O CHEIRO DE ACETATO
SÃO PAULO (cafajestes) – Por dois anos, todas as semanas, frequentei aquele local. Gostava muito do nome da rua: Cenno Sbrighi. Nunca soube quem foi Cenno Sbrighi, até procurar, agora há pouco, no “Dicionário de Ruas”, página mantida pela Prefeitura de São Paulo. Campeão de ping-pong na adolescência, formou-se em medicina no Rio, foi atleta de remo do Fluminense, trabalhou no Miguel Couto e na Santa Casa e gostava de caçar perdizes e codornas. Nada de muito especial, mas deve ter feito algo importante, talvez tenha caçado a maior perdiz do mundo, ou quebrado algum recorde de codornas abatidas no mesmo dia. O fato é que virou nome de rua, e é nessa rua, num dos muitos subdistritos da Lapa, que ficava a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.
[bannergoogle] Emissora dos Diários Associados inaugurada em 1960, a Cultura passou por um grande incêndio em 1965 e foi comprada dois anos depois pelo governo do Estado, transformando-se em TV educativa (a história da Cultura está aqui, para quem se interessar). Mas engana-se quem imagina que ela tenha sido usada apenas para telecursos ou para veicular programas chatos e laudatórios dos vários governos estaduais que a sustentaram.
Contrariando todas as expectativas, a Cultura passou por cima da previsível tutela oficial para se transformar numa emissora de vanguarda com programação de altíssima qualidade. Quem aqui não se divertiu com o “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Bambalalão” ou “Vila Sésamo”? Quem não se lembra do “Roda Viva” quando era o principal programa de entrevistas do país, conduzido por gente do naipe de Rodolfo Gamberini, Lilian Witte Fibe e Paulo Markun? Hoje é uma piada, apresentada por um fóssil do jornalismo cujo nome me reservo o direito de sequer mencionar. E o “Cartão Verde”, com Trajano, Juca Kfouri e Armando Nogueira? O que dizer do “Vitrine”, do “Metrópolis”, da “Fabrica do Som”, do “Provocações”, do “Viola, Minha Viola”? E das transmissões esportivas com Luiz Noriega, Orlando Duarte, José Góes?
Por dois anos, frequentei aquele local. Quando fui contratado pela SBPC para fazer programas de ciência para a Rádio Cultura AM, meu primeiro emprego remunerado, gravávamos tudo nas instalações da USP e levávamos a fita de rolo às sextas-feiras até o prédio da Cenno Sbrighi. Foi a primeira vez que entrei numa emissora de TV e rádio, final de 1984.
Não sei se consigo descrever. Nas minhas memórias, tudo tinha cheiro de acetato, se é que acetato tem cheiro. Discos, fitas, cartuchos. Sim, acho que discos eram feitos de acetato, ainda são. Tinha cheiro de espuma, também, a espuma que revestia as paredes dos estúdios de rádio, sempre à meia-luz, indevassáveis, solenes. Nas mesas cheias de botões por trás de pequenas janelas à prova de som, aqueles equipamentos metálicos que faziam pequenos ponteiros de VU se mexerem me davam a sensação de que, através deles, eu seria capaz de falar ao mundo. O que quisesse. Pelos corredores se desvendavam discotecas, palcos, estúdios enormes de TV, um piano de cauda e fábricas de cenários coloridas e cheias de marceneiros serrando e pintando.
Aquele era meu mundo, definitivamente — como seria, algum tempo depois, a redação do jornal cheia de máquinas de escrever e fumaça de cigarro, os primeiros computadores com tela de fósforo verde, teclas da Remington e teclados anônimos me oferecendo a mesma, e poderosa, sensação: de que, através deles, eu seria capaz de escrever ao mundo. O que quisesse.
Mas levávamos o rolo de fita, eu dizia, e na verdade quem levava era o João Bosco, nosso editor-chefe, já falei dele aqui, perdi totalmente a pista de João Bosco Jardim de Almeida, primeiro grande professor do ofício e da vida que aquele ofício reservava para mim.
