EM PRETO E BRANCO

SÃO PAULO (não volta) – O futebol brasileiro não foi sempre essa porcaria metida a moderna de hoje em dia. No início dos anos 80, algumas figuras se anteciparam ao fim da ditadura e criaram a Democracia Corinthiana (com H, já que é o nome de batismo que o W da W/Brasil escolheu), uma experiência que nunca mais se repetiu e que considero a coisa mais relevante que o esporte já deu ao país. Mais do qualquer título, vitória, medalha ou gol.

Costumam dizer que foi a década perdida, a de 80. Longe disso. A transição para a democracia, a luta pelas Diretas, o nascimento do rock brasileiro, os primeiros grandes festivais, a Fórmula 1 com Piquet e Senna… Não, não perdemos nada, nós que vivemos a década de 80. Podem ter certeza. Não tínhamos Facebook e Twitter, nem iPhones, nem tablets. Mas tínhamos uma vida que pulsava de um jeito que acho que nunca mais vai pulsar. Foi uma década ganha.

“Democracia em Preto e Branco”, filme lançado ontem em São Paulo (e na semana passada no Rio) conta o que foram esses anos 80 tendo como pano de fundo a experiência corintiana. Não sei ainda se vai entrar em circuito comercial, mas procurem assistir. Talvez vá ao ar na ESPN, co-produtora da fita. Se for, melhor ainda.

Abaixo, o trailer, que me foi enviado pela democrática, mas não corintiana, Carolina Mendes. Aqui, uma ótima crítica do Luiz Zanin, do “Estadão”. Vi alguns depoimentos, e é claro que a presença de Sócrates se coloca acima das demais, líder que era o Magrão.

Saudades desse cara, viu… Sujeito necessário, não tinha nada que ir embora cedo e deixar por aqui esse monte de trastes.

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Ademir
Ademir
9 anos atrás

Lá vai a escalação:
Solito,Sócrates,Ataliba,Casagrande,Zenon,Biro Biro,Mauro,Zé Eduardo(esse eu não tenho certeza),Alfinete,Paulinho e Wladimir.

Quinguy J Parcyan
Quinguy J Parcyan
9 anos atrás

E ninguém aqui deu a escalação deste time. Eu sei só de alguns.

Quinguy J Parcyan
Quinguy J Parcyan
9 anos atrás

E ninguém aqui deu a escalação deste time. Eu sei só de alguns…

Amaury
Amaury
9 anos atrás

“O Rock brasileiro nasceu nos anos 80” (GOMES, Flavio. in ‘EM PRETO E BRANCO’. 11-04-2014)

roxxonvaldez
roxxonvaldez
9 anos atrás

renascimento do rock brasileiro ficaria mais apropriado.

jo lima
jo lima
9 anos atrás

Uma pena que esse timaço não tenha ganho um título nacional naquele período. O campeonato regional tinha um peso enorme nos anos 80 e, em alguns casos, até superava o do campeonato nacional. Por muito pouco em 82 não teríamos uma final das massas = a democracia corinthiana de sócrates contra o flamengo de zico. Infelizmente, acho que na semi, o grêmio eliminou o curingão.

Sócrates é um personagem incrível = nome de filósofo, figura de dom quixote e a coragem de um Ali. Pena que ele não tenha conquistado uma copa do mundo e uma libertadores, pois, acho, que isso iria dar mais força ainda para a sua participação na vida pública.

Talvez venhamos a ter um outro Pelé em campo, mas um Sócrates, do jeito que o brasil vai (des)andando, acho que não verei mais não.

LUIZ DELLANO
LUIZ DELLANO
9 anos atrás

essa modernidade do futebol ja ta enchendo o saco,,,assisti ontem ao filme oficial da fifa da copa de 82,,, FANTASTICO!!!!! jogadores tomando fanta laranja no bico da latinha no intervalo, concentraçao com todos se sacaneando e ido sem camisa no onibus para o estadio,,, todo mundo dando entrevistas sem acessores,moderadores e o caralho a 4…
tenta chegar perto de algum reserva do flamengo,palmeiras, vasco, corinthians, etc…. mais facil dar um abraço no barak obama na convençao sa ONU em jerusalem….otarios!!!!

