TERCEIRA GERAÇÃO ELÉTRICA

SÃO PAULO (sei lá) – A Fórmula E apresentou hoje no Yacht Club de Mônaco a terceira geração de seus carros, que já entram na pista temporada 2022/23, a nona da categoria. O Gen3, como foi batizado, traz muitas novidades tecnológicas. É mais leve que os atuais (760 kg, redução de 60 kg), mais curto na distância entre-eixos, não tem mais as horrendas coberturas sobre os pneus e adota um motor no eixo dianteiro para gerar energia. Além disso, apresenta características de produção e uso alinhadas com os mais modernos conceitos de sustentabilidade, performance, eficiência e proteção ao meio-ambiente.

Parece texto de propaganda, mas é isso mesmo. Segundo os organizadores, os carros serão feitos em parte com fibra de carbono reciclada dos carros da segunda geração, aposentados ao final da atual temporada. As baterias, fabricadas pela Williams, também serão recicláveis. Os novos pneus da coreana Hankook — que substitui a Michelin como fornecedora oficial — terão 26% de seu material originário de fibras e borracha recicladas. E todos eles, após cada corrida, serão reciclados.

Termos derivados de “reciclagem” aparecem quatro vezes no horrível parágrafo acima. É proposital. Eu poderia ter usado “reaproveitados”, “reutilizados”, “recuperados”, mas o efeito talvez mão fosse o mesmo. Vou fazer o jogo da F-E. A ideia da categoria é essa: mostrar que seu campeonato não prejudica o planeta. Acho legal, o esforço.

Voltemos às novidades técnicas, para depois falar um pouco de estética.

O motor montado no eixo dianteiro não traciona, apenas regenera energia nas frenagens e carrega as baterias. É capaz de produzir 250 kW de potência. O trem de força traseiro gera 350 kW — que efetivamente movem o carro. Assim, o Gen3 é um automóvel que produz 600 kW no total, e tem potência em marcha de corrida equivalente a 470 HP. Pode chegar a 320 km/h, juram os projetistas. Os cálculos indicam que 40% da energia gasta numa corrida será gerada na própria pista. Assim, as baterias poderão ser menores e mais leves. Há possibilidade de pit stops para recargas rápidas, mas isso ainda será discutido.

Os freios traseiros não terão discos, pinças e pastilhas — nenhum sistema mecânico ou hidráulico. É o trem de força que vai parar o carro para gerar ainda mais energia, uma espécie de freio-motor de alta eficiência. Tenho um pouco de medo disso. Mas os caras devem saber o que estão fazendo.

Quando ao design…

Segundo os organizadores, o Gen3 foi inspirado em caças supersônicos. Ainda não sei direito o que dizer. Estou, ainda, na fase de observação da baratinha. Nas redes sociais, o povo do automobilismo, na média, achou o desenho infantil, rudimentar, primário, horrível, “como se tivesse sido feito por um moleque de sete anos”. Muitos disseram que foi inspirado em alguma espécie de percevejo ou, no máximo, em aviõezinhos de papel. As piadinhas não demoraram a surgir.

Desde o início a F-E procura fazer carros que possam ser chamados de futuristas. Não se pode negar que eles são bem diferentes dos monopostos convencionais. Achá-los bonitos ou feios é questão de gosto. O mais importante, nessa hora, é que sejam mais rápidos e ágeis, para produzir corridas melhores. Pessoalmente, não achei tão feio assim. Melhor que os da geração 2 com seus para-lamas grotescos. Vamos ver andando.

Com as saídas da Audi, depois da última temporada, e da Mercedes, ao final desta, sete fábricas de carros estão confirmadas para a temporada #9: DS (marca da Citroën), Jaguar, Mahindra, Nio 333, Nissan, Porsche e a estreante Maserati. Completarão o grid as equipes independentes como Venturi, Andretti, Envision e Dragon. Os brasileiros que correm na F-E atualmente são dois: Lucas di Grassi e Sergio Sette Câmara.

Gostaram do carrinho novo? Podem ser sinceros.

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lagebeer
lagebeer
1 ano atrás

Já tive um matchbox parecido nos anos 70…. Feio que dói …. O duro é se a moda pega … mas acho que é opinião de quem está ficando velho como eu …

John Davis
John Davis
1 ano atrás

Colocaram 4 rodas e um aerofólio numa lancha

Paulo Dantas Fonseca
Paulo Dantas Fonseca
1 ano atrás

Prezado F&G : O projeto ficou muito interessante e leva ainda com as imagens fotográfica um pouco da lembrança do BT44F-1, em breve, em cinco anos pode caminhar a ideia de juntar as duas categorias com carros F-1 híbridos, ou com outras alternativas de combustíveis, não derivados de petróleo.

Daniel
Daniel
1 ano atrás

Categórico tosca em circuitos mais toscos aínda!

Celio Ferreira
Celio Ferreira
1 ano atrás

O que importa é a aerodinamica , que me parece bôa , e a propalada velocidade
de 320 km. Acho que agora teremos corrida na FE.
Obs: Desde a primeira fase,até agora só melhorou e um dia será mais rápida que a f1
devido sua aceleração contínua….aguardamos portanto . Num futuro não muito
longe , carros serão todos elétricos…vai daí que a Fe é o embrião…

Ricardo
Ricardo
1 ano atrás

Você listou os objetivos da categoria, e o que está sendo feito é coerente com eles!
Quanto ao desenho, me chamou a atenção que na foto do carro vermelho, o carro pareceu menos estranho. Já nas fotos de baixo, do carro preto e verde água, se mostrou bem feio.
Melhor ver como ficam nas pistas, na transmissão das corridas. