CHUCRUTE (1 & 2): FERRARI EM CHAMAS
SÃO PAULO (na área) – Antes de mais nada devo desculpas ao egrégio leitor deste blog por não ter postado uma linha ontem sobre a abertura dos treinos para o GP da Alemanha. Cabem explicações. Vim para São Paulo de carro e a saída do Rio levou três horas até Nova Iguaçu. Uma espécie de inferno terreno. Chegamos por volta da uma da manhã, após 8h30 de viagem. Não havia mais condições físicas de nada.
Quem diz que faz Rio-SP em quatro horas é mentiroso.
Mas vamos ao que interessa.
Ontem, o calorão de 38 graus vitimou a Mercedes, que não andou bem e viu a Ferrari dar pintas de favorita na casa do adversário, com Leclerc e Vettel ponteando a folha de tempos. Mas o destino tem sido cruel com os vermelhos. O sábado amanheceu bem mais ameno, depois de uma chuva noturna, e com 28 graus e muitas nuvens no céu as coisas melhoraram para o time prateado. Não sem um drama inesperado: Hamilton acordou mal, com dor de garganta, e depois do terceiro treino livre a equipe chegou a deixar Ocon de sobreaviso.
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Lewis esguichou própolis na goela, chupou uma pastilha e no fim das contas foi para a pista na classificação. E aí entrou em cena a perversidade do destino com a Ferrari. Vettel, no Q1, anunciou pelo rádio uma perda de potência que deixou os boxes em polvorosa. Quando recolheu o carro, o diagnóstico: perda de pressão de ar no turbo. Ele não poderia mais voltar à pista. Largaria em último, sem tempo de classificação. Justo onde, no ano passado, começou a perder o campeonato depois de bater sozinho quando liderava a corrida e a classificação. Justo em seu país, diante de sua torcida.
Pouco depois, no Q3, Leclerc, que aparecia como favorito à pole por tudo que havia feito nos treinos livres e nas primeiras etapas da classificação, sai do carro antes de ter a chance de tentar uma volta. Problema no sistema de alimentação de combustível foi o que reportou a equipe. Dois vexames ferraristas. E caminho aberto para a Mercedes comemorar seu 200º GP com mais uma pole. Que ficou, claro, com Hamilton. Com dor de garganta e tudo, fez 1min11s767 na sua primeira volta no Q3 — nem precisou melhorar na segunda — e cravou a 87ª pole de sua carreira, quarta no ano e terceira na Alemanha.
Todo mundo na Mercedes, creiam, lamentou o azar da Ferrari. “Ela é necessária para nós, precisamos deles fortes”, filosofou Toto Wolff vestindo chapéu, suspensórios, calças de pregas e gravata. “Foi uma pena o que aconteceu com eles”, fizeram coro Hamilton e Bottas.
Todos os integrantes da equipe — essa era a surpresa do dia — usaram roupas retrô para lembrar a década de 50, quando a marca alemã estreou na F-1. Com uma dobradinha, diga-se, logo na primeira prova. O fim de semana também marca os 125 anos da primeira competição automobilística da história, uma corrida entre Paris e Rouen “com carruagens sem cavalos”, que teve como vencedor proclamado um carro cujo motor fora concebido por Gottlieb Daimler — engenheiro alemão que está na origem do que é hoje a Mercedes-Benz. Aliás, ficaram todos e todas lindinhos e lindinhas com suas calças folgadas, sapatos de cromo, paletós xadrezes, meias soquete, vestidos esvoaçantes e boinas antigas. Foi o maior barato.
A definição do grid teve algumas surpresas, como a eliminação de Lando Norris no Q1, ao lado de Albon, da trágica dupla da Williams e do já citado Vettel. Stroll passou ao Q2 pela primeira vez no ano e a Haas deu a impressão de que poderia aprontar alguma coisa — como de fato aprontou, com Grosjean passando ao Q3 e fechando o dia numa ótima sexta posição. A decepção foi Ricciardo, empacando na segunda fase da classificação enquanto Hülkenberg seguia em frente.
A formatação do Q3 foi das mais interessantes, com nada menos do que oito equipes representadas — apenas Williams e Toro Rosso ficaram fora da festa. Lewis percebeu que não teria dificuldades para fazer a pole assim que Leclerc saiu do cockpit. A Red Bull não representava uma ameaça e Bottas estava meio fora de sintonia. E assim foi. O inglês ficou em primeiro com folgados 0s3 para Verstappinho, com quem dividirá a primeira fila. Na segunda, Bottas e Gasly — melhor posição de largada do francês na F-1. Na terceira, dois carros empurrados por motores Ferrari — o que deixou os italianos de Maranello ainda mais putos: Raikkonen foi o quinto (melhor posição da equipe desde EUA/2013, quando ainda se chamava Sauber) e Grojã veio logo atrás. Fecharam o top-10 Sainz Jr., Pérez, Hulk e o sem-tempo Leclerc.
