O GRANDE SCHABOWSKI

SÃO PAULO (é pra já) – Günter Schabowski, um dos mais importantes personagens do século 20, morreu ontem na Alemanha aos 86 anos, pobre e esquecido. Foi Schabowski quem, no dia 9 de novembro de 1989, derrubou o Muro de Berlim.

Jornalista, casado com uma russa que, dizia-se à miúda nos bares de Berlim, era espiã da KGB, Schabowski tinha sido diretor do jornal “Neues Deutschland” antes de ascender no governo da Alemanha Oriental. Tornou-se rapidamente figura importante do Comitê Central do Partido Comunista, assumindo antes dos 60 anos o posto de porta-voz do regime.

[bannergoogle] Aquele fim de ano vinha sendo particularmente complicado para os dirigentes da DDR. Protestos pipocavam por todo o país, com a população pedindo liberdade — de tudo: expressão, ir e vir, manifestação, pensamento. O mesmo acontecia em outros países satélites da URSS, que caminhava para a dissolução.

Para entender como Schabowski derrubou o Muro, porém, é preciso voltar um pouco no tempo para conhecer outra figura decisiva no episódio que mudou a história do mundo: Riccardo Ehrman, jornalista italiano que em 1976 se mudou para Berlim Oriental como correspondente da agência Ansa.

Ehrman tinha muitos amigos no governo por conta de uma habilidade prosaica: ele e sua mulher, a espanhola Margarita, eram mestres da culinária italiana. Viviam recebendo altos dirigentes do partido para jantares regados a bons vinhos e grappa. Um dos frequentadores de seu pequeno apartamento era Günter Pötschke, diretor da agência oficial de notícias da Alemanha Oriental, a ADN. Pouco antes da conferência de imprensa de 9 de novembro, Pötschke telefonou para Ehrman: “Não deixe de ir a essa coletiva”, alertou. “Vai ser importante. Pergunte sobre a possibilidade de nossos cidadãos poderem viajar para fora do país.”

Riccardo chegou atrasado à entrevista, que aparentemente seria mais um interminável lenga-lenga oficial sobre assuntos de governo. Mas como o pau estava comendo na DDR e em outros países comunistas, a imprensa internacional estava toda lá, esperando por alguma declaração relevante — just in case. Ele se sentou num estrado perto da mesa onde estavam os dirigentes, entre eles Schabowski. Depois de mais de meia hora de papo-furado, foi aberta a sessão de perguntas. O tema era exatamente uma lei aprovada dez dias antes que permitia que os cidadãos alemães-orientais viajassem para o exterior. Mas, para isso, eles precisariam de um passaporte válido, visto de saída e visto de entrada de volta — que só o governo concedia.

Ehrman, que conhecia bem Schabowski, sabia que aquilo não passava de propaganda para acalmar o povo nas ruas. Uma maluquice, porque era mais difícil conseguir um passaporte com visto de saída na Alemanha Oriental do que comprar uma BMW zero quilômetro ou uma réplica da Estátua da Liberdade. A tal lei permitia as viagens, OK. Mas, na prática, só viajava quem fosse autorizado. E ninguém era. Então, o jornalista da Ansa disparou: “Vocês não acham que estão cometendo um erro com essa lei?”. O porta-voz se irritou levemente com o italiano. “Não, não estamos cometendo um erro”, respondeu.

Essa pergunta detonou a sequência que culminaria com o anúncio que entrou para a história. Schabowski iniciou um discurso sobre as condições de vida dos alemães-orientais considerados refugiados do lado ocidental, falou sobre a dificuldade que eles tinham para serem aceitos numa nova sociedade, citou o problema do desemprego, mencionou os países vizinhos “amigos” que tinham de lidar com aqueles que queriam sair da DDR e, em seguida, pegou uma folha de papel que mal tinha lido antes da coletiva e disse: “Inclusive tomamos uma decisão hoje que permite que todos os cidadãos possam sair do país [para a Alemanha Ocidental] diretamente pelos nossos postos de fronteiras, eles receberão vistos para isso sem que tenha de ser cumprida nenhuma exigência especial”.

