BUS STOP

SÃO PAULO (dá saudades) – Recebi do Valdemar Furtado a seguinte mensagem:

Um amigo postou essas imagens pelo Facebook. Trata-se de um filme feito em Super-8 pelo pesquisador norte-americano Allen Morrison, que esteve no Recife e em Olinda em maio de 1980 e documentou os trólebus que circulavam pela cidade. São imagens fantásticas de pontos turísticos do centro de uma cidade que simplesmente sumiu. Não há trilha sonora nem narrativa, apenas as imagens que, afinal de contas, falam por si.

Estive no Recife pela primeira vez em 1982, Olinda também. Lembro de pouca coisa. Voltei há uns cinco anos para ver um jogo da Lusa e, realmente, a cidade desse vídeo não é mais a mesma. Vocês, aí da capital pernambucana, falem dessas mudanças todas.

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Bruno Barreto
Bruno Barreto
8 anos atrás

Saudade dos táxis laranja (ou “cenoura”, se preferir)… Os de Recife eram laranja, os do aeroporto eram brancos, o de Olinda eram azul-marinho…

Ah, os psicodélicos anos 70! =]

victor freire
victor freire
8 anos atrás

o recife de 10 anos atrás já não é o mesmo de hoje. infelizmente a cidade que soube aproveitar tão bem nos tempos de faculdade já não existe mais. foi loteada aos interesses das construtoras e das empresas de ônibus.

Erick Santos
8 anos atrás

Bem, Flávio.

Como estou nos meus 35 anos, andei muito nesses antigos trolleybus Marmon Herrington. Eles circularam de 1960 a 2001 quase que ininterruptamente, com apenas uma pausa entre 1980 e 1981, pouco tempo depois de filmado esse filme.

Após a privatização da CTU Recife em 2000, o acordo da privatização previa que os trolleybus seriam trocados por modelos mais novos (o que não aconteceu) em substituição aos modelos antigos.

O que aconteceu? Perdemos uma característica marcante do transporte público recifense, nenhum trolleybus ficou para nos guardar essa história – todos foram vendidos como ferro velho e derretidos (acho que viraram panelas) e só restam imagens, alguns vídeos e muitas lembranças.

Sobre o Recife, Me envergonha o quanto ficou mais sujo nesses 35 anos.

Sobre os trolleybus de Recife, fiz uma série sobre os mesmos em meu blog de desenhos. O link é esse.

http://busdovanderbilt.wordpress.com/2013/12/29/os-trolebus-em-recife-parte-01/

Valdemar Furtado
Valdemar Furtado
8 anos atrás

Infelizmente a cidade mudou pra pior. Muita sujeira, degradação (das pessoas e do patrimônio público) gente morando nas ruas e uma prefeitura que, sei lá como fazem essas coisas, vende ou concede terrenos pertencentes à União para poderosas construtoras (que financiaram a campanha do prefeito) erguerem seus edifícios e condomínios privados de alto padrão em detrimento da maioria da população, que perde áreas públicas que poderiam ser destinadas a parques, praças e etc.

alexandre dubourcq da costa
alexandre dubourcq da costa
8 anos atrás

Saudades desta época rio Capibaribe menos poluído, cidade bem menos povoada, mais humana, menos miséria, é notório calçadas e ruas inteiras, atualmente estão quebradas sem manutenção, enfim época era bem melhor

ricardo
ricardo
8 anos atrás

sou de 1970. andei nesses ônibus desde pequeno. a CTU era péssima, os ônibus eram detonados, os bancos arruinados. as “bananas”, barras de ferro que pegavam eletricidade na linha, viviam soltando. a CTU(companhia de transportes urbanos) era estadual e um cabidão de empregos.

a cidade era muito menos verticalizada. nesse filme vi ônibus de outras empresas, como a Amapá(o branco e vermelho que passa de relance – pelo trajeto que fez, arrisco dizer que era da linha “campo grande”), da companhia Oliveira(cujo alto número de acidentes a fez ser chamada de “transportadora da morte”, pois servia a cidade de paulista em estradas esburacadas onde hoje é a PE-15) e da Machado, que se juntou à Amapá mas depois se separou numa reunião que teve até tiroteio na sede.

os ônibus eram maravilhosos Ciferal e Caio Norte, todos com motores mercedes frontais.

Tinham alguns ônibus da Caio Norte na Amapá, como o de ordem 573 que fazia a linha Campo Grande, com um motorista chamado “Régis” que acabei conhecendo por pegar sempre o mesmo ônibus na mesma hora, onde o motor era na traseira, esse motor acelerava com um ronco muito bonito. essa linha passava na minha rua, e quando eu ouvia o ronco do motor, sabia que era o 573 passando. tinha 11 anos, e ia e vinha da cidade onde volta e meia comprava transistores na rua da concórdia para montar pequenos circuitos que aprendia na revista “Saber Eletrônica”, da editora Bartolo Fittipaldi. o centro não era muito diferente : prédios antigos, meio detonados, e lojas diferenciadas como a Viana Leal.

Lembro também de alguns ônibus Mercedes lindíssimos, do mesmo modelo da Itapemirim(semi-leito) que faziam a linha Rio Doce. Eram da antiga Nápoles. Alguns tinham câmbio automático(também vi alguns assim na linha campo grande).

para um garoto de 11 anos fissurado em modelos de ônibus, aquele era um tempo mágico. hoje as carrocerias estão impessoais, quadradonas, sem detalhes estéticos que as diferenciavam. salvo os de luxo, as normais hoje são sem graça.

nesse meio tempo, a CTU foi vendida, os ônibus retirados de linhae substituídos por diesel. os elétricos saíram de vez da avenida norte e do resto da cidade. lembro de um projeto de elétrico híbrido, com motor diesel para o caso de faltar energia. tinha uns 3. e lembro dos “opcionais” da CTU, ônibus de luxo com ar condicionado que faziam integração com a estação joana bezerra.

o filme me deu uma sensação de viagem no tempo.

obrigado pela postagem, FG.

cordiais saudações
Ricardo

Leon Neto
Leon Neto
8 anos atrás

Flavio:

Cheguei em Recife justamentem em 1980, vindo de São Paulo. Em Recife morei ate 2003, e volto quase todos os anos para visitar amigos e parentes. Por isso vivenciei muitas das mudancas que a cidade sofreu nesses anos todos. Morava na Boa Vista e cansei de ver os trolebuses rodando pelas paisagens desse belo video. Andei pouco neles, por que preferia andar a pe mesmo, e cruzar as pontes sentindo o vento no rosto. Mas, meu pai andou muito de trolebus; a passsagem era barata e eles raramente vinham lotados. Era interessante “ouvir” o silencio do motor quando paravam no sinal vermelho; se tinha a impressao de que o motor tinha “morrido”. Quem morreu mesmo foi a cidade do video, infelizmente. Recife hoje eh uma cidade inchada, com transito caotico e muita criminalidade. Fruto, talvez, da falta de perspectivas no interior do estado, que com excessao de alguns bolsoes de desenvolvimento, nao prove muitas opcoes para reter sua populacao local.
Desculpe o texto longo, mas esse seu post me trouxe lembrancas de um tempo mais puro e juvenil que vivi na bela Recife dos anos 80.
Sugiro que vc de uma olhada no movinento “Ocupe Estelita” que luta para salvar o pouco que restou daquela epoca. Obrigado por tornar publico esse video singelo, mas cheio de significados.

Marco Antônio
Marco Antônio
8 anos atrás

Belas recordações, andei bastante nestes trólebus para ir à aula, ia de Casa Amarela até a PUC, era mais barato e um barato. Só se escutava o barulho das engrenagens e do compressor do freio. Lá para os meados dos anos 80 reformaram estes trólebus e compraram uns novos e modernos todo quadradão. Lembro também que em dias de chuva muitas pessoas não pegavam com medo de levar um choque, era bom que andava bem vazio.
Outra observação sobre o vídeo é que da para ver o monte dos táxis nesta época que eram 99% fuscas e tinha uma cor estranha bem diferente, só os táxis do aeroporto que eram brancos.

ricardo
ricardo
Reply to  Marco Antônio
8 anos atrás

a cor dos táxis era um laranja horroroso.

quando o motorista queria vender o táxi(sem a “praça”, a licença pra circular), o motorista tinha que pintar o carro. se deixasse na cor original, ninguém queria comprar por saber que era táxi e muito rodado.

segue foto de um.

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/veiculos/noticia/2011/12/17/dono-do-ultimo-fusca-taxi-do-recife-vai-se-aposentar-25881.php

Erick Santos
Reply to  ricardo
8 anos atrás

Infelizmente impediram que ele se aposentasse dignamente. O Seu Lucas faleceu em um assalto covarde, no fusquinha que ele tanto amou, por um bandido da pior espécie.

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/policia/noticia/2012/01/23/seu-lucas-o-ultimo-taxista-a-usar-fusca-no-recife-e-assassinado-29459.php

Valdemar
Valdemar
8 anos atrás

Infelizmente, a cidade mudou pra pior. Muito lixo, muita marginalidade, pessoas abandonadas, dormindo nas calçadas, verdadeiras cracolândias embaixo dos viadutos. Além disso, tem as construtoras que estão tomando conta da cidade, cuja prefeitura “concede” ou vende, sei lá como fazem isso, áreas pertencentes à União para verdadeiros especuladores imobiliários, que pretendem construir edifícios de alto padrão e condomínios fechados nessas áreas.

Sergio Luis dos Santos
Sergio Luis dos Santos
8 anos atrás

Para conhecer mais o trabalho de Allen Morrison:

http://www.tramz.com/

Edy
Edy
8 anos atrás

Tinha mais fusca do gente na cidade

Moy
Moy
8 anos atrás

Andei muito nesse tipo de busão.
Complicado era de ressaca e a cabeça explodindo, pois quando o bicho embalava, a carroceria vibrava toda. Ou quando a “banana” soltava nos cruzamentos.
E quanto ao Recife … Num dia de sol, o Recife acordou. Com a mesma fedentina do dia anterior.

Ed
Ed
8 anos atrás

Recife está cada vez mais virando uma São Paulo. No bom e mau sentido.

Waldir Santana
Waldir Santana
8 anos atrás

Sou de 83 e ainda tenho lembrança desses ônibus no centro do Recife, se andei 5 vezes neles acho q andei muito. Tenho que confessar que a memoria é ruim, pois que eu me lembre eram do governo e muito desconfortáveis, enquanto as empresas privadas estavam renovando as frotas trazendo um pouco mais de conforto. Hoje em dia as empresas de onibus dominam e devido a politica o boato é que nao deixam o metrô expandir. Recife hoje em dia enfrenta o problema das grandes metrópoles ruas estreitas, muitos carros, onibus lotados e engarrafamentos a qualquer hora. Moro no interior e ir pra Recife hoje em dia é um martírio.