VONTADE DE VOMITAR
SÃO PAULO (até que uma cervejinha, neste sol…) – Antes de começar a responder os e-mails, não poderia deixar de registrar algo que me causou engulhos hoje. Voltando do Guarujá, onde passei o dia ontem depois do gélido périplo por Madonna di Campiglio, escutava o rádio. AM, que é o que mais gosto, embora esteja cada vez pior, e em extinção.
E eis que entra no ar um comercial do Engov. Engov a quem muitas vezes na vida já agradeci efusivamente aos céus por ter sido inventado, etc. Acho que todo mundo já fez isso.
A voz é de algum artista, creio que Edson Cellulari. Um reclame politicamente correto, dizendo às pessoas para não encherem a cara e saírem dirigindo por aí depois de um baile de Carnaval. Lá pelas tantas, a conclusão: “Carnaval com bebida e direção só dão confusão”.
Fico pensando. Esse texto foi escrito por alguém, um redator de agência de publicidade que estudou, foi à escola, à universidade. Tem um bom emprego e deve ganhar bem. A agência deve ter cobrado uma nota do laboratório pelo anúncio. Publicidade é um negócio caro.
O texto foi escrito depois de horas de reflexão, provavelmente mostrado a um colega, depois submetido ao diretor de criação da agência, que consultou seus pares, que prepararam uma apresentação, que a agência mandou a um estúdio, que contratou o ator, que leu o texto várias vezes até ficar bom, que foi escutado pelo operador de áudio e pelos que dirigiram o comercial, que foi mostrado ao laboratório, que o aprovou, e que foi ao ar.
No mínimo umas 30 pessoas tiveram contato com essa brilhante peça publicitária antes que ela chegasse aos meus ouvidos e eu tivesse vontade de vomitar.
Como é que pode ninguém ter percebido o que estava sendo lido? “Carnaval com bebida e direção…”, hum…, pensou o redator. “São dois elementos, bebida e direção, isso aí é plural, com certeza.” Claro. Por isso, “dão confusão”.
É como dizer: carro com roda e pneu novo andam mais gostoso. Ou: mulher com peito e bunda são uma delícia. Ou ainda: avião com asa e turbina não caem.
Vivemos num país de analfabetos. A gente sabe disso todo dia na TV depois de comerciais de remédios: “ao persistirem os sintomas…”. Ao persistirem? Que tal “se persistirem”? Ou “persistindo”, já que todo mundo adora um gerúndio? (Se bem que brasileiro gosta mesmo é de gerúndio composto, essa praga. “Eu vou estar ligando para o senhor mais tarde”, sempre me dizem essas meninas que ligam aqui para vender celular, e eu respondo que “não vou estar atendendo à senhora”.)
Fica o registro. Se algum infeliz leitor deste blog for publicitário, e souber qual é a genial agência que bolou esse texto maravilhoso do Engov, procure um amigo lá. Diga que conhece um cara que quase vomitou no carro quando ouviu essa pérola: Carnaval com bebida e direção dão confusão.
“Dão” é enjôo, isso sim. Ainda bem que existe Engov.
Flavinho…já dei muita rizada com seus comentários, mas acho que as vezes vc é muito radical. Se me permite uma sugestão…que tal simplificar o português….como???
Assim…
Eis aqui um programa de cinco anos para resolver o problema da falta de autoconfiança do brasileiro na sua capacidade gramatical e ortográfica. Em vez de melhorar o ensino, vamos facilitar as coisas, afinal, o português é difícil demais mesmo. Para não assustar os poucos que sabem escrever, nem deixar mais confusos os que ainda tentam acertar, faremos tudo de forma gradual.
No primeiro ano, o “Ç” vai substituir o “S” e o “C” sibilantes, e o “Z” o “S” suave. Peçoas que açeçam a Internet com freqüênçia vão adorar, prinçipalmente os adoleçentes. O “C” duro e o “QU” em que o “U” não é pronunçiado çerão trokados pelo “K”, já ke o çom é ekivalente. Iço deve akabar com a konfuzão, e os teklados de komputador terão uma tekla a menos, olha çó ke koiza prátika e ekonômika.
Haverá um aumento do entuziasmo por parte do públiko no çegundo ano, kuando o problemátiko “H” mudo e todos os acentos, inkluzive o til, seraum eliminados. O “CH” çera çimplifikado para “X” e o “LH” para “LI” ke da no mesmo e e mais façil. Iço fara com ke palavras como “onra” fikem 20% mais kurtas e akabara com o problema de çaber komo çe eskreve xuxu, xa e xatiçe. Da mesma forma, o “G” ço çera uzado kuando o çom for komo em “gordo”, e çem o “U” porke não çera preçizo, já ke kuando o çom for igual ao de “G” em “tigela”, uza-çe o “J” para façilitar ainda mais a vida da jente.