Na verdade, o papel era um projeto de lei que ainda não tinha sido formalmente aprovada pelo Parlamento do Povo — há versões menos espetaculares que garantem que a medida seria anunciada no dia seguinte, e Schabowski apenas a antecipou inadvertidamente. De qualquer maneira, diante da bomba iminente, percebendo que ali algo muito importante poderia estar acontecendo, Ehrman perguntou, na lata: “Sem passaporte?”. Outro jornalista emendou: “Quanto isso entra em vigor?”, e Schabowski, meio atrapalhado, começou a ler o texto da nova lei na folha à sua frente, explicando que o governo tinha decidido que as pessoas agora poderiam viajar para o lado ocidental sem ter de passar por um terceiro país, e que todos os postos de fronteira entre as duas Alemanhas poderiam ser usados por quem quisesse sair do lado comunista. A questão do passaporte era “técnica” e ainda não podia ser confirmada, a coisa estava meio confusa, e alguém repetiu: “E quando esta permissão entra em vigor?”.

Então o porta-voz, um pouco inseguro, relutante, até, olhou para o papel e disse: “Até onde eu sei, imediatamente. Sem mais demoras”.

Eram 18h53 da quinta-feira 9 de novembro de 1989. A entrevista estava sendo transmitida ao vivo para as duas Alemanhas. Incrédulos, os moradores de Berlim Oriental que a assistiam pela TV começaram a deixar suas casas e se dirigiram aos pontos de checagem junto ao Muro. Os policiais não tinham recebido nenhuma ordem oficial para abrir as fronteiras. Não sabiam direito o que fazer. Organizaram filas e pediram calma à população pelos megafones instalados nos Wartburg verdes e brancos da Volkspolizei.

Erhman foi o primeiro jornalista a informar ao mundo, pela Ansa, que o Muro tinha caído. A maioria dos jornalistas presentes à coletiva não percebeu direito o que estava acontecendo. A agência italiana deu a notícia meia hora antes que todo mundo. O correspondente, depois de informar a sede em Roma por telefone — e garantir à chefia que não estava maluco –, correu para o posto de controle em Friedrichstrasse, onde uma multidão aguardava ansiosa pela abertura da fronteira. Foi reconhecido. “Olha lá o jornalista que fez a pergunta!”, gritou alguém, e Riccardo foi erguido nos ombros do povo, festejado como um herói.

Ehrman tem 86 anos e vive em Madri. Aposentado, continua cozinhando. Naquela noite de 9 de novembro, antes de dormir, recebeu um telefonema do embaixador italiano na Alemanha Oriental. “Riccardo, que cazzo você fez?”, perguntou o diplomata em altos brados.

Ele tinha derrubado o Muro. Junto com Schabowski, que morreu ontem em Berlim sem ser notado.

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Denis
Denis
8 anos atrás

Te mandei por email… não sei se vc conhece, mas segue um blog bastante interessante sobre a Alemanha, inclusive com curiosidades da DDR.

http://wp.clicrbs.com.br/falaalemoa/?topo=52,2,18,,159,e159

Abraços

Alexandre
Alexandre
8 anos atrás

Há relatos de que, após a coletiva, que foi transmitida ao vivo, como vc citou, muitos alemães foram para os checkpoints para cruzar a fronteira, como prometido por Schabowski. Acontece que nenhum dos guardas, armados, sabia da decisão que, como vc citou, parece ter sido uma trapalhada de comunicação. Acho que essa história está relatada no museu do Checkpoint Charlie: por pouco não houve um grande massacre das pessoas que exigiam o direito de atravessar a fronteira, até que o encarregado conseguiu confirmar a informação e, em vez de autorizar os soldados abrir fogo, lhes ordenou que dessem passagem.
Aqui, a partir dos 2m32s, o trecho em questão: https://youtu.be/eLErVjwmrQY?t=2m32s

Daniel
Daniel
8 anos atrás

Que história bacana! Me lembro da transmissão ao vivo da Globo e meu pai emocionado! Eu tinha 13 anos e ainda era muito pirralho para entender tudo aquilo!

