RIO

Rio,

despeço-me de ti olhando o mar pela janela e lembrando da primeira pizza, muito ruim, no hotel onde morei por um mês (terei problemas com as pizzas), mas foi só um mês, porque depois me instalei onde dava para ver o mar e o pôr-do-sol, e a pizza lá embaixo, que já fechou, era boa, e passei a acordar todos os dias com o cara da kombi-geladeira-velha-ar-condicionado-velho, então comprei uma bicicleta com pneus brancos e com ela atravessava a balsa todos os dias para ir trabalhar olhando o mar e escutando a rádio paradiso de berlim, achtundneunzig two (por que não é zwei?, preciso aprender alemão), no meu fone sem fio, e então um dia precisei tirar meu passaporte e fui com a bicicleta dos pneus brancos ao shopping e no meio da ponte os moleques agarraram o bagageiro e falaram alguma coisa e me assustei e fui em frente sem olhar para trás e quando tive de ir buscar o passaporte fiz outro caminho e quase tomei um tombo enquanto dava a volta num lago porque tinha muita areia na calçada, e então na casa nova no segundo dia desci com o cachorro e levei no lugar onde ficam os cachorros, e a moça com seu cachorro contou que estava se mudando para o prédio do lado, olha só, porque se separou do marido que era músico, mas ela sustentava porque o pai dela era militar e morreu e deixou os apartamentos e mais umas salas em campo grande e você sabe que eu não trabalho, né?, não, eu não sabia, pois é, e no outro dia outra moça no elevador com seu cachorro falou a mesma coisa, você sabe que eu não trabalho, né?, e aquilo me causou a falsa sensação de que ninguém trabalhava aqui, ou ao menos as moças com os cachorros do meu prédio, e é claro que isso não era verdade, todo dia às oito da manhã a voz metálica da kombi-fogão-velho-ar-condicionado-velho me lembrava que todos trabalhavam e desde cedo, porque às oito da manhã se a kombi-microondas-velho-ar-condicionado-velho não me acordava, me acordavam os moços cortando a grama e assoprando as folhas no condomínio do outro lado da rua, e assim foram os primeiros meses, bicicleta de pneus brancos, balsa, calçadão da praia, rádio paradiso, musik zum verwöhnen, vou estudar alemão, e então entrei na escola de alemão e comprei os livros, mas não fazia as lições de casa, então não adiantou muita coisa, mas duas vezes por semana pegava a bicicleta de pneus brancos e ia ao shopping estudar alemão, aqui onde morei nesses anos tudo fica dentro de shoppings, gardens, squares, villages, malls, tem até uma estátua da liberdade, downtown, city, aí fui ao grande mercado, guanabara, tudo por você, vi na TV, café pimpinela nove e noventa e oito, óleo de soja leve ou soya sete e noventa e nove, e embaixo do mercado tinha tudo para comprar, pratos, garfos, facas, copos, panelas, jarra de plástico, foi difícil encontrar o escorredor para macarrão mas achei, aí veio o calor e as pessoas me olhavam de um jeito estranho no calçadão com minha bicicleta de pneus brancos e calças compridas, na balsa tudo bem porque os caras da balsa já me conheciam, e um deles queria toda semana que eu entrasse no bolão da megasena, mas nunca entrei porque não jogo, acho muito difícil ganhar, depois uma vizinha convidou para passear de barco nas ilhas tijucas, mas foi meio esquisito porque não conhecia ninguém e era um barco pequeno e no fim eram só umas rochas no meio do mar, e todo mês eu metia o pé e pegava o avião e ia lá para onde morava, e às vezes durante a semana tinha um jantar dos amigos que também haviam se mudado para cá, e eu ia de metrô, riocard, metrôrio, e voltava de táxi amarelo, ônibus eu não pegava porque desde pequeno morria de medo dos ônibus daqui, os motoristas são todos loucos, dizia meu pai, e eram, são, mesmo, aí meu livro ficou pronto, e quando chegou pelo correio peguei a bicicleta de pneus brancos e fui ao rosas, é um condomínio, ou um bairro, é aqui perto, perto do shopping onde estudava alemão, então me sentei sozinho no bar do rosas, pedi o prato que gostava, tomei duas caipirinhas e li o livro todo e voltei para casa chorando e escutando só o zumbido do dínamo que acendia as luzes da bicicleta, aqui é silencioso de noite, então