No terçeiro ano, a açeitaçaum publika da nova ortografia devera atinjir o estajio em ke mudanças mais komplikadas serão poçiveis. O governo vai enkorajar a remoçaum de letras dobradas que alem de desneçeçarias çempre foraum um problema terivel para as peçoas, que akabam fikando com teror de soletrar. Alem diço, todos konkordaum ke os çinais de pontuaçaum komo virgulas dois pontos aspas e traveçaum tambem çaum difíçeis de usar e preçizam kair e olia falando çerio já vaum tarde.
No kuarto ano todas as peçoas já çeraum reçeptivas a koizas komo a eliminaçaum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a unificaçaum do U nas palavra toda ke termina com L como fuziu xakau ou kriminau já ke afinau a gente fala tudo iguau e açim fika mais faciu. Os karioka talvez não gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de eskrever xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar para akabar com o D nos jerundio mas ai tambem já e eskuliambaçaum.
No kinto ano akaba a ipokrizia de çe kolokar R no finau daquelas palavra no infinitivo já ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no meio das palavra ke ningem pronunçia komo por exemplo roba toca e enjenhero e de usar O ou E em palavra ke todo mundo pronunçia como U ou I, i aí im vez di çi iskreve pur ezemplu kem ker falar com ele vamu iskreve kem ke fala kum eli que e muito milio çertu? os çinau di interogaçaum i di isklamaçaum kontinuam para gente çabe kuandu algem está fazendu uma pergunta ou está isclamandu ou gritandu com a jenti e o pontu para jenti sabe kuandu a fraze akabo.
Naum vai te mais problema ningem vai te mais eça barera para çua açençaum çoçiau e çegurança pçikolojika todu mundu vai iskreve sempri çertu i çi intende muitu melio i di forma mais façiu e finaumenti todu mundu no Braziu vai çabe iskreve direitu até us jornalista us publiçitario us blogeru us adivogado us iskrito i até us pulitiko i u prezidenti olia ço que maravilia.
Abs
A propósito, a CBN, aqui de Brasília, é campeã mundial de desrespeito à audiência por erros crassos de concordância de número, como no caso: “um dia após o fim da cobrança de estacionamento no setor comercial sul, ainda se encontram vagas de sobras”sic. Eco, arrghhh, coff coff, ahhhhhh!!!
Aliás… “Carnaval com bebida” e “direção”. Talvez esteja correto mesmo.
Hum… o que o PedroJungbluth falou tem lógica. “Carnaval com direção” e “bebida”. Vou rever meus conceitos.
Pedro, creio vc não me entendeu, é lógico que o nosso presidente sofre com a falta de cultura e até mesmo de senso de administração. Mas o que comentei é que algumas pessoas escreveram coisas do tipo “o que esperar de um país que é governado por um analfabeto”, com se antes dele não exitissem analfabetos, antes dele tivemos presidentes “preparadaos” , “estudados” tanto culturalmente, como administrativamente e nenhum, mas nenhum mesmo fez algo pela nossa educação, o que quero dizer é que antes de Lula existiam tantos analfabetos como hoje, entendeu? ou algum intelectual que passou por lá fez algo? então quando este tipo de comentário é colocado é preconceito sim, pois no governo FHC que é INTELECTUAL E ADMINISTRATIVAMENTE PREPARADO, (segundo alguns), nada foi feito pela educação…
Caro Flavio, gostaria de saber se alguma vez você já vomitou escutando o presidente Lula discursar. “Carnaval com bebida e direção só dão confusão” é fichinha!!!!!
Rodrigo, não é preconceito.
Os exemplos que você citou, de pessoas ignorantes que se deram bem, não são regra, ainda mais hoje em dia, com a concorência administrativa que se tem, pelo menos um curso no Sebrae é nescessário para qualquer negócio, que dirá para o cargo mais importante do país.
O Lula nunca administrou nada, é absurdo imaginar que ele possa cuidar de um país. E não o faz, quem administra o país são o suporte de acessoria que deram para ele.
Ele não cuida de nada, só daquilo que trazem na mesa dele e lhe dão opções (tipo letra a ou letra b) para decidir.
Estamos no século 21, temos que parar de chamar de preconceituoso aquele que não faz apologia à ignorância.
Acho que ninguém me entendeu, mas a culpa é minha, fui pouco claro:
Acho que podemos interpretar como dois sujeitos:
SUJEITO 1: “Carnaval com bebida”
SUJEITO 2: “Direção”
Assim, é aceitável que se use o plural no verbo.
Carnaval com bebida, E, direção DÃO confusão.
Tá claro ou querem que eu desenhe?
O correto é: Carnaval com bebida e diração DÁ confusão”.