SERGIO RICARDO
SERGIO RICARDO
8 anos atrás

Belíssimo texto, pra variar, mas uma pena que outros muros do mundo estejam de pé como o da Palestina que envergonha a humanidade.

Mello
Mello
8 anos atrás

Ou seja, o famoso “migué” derrubou o muro. Jogou um “verde”, o cara pegou e aí lascou-se.

José Brabham
José Brabham
8 anos atrás

Flávio, obrigado por nos informar do cenário, personagens e fatos precedentes do “ab sofort ” mais importante da História. Já li livros, reportagens e textos sobre a queda do Muro, mas nunca havia tomado conhecimento destes detalhes.

João Ferreira
João Ferreira
8 anos atrás

É sempre bacana aprender algo novo de fatos do passado…alguns dias atrás soube da história do Sr. Stanislav Petrov, o oficial russo que evitou a 3ª guerra mundial.

Luiz
Luiz
8 anos atrás

Valeu pelo texto.

marcos
marcos
8 anos atrás

Não tem relação direta mas… https://medium.com/vantage/the-crazy-daring-concrete-bus-stops-of-the-soviet-era-34e09a8a3992

Compilado de paradas de ônibus soviéticas.

Ivan
Ivan
Reply to  marcos
8 anos atrás

legal, isso!

Luiz (o outro)
Luiz (o outro)
8 anos atrás

O texto é muito legal, mas alguns dos comentários são extremamente decepcionantes. Misturam alhos com bugalhos. Teve (e tem até hoje) um monte de ditaduras em países capitalistas onde o povão passa muitas dificuldades e terrorismo de estado e os coxinhas ignoram essas barbaridades solenemente…

Ricardo Bigliazzi
Ricardo Bigliazzi
8 anos atrás

A URSS deixou todo mundo na mão nessa época com o esfacelamento de seu regime e com a bancarrota de sua economia … inclusive deixou uma Ilha a boiar no meio do Caribe.

Viva ao povo Alemão, eles estão bem melhor hoje do que a quase 25 anos atrás. Este é um País que temos que respeitar, pelo seu passado, pela forma que encaram e convivem com as suas cicatrizes e pelo futuro que estão construindo.

Douglas
Douglas
8 anos atrás

Flavio voce e Jornalista. Todo dia…quse o tempo todo. Mas neste texto foi “O Jornalista e O Historiador” ao mesmo tempo.

Marques Goron R. da Silva
Marques Goron R. da Silva
8 anos atrás

Até a ditadura alemã era melhor que a ditadura brasileira!

Gian Rosso
Gian Rosso
8 anos atrás

E’e povo “vazou” pro outro lado. Apeasr de achar que o socialismo e’ o menos poior dos sistemas economicos, o modelo deturpado aplicado na Alemanha nao funcionou, pois quando as fronterias foram abertas, ninuem veio pro lado “oriental” , isso para mim , explica muita coisa.

Antonio Fernando
Antonio Fernando
8 anos atrás

Grande texto. Sei da queda do muro de Berlim, mas de um modo muito superficial. Nunca me aprofundei muito e estes detalhes sobre Schabowski e Ehrman, eu realmente não conhecia.
Adoro História e só me resta agradecer.
Flavio Gomes, muito obrigado.

Marcio Pauli
Marcio Pauli
8 anos atrás

Aproveitando o tema DDR: assisti um documentário interessante sobre o museu da DDR. Enquanto os pobres mortais esperavam na fila para tentar comprar um Trabi os funcionários graduados do regime andavam de Volvo. Afinal todos são iguais mas alguns são mais iguais que os outros…

Max
Max
8 anos atrás

“Aquele fim de ano vinha sendo particularmente complicado para os dirigentes da DDR. Protestos pipocavam por todo o país, com a população pedindo liberdade — de tudo: expressão, ir e vir, manifestação, pensamento. O mesmo acontecia em outros países satélites da URSS, que caminhava para a dissolução.”