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Hamilton e Bottas largam de pneus médios, o que significa que devem parar entre as voltas 25 e 35 para colocar duros e ir até o fim. Quem está de macio, casos dos dois da Red Bull, terá de fazer seu primeiro pit stop entre as voltas 19 e 29, segundo a Pirelli. E a tática-padrão será usar os duros até o final da corrida depois da troca. A previsão para amanhã é de um dia bem menos quente, 22°C apenas, com 40% de chances de chuva.
Leclerc deverá ser o showman do dia, largando em décimo com pneus médios (seu tempo no Q2, com esses pneus, seria suficiente para largar em quarto; tinha potencial para ir bem mais para a frente) e buscando se posicionar para tentar um pódio rapidamente. Vettel terá tarefa bem mais difícil, claro, mas o fim de semana já está estragado, mesmo; o que vier é lucro. Ano passado, Hamilton quebrou na classificação, ficou todo desesperado, largou em 14º e acabou ganhando. Vai saber…
O que parece claro é que a Mercedes vai aproveitar a moleza inesperada com as mazelas da Ferrari para ganhar de novo numa corrida de festa para a Casa de Stuttgart. As coisas tinha começado mal ontem. Mas mesmo quando as dificuldades se apresentam, o time consegue dar a volta por cima muito rapidamente — ainda que para isso tenha de contar com os infortúnios dos adversários e com a generosidade do clima.
É assim que se escrevem as histórias dos grandes campeões, afinal.
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No Rio de Janeiro, as intermináveis obras no BRT Transbrasil fazem com que os engarrafamentos na BR-101 (Avenida Brasil / Rodovia Governador Mário Covas – valeu, PSDB, pela lei desnecessária), BR-040 (Rodovia Washington Luís), BR-116 (Rodovia Presidente Dutra) – as três rodovias têm traçado compartilhado entre a subida da Ponte Rio-Niterói e o trevo das Margaridas – faz com que o tempo de viagem seja alto e que o Rio de Janeiro consiga superar São Paulo em engarrafamentos, causando prejuízos ao transporte (além da questão da insegurança), pelo aumento do tempo parado, aumento do consumo de combustível e demora nas viagens (um caminhão de entrega, por exemplo, faz menos entregas por causa do engarrafamento). E creio que o prefeito da capital carioca não terminará as obras até o fim deste ano.
Em Nova Iguaçu, a BR-116 deveria ter as pistas laterais estendidas até os bairros de Comendador Soares e de Cacuia (depois da fábrica das Canetas Compactor e do mercado Makro), isto é, depois do acesso para o Centro de Nova Iguaçu. Entretanto, a ganância da iniciativa privada não permite fazer as obras de construção das pistas laterais (querem que o governo arquem com os custos para aumentar o lucro da concessionária), fazendo um aumento muito grande de fluxo naquele município (ah, no mapa disponível deles, tem sempre um aviso, uma exclamação dentro de um triângulo, dizendo: lentidão por excesso de fluxo em Nova Iguaçu). Entretanto, a CCR Nova Dutra, concessionária da Rodovia, conseguiu autorização para colocar mais um pedágio em Viúva Graça, Seropédica (RJ) e cobrar estonteantes R$ 15,20 por sentido em cada praça de pedágio em território fluminense, não executar as obras da pista lateral em Nova Iguaçu e não construir a nova pista de descida da Serra das Araras. E o povo só se lasca!
Fazer Rio-SP em quatro horas só usando a ponte aérea.
Infelizmente, como morador da Baixada, sei exatamente o que é levar esse tempo todo na Dutra. É desumano, inaceitável, inconcebível, levar três horas pra uns 50, 60 km.
Mas… É o que temos, por enquanto.
Corrida com carro bom largando atrás é quase sempre promessa de movimentação. Mônaco infelizmente não conta, não é, Lec-Lerc ?
Você já sabe quem foi o showman do dia, caro Gomes.
A imprensa de um modo geral está equivocada quanto à disputa deste campeonato. O rival de Hamilton este ano é Verstappen e não Vettel. Vejo ênfase demasiada neste último, que terminará apenas em quarto lugar, como coadjuvante da história do campeonato de 2019.
FG, o trânsito de sexta-feira saindo do Rio é o pior da semana para todos os lados. Não é impossível fazer até SP em menos de cinco horas, mas é preciso sair em horários bizarros…
Kimi é um gigante.
Fazia-se na decada de 90 antes do pedágio em 4hs, mas era uma atitude Kamikaze e tinha que ser num carro mais bruto, por exemplo uma Silverado 4.3, foi como eu consegui.
Ferrari sendo ferrari.
Ferrari em dia de FIAT kkk
Fiat Marea Turbo.