As “qualidades” bebida e confusão, referem-se a palavra Carnaval, singular. Se fosse o caso de “Carnavais com bebida e direção” ai sim seria “dão confusão”.
É isso!
Num país onde 99,9% da população diz “récord” ao invés de recorde, sendo que qualquer besta sabe que proparoxítonas são obrigatoriamente acentuadas, não dá pra esperar muita coisa…. “santa ignorância, bateman!!!”
Colegas,
O desrespeito ao vernáculo agora atinge até o Grande Prêmio. Escreveram “se ele não tivesse precisando da minha ajuda” em vez de “se ele não estivesse…”
Vejam:
http://ultimosegundo.ig.com.br/paginas/grandepremio/materias/350501-351000/350985/350985_1.html
Cada um… Flávio fugindo completamente do assunto, mas é algo pertinente. Alguns criticaram o nosso presidente da república, como se antes dele não existissem analfabetos, como se os que estiveram antes dele e muitos éram intelectuais e burgueses tivessem entregado éste país cheio de universitários… é lamentável este preconceito e não vejo nimgué questionar pessoas como Silvio Santos e Samuel Klaeis ( dono das Casas Bahia) que também não tem nheuma escolaridade , será inveja? ou preconceito?
Jungbluth,
Concordância SUJEITO-VERBO
Carnaval (sujeito) / dá (verbo) confusão.
Tem uma possibilidade de estar certo, até queria que alguem me corrigisse se eu falar bobagem.
“Carnaval com bebida (item 1) mais direção (item 2) só dão confusão”
Estaria certo ai, não?
Teremos que partir para a Análise Sintática da frase “Carnaval com bebida e direção só dão confusão”. Saber quem é ou quem são os sujeitos para entender o porquê do verbo estar no plural.
Querido Rogério de BH existe uma enorme diferença entre profissões prostituídas e profissionais prostituídos. Nunca generalize, em todas as áreas há pessoas competentes, honestas, inteligentes e outras corrompidas, mal preparadas.
Sei que os exemplos de desonestidade em meu curso ( Direito) não colaboram para uma boa imagem da nossa justiça mas saiba que existem pessoas querendo mudar essa situação.
B-jos a todos.
Flávio,
Seus melhores textos são quando você fica de mau humor!!! O seu livro vale por aquele episódio com o “casal americano”.
Viva o seu mau humor ( e devo dizer que ele é justíssimo!)
pior que erro de portugues, e funk carioca, é sertanejo de paulista do interiôôr…
É pior do que eu imaginava. O comercial passa na TV também! Foi gravado, editado, cortado, montado…
Caro Flavio Gomes, e’ que voce nao entendeu. Eles quiseram dizer que “CARNAVAL” + “BEBIDA E DIRECAO” = dao confusao!! hahahaha.. Muito bom o seu comentario sobre essa propaganda!
É isso Gomes!!! Nenhuma luta é mais justa e correta do que por um bom português!!!
Tem o meu apoio, inconteste!
Bem, eu já fui corrigido aqui nesse blig, usei “sobre” quando devia usar “sob”.
A raclamação não deixou de ser justa, apesar de muito exagerada (parece que eu fiz alguém de latrina).
Concordo a respeito do desleixo que temos com nossa língua. Concordo também que num país que elegeu o Lula isso não surpreende.
Lembro até do argumento de alguns, entre eles o Pedro Cardoso, que disse como motivo para essa eleição “provar que um cara sem faculdade pode governar uma país”.
Em primeiro lugar, sem faculdade é bondade, o cara nunca pisou num ginasial.
Em segundo, o cargo mais importante do executivo brasileiro serve para administrar, não para dar méritos pessoais.
Se você ganha uma enorme empresa de presente, mas não pode administrá-la, quem escolhe como presidente? O Lula?
Espero que todos pensem nisso antes de votar na reeleição…
Essa história me lembro uma entrevista que eu ouvi no rádio quando estava num ônibus voltando para casa…
A entrevistada era a “Sandy & Junior”. Então o entrevistador perguntou qualquer coisa sobre como foi realizar o novo disco e a menina responde toda satisfeita:
“Foi ótimo! Dessa vez nós botamos a mão na massa *literalmente*!”
Infelizmente o entrevistador não teve a presença de espírito de perguntar se a massa era de pizza, pão ou massinha daquelas para criança mesmo… Provavelmente nem percebeu a imbecilidade que a cantora acabava de dizer, mas é assim mesmo!
Abraços
Elementar meu caro Flávio. Mas quanto aos remédios, pode-se dizer: “A persistirem” os sintomas?
Porque os sintomas continuam “a persistir”. Estranho ficaria Os sintomas continuam “ao persistir”? Pelo amor do meu saquinho….