Compreendido.

Andre
Andre
8 anos atrás

Eu pensava que tinha sido a Globo e o Bial os responsáveis.

Gus
Gus
8 anos atrás

Sem derramamento de sangue, meio que “sem querer”, na bobeira (sic)…caiu o muro! Como episódios épicos podem acontecer de forma prosaica, fácil…nem toda grande decisão precisa ser um parto bíblico – que grande lição para nós!

paulo
paulo
8 anos atrás

Flavio, pegando um gancho no post, mas saindo completamente do assuntos política e história e indo para o futebol, você sabe que fim levaram os times da antiga Alemanha Oriental depois da queda do muro?

Clayton
Clayton
Reply to  paulo
8 anos atrás
Paulo
Paulo
Reply to  Clayton
8 anos atrás

Valeu!

Leandro
Leandro
8 anos atrás

Excelente texto, muito obrigado. Impressionante como detalhes que, quase sempre passam despercebidos, fazem toda a diferença na história.

Helcio Cirigola
Helcio Cirigola
8 anos atrás

É facil derrubar um muro quando ele já está todo picotado por outros , que minaram sua resistência e deixaram-no tão fragilizado que um simples empurrãozinho o destruiu. Não entenderam então voltemos a alguns anos antes quando um até então quase desconhecido Karol Wojtyla depois de ser eleito papa contrariou a toda poderosa URSS e rezou uma missa para mais de um milhão de pessoas na sua Polonia onde pode entrar por ser polones e não como o primeiro mandatario de um país independente. E depois esse mesmo homem enfrentou de novo a soberba do leste apoiando o Solidariedade , sindicato de Gdansk .
Tudo isso sem disparar um tiro, sem nenhum tipo de violencia, sem o uso da força fisica.
A URSS mostrou ao mundo já não ser capaz de lidar com o seu grande ” império ” , mostrou sua fraqueza e a sua falta de moral perante um mundo agora mais informado.
Na realidade o muro caiu bem antes…

Itamar
Itamar
Reply to  Helcio Cirigola
8 anos atrás

É certo que o muro “foi caindo com o tempo”. Acho que o povo de lá é bem mais evoluído que o nosso. Sabe o que é bom e faz chegar naquilo que deseja da maneira certa. Não da pra mudar tudo de um dia para o outro, é preciso paciência e inteligência. Aqui o que vejo são poucos inteligentes e muitos “marias vai com as outras”. Se alguém disse na TV, então deve ser bom, deve ser o certo. O cara não analisa a noticia do JN. Se o cara falou, é isso ai. Eu não tenho mais esperança de um Brasil melhor.

Banana Joe
Banana Joe
8 anos atrás

Lembro como fosse ontem desse dia célebre.
Obrigado pelo ótimo texto.

Alexandre Todt
Alexandre Todt
8 anos atrás

Pra mim, o melhor texto até hoje. Acompanho o blog faz uns 2 anos. Jamais iríamos ler isso em uma mídia dominante, convencional, etc. Num país de bosta, imbecil, em que se paga um preço alto por ser comunista de esquerda, tiro o eu chapéu por sua coragem. Parabéns !
Flávio, eu sei que você responde perguntas dos leitores. Gostaria de fazer uma: Você chegou a fazer alguma cobertura em algum grande prêmio da África do Sul, antes de 1991 na época do apartheid. Se sim ou não, como você via tudo aquilo. E Piquet e Senna, tinham alguma opinião, ou tipo: estou fazendo o meu trabalho, não vou opinar. Valeu aí.