(Sim, já dei um Google atrás do João. É incrível. A referência mais recente é de 2004, estava entre os responsáveis pela avaliação de um curso de psicologia no Amazonas. Uma citação, nada mais. Nenhuma foto, nenhuma página no Facebook, nada no LinkedIn, e quando isso acontece é como se a pessoa não existisse, nunca tivesse existido — acho que todos pensamos assim hoje. Invejo pessoas que conseguem escapar das garras das ferramentas de busca, do Grande Deus Google. Gostaria de ser uma delas. Mesmo assim, basta ter tido seu nome escrito algum dia em algum papel, e alguma coisa se encontra. E o pouco que encontrei só faz minha admiração e respeito aumentarem. João Bosco Jardim de Almeida aparece em vários relatórios da Polícia Política nos papéis do Arquivo Público de Minas Gerais. Era líder estudantil, vigiado pela ditadura, integrante da ALN, cada passo registrado, relatado, arquivado. As reuniões, os encontros, as assembleias, o que lia, o que escrevia, com quem se encontrava… Por isso, e ele nunca falou no assunto, deve ter fugido do Brasil em algum momento, sentindo-se sufocado pelo regime que muita gente, na micareta de domingo, vai pedir que volte. Trabalhou na BBC, onde estava quando foi recrutado para voltar e montar o programa de divulgação científica da SBPC. Medo, ainda? Em 1984? Bem, o presidente ainda era um general quando a gente começou a fazer nossos programinhas de rádio. Poucos meses depois Tancredo seria eleito pelo Colégio Eleitoral. Não militei em movimento algum na ditadura, era apenas um garoto, e portanto não tenho condições de julgar o que sentiam aqueles que voltavam, ressabiados, desconfiados, assustados. Não sei se o João está vivo. A última vez que o vi foi em 1989, em Londres. Tinha voltado para a Inglaterra, morava num apartamento pequenino e encantador. Ele tinha o quê, uns 20 anos mais do que eu, talvez? Se for assim, teria hoje setenta e poucos, claro que está vivo. Quem sabe nas suas Minas Gerais, olhando em paz para as montanhas infinitas, a paz que lhe foi roubada na juventude.)
Estacionava meu carrinho, um Gol prata LS, nas vagas internas, o nome e a placa, CA-4343, estavam na portaria, e felizmente o João sempre me esperava numa das dezenas de portas que levavam às entranhas da Cultura, e lá dentro, depois de percorrer vários labirintos, no estúdio do AM 1200 kHz que colocava as coisas no ar, o rolo era entregue e ajeitado no Akai vertical, havia vários, e então a vinheta que era a introdução de alguma canção do Clube da Esquina, com flauta e violão, acho, anunciava que estava começando “Encontro com a Ciência“, cujo acervo em algum momento da história foi digitalizado, mas desapareceu.
E durante uma hora, no mais absoluto silêncio, como se qualquer ruído dentro daquele estúdio pudesse por mágica — ou maldição — interferir no rolo que girava no Akai, ficávamos, eu e o João, escutando o resultado do trabalho daquela semana sem ter a menor ideia de quantas pessoas estariam nos ouvindo, ou se tinham gostado, algo que saberíamos dias depois, quando algumas cartas chegavam à casinha onde produzíamos tudo, em Pinheiros.
Conto tudo isso depois de ler que a Cultura, sem dinheiro e apoio do governo do Estado, está morrendo aos poucos. Alguns ex-apresentadores do canal gravaram um vídeo que é um grito de socorro, apelo que, receio, não será ouvido. Voltei à Cultura há dois anos, a convite de um amigo, para fazer uma participação breve num telejornal da hora do almoço. Quando terminou, pedi para dar uma voltinha pelos estúdios da rádio. São outros, não reconheci quase nada. Vi o piano de cauda, porém. E notei a meia-luz, que persiste. Mas já não havia ninguém, nem ao piano, nem atrás dos botões, os microfones transmitindo apenas silêncio.
Fui embora triste, porque nem o cheiro de acetato tinha mais.
Me desculpei pelo Vitrine, mas na verdade era Fanzine (bêbado provavelmente), citado acima pelo Valter. Gracias
Se já viu, dsclp, se não vale muito:
https://youtu.be/SSmEdKA-Ad0
É o governador de São Paulo que está deixando a Cultura morrer a míngua?
Acompanhei a Cultura nos anos 90. Heródoto no JC, Metrópolis, Cartão Verde, Roda Viva, Bem Brasil… A TV na sua essência é uma concessão. Ao contrário de muitas emissoras, cumpria com seu papel de informar, educar, esclarecer. Lembro daquele programa “Grandes Momentos do Esporte”. Existe um programa na RAI similar nos dias atuais. Isso é vanguarda. Ainda que se refira ao passado. Excelentes transmissões esportivas. Excelentes programas musicais. Uma emissora completa que, por algum motivo, se perdeu. Falta de apoio, crise de identidade… Enfim. Tudo tem início, meio e fim. Realmente é uma pena que esteja ocorrendo com a Cultura. As pessoas mudam, as coisas mudam… Evoluem, transformam-se, tornam-se melhores ou piores… Simplesmente acabam.
Eu cresci vendo a TV Cultura mas não exatamente com os programas infantis que ela exibia (acompanhei no máximo 2, o Mundo da Lua e Glub Glub), o que me chamava a atenção era o jornalismo forte (quem não lembra do Jornal da Cultura 60 minutos) que ela tinha (uma “rede” com afiliadas em todo Brasil), a parte esportiva com o Grandes Momentos do Esporte e o Cartão Verde então nem se fala. A emissora dava 5 a 7 pontos de IBOPE. Depois de tantas mudanças a emissora mal chega a 2 pontos, até mesmo chega ao “traço” (perto de zero). Como explicar uma emissora pública, que dá uma programação mais sadia e não consegue estar entre as grandes Flávio?
Detalhe, a emissora tinha uma imensa lista de afiliadas, enquanto que a antiga TVE Rio tinha poucas. Hoje as principais afiliadas estão na TV Brasil (antiga TVE) e a TV Cultura tem poucas. Triste…
E o material inédito sobre Formula 1 anos 70 e 80 que a TV Cultura deve possuir em seus arquivos ? Por favor não deixem que seja perdido ! Deve ser liberado ao publico de alguma forma , via Youtube ou outra forma qualquer !
Li o último paragrafo e acredito como você que a TV Cultura tem que andar com as próprias pernas, mas o conteúdo de qualidade não é diretamente proporcional a $$$, somos um país pobre de gente ignorante. O melhor produto da Tv Cultura que é o Jornal da Cultura da “traço” (como o próprio LULA fala e por isso nem se incomodam). Acho difícil um bom produto ser bancado com audiência de menos que 5% da população brasileira…
Se o PSDB conseguiu acabar com dois bancos (BANESPA e Nossa Caixa) no Estado de SP imagina uma emissora de TV!
A “Locomotiva do Brasil” não consegue manter um canal de TV. Isso não é falta de dinheiro, apenas ideologia.
Fala Flavio, lembrei do programa Vitória. Cobria esportes que ainda eram (ou são?) marginalizados como o surf, skate e voo livre. Abs.
Que droga não teremos mais o Roda Viva …………
A Fábrica do Som…de Tadeu Jungle no sesc Pompéia anos 80
Olá Flávio.
Gostava muito de assistir ao programa de esportes “Vitória”, que passava aos domingos à noite. A apresentadora era a Graziela Azevedo, que hoje está na Globo. As reportagens eram de ótima qualidade, com trilhas sonoras muito boas. Todos os esportes eram abordados, sem restrições. Alguém mais lembra? Um abraço.
E quantos e quantos repórteres não eram (e são) reconhecidos por seu trabalho na Cultura e eram guindados à Globo e outras emissoras comerciais… Verdadeira formadora de profissionais a Cultura…
Olá Flavio.
Lembro-me de um programa que eu adorava, o “Vitória”, que passava aos domingos, com apresentação da Graziela Azevedo (hoje na Globo). Falava de todos os esportes e com reportagens muito bem produzidas (informações, trilha sonora, etc). Alguem mais lembra?
O Pedro Ar escreveu exatamente o que eu gostaria de escrever..Parabéns.
Faz pouco tempo a Cultura incorporou os anúncios comerciais (coisa impensável há uns anos). Nem isso deu jeito? De tanto se falar em crise, crise, problemas de orçamento, só podia sobrar para uma coisa boa e de qualidade como é a TV Cultura! Tanta coisa legal! Além das citadas, teve Anos Incríveis, o sensacional Confissões de Adolescente (quando a Debora Secco, novinha, ainda era humana), o TV 2 Pop Show, único programa a passar clips de música na virada dos 70 pros 80… A TV Cultura até hoje é um oásis, mesmo considerando os canais fechados. Há de permanecer! Ah, ET.: não será muita gente na “micareta” a pedir a volta dos militares. Se tiver 1% pedindo isso eu não acesso nunca mais esse blog.