FABIO LUÍS GIORDANI
FABIO LUÍS GIORDANI
9 anos atrás

A democracia corinthiana não passou de uma jogada de markenting. Adilson Monteiro Alves se aproveitou muito bem desse momento para ingressar na política. O Sócrates grande foi um grande jogador, mas politicamente não se definia. Dizia-se socialista, mas na Itália na realizava palestras no Partido Comunismo. O rock dos anos 80 no Brasil não passou de imitação barata do rock inglês, onde na década de 70, época da ditadura filhinhos de papai de Brasília foram estudar na Inglaterra e importaram o Punk para o Brasil. Difícil é fazer rock hoje no Brasil,onde este gênero musical sempre foi muito discriminado em todas as épocas aqui. O que eu sinto falta mesmo era do Senna e do Piquet para torcermos na F1 e o grande Emerson Fittipaldi na Indy, Ambas competições hoje são uma enorme chatice.

Silvio
Silvio
9 anos atrás

Sou corinthiano, mas tenho cá minhas dúvidas com a “democracia” que dizem ter vigorado no meu time na década de 80. Alguns jogadores daquele mesmo grupo disseram que não era bem assim, “alguns” eram “mais democráticos” que outros.
Além disso tudo, tem a questão marketing, com participação ativa do Washington Olivetto, que na minha opinião, iniciou um filhote de alguns anti-marketing que vejo hoje em dia.
É minha opinião, mas no fundo não tenho uma completamente formada sobre a Democracia Corinthiana.

Felipe S.
Felipe S.
9 anos atrás

Olá Flavio, quero só fazer uma correção no seu texto: O Brasil já fazia rock (de excelente qualidade) no finalzinho da década de 60 e, principalmente, na década de 70 através de nomes como Made In Brazil, Patrulha do Espaço, Mutantes, Som Nosso de Cada Dia, Raul Seixas, só para citar alguns. Talvez o rock brasileiro tenha se tornado um produto radiofônico e popular na década de 80 mas ele já estava por aí havia um bom tempo. Abraços.

Amaury
Amaury
Reply to  Felipe S.
9 anos atrás

Felipe S.

Belas lembranças. Mas podemos ser mais justos ainda e remontar ao início dos anos 60:

https://www.youtube.com/watch?v=rCt452_9rZk

carlos lima
carlos lima
9 anos atrás

“Não, não perdemos nada, nós que vivemos a década de 80. Podem ter certeza. Não tínhamos Facebook e Twitter, nem iPhones, nem tablets. Mas tínhamos uma vida que pulsava de um jeito que acho que nunca mais vai pulsar. Foi uma década ganha.”

Concordo, plenamente. Bravo!

antonio edson
antonio edson
9 anos atrás

já que o assunto e democracia, permita-me questionar pelo menos um ponto do texto do flavinho,se é que eu não o entendi mal. longe disso, o rock brasileiro não nasceu em 1980. nessa época, pode ter nascido lá no circo voador, para os cariocas, para aquela emissora de tv que fica lá no jardim botânico e para sua gravadora chamada som livre. porque aqui, em sao paulo, o bicho já pegava adoidado. não vou nem falar de celi e toni campelo em sua turma (demétrius, carlos gonzaga, sérgio murilo, jerry adriani etc), nos anos 1950; e dos mutantes, nos anos 1960. nos anos 1970, a cena do rock fervia na pauliceia no quadrilátero formado pelos teatros 13 de maio – de saudosa e triste memória que um dia, acho que em 1978 ou 1979, como repórter policial do falido diário de são paulo, o primeiro, não esse fantasma trablóide que, acho, ainda circula hoje, fui cobrir o incêndio que o enterrou definitivamente, o teatro aquárius – que depois virou teatro zácaro e depois virou nada -, o teatro bandeirantes – onde por mais de um ano ficou em cartaz o falso brilhante da elis, tim maia etc – e deve ter virado igreja de crente antes de vir abaixo, e o teatro da tenda do calvário, ali nos porões da igreja do calvário, na cardeal arcoverde, onde o arnaldo dias tocou com a patrulha do espaço, tendo meu amigo luiz chagas na guitarra, quando arnaldo voltou dos estados unidos e antes de tentar se matar. as bandas que se revezavam nesses espaços eram muitas: a já citada mutantes já sob a gestão do serginho, made in brazil, som nosso de cada dia, rita lee já em carreira solo, terreno baldio, raul seixas (um pecado esquecer dele…), secos & molhados (é claro), moto perpétuo (de onde saiu o guilherme arantes), depois ney matogrosso também em carreira solo, jorge mautner, e muitos outros artistas que a memória analógica desse velho roqueiro já não consegue lembrar. portanto, dizer que o rock brasileiro nasceu nos anos 1980 é pensar que a geração dos extraordinários titãs, paralamas e barao, e dos nem tanto extraordinários kid abelha, lulu santos (há quem goste), biquini cavadao e bichos menos votados abriu o caminho. essa é a única observação que, humildemente, me atrevo a fazer à boa lembrança da iniciativa da democracia corintiana. um abraço, flavinho!

C.Genuino
C.Genuino
9 anos atrás

FG, porquê todas as revistas e jornais estão falando da petrobras? Eu falo para todos que Dilma não tem nada a ver com isso… afinal ela não é obrigada a ler tudo e vendo pelo tamanho da empresa nem foi tanto assim. Se não tivesse um bilhão na mão, não pagaria. Tu não achas?

Mário Sérgio
Mário Sérgio
9 anos atrás

É disso que eu estou falando FG. Atitude. Não faltava a vocês [e a eles] em 80 e é o que não pode faltar em toods nós hoje. Atitude.

Luciano Cadaval Basso
9 anos atrás

De preto e branco pra azul. Aproveitando o tema de futebol de verdade, gostaria que você fizesse uma menção (honrosa) ao São Bento de Sorocaba que conseguiu voltar à primeira divisão do campeonato paulista depois de muito tempo. O São Bento é 2 vezes campeão paulista (nem tv branco e preto tinha) e representa realmente a cidade (O Atlético é time do reverendo Moon e quase não tem torcida). A torcida é fanática e a cidade como um todo está sorrindo hoje.
Sorocaba está azul…

clay
clay
9 anos atrás

Parabens pelo comentario, FG ! Concordo enormemente, principalmente com o comentario sobre o Magrao, mas sendo Corinthiano, democratico, roqueiro, e tendo 49 anos sei que eh mais facil….abracao !

Ricardo
Ricardo
9 anos atrás

Concordo em gênero, numero e grau. Gostaria apenas de destacar que a expressão “década perdida” refere-se apenas ao lado da economia mundial, que nos anos 80 não conseguiu ampliar o crescimento ecônomo dos anos 70. No mais, perfeito o seu post.

Eduardo_SC
Eduardo_SC
9 anos atrás

No anos 80, vivíamos pensando como seria o futuro mesmo achando que tínhamos toda tecnologia que precisávamos. Hoje, não mais.

Anselmo Coyote
Anselmo Coyote
9 anos atrás

A década de 80 foi perdida apenas no que se refere à economia. A metade nas mãos de milicos e a outra nas mãos de Sarney com seu Plano Cruzado como cabo eleitoral do PMDB. Houve também a eleição do Collor, o que retardou em muito o processo de amadurecimento da Democracia.

Quanto ao esporte, à música e à mudança de regime citadas no post concordo plenamente e também prefiro entender que não foi perdida. Houve perdas, mas os ganhos foram maiores.

Abs.

Reginaldo
Reginaldo
9 anos atrás

Era garoto nessa época, coisa de 12 anos. Mas me lembro dos jogadores entrando em campo com as faixas, a camisa do time com a palavra “Democracia”, os comícios para as Diretas e, principalmente da dupla Casagrande e Sócrates.
Disse tudo Flávio. Uma pena ele ter ido tão cedo.

Eduardo Britto
Eduardo Britto
9 anos atrás

Sim, quem viveu os anos 80 não perdeu tempo, viveu com intensidade. Havia um tônus estético muito interessante no começo da década, com o som New Wave, os cabelos compridos e armados, as roupas pink-coloridas, ao mesmo tempo mesclado com o som Punk, com os cabelos raspados e espetados, as roupas pretas… A literatura flertava com o cotidiano com os poetas marginais ainda em ação, as instalações pipocando, o rock brasileiro ganhando espaço… E nos posters no banheiro, tínhamos Lucia Veríssimo e Sônia Braga no seu auge… No esporte o futebol era mais nosso, com a seleção formada por craques (de verdade, não fakes) que jogavam bola aqui mesmo no país, sabíamos o escrete de cor, a seleção de 82 foi melhor de todas, e dane-se que não tenha trazido um título, o Flamengo de Zico e cia era um timaço, Corinthians, Santos, Vasco e Fluminense formaram grandes times, O volei se consolidou como grande esporte… Tivemos F1 em São Paulo e no Rio de Janeiro, coisa rica isso, não? Talvez tenha sido uma década perdida mesmo para os palmeirenses e para a economia… mas dane-se o Palmeiras e a economia!