Alvaro Ferreira
Alvaro Ferreira
8 anos atrás

Muito legal essa história! Não sabia… Nessa noite de 9 de novembro de 1989, eu e minha mulher estávamos vindo de Milão, onde morávamos, para o Rio de Janeiro pela Lufthansa, com conexão em Frankfurt.
Saímos de Linate e uma hora e pouco depois descemos no enorme terminal da voadora alemã. Como tínhamos bastante tempo, resolvemos dar uma volta no aeroporto antes do embarque. Foi aí que demos de cara com uma agitação total, as pessoas em polvorosa, um monte de gente em frente aos aparelhos de tv com o som à toda, gente se abraçando, gente emocionada, gente com cara de preocupação… E gente sem entender porra nenhuma, como nós!
Perguntamos em inglês para uma senhora o que estava acontecendo e ela nos contou que o Muro tinha caído! Pensamos em mudar a passagem na hora prá Berlim, prá testemunhar in loco aquele momento fantástico, mas não deu, inclusive porque nossas bagagens já tinham sido despachadas. Então tomamos um chope com os alemães dali mesmo, já com as caras vermelhas e um tanto alterados. Acho que o consumo de álcool daquela noite foi um recorde!
E afinal, prá gente essa vinda tinha todo um significado também, seis dias depois iríamos votar pela primeira vez na vida para presidente! Mas isso é outra história…

José Brabham
José Brabham
Reply to  Alvaro Ferreira
8 anos atrás

Bacana seu relato. Me emocionei lendo e imaginando o clima de euforia em FRA. Muita sorte de vocês!

José Eduardo
José Eduardo
Reply to  Alvaro Ferreira
8 anos atrás

A vida nos presenteia/ surpreende com momentos únicos , imagino como não foram para vcs aquele dia e os dias que se seguiram tendo podido estar tão próximo e vivenciar a história mundial. Eu, como professor de geografia ao ler isso, me recordo de meu pai me levando uma passeata no Rio P, nos anos da ditadura e vários anos depois , eu já no EM , tendo participado do fora Color nas ruas de Niterói e na passeata no centro do Rio.
Mesmo, os atentados do 11 de setembro, em que fui chamado às pressas na sala de vídeo da escola em que lecionava , pois queriam me mostrar algo , q segundo eles parecia coisa de filme. Mesmo sendo pela TV, ao comentar com jovens de hoje, que não vivenciaram este momento, lhes parece que estive próximo ao ocorrido., por isso reforço Emocionante o seu relato …

Luke
Luke
8 anos atrás

Esquecendo o automobilismo, e por isso q dou sempre uma espiada aqui. Valeu.

Pablo Vargas
Pablo Vargas
8 anos atrás

Entretanto, vale lembrar que os alemães orientais já fugiam em massa pela fronteira austro-húngara.

Gian Rosso
Gian Rosso
Reply to  Pablo Vargas
8 anos atrás

Po mas naquela epoca, a Alemanha nao tinha fronteira com a Hungria nao.

Pablo Vargas
Pablo Vargas
Reply to  Gian Rosso
8 anos atrás

Gian, não tinha e não tem até hoje !
O que ocorreu é que a a Hungria fazia parte da cortina de ferro (países comunistas limítrofes com o ocidente), e era bastante popular como destino turístico dos alemães orientais. Em Maio de 89 (seis meses antes da queda do muro) abriu suas fronteiras com a Áustria. Pra ter ideia, até em Setembro de 89 cerca de treze mil alemães-orientais fugiram para a Áustria, pela Hungria. Quem preferiu, pôde retornar via ocidente à Alemanha Ocidental. De Agosto até a reunificação, setenta mil alemães fugiram por esse caminho.

Alex Mendes
Alex Mendes
8 anos atrás

Loucuras do passado que podem se repetir no futuro. Mundo está cada vez mais louco e talvez seja necessário fechar fronteiras em proporção maior, principalmente na Europa.

JR Moreto
JR Moreto
8 anos atrás

Excelente texto. Obrigado.

Aguinaldo
Aguinaldo
8 anos atrás

Temos que derrubar também o “muro do preconceito”, o “muro da intolerância”, o “muro da segregação” e outros tantos “muros”!!! Imprensa livre sempre!!!