Boa sorte, não esquece de bater uma selfie com um PM do Choque.
Desde quando a Deborah Secco deixou de ser humana? Sempre achei que ela fosse apenas um belíssimo exemplar de nossa espécie…
Calma meus amigos… pelo menos a água está garantida com a verba desviada para o desmanche da cultura… Ou não ???
Apesar de eu discordar muito de você em alguns pontos… Mas, cara… TU ESCREVE PRA CARALHO!
O que é legal de seus textos é que dá para imaginar, “ver” as imagens destes locais!
Que o filha da puta do Alckimin faça alguma coisa para salvar a Cultura!
A Cultura deixou a meta aberta. Quando ela atingir a meta, ela vai dobrar a meta.
Nossa, que engraçado.
FG… eu gravava o SOM POP com um microfone colado na tela da TV. O programa ia ao ar nos sábados a noite. Eu ficava ali, com meu gravador esperando para ouvir e gravar minhas músicas favoritas em fitas cassete. É uma tristeza saber o que estão fazendo com a TV Cultura,. São realmente uns canalhas….
Gde abr
Nunca vou esquecer do “Revistinha”. E da Luciene Adami, claro!
Apesar de na época eu não ser mais criança, também assistia só para vê-la…
Caraca… se não vai manter ou não quer mais, privatiza!
Com certeza tem quem queira o canal.
Para dar para algum cretino como os donos da Rede TV passarem o teste de fidelidade? Melhor acabar mesmo.
Pensando assim, tem toda razão… Ainda mais se continuar pública e ter o perigo de se tornar uma TV Brasil.
Realmente, melhor fechar as portas.
ps. Não é ironia, tão pouco sarcasmo…
o cara do roda viva (Augusto Nunes) e colaborador da Veja, daí a credibilidade foi pro saco.
Ontem foi a água, hoje a cultura, a educação está sendo e, amanhã, a saúde. E 80% da população do Estado assinou embaixo nas eleições. Pobre SP.
Embora morando em Brasília e agora no Rio, sempre acompanhei a TV Cultura, seja pelos acordos com a TV Educativa ou pelo sinal de antena parabólica (que aliás, salvo engano, deu espaço para um canal da Igreja Adventista).
Como não lembrar dos programas citados? Clássicos da TV que, só agora, por um motivo inglório, estão ganhando notoriedade séria.
Mas a questão é: desde quando a Cultura começou a acabar? Porque o desfecho que a emissora está tomando não é resultado de fatos isolados recentes. Assim como nada grande que acaba é.
Assim como você, que está aí fazendo campanha, eu também tenho memórias saudosas de Pingu e Castelo Rá-Tim-Bum. Eventualmente, ainda assisto o Roda Viva – pelo Youtube, claro – algo como uma vez por mês, quando estão entrevistando alguém mais interessante que algum sociólogo especialista nas relações interfamiliares do sudoeste da Martinica. É um dos últimos programas “de TV” que ainda busco ativamente, e vou ficar chateado se ele deixar de existir.
Mas entre eu, que peço a morte, e você, que pede a “salvação” da TV Cultura, existe uma diferença. Eu sou capaz de assumir pra mim mesmo que, todo esse meu “amor” pela TV Cultura, no fim das contas, é só “pra inglês ver” – ou mais precisamente, pra pagar de culto pros amiguinhos na internet. Via de regra, assim como você, eu estou cagando pra programação da TV Cultura 99,9% do tempo. Eu não assisto. Você não assiste. Meu vizinho não assiste, nem o seu. Tirando meia dúzia de gatos pingados, ninguém assiste. E é por isso que a TV está “morrendo” – se tivesse audiência, se sustentaria com o dinheiro dos anunciantes, ou do “apoio cultural”, se você é do tipo que gosta de eufemismos.