esse zumbido do dínamo era tudo que escutava, aí virou o ano e conheci a moça da tijuca, que na verdade é do ceará, e ela tinha muitas tatuagens, tem, e uns olhos que falam e uma boca muito bonita, então a gente saiu, mas era um pouco longe para ir de bicicleta, então fui de táxi amarelo, e naquela noite ela falou muito pouco e só tomou água mineral, dois copos, aí veio o carnaval e a turma do trabalho resolveu sair tudo junto, eu nunca tinha saído numa escola, e a moça da tijuca me ajudou a colocar a fantasia, tinha uma cabeça enorme com uns limões, a mais bela arte, o samba me deu, fiz da são clemente o retrato fiel, decorei algumas partes, e ela foi comigo de metrô até a central do brasil e falou salta aqui, e me deixou no lugar certo pedindo para eu tomar cuidado com meu dinheiro meus documentos e meu celular, e a porta fechou e ela seguiu para a tijuca e eu fui para a avenida, convidei debret, e quando terminou e o portão da avenida fechou eu falava para todo mundo, suado e cansado, foi a coisa mais importante que fiz na minha vida, e guardei aquela cabeça com limões por um tempo, e a moça da tijuca, que na verdade é do ceará, já disse isso, entrou na minha vida e com ela vi tudo que tinha para ver por aqui, comprei outra bicicleta, um dia fomos ao aterro e fizemos piquenique, três sanduíches diferentes, um deles com abacate e não sei mais o quê, e ficou ótimo, até vinho tinha, mas antes derrubei a caixa do piquenique na escada rolante do metrô e ela rachou de rir, mas nada se compara ao dia em que fomos a um bar do outro lado da ponte que atravessa um canal perto do morro onde tocavam samba e bebíamos batidas, e bebemos muitas batidas, de amendoim, maracujá e coco, e quando saímos com a bicicleta tomei um tombo feio no asfalto cheio de areia e ela ria sem parar, e até chegar em casa foram mais dois tombos, no primeiro quase caí da ponte dentro do canal e no segundo deitei na grama  e uma mulher parou o carro para saber se estava tudo bem, e a moça da tijuca continuava rindo sem parar e disse que estava tudo bem, e foi com a moça da tijuca que atravessei a baía de barca para comer bacalhau na cidade vizinha, sempre de bicicleta, e nesse dia levamos quatro horas para chegar ao bacalhau, e só quando chegamos ela disse que não gostava de bacalhau, mas valeu a pena e dormi no ombro dela na barca, e quando saíamos de noite íamos nos arcos e na lapa e num show na glória que acabou as cinco da manhã com uma chuva que estragou nossos tênis na lama, e teve uma noite que voltamos no metrô bêbados cantando o bêbado e o equilibrista, a gente vivia de metrô e bicicleta pra todos os lados, mas quando fomos numa praia em que as pessoas ficam peladas fomos de carro, mesmo, e eu trouxe minha lambreta, também, e com ela um dia saímos da praia onde conhecemos um moço de uma barraca que vendia cajuína e subimos o morro onde lá em cima tinha um bar com vista para o mar, mas até chegar lá passamos por uns moleques com fuzis, você tá com medo?, ela perguntou, e eu disse que não, mas estava um pouco, se bem que medo, mesmo, aqui, eu tenho é dos motoristas de ônibus, mas nem falo sobre o assunto porque pode parecer besteira, e só sei que na hora de descer o morro a lambreta empacou numa vala no meio da rua e veio um monte de gente ajudar a empurrar, e um gordinho risonho sem camisa com um revólver enfiado no calção azul foi o que mais ajudou, você ficou com medo?, e eu disse que não, e descemos o morro com a lambreta passando pelos meninos com fuzis, mas acho que estou me adiantando, estava no carnaval, e naquele primeiro carnaval outros amigos, também da tijuca, me chamaram para um café da manhã que parecia ceia de ano-novo e me vestiram de mulher, cisne negro, para sair no bola preta, e aquela manhã acabou na rua do ouvidor e então eu percorri as ruas do centro vestido de mulher de peruca vermelha, nas calçadas pedras portuguesas, intelig, vésper e light, light!, perdi as asas do cisne negro, e quando estava no metrô voltando para casa dois caras olharam para mim e disseram, você é aquele viado da TV, e eu disse viado não, viado é o caralho, mas como tinha mais gente vestida de mulher, e de padre, e de índio, e de tudo no metrô, ficou por isso mesmo, e daquela fantasia só sobrou a cara toda borrada, então eu e a moça da tijuca, cearense, continuamos a bater perna por aí, circo voador, bonde de santa tereza, feira de são cristóvão, onde me acabei de dançar forró e ela ria o tempo todo, aí tive de viajar para longe por um tempão, uma vizinha ficou com o cachorro, e quando voltei fomos a outros shows e bares e lugares, e então veio mais um carnaval, e saímos nos blocos todos, um dia choveu muito, simpatia, quase amor, e de noite fomos na lapa e ela foi vestida só com umas fitas isolantes tampando os seios e nunca fomos tão livres na vida, e acabamos de madrugada numa boate gay suados e felizes, encharcados de amor e liberdade, metrô, uber, bonde, menos ônibus, que sempre me assustaram um pouco, um dia subimos na igreja da glória, mas estava fechada, uma noite subimos no bondinho, noites cariocas, nando, uma tarde sentamos na mureta e conhecemos uma senhora divertida e seu marido e seu filho, e naquele dia foi foda, porque pegamos um caminho estranho e atravessamos um túnel que saía no cemitério, e os ônibus não sei se viam a gente no túnel, na volta achamos melhor colocar as bicicletas no metrô, então veio o moleque mais novo morar aqui, e fomos fazer aula de futevôlei, chapa esquerda, chapa direita, peito, ombro direito, ombro esquerdo, pingo, o moleque é bom, mas aí começou a trabalhar numa loja embaixo do guanabara, tudo por você, e virou o melhor vendedor da loja, e foi com a gente na lapa e no lamas, mas sabe como são esses moleques, fez seus amigos, viveu esse tempo todo do seu jeito, e teve também o dia que ela me levou na rocinha fazer tatuagem, passou o braço em volta dos meus ombros e disse você tá com medo?, eu disse que não, via appia, roma, laboriaux, fomos num churrasco no laboriaux e subimos de mototáxi, você ficou com medo?, não, só que na volta o meu mototáxi saiu antes e perguntou aonde eu ia, e ainda bem que tinha escutado ela dizer trapiá e falei trapiá, era um bar, no fim deu certo, ficou com medo?, eu não, falei pra ele ir pro trapiá aqui estou, e todo dia, na hora do almoço ligava no jornal da TV antes de sair para o trabalho, mundial, o menor preço total, cif cremoso quatro e noventa e nove, tixan dois quilos doze e noventa e oito, hidratante monange quatro e noventa e nove, tiroteio na praça seca, o que fazer, edmilson?, água marrom nas torneiras, o que fazer edmílson?, desabou prédio na muzema, o que fazer, edmílson?, é preço, é perto, é supermarket, açúcar guarani dois e noventa e nove, massa com ovos renata três e vinte e nove, coxa de frango seara pacote de um quilo dez e noventa e oito, guanabara, tudo por você, e quando precisava era só ir no posto aqui do lado, aberto vinte e quatro horas, acho que aqueles caras ali são da milícia, você tá com medo?, pergunta a moça da tijuca, eu não, mas olha aquela moto ali sem placa, deve ser milícia, claro que é, aqui só tem milícia, a van é milícia, o quiosque é milícia, os caras tomando cerveja no posto são milícia, não esquece que tenho quilômetros de vantagem, os caras pagando gasolina em dinheiro são milícia, você tem medo?, eu não, bala perdida no alemão, o que fazer, edmílson?, barricada na vila do joão, o que fazer, edmílson?, vamos ver os fogos na praia?, vamos, tem de comprar o passe do metrô, hora marcada, são lindos os fogos na praia, fica perto de mim, cuidado com o celular (ela falando, não eu), e aí, e o mengão?, fala bem do meu mengão!, já tem bastante gente falando (só respondo isso), e o vasco?, tá feia a coisa (só respondo isso), e o fogão?, fala bem do meu fogão!, tá difícil falar bem do seu fogão (só respondo isso), e então vamos sair na tuiuti, e fomos ao ensaio da tuiuti, e fomos buscar as fantasias na cidade do samba, e vimos os carros, as fantasias, as alegorias, e nos vestimos com lâmpadas que piscavam, no morro do tuiuti, no alto do terreirão, o cortejo vai subir pra saudar sebastião, e voltamos com as lâmpadas piscando, e então acabou o carnaval, e então fechou tudo, e então nos fechamos em casa, e então os meses foram se passando.