Luiz AG
Luiz AG
Reply to  Aguinaldo
8 anos atrás

Acho que só preciso ler seu comentário. Já é definitvo. Parabéns.

Pedro Araújo
Pedro Araújo
8 anos atrás

Maravilhosa a história, Gomes. Muito obrigado pelos detalhes desse episódio – só conhecia a transmissão da coletiva, não sabia dos pormenores, detalhes e personagens.

Aliás, vi o video da coletiva num documentário excelente sobre as diversas pessoas e famílias que conseguiram atravessar o muro, várias delas inclusive também com os relatos, artefatos e veículos fazendo parte do acervo daquele museu perto do Check Point Charlie, lá em Berlim. Acredito que vc deve ter ido nesse museu.

É muito legal ouvir as histórias relacionadas ao que vemos no museu, diretamente dos personagens!

Saima
Saima
8 anos atrás

Ao contrário do que talvez muita gente pensa, Stalin propôs uma Alemanha reunificada e neutra. O ocidente achou que era um blefe. Depois que morreu, o chefe do NKVD, Beria, na luta pelo poder na URSS, manteve a proposta e isso ajudou a mandá-lo para o pelotão de fuzilamento. Kruchev nunca quis unificar e coisa de 8 anos depois o muro foi erguido. Podemos apenas imaginar o que teria ocorrido se nunca houvesse existido uma RDA.

José Eduardo
José Eduardo
8 anos atrás

É caro amigo, pro lá de cá do muro só tem valor quem promove algo que gere riqueza monetária direta ou que seja exemplo a ser copiado de alguém que seguiu padrões.
Só pra lembrar, Pedro Bial que cobriu ao vivo (não me recordo de onde) a queda do muro…hoje é o celebrado apresentador do culto a bisbilhotar a vida alheia e tecer julgamentos…

Saima
Saima
Reply to  José Eduardo
8 anos atrás

E ele cobriu o fim da URSS também – tem no youtube.
A literatura sobre a guerra fria é fantástica. Tem o “1989”, de Viktor Sebestien e “Cúpulas”. Esse é muito bom, cobre as principais cúpulas de estado, como Munique, Yalta, Camp David etc. É legal quando um texto do FG faz isso com os leitores, a gente troca até sugestões literárias. Por isso o blog é bacana.

Fabio
Fabio
8 anos atrás

Grande post!! Aula de história!! Flávio, você é um comunista convicto, gostaria de saber o que pensa do cerceamento às liberdades que o regime impunha (e ainda impõe, na Coréia do Norte e em Cuba). Na tréplica te conto o que um “entusiasta” da ditadura militar me respondeu quando fiz esta mesma pergunta dias atrás (a resposta foi surpreendente).

Fernando Vieira
Reply to  Fabio
8 anos atrás

Se você procurar no Blog tem resposta pra isso tudo já. E não, não quero ser puxa-saco, tô mesmo é curioso pra saber a resposta do tal entusiasta.

Fabio
Fabio
Reply to  Fernando Vieira
8 anos atrás

Disse-me que se sente envergonhado até hoje, de tal forma que embora tenha “preferência” pelo regime não o apoiaria nestes dias atuais, por temer a volta da repressão.

Fabio
Fabio
Reply to  Fernando Vieira
8 anos atrás

E, bem, eu leio o blog aqui há pouco tempo, portanto desconheço as posições do Flávio acerca disto. Poderia me resumir, Fernando Vieira?

Fernando Vieira
Reply to  Fernando Vieira
8 anos atrás

Fabio, prefiro não querer dizer o que uma pessoa acha ou pensa, principalmente sendo ela o dono do Blog. Não é por babaquice é porque simplesmente a chance de eu errar é muito grande. Mas sugiro que você leia nesse Blog os “Gira mondo” e a “interminável” entrevista com o blogueiro. Terá uma grande ideia a respeito.

Fabio
Fabio
Reply to  Fernando Vieira
8 anos atrás

Ok Fernando!!