Mas é uma TV que não se sustenta. Dá prejuízo, não tem público. O Brasileiro (e isso inclui eu e você) prefere assistir Big Brother, Novela das 8, Futebol, Game of Thrones e The Walking Dead. Podemos chorar, espernear, achar isso inculto e chamar de lixo cultural à vontade. Mas na hora de ligar a TV, eu sei que seu dedinho aponta pra HBO.
Querer que a TV Cultura seja “salva” tendo seus prejuízos cobertos com dinheiro público não é bonitinho, é um ato de egoísmo e de irresponsabilidade, especialmente num país onde as finanças não fecham direito. Esse tal de “dinheiro público” não nasce em árvore. É arrancado à força de cada cidadão e trabalhador do país, através dos impostos. Dizer que eu quero que o governo (seja qual for) sustente a TV Cultura, é querer que tire dinheiro da saúde, da educação, das compras da dona de casa, do setor produtivo, etc, pra financiar um canal de TV que ninguém quer assistir, mas que eu acho bonitinho.
Eu jamais doei 1 real do meu próprio dinheiro à TV Cultura. Nem considero a hipótese de pagar pra assistir os programas. Aliás, pra ser BEM honesto, eu não me dou nem ao trabalho de clicar os anúncios do Adsense pra “dar uma forcinha”. Aposto que você também não. Se eu que “amo” a TV Cultura, não sou capaz de fazer o mínimo do mínimo, com que moral venho pedir que algum governo use “o dinheiro dos outros” pra sustentá-la por mim?
Então, assim como você, eu gostaria muito que a TV Cultura continuasse viva. Mas gostaria se ela continuasse viva andando com suas próprias pernas, com uma programação de qualidade E que seja interessante para o público, que traga seu próprio retorno. Se for pra ser sustentada no prejuízo às custas do dinheiro arrancado da população, que morra logo. E descanse em paz.
Ah, os neo-liberais, como são chatinhos… Deve ser um daqueles que ficam o dia todo reclamando do governo. Ande com suas próprias pernas, então. Malandrão.
Engraçado é o cara achar que tem alguma razão no que fala.
Quase tudo de cultura, educação e ciência no mundo e sustentado coletivamente através de verbas públicas. Mesmo na meca dele, os EUA..
É o normal tentar rotular tudo para parecer mais do mesmo…
PT, PSDB tudo a mesma coisa, tolo é quem acha q defende alguma ideologia. Alias ninguem defende nada sem receber um “trocadinho”,
Você está insinuando que eu recebo alguma coisa? Escreva isso com clareza e mande nome completo, RG e CPF.
Prezado Flavio, se de fato o Fernando é liberal, ou neo-liberal (o fetiche da esquerda por essa expressão é que é chatinho), ele anda pelas próprias pernas e uma de suas queixas é com quem não se propõe ao mesmo. Aliás, sua reclamação é justamente essa, que a exaltada TV Cultura também se viabilize sem a necessidade do mecenas-mor. Se ele for liberal tudo o que ele quer do Estado é uma coisa só, que o mesmo não corte suas pernas para depois carregá-lo sobre os ombros.
Me inclua fora dessa, rapaz! Não sou telespectador assíduo da Cultura, mas também não passo perto desses programas que você citou. Tem muita coisa boa na TV paga, documentários e filmes ótimos,
Puxa Flávio, a Cultura fazia ótimos programas que deveriam se copiados por outras emissoras para aumentar a cultura dos nossos jovens. Quem não se lembra do programa das quartas-feiras à noite “Quem sabe, sabe…” com o saudoso Randal Juliano; de sábado à tarde, envolvendo escolas: “É proibido colar”, com o Antonio Fagundes; e o excelente “Engima”, das quintas-feiras, com Cassiano Ricardo. Eram ótimos desafios entre meu pai e eu… Uma pena a emissora se perder….
Uma pena, dinheiro pra Cultura não tem, mas para propinas na Secretaria dos Transportes, isso tem aos montes…
Se depender daquele Satan Careca que governa o estado de SP, a Cultura já era…
Flávio quando o Trajano e o Juca apresentavam o Cartão Verde na Cultura você já fazia parte do quadro da ESPN Brasil ou ainda escrevia pros vários jornais impressos desse Brasilzão através da Agência Warm Up?
Eu não estava na ESPN.
Fica a sugestão (não sei se alguém de lá vai ler, mas vc poderia encaminhar a alguém da Cultura) de eles fazerem um Patreon ou algo assim, para que as pessoas possam contribuir de alguma forma para a sobrevivência dessa parte da história de SP e do Brasil.