valmir lopes
valmir lopes
9 anos atrás

É verdade, esses caras morrem assim, sem ter nem pra que. Eu não vi Sócrates jogar, vi parte desse time jogar em campina grande em 86, infelizmente o magrão não estava lá. Sempre fui seu admirador

Marcelo
Marcelo
9 anos atrás

Futebol no Brasil faz tempo não é mais esporte e sim um grande negócio. Com relação aos jogadores, alguém lembra de um deles nos anos 70 e 80 ficarem fazendo “biquinho” pra sair em jornais ou revistas?

http://www.ofuxico.com.br/img/upload/noticias/2012/12/02/155717_36.jpg
http://s.glbimg.com/jo/eg/f/original/2012/11/16/1dbf4972304e11e2a3361231381b406c_7.jpg
http://www.ofuxico.com.br/img/upload/noticias/2012/12/21/157553_36.jpg

“Neymar é bobo” diz Flávio Gomes 31-05-2010
http://www.youtube.com/watch?v=Rvs-TRDhT68

Neymar é o retrato do jogador moderno, grande jogador, mas uma piada fora de campo!

Paulo
Paulo
9 anos atrás

A merda é que a gente só enxerga o presente quando ele virou passado.
Abre o olho, molecada! Depois, já era!

Carlos Trivellato
Carlos Trivellato
9 anos atrás

Não sou corinthiano, mas você tem razão, Flávio, os anos oitenta foram perdidos, para quem não viveu, ou não soube viver.
Foram os anos em que sai para o mundo: um ano vivendo na Europa, das corridas que assisti em autódromos, correr de kart (como amador, mas tão emocionante quanto), de passar muita raiva com as humilhações de Piquet e Senna em cima da Ferrari (mas, nem por isso, deixar de admirar os maiores pilotos da F1), de ver, juntamente com eles, figuras como Mansell e Prost em ação nas pistas, enfim, perdido está quem nasceu muito depois disso,,,

Ulisses
Ulisses
9 anos atrás

É (tudo) isso aí Flávio!
A década em que nossas “almas” ainda eram nossas …

Márcio Antônio Montechese
Márcio Antônio Montechese
9 anos atrás

Flavio,
Concordo com tudo o que você escreveu sobre a década de 80 e a Democracia Corinthiana. Cursei Engenharia Agronômica na ESALQ/USP, em Piracicaba, de 1983 a 1987. Estava naquele comício das Diretas na Praça da Sé com mais de 250.000 pessoas que a Globo e o Estadão não divulgaram, mas saiu na primeira página da Folha. Gosto de Rock e de Fórmula 1. E ainda sou Corintiano!

Antônio
Antônio
9 anos atrás

E verdade Flavio.
Estava aí um sujeito necessário ,foi muito cedo.

Luis felipe
Luis felipe
9 anos atrás

Putz ! As vezes você viaja..na boa…. A coisa mais importante que este esporte ja nos deu? Pensa bem antes de escrever uma bobagem desta ja que vc é jornalista faz 32 anos

Jonny'O
Jonny'O
9 anos atrás

Como Corinthiano …posso dizer que a invasão corinthiana de 76 ….o titulo paulista de 77 ….e a democracia dos anos 80 foram o orgulho do torcedor naqueles tempos……ganhar o Brasileiro ou o Libertadores e Mundial eram coisas distantes……putz…tinha o Inter do Falcão , o Flamengo do Zico …..Boca….Bayer do Rummenig (é assim que escreve?).

Mas lembro que meu tio falava mal do Casagrande….que jogou em Poços de Caldas na Caldence ….dizem que pitava uma erva sereno!…e dava muito trabalho na noite….sei lá….eu era muito jovem e essas coisas ficavam como lendas na minha memoria……….tempos bons!

O que ficou mesmo marcado pra mim era a camisa do goleiro Solito…..esse cinza “metalico” que só podiam ser assim com tecido sintético ……….puta merrrrda…aqui pra minha cidade só vinha camisa de goleiro azul piscina…verde calcinha ….e muitos horrorosos camisas cor de abobora ……..puts…e eram as mais baratas…as cor de aboboras….. mete fogo nelas!!!!!!coisa mais cafona!!!!