Chupez Alonso
Chupez Alonso
8 anos atrás

Fico imaginando o choque cultural, econômico, de desenvolvimento, de liberdade, entre um lado e outro.

Essa foi a maior estupidez humana: dividir o mundo entre capitalismo e socialismo,

A mesma estupidez que ocorre ainda hoje, por exemplo, no Brasil, dividido há tempos entre esquerda e direita.

Esse muro, invisível, mas que salta aos olhos, também deveria há muito ter sido derrubado.

O que deveria existir era a valorização da meritocracia, da competência, da ética, da honestidade, independente de se ser destro ou canhoto.

Mas no Brasil prevalece o ditado: amigo meu não tem defeito. Inimigo, se não tiver, eu boto.

Ideologia idiota.

Fabio
Fabio
Reply to  Chupez Alonso
8 anos atrás

Perfeito!

Danilo Silva
Danilo Silva
8 anos atrás

Que aula de História. Parabéns.

Rafael Dreher
Rafael Dreher
8 anos atrás

“…população pedindo liberdade — de tudo: expressão, ir e vir, manifestação, pensamento. O mesmo acontecia em outros países satélites da URSS, que caminhava para a dissolução….”

E tu ainda defende este tipo de regime, Flávio? Tu acredita que o povo era realmente feliz num regime assim?

Jader
Jader
Reply to  Rafael Dreher
8 anos atrás

Bom, essa situação era quase idêntica a do Brasil entre 64 e 85. E tem gente que gostaria de voltar ao Brasil dos milico. Tudo questão de ponto de vista.

Saima
Saima
Reply to  Rafael Dreher
8 anos atrás

Não devia ser pior que um em que Celso Russomanno lidera com folga uma eleição para prefeito da maior cidade do país – acabo de ler isso. Aí está o resultado do analfabetismo político do país, que ele Cunha e Feliciano e incensa “pensadores” como Olavo de Carvalho.

Robertom
Robertom
Reply to  Saima
8 anos atrás

Considere que o atual alcaide, que não agrada nem mesmo aos petistas, funciona como cabo eleitoral do picareta.

Leonardo Santos
Leonardo Santos
Reply to  Rafael Dreher
8 anos atrás

Até hoje, pessoas que viviam do lado oriental diziam que a vida era melhor naquela época, apesar de “falta de liberdades” – como se isso não ocorresse no ocidente capitalista, também.

Itamar
Itamar
Reply to  Rafael Dreher
8 anos atrás

Rafael, você precisa ler mais. Ninguém defende fome, morte, terrorismo. Mas é preciso olhar as coisas que queriam fazer. O Socialismo na sua essência é muito bom, assim como o capitalismo. Porém depende de pessoas para por em prática e pessoas erram. Ah, lembrando que o Brasil é um país capitalista. Tem gente que esquece.

andre
andre
8 anos atrás

So para variar, mandou um bom texto e uma aula de historia.

Darcio Vieira
8 anos atrás

É maravilhoso quando vemos a História se.r feita ao vivo, diante de nossos olhos. Günter Schabowski foi um dos grandes do século XX. Riccardo Ehrman, também.

Mario Menezes
Mario Menezes
8 anos atrás

Realmente um momento historico muito importante, genial o post!
A unica coisa que me deixou intrigado foram as pessoas indo em massa para os postos de checagem, ansiando pos liberdade, afinal um sistema tao bom de goveno que e defendido ate hoje na America Latina nao deveria causar este tipo de reacao nas pessoas, acredito que se isso acontecesse na Coreia do Norte ou em Cuba certqmente as pessoas iriam preferir continuar levando a vida da mesma forma que tem sido ate hoje.

Osmar Tavares Jr
Osmar Tavares Jr
Reply to  Mario Menezes
8 anos atrás

Verdade!
o capitalismo é tão bom, tão bom, mas tão bom, que vivemos num mar de rosas não é? Nada precisa mudar, tá tudo certo……governo fechando escolas, falta de hospitais, políticos corruptos….que beleza de regime!