Rio,

despeço-me de ti olhando o mar pela janela e levando junto a moça da tijuca, que é do ceará, isso já foi dito, mundial, o menor preço total, molho de tomate pramesa noventa e nove centavos, picanha bovina maturata quarenta e nove e noventa e oito, hospital de campanha fechado, o que fazer, edmílson?, e acho que já não tenho mais tanto medo dos motoristas de ônibus, acho que já não tenho medo de mais nada.

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Alexandre Canina
Alexandre Canina
3 anos atrás

Cara, me ensina a escrever assim? Puta texto! Sem ponto final, só virgulas exclamações e interrogações.
Parece um roteiro de filme, daqueles do Hitchcock feito em tomada única. A emenda do rolo seria quando a moça da Tijuca – e/ou Ceará – pergunta : E ai, ta com medo?
Troca o rolo e segue o filme.

Felizmente, ainda terás muitas histórias para contar de volta a cinza SP. Os carrinhos semi abandonados, agradecem.

Rui
Rui
3 anos atrás

Texto viciante!

Pablo Vargas
Pablo Vargas
3 anos atrás

Parabéns, Flávio. O Rio te fez bem.
Bem-vindo de volta.
Continue feliz fazendo o que for.

Marcello
Marcello
3 anos atrás

Que texto bacana .. o carioca é patriota .. nós amamos o Rio e falamos com entusiamo de nossa cidade !!! Fico muito feliz de saber que foi feliz aqui do seu jeito .. tive a oportunidade de ver vc na praia da barra com um treco na cabeça .. tbm moro na barra .. boa sorte 🍀 na sua caminhada e o Rio sempre será sua casa !! Não demore a voltar flavinho o emblemático !!! O Rio te ama !!

Carlos Gil
Carlos Gil
3 anos atrás

Pelo seu texto, dá para perceber que a sua veia de escriba continua pujante, e que somos uns privilegiados pelo este livre acesso ás suas palavras. Obrigado.
Que 2021 consiga satisfazer a sua vida, e a de quem o faça feliz.
Saudações de Portugal.

Nick B.
Nick B.
3 anos atrás

Oi, Fla.
Espero que tudo esteja bem com você, com os seus.
Que bom voltar aqui e esse primor de texto ainda ser o seu último post, para eu lhe render as devidas homenagens. Você é simplesmente foda!

Eu sei que nova fase se inicia em sua vida, mas não tenha medo. Primeiro que você não terá os motoristas de ônibus do Rio por perto e segundo porque um cara como você sempre dá um jeito em tudo, mesmo quando a vida parece ser conduzida por um motorista de ônibus do Rio.

Não faço ideia do que você fará agora, mas sei que fará bem e se destacará.

Eu também não sei o que vou fazer agora. Só sei que, como você, vou precisar mudar de rumo e tentar domar o motorista do ônibus da minha vida.

Assim, devo estar escrevendo o meu último comentário no seu blog. Não consigo mais escrever nada que preste. Se um dia eu tive essa verve, ela se foi.

Quando o Nick apareceu por aqui foi pra trazer alegria, achincalhar com o universo então machista do automobilismo. Nick sempre foi zombaria, esculacho, leveza e, às vezes, sensibilidade. Não há mais nada disso em mim. Talvez só tenha me restado o bom gosto musical.

Eu é que não vou fazer um Nick amargo, arrastando correntes por aí . Eu ensaiei muito como seria meu último comentário aqui, mas definitivamente não consigo produzir nada digno da sua grandiosidade em minha vida, Fla.

Resta-me agradecer a sua atenção, o espaço que sempre me deferiu. Guardarei sempre um carinho intacto do que foi o Nick no seu blog.

Muitos estão lendo agora e não estão entendendo bulhufas do que estou falando. Mas você está!

Revi, por esses dias, o documentário do Claudio Manoel e Calvito Leal sobre a vida de Wilson Simonal. O que me chamou a atenção, desta feita, foi uma constrangedora apresentação daquele que foi um dos maiores cantores de todos os tempos no programa da Hebe. Desafinado, inseguro, trôpego nos versos. Triste demais ver um monstro daqueles numa situação deplorável. Simonal era um cantor perfeito, um entertainer inigualável. Não nasceu no Brasil, até hoje, mais do que três pessoas que atingiram o nivel de excelência do Simona. E vê-lo daquele jeito tão fragilizado me deu um aperto danado no peito. Uma angústia de não conseguir mais fazer aquilo que antes era tão prazeroso.

Se Simonal, não menos que um deus do olimpo musical brasileiro, ficou assim, imagina eu, esse reles bostinha que vos fala?!

E como viradas de anos importam resoluções (sempre fadadas ao fracasso, lógico), eis que me vejo aqui escrevendo o meu último comentário no blog que me senti detentor de um pedacinho, um naco de prestígio que me ofertava e tão bem me fazia.

O Nick acaba aqui. É verdade que sumia às vezes, ficava longos períodos sem dar as caras, mas nunca fiz uma despedida oficial. É o que faço agora.

Muito obrigado por tudo, Fla.
Muito obrigado mesmo.
Talvez nem você dimensione o quanto me fez bem por longos anos.
Mas chegou a hora de o Nick partir, assim como se foi a Rê Bordosa do Angeli, vai-se agora o Nick do Bruno.

E como última dica musical, não poderia deixar de ser Wilson Simonal, com Tributo a Martin Luther King. Um primor de canção, atualíssima como nunca.

Nick is over.

roberto eduardo santonini ceconello
roberto eduardo santonini ceconello
Reply to  Nick B.
3 anos atrás

Estava com saudades de você. Não se vá, fique.

Saima
Saima
3 anos atrás

Os temas são bem diferentes, mas o estilo me fez lembrar muito de Vladimir Sorokin.

Carlos C. Alberts
Carlos C. Alberts
3 anos atrás

Parabéns, Flávio, grande texto!
Sobre sua curiosidade, não sei se alguém já falou ou se você já descobriu, mas a razão de ser achtundneunzig zwo (e não zwei) tem a ver com os códigos informais criados para evitar erros ao ouvir números pelo telefone. Como não era muito claro o som pelo aparelho, aqui no Brasil, por exemplo, chamamos o seis de meia dúzia ou meia, para não confundir com o três (falando rápido no fone, pode-se confundir três com seis). Em alemão a confusão mais possível é entre drei e zwei, então criaram o zwo. Se bem que tem gente que diz que esses códigos foram criados pelos exércitos para evitar erros na transmissão pelos rádios antigos.