Valeu Flávio, não sabia, vou entrar nessa mobilização.
Era realmente muito legal, faltou mencionar ”No mundo da Lua””,“Grandes Momentos do Esporte”, “”X Tudo”,e o ”Glub Glub”;https://www.youtube.com/watch?v=3xNWuD_kPwQ
Acredito que a situação da TV Cultura hoje não é culpa de administração política como alguns comentam aqui. Acredito que com o aumento de TVs por assinatura, internet , netflix e outros meios de acessar conteúdo específico tem acabado com a audiência da TV aberta de forma geral.
Não é só a Cultura que está em crise. O SBT, a Rede TV e Gazeta estão bem mal das pernas também.
Isso é reflexo da oferta vasta de formas de escolher como acessar conteúdo. Por um lado é um aumento na liberdade de escolha, por outro, uma forma de alienação.
Agora, não acho que o governo deveria investir mais na Cultura, acho que a TV tem de se financiar sozinha como as outras redes particulares.
Ridículo mesmo é a radiobras que é financiada pelos governos federais de todos os partidos que já estiveram por lá para apresentar a Voz do Brasil que não passa de uma relíquia da ditadura e que se perpetua a décadas apresentando conteúdo sem interesse nenhum. Deveria se financiar sozinha também.
Mas olha que hoje, com a barreira imposta pela imprensa, a Voz do Brasil é o único lugar onde dá para ouvir sobre as coisas que o governo federal está fazendo.
Por incrível que pareça.
Quanto a sua “solução de mercado”, me parece impossível. Você mesmo disse mostra que as TVs mais comerciais não conseguem se manter. Acho que no mundo todo TVs educativas precisam de apoio de verbas públicas para sem manter. Como também outras instituições de cultura como as orquestras..
Até no EUA as emissoras do PBS são mantidas por verba pública. Se bem que eles vivem fazendo campanhas par doação dos ouvintes (geralmente em domingos). Também pode ser uma saída para a Cultura.
A TV Cultura não deve e não deveria se preocupar com audiência.
E o contribuinte deve, sim, financiar a televisão pública, sob determinadas regras de governança que lhe garanta (à TV) independência.
A BBC é mantida com taxas pagas compulsoriamente (tributos) pelo contribuinte britânico. Nem Margareth Thatcher mudou isso, embora o modelo seja questionado com alguma freqüência – como agora.
Flavio, eu me lembro também do Rofolfo Konder como apresentador do Roda Viva.
Tenho um amigo que trabalha lá.
Além dele confirmar que está acabando, mesmo, a TV Cultura, ele menciona que sempre é perseguido por possuir uma doença degenerativa, o que é proibido por Lei, além de ser proibido pela moral…
E é por esta falta de moral que impera lá dentro que a TV Cultura vai acabar.
O leitor, tocado pelo texto impecável, agradece ao escriba por compartilhar suas memórias. Bravo!
O programa Fanzine é ou era ótimo.
É um completo absurdo o que estão fazendo com a TV Cultura, a única que prestava das teles de canal aberto. A que interesses será que atende este desmonte dela?
Sobre o texto, gostaria de lhe agradecer Flávio, pois criei um hábito que muito me agrada de ler suas postagens pela manhã, ao chegar no trabalho, na companhia de uma xícara de café feito na hora e um pão com manteiga (Manteiga, Aviação, nada de margarina). Um prazer imensurável, e achei este texto tão bem escrito que me senti a vontade para mandar o comentário. Faça o favor de não morrer tão cedo, não perder a mão na escrita e se for partir desta para melhor, nos deixe um aprendiz que possa conduzir este legado com excelência. Grande abraço.
O foda é viver o medo de ver a Cultura virar mais uma emissora caça níquel da tv aberta e vender espaço até em horário nobre para os ESTELIONATÁRIOS evangélicos e seus programas EMBURRECEDORES em nome da fé.
Mas o que esperar de Geraldo Alckmin e seu (des)governo? Se perguntarem a ele, mandará uma nota dizendo “Está tudo sob controle”, sua resposta padrão.
