competição com suas próprias operações na China. E, por isso, a linda empresa de Trölhattan pediu falência.

Aqui, matéria que fiz sobre o SAAB 96 algum tempo atrás na TV.

Luto por três dias.

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ANOTHER COMMENT

Espero que não acabem com isso. O resto a gente se vira.

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ONE COMMENT

Muito orgulho. O Luis Otávio mandou.

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A VIDA COMO ELA É

Pizzonia e as arquibancadas vazias. Foto Bruno Terena

SÃO PAULO (pó) – Não acabou ainda, estou vendo na TV. O rali que Barrichello promoveu neste fim de semana foi um fiasco total. Mas será tratado como um sucesso amanhã, nos escritórios bonitos da Vila Olímpia e da Nova Faria Lima.

Fracasso porque não é um rali. Porque a pista é horrível e o cenário, idem. Porque os carros são lentos e não são carros de rali, exatamente. Mas fracasso, sobretudo, porque ignorado pelo público. Não tem ninguém vendo lá no estádio, o Parque São Jorge. Ninguém. Motivo? Bem, 120 paus o ingresso é um deles. Aliás, ótimo motivo. Como cobrar 120 paus para ver qualquer coisa ao ar livre em SP? Andaram mudando horários, também. Outra razão é o espetáculo oferecido. Rali do quê, mesmo? Um correndo contra o outro na terra, ok. Mas nem cronometragem na TV tinha. Imagino para quem estava nas arquibancadas.

Não estou aqui esculhambando nada de graça. Não tenho nada contra Barrichello, o promotor, nem conta iniciativa alguma envolvendo automobilismo. Mas tenho tudo contra produtos ruins vendidos como se fossem excelentes. Amanhã, todos os envolvidos dirão que foi demais, o rali. Sigam os caras no Twitter: pilotos, promotores, convidados VIP — essa praga, os convidados VIP nos “lounges”, que amam tudo desde que seja de graça.

Dirão que foi bacana, que a organização foi um show, estrutura de primeiro mundo, um negócio maravilhoso. U-hu.

O problema do automobilismo brasileiro é que ele está infestado de gente babaca, dentro dele e gravitando ao seu redor. E gente mais babaca ainda que acredita na babaquice que os babacas mais espertos vendem. Alguém pagou por esse negócio, claro. A BMW, por exemplo, deve ter dado algum. Afinal, os carros são Mini. Carros bacanérrimos, eu acho o máximo e se tivesse grana compraria um, mas que viraram, na região supracitada, objetos de exibição para uso quase exclusivo em baladas. A Pirelli pagou, vi faixas na pista. Alguém faz manutenção nesses carros e vai ganhar também. Tem um banner da Prefeitura no site oficial. Espero que não tenham entrado com mais do que o banner. Saber que meus impostos são usados para bancar eventos privados é algo que me dá engulhos. Engulhos é uma palavra legal.

Os Mini usados, salvo engano de minha parte, são os mesmos usados numa categoria preliminar da Stock. Estão sendo devidamente estragados nessa buraqueira empoeirada (e depois enlameada) da Fazendinha. Não são preparados para rali. Alguns atolaram. Uma coisa patética. As provas foram chatas, lentas e incompreensíveis. Ninguém entendia nada do que estava acontecendo. Uma caricatura das Corridas dos Campeões que são feitas na Europa há alguns anos.

Não vejo mal, repito, em iniciativa alguma de ninguém. Eu mesmo inventei um campeonato de carros antigos e ele está aí, de pé, meio cambaleando, desde 2003. Mas nunca foi alardeado como algo espetacular, imperdível e sensacional. É legal demais para quem corre e para quem gosta de matar as saudades dos carros que corriam nos anos 60 e 70. Punto, basta. Qualquer coisa que se faça, quando se trata de automobilismo nacional, é digna de aplausos. Mas desde que seja algo realmente voltado para o esporte, para o entretenimento do público que gosta de corridas e, como disse aí embaixo nas mal-traçadas sobre futebol, com alguma pureza de propósito. Esse rali é uma piada, uma brincadeira inventada pelos bacaninhas paulistanos que frequentam o shopping Cidade Jardim. Os pilotos entram de gaiato, piloto gosta de andar de qualquer coisa, se for convidado, vai.