Sérgio Guerra
Sérgio Guerra
3 anos atrás

Sensacional! É pra ler rápido e ao mesmo tempo saborear os momentos. Pra quem mora no Rio como eu, deu pra visualizar cada lugar e cada situação. Parabéns Fla´vio. Tudo de bom pra vocês.
P.S.: Prefiro dirigir no trânsito de SP do que no RIO. OS ônibus já tirei de letra. :)

Carlos C. Alberts
Carlos C. Alberts
3 anos atrás

Parabéns, Flávio, grande texto!
Sobre sua curiosidade, não sei se alguém já falou ou se você já descobriu, mas a razão de ser achtundneunzig tzwo (e não tzwei) tem a ver com os códigos informais criados para evitar erros ao ouvir números pelo telefone. Como não era muito clara o som pelo aparelho, aqui no Brasil, por exemplo, chamamos o seis de meia dúzia ou meia, para não confundir com o três (falando rápido no fone, pode-se confundir três com seis). Em alemão a confusão mais possível é entre drei e tzwei, então criaram o zwo. Se bem que tem gente que diz que esses códigos foram criados pelos exércitos para evitar erros na transmissão pelos rádios antigos.

Tiago
3 anos atrás

Apesar de confusa, gostei da construção do texto e de como minha cidade te agregou e muito. Vai fazer falta. Sucesso para onde for.

Rodrigo
Rodrigo
3 anos atrás

Belo texto. Talvez o estilo tenha sido inspirado pelo do Saramago, mas me lembrou uma cena de um dos Coelho do John Updike.

Willian
Willian
3 anos atrás

Que vidão que você teve no Rio, hem? Espero que São Paulo trate vocês bem!

Antonio
Antonio
3 anos atrás

Absolutamente fantástico e poético. Boa sorte para o futuro

Joao paulo
Joao paulo
3 anos atrás

Sensacional
Parabéns!!!

Gabriel Pereira
Gabriel Pereira
3 anos atrás

Brilhante crônica ! Minha mãe era sua vizinha ( mora no Riviera) e eu mostrei este texto para ela e ela se encantou . Rimos juntos da Kombi da geladeira velha e dos detalhes do Guanabara kkkk
Parabéns e um ótimo 2021.

João Henrique Leme
João Henrique Leme
3 anos atrás

Que legal que a moça do ceará foi embora com você.
Acho que entrou um cisco no meu olho.

Braga
Braga
3 anos atrás

Escrita com cor, cheiro, som.

Wagner Bastos Ferreira
Wagner Bastos Ferreira
3 anos atrás

Putz! Já é um local…

Luís Cláudio Pereira
Luís Cláudio Pereira
3 anos atrás

Caro Flávio Gomes, existe algo de novo à respeito da negociação de renovação (ou ñ) dos direitos de transmissão das corridas de F1 em 2021 entre Globo e a Liberty? Nenhum rumor sequer? Abraço.

Ronaldo Persiano
Ronaldo Persiano
3 anos atrás

Muito, mas muito bom o texto. Parabéns.

JURACY
JURACY
3 anos atrás

Flavinho Gomes !
Que crônica mais do que fiel, verdadeira de uma cidade alienada e sua gente estranha, que não conhecem bicicletas de pneus brancos.

Parabéns! o texto é excelente…

abs

Gabriel Pereira
Gabriel Pereira
Reply to  JURACY
3 anos atrás

Seu comentário é um misto de ignorância , segregação e recalque. Parabéns.

Marcello
Marcello
Reply to  JURACY
3 anos atrás

Gente estranha 🤔acho que ele não concorda com vc 🤷🏽‍♂️

Paulo Machado
Paulo Machado
3 anos atrás

Lindo texto, Flávio. Obrigado.

Luciano Balarotti
Luciano Balarotti
3 anos atrás

A mestria de sempre pra contar histórias.

Que a vida seja plena e bela nas paragens que te acolherem.

Marcos Alvarenga
Marcos Alvarenga
3 anos atrás

Fechou um ciclo no Rio que tinha começado na infância e estava pendente, esperando a hora.

Um Copo de Cólera, com seus sete pontos finais, manda lembranças. Saudades da coluna Gira, mundo, gira. Não seria hora de voltar com elas? Me lembrei de um chamado “Também cansei”, dessa mesma época.

Marcos Bassi
Marcos Bassi
3 anos atrás

Morei por seis anos no Rio. E é engraçado porque assustados ou não…entendendo tudo ou não…vamos embora parece que deixando algo lá ou trazendo algo com a gente. Vida longa ao escritor Flávio Gomes.

Yuri mota
Yuri mota
3 anos atrás

Esperando o próximo livro

Edson Asfora
Edson Asfora
3 anos atrás

Brilhante! 👏👏👏

Antonio seabra
Antonio seabra
3 anos atrás

Feliz Ano Novo.
Volte Sempre !

Rodrigo Bitencourt
Rodrigo Bitencourt
3 anos atrás

Confesso que gostei mais de você depois de ler essa sua crônica. Você é um ótimo escritor. Meu preconceito político me deixou míope com relação a seu grande talento. Sucesso em sua nova etapa de vida, onde quer que seja!!!!!

Tiago
Reply to  Rodrigo Bitencourt
3 anos atrás

bom ler comentarios como o seu Rodrigo, abs

Eduardo Inacio
Eduardo Inacio
3 anos atrás

Lindo texto. O que mais gostei de ler nesse blog e já o sigo a muito tempo. Me lembrou Saramago e a sua divertida forma de escrever. De qualquer maneira, aproveitar o momento para dizer que adoro o blog e deve ser o único site que abro todo dia para ver o que há de novo. Obrigado pela leitura diária de qualidade que nos oferta. Até.

Wallace
Wallace
3 anos atrás

Sensacional Flávio, eu como bom mineiro amo o Rio de Janeiro. Faz um tempo que não vou lá, espero criar coragem pra voltar.
Mas curti muito seus textos de despedida. Ontem esqueci de mandar uma foto de um dkw. Impossível ver um e não lembrar de vc.

Vania Marra
Vania Marra
3 anos atrás

Caraca! Que texto fantástico! Vc não pode abrir mão disso. É um dom!
Beijão… Feliz Ano Novo..
Pra moça da Tijuca que é do Ceará também 😘😘😘😘

Silvio Eugenio Nunes Gouveia
Silvio Eugenio Nunes Gouveia
3 anos atrás

Você é capaz de ver poesia no Canindé vazio. Torces para a Lusinha e tens bons vinho e poesia nas veias! Bons ventos em 2021!

Thiago Ribeiro
Thiago Ribeiro
3 anos atrás

Flavinho, tive o prazer de te saudar em 2014 na vitória da Dilma, em plena Paulista. Você estava eufórico. Eu tb. Minha esposa, n!morada na época, me perguntava: Quem é? E eu falei. O Flavinho da ESPN. E ela ficou com cara de interrogação (achou que era da Apeoesp).
Texto espetacular e gostoso de ler. Sempre que leio algo seu, me vejo no lugar. Bela história. Sucesso em 21.
Feliz ano

Diego Duarte
Diego Duarte
3 anos atrás

O melhor texto do Brasil. FG viveu com intensidade seus momentos no RJ e viveu todas as experiências, de diferentes Rios

Marcelo Augusto da Cunha Dutra
Marcelo Augusto da Cunha Dutra
3 anos atrás

PQP.
Primeiro, por esse texto (ma-ra-vi-lho-so) me fud…Explico: brigo – quase literalmente- com o meu time para não escreverem períodos longos. Aí você me faz “isso”…
Segundo, é simplesmente incrível como você fez e faz e continua fazendo essas “artes” com a comunicação!

Obrigado, camarada!

MARCELO AUGUSTO DA CUNHA DUTRA
MARCELO AUGUSTO DA CUNHA DUTRA
Reply to  Marcelo Augusto da Cunha Dutra
3 anos atrás

Desculpe-me! Foquei muito na construção desse “depoimento? “. Mas, só para esclarecer, se é que seja necessário, poucas são as pessoas que conseguem transmitir emoções em suas palavras como você!

Juares Gomes de Carvalho Junior
Juares Gomes de Carvalho Junior
3 anos atrás

Desde que conheci o Rio de Janeiro em 1998/1999, a trabalho, considero minha segunda casa ou a primeira…apesar dia pesares o Rio de Janeiro continua lindo!!!