Dilma, Alckmin, Haddad, camara de vereadores de SP nas mãos do PT, Assembleia Legislativa nas mãos do PSDB, Congresso e Senado nas mãos do PMDB.
Estamos no fundo do poço.
Tudo só pode piorar mesmo.
Cultura, educação, incentivo a pensar, questionar? Nem pensar.
infelizmente é assim.
todo mundo adora a Cultura, mas poucos assistem!!
até desenhos que meu filho estava vendo na Cultura estão passando para os canais pagos, e ai não tem como concorrer.
É legal lembrar a nostalgia e como fez parte da nossa vida, mas é fato que ninguém mais assiste o canal! não tem como sobreviver
Anos Incríveis, Mundo de Beakman, Vitrine, Metrópolis, Conexões de James Burke… Eles não só produziam, como também “traziam” coisas muto boas.
E o documentário “Travessia da Vida” (2001), de Dorrit Harazim, excelente!
Interessante descrição de um tempo que passou e não volta mais, Fica evidente o dom para escrever e o talento que tem para colocar sentimentos em fatos e eventos; Coisa cada vez mais rara e pouco utilizada neste mundo de 2015…
Magina o que o PSDB faria no país… Na verdade nem precisa imaginar. É só lembrar como era este país até 2003
lembrei de uma excelente entrevista com o Helio Ziskind (foi do Grupo Rumo, é autor de trilhas dos programas infantis da TV Cultura – especialmente o Cocoricó, mais “Glub Glub”, “Cocoricó”, “X-Tudo” e “Castelo Rá Tim Bum”), ele explica muito do que tem acontecido na TV Cultura:
http://screamyell.com.br/site/2014/09/25/entrevista-helio-ziskind/
aliás, recomendo esse site sobre música independente. muito bom pra conhecer coisas novas, além de artistas já estabelecidos. de qualquer gênero.
O site do Marcelo é recomendadíssimo.
li isso hoje:
http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/p%C3%A1-de-cal-sobre-duas-atra%C3%A7%C3%B5es-1.1083091
é o legado do tipo de gestão PSDBista. Acho que foi o João Sayad o principal agente deste desmonte, pelo que tenho lido já a alguns anos.
Eu também tenho a impressão que foi com o Sayad como gestor que o desmonte iniciou – houve um bafafá logo de cara pois o sujeito desconhecia completamente a programação da emissora e começou cancelando programas e produções para ‘economizar verbas’ , sem a menor consideração pela importancia da emissora ao público.
Tá rolando uma petição online para tentar brecar essa porcariada, no avaaz.org .
Desculpe, citou sim o Vitrine.
Emocionante, a Cultura (Rede Minas, em Minas) me formou de alguma forma… Faltou citar o Vitrine, com Marcelo Rubens Paiva. Viva a Cultura!
Mais um texto genial.
Consegui sentir até o cheiro de acetato.
Lembro de um programa chamado Linha de Produção, que tinha como apresentador um ruivo cujo o nome não me recordo.
O programa mostrava como eram feitas as coisas, como carros, ônibus, entre outras coisas.
Tenho alguns programas gravados em VHS mas não encontro nada sobre ele na internet.
Logo na abertura do programa sobre como eram feitos os carros, foi apresentado uma Vemaguete azul.
Esse apresentador morava em um casa feita com garrafas PET.
Muito interessante!
Ola, boa noite. Me desculpe eu perguntar por aqui mais não faço ideia de como envio perguntas para a sua entrevista. Pode responder? Minha dúvida . Há tempos eu observo algumas pessoas (nem só jornalistas) que se intitulam muito íntimos da F-1, tipo acesso amplo irrestrito e coisa e tal, no teu entender franco como sempre, dos brasileiros (jornalistas ou não!) quem realmente tem acesso relevante aos “manda chuvas” Chefes de equipe e por aí vai… da categoria, quem realmente circula com desenvoltura e tem mesmo portas realmente abertas,…? grato pela atenção.
Desculpe eu, por gritar… PORRA, VOCÊS NÃO SABEM LER? LEIA A PORRA DO PRIMEIRO PARÁGRAFO DA ÚLTIMA PARTE DA ENTREVISTA PUBLICADA! Obrigado.
Além dos programas que vc citou, lembro do Sompop, não lembro o nome que o Fagundes apresentava de sábado a tarde, Uma pena;
É Proibido Colar