Ontem, colocaram as famosas celebridades para pilotar. Eu vi a lista e não conhecia ninguém, exceto o Seu Jorge, que é cantor — mas sempre que ouço seu nome lembro primeiro do boteco Salve Jorge, que conheço melhor ainda. E quem é que quer ver “celebridades” correndo de Mini na terra do Parque São Jorge? Eu mesmo respondo: os espertinhos das agências, porque eles chamam a “Caras” e a “Quem” para essas merdas, e essas celebridades são fotografadas e aparecem na revista, e aí é um sucesso, claro.

As arquibancadas vazias, a total indiferença da cidade, a qualidade técnica abaixo da crítica da atração, o cenário horroroso, tudo isso vai ser deixado de lado. Mordemos algum, deu certo, foi um sucesso.

É assim que funciona.

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A LIÇÃO DO JAPÃO

SÃO PAULO (hora de parar tudo) – O futebol brasileiro hoje levou uma sova no Japão. E o único que percebeu isso, pelo que pude ler e ouvir por aí, foi o topetudo Neymar. “Hoje a gente aprendeu a jogar futebol”, ele disse. Não sei se exatamente com essas palavras. Mas falou em “aula”, em “lição”. Sacou, acredito, que nada mais será como antes. Ao menos para ele.

Foi precisamente isso, uma aula, uma lição. Mas não apenas porque o Barça enfiou quatro e poderia ter feito mais. Só quem não vê o Barça jogar (e passa toda semana nos canais ESPN) pode ter ficado surpreso com o jogo preciso, bonito, às vezes até chato de tão perfeitinho que é. Não foi a goleada, a lição. Foi muito mais.

Foi a vitória sobre a soberba brasileira. Brasileira do Brasil que se acha melhor que os outros e que não reconhece a superioridade estrangeira. Estou falando de esporte, só, e por enquanto. A vitória sobre a soberba dessa gente que ganha muito mais do que merece, que vende um peixe que não tem, que se autopromove o tempo todo e que conta com a colaboração dos veículos de comunicação de massa para iludir o público, aliados e sócios que são.

O que se viu hoje foi um choque de realidade. Não que todos os times europeus sejam melhores que os brasileiros. Claro que não é disso que estou falando. Mas uma demonstração de como é, de verdade, ter filosofia, princípios, linha de pensamento, conduta, projeto. Jogar o jogo, jogar bonito. “Joga bonito”, aliás, me parece ser algo que a Nike escreve nas camisas da seleção brasileira. Que não joga bonito faz 30 anos. Puro marketing. É isso o que está acontecendo com o esporte no Brasil: está virando puro marketing, produto para vender cota de TV.

O presidente do Santos faz aquela pirotecnia toda para não vender o Neymar e o resto do time é uma merda. Marketing. O tal de Ganso parece um dândi aborrecido, mas é tratado como uma espécie de Zico dos novos tempos. Marketing. O Corinthians contrata um gordo descompromissado como Adriano, o cara nem joga, mas vende camisa. Marketing. O São Paulo traz de volta o centroavante bichado, coloca 40 mil pessoas no Morumbi e ele só joga seis meses depois. Marketing. O Flamengo paga (ou não paga, sei lá) os tubos para ter o dentuço, o dentuço não joga nada, mas se comporta como se fosse algum tipo de deus sobrenatural. Marketing.

Neymar, coitado, ótimo jogador, virou marketing puro. Tem fila de empresas querendo patrociná-lo, para alegria das agências de publicidade. Virou, em definitivo, uma celebridade nacional, um sex-symbol, aparece em “Caras”, no “Fantástico”, nas “Altas Horas”, nos programas da Angélica e da Ana Maria Braga, no CQC, na Gabi, sei lá onde mais. Normalmente, não tem quase nada de relevante a dizer. Retorno, é tudo que querem. Retorno.

Enquanto isso, se for possível, que o futebol não atrapalhe muito. Só que uma hora atrapalha. Como hoje, quando foi preciso jogar futebol, e foi uma humilhação danada, um time do tamanho e da história do Santos olhando o Barça jogar e brincar de roda, deu até dó. O primeiro tempo, então, beirou o ridículo. Massacre da serra elétrica. Aí acaba o jogo e vem o Muricy, cara de quem eu gosto, admiro mesmo, falar a seguinte merda: “O sistema que eles usaram, no Brasil, seria considerado um absurdo. Eles jogaram em um 3-7-0, porque perderam (os atacantes) Sánchez e Villa e entraram com mais um meio-campista (Thiago Alcântara). Se você faz isso no Brasil, é caso de polícia, mandam prender”.

Quem manda prender? A torcida? A imprensa? O dirigente? Cadê a coragem, os colhões? (É “colhões” ou “culhões”?) Cadê a personalidade, a confiança no taco? Qual técnico no Brasil é capaz de fazer um time jogar como o Barça? Dá um trabalho danado. Tem de treinar, treinar, treinar. Olhar para a molecada da base, dar chances a garotos, estimular a criatividade, a graça, a molecagem. E treinar, treinar, treinar.

E não ter medo.

O futebol brasileiro, salvo a raríssima exceção de uns caras lá no Canindé (digam o que quiserem, caguei para todos vocês que vão falar as merdas de sempre sobre a Série B etc; vi a Portuguesa jogar neste ano e vocês não viram, e se for assim o resto da vida, jogando para a frente, com alegria e sem se importar com vitórias ou derrotas, para mim está bom), é feito de gente medrosa, em toda sua hierarquia. Só tem cagão de merda, como diria o sábio Dunga.

Eu, pessoalmente, nem acho o tipo de espetáculo produzido pelos impecáveis catalães o mais agradável de todos. É belo, não se nega, mas por vezes entendiante e pouco emocionante. Quase sempre sabe-se o resultado, não há sobressaltos. Mas aí é questão de gosto. Não se nega, também, que é um time que joga bola, e que joga para fazer gols, e que seus jogadores se divertem. E não fazem faltas, não desprezam ninguém, fazem aquilo que aprenderam a fazer desde moleques, lá no terrão deles que deve ter uma grama legal e, especialmente, professores decentes. Professor, ao contrário do que acham os brasileiros, não é o picareta que sai cagando regra para seus jogadores e para a imprensa, 4-3-2-1, coloquei fulano para ocupar aquele setor, para dar mais qualidade ao meio-campo, para contra-atacar com mais velocidade pelos lados. Professor é quem pega um menino de 8, 9, 10 anos, e ensina. Ensina a brincar com a bola, a respeitar o adversário, a dar um passe, a buscar o gol, a se divertir. Ensina a ser gente, enfim.

O futebol brasileiro é dirigido e frequentado por pessoas da pior espécie, a começar do topo da pirâmide, o presidente da CBF. Não são, em sua maioria, pessoas respeitáveis — de novo, em toda a hierarquia. Os poucos que são sucumbem. É um ambiente retrógrado, reacionário, conservador, promíscuo.

O Barça é tudo isso ao contrário. Essa é a grande lição deste domingo e que deveria ser aprendida por aqui. Mesmo num mundo cada vez mais idiota, e aí não estou falando mais só de esporte, é preciso alguma pureza de propósitos e gente de bem disposta a defendê-los. Quando se tem, dá até para ganhar jogos e campeonatos, afrontar o sistema, dar um tapa na mediocridade. E o futebol, este vilipendiado, talvez seja a única coisa capaz de fazer as pessoas perceberem isso, de vez em quando.

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