Sueli Moraes Miranda
Sueli Moraes Miranda
3 anos atrás

Me fez chorar, pena ficar sem te ver na tv.Perdemos nós um grande talento mas quem perdeu mesmo foi a ESPN.Vai ser feliz com a morena da Tijuca,mas Cearense.Bjos de uma nova fã carioca da gema.

Marcos Oliveira
Marcos Oliveira
3 anos atrás

Saindo do RJ pq acabou a Fox, é isso?

Volta pra Valinhos, uai. Aqui tem carro antigo bacana na rua, tem pista boa pertinho, pra brincar de carro de corrida (Tuiuti, Capuava, ECPA…)

A Rigesa vai embora mas é parte da vida… Cheguei aqui por obra do acaso, e só vou embora qdo virar cinzas, pra ser espalhado lá em Interlagos.

Leonardo Marcolini
Leonardo Marcolini
3 anos atrás

Você conseguiu descrever tudo o que eu passei e senti no tempo que morei no Rio, só que eu tinha uma paulistana de Cuiabá comigo, o Rio é magia…

Anderson Grzesiuk
Anderson Grzesiuk
3 anos atrás

Parabéns pelo texto, pleno do mais puro sentimento, escrito no estilo Saramago. Deixa-nos sem fôlego…a vida nos deixa sem fôlego… Que venha 2021, e depois 2022, quando respiraremos novamente. Assim espero

Leonardo
Leonardo
3 anos atrás

Rádio Paradiso de Berlim , achtundneunzig zwo. Em Berlin não se fala zwei, mas se escreve. Minha rádio preferida também.

Robertom
Robertom
Reply to  Flavio Gomes
3 anos atrás

Quando soletram o 2 falam Zwo, pois Zwei pode ser confundido com Drei e outros…

FRANCÊS CHILIQUENTO
FRANCÊS CHILIQUENTO
Reply to  Leonardo
3 anos atrás

Agora mesmo estava escutando Rammstein e ele fala (svain), musica Sonne. Hier Kom die sonne. Si is der helste stern von allen, hier kom die sonne…………………

HEDRYK GENSON DAIJO
HEDRYK GENSON DAIJO
3 anos atrás

É isso aí, vida que segue. Mas afinal, o que toca nessa rádio de Berlim?

Marcelo de Castro
Marcelo de Castro
3 anos atrás

É muito melhor quando escreve…

Paulo Carvalho
Paulo Carvalho
3 anos atrás

Q texto foda Flávio, me senti no Rio, no Rio de verdade, não aquele de turista. Parabéns, bela narrativa. Abraço.

VANDO MONTEIRO DA SILVA
VANDO MONTEIRO DA SILVA
3 anos atrás

Uma deliciosa história salada carioca.

Rafael Rego BH
Rafael Rego BH
3 anos atrás

“achtundneunzig two”
Eu estudo alemão faz um tempinho e esse two não faz o menor sentido, pensando na lingua alemã, pelo menos pra mim. É só a radio adotando um padrãozinho americano/britânico.

Lindão seu texto! O Rio deve ter sido uma experiencia bem legal. Tomara que você encontre a mesma alegria no novo destino!

Osmar Junior
Osmar Junior
3 anos atrás

Siga seu caminho em paz Flavinho!
Excelente Crônica!
Junto de toda essa saudade que vc vai levar, irá junto suas duas maiores jóias, as Saudades Eternas dos seus Melhores Momentos e a Moça da Tijuca, sua maior conquista!
✊🏻👊🏻

kleber Rezende
kleber Rezende
3 anos atrás

Flávio, te conheci por causa de uma Paixão em comum, aliás duas, carros antigos e os ou seria as DKW. Com a Paixão em comum nasceu uma admiração, pela sua autenticidade, pela maneira com usa as Palavras, tive a realização de te encontrar em Poços de Caldas, de apresentar a minha família, que também se tornaram admiradores da Pessoa que você é. Poucas coisas me emocionam na vida, mas cada texto que você publica você consegui isto. Parabéns pelo texto, você é uma pessoa da mundo, seja feliz, você consegue onde quer que escolha estar, e isso leve a moça do Rio , que é do Ceará, ela te fez um bem que nem imagina! Feliz 2021.