A verdade é que ninguém dá importância para isso.
Por exemplo, ouvi de um diretor graduado de uma empresa a seguinte frase: “Ele tem que vim aqui”…..
Como??? Que?? Quem??
E eu respodi: “Com certeza, ele tem que vir aqui.” Infelizmente o cargo dele é infinitamente mais importante que o meu, logo seu salário é infinitamente melhor do que o meu, mas quem liga pra isso???
Elementar meu caro Flávio.
O que você esperava em uma país onde a principal autoridade representante não passa de um semi-analfabeto….
Realmente Gomes, infelizmente o brasileiro é assim.
Flavio, poderia ser pior. “Carnaval a nível de bebida e direção dão confusão”
Pra aqueles que “aguentam” Fausto Silva, É O Tchan, Funk carioca, e todas essas merdas, com certeza esta frase é como se fosse um poema de Neruda.
Vc esqueceu de “Texaco: a marca que o mundo confia”. Essa pra mim foi a pior de todas.
Flávio, para esquecer esta mancada do Engov, tome uma dose daquele conhaque que desce macio e reanima ou da cerveja que desce redondo (outra propaganda que gerou muita controvérsia).
Vixe… manda isso lá pro blog do prof. Pasquale (ele tem blog?)… ele deve ter uma “interpretação” da correção da frase…
Olha , caro Flávio , eu gostaria de estar comentando que acredito estar o senhor com falta do que estar colocando em pauta no seu Blig…No entanto devo estar salientando , que estando o Sr. sem assunto estivesse mantendo-se na referida praia ,aproveitando mais um dia de descanso que, acredito eu , estaria ajudando-o a reencontrar sua melhor disposição para o trabalho que o Sr. vem desenvolvendo com bastante propriedade , claro , não sem excluir o assunto que venho eu , tomado de incontrolável impetuosidade , estar comentando ! Um forte abraço…por trás…
Pois é: encontrei outra pessoa que reparou nisso ! Eu cansei de comentar com meu amigo, algo do tipo “como que uma pessoa estuda 4, 5anos de marketing… publicidade e tals consegue fazer uma proeza dessas ?” Não é só na AM que ouço pérolas assim. Mas curiosamente, o responsável atingiu seu objetivo – conseguiu vender o Engov pra alguém… porque também estou enjoado !
É, FG, a língua portuguesa é um troço dos mais complexos. A frase do Engov não tem a energia nem a imagem mental necessárias para ser lembrada na hora de pegar o carro com umas trezentas cervejas na cabeça. O Engov é um estimulante à beberagem sem culpa. Sabe do que mais? O reclame era pra ser do Engov, mas está mais para Denorex: parece propaganda, mas não é.
Este é o nosso país prezado Flávio..
não são apenas publicidade e jornalismo profissões prostituídas…o que podemos dizer da justiça/advocacia/magistratura…
Extinção não é com “S”….
saudações celestes
Flavio, eu sou publicitário e não faço a menor idéia de quem seja a agência que bolou esta ”pérola”, mas como vc bem colocou, isso passou por dezenas de pessoas até chegar nos ouvidos do povo.
Considero a propaganda e o jornalismo duas das profissões mais prostituídas em nosso país.
Conheço “colegas” de profissão que não tem capacidade mental para operar um martelo e se julgam ‘publicitários’, da mesma forma que é só abrir um jornal, uma revista ou “se ligar” na TV e no rádio para ver qta asneira é escrita e dita por estes ‘açogueiros’ (me desculpem os profissionais da carne…) “publicitários” e “jornalistas”.
Abraço
Calma Flavio…
Depois destas férias que você teve, não deveria estar estressado deste jeito.
O que foi? Desacostumou do Brasil?
Nu Caaaaso… vou ter que estar discordando do amigo de baixo. O Sr. Gomes pode estar comendo as empadas de palmito.
Nu caaaso, eu só gostaria que o Sr. estivesse liberando as coxinhas italianas que a Sra. Gomes trouxe na bolsa.
Até porque “cerveja com coxinha e empada dão confusões!!!”
HUAHUAHUAHUAHUAHUA!!!
Gomes, não vá “estar misturando” as emapdas de palmito que voce gosta com as cervejinhas em porque ai voce vai ter de tomar engov
Hahaha!
Desculpe-me pela discordar de sua observação, no que diz respeito ao comentário feito pela propaganda do ENGOV, mas como você mesmo deduziu, a extinsão das rádios AM não deve-se a esse tipo de atributo??? Então se quizer escutar rádios deste tipo terá que conviver com isso….hehehehe…
Falando em engov, cadê as coxinhas que eu pedi?
Acho que você não pegou a idéia da campanha… O negócio é causar o mal-estar com pérolas como essa, pra aumentar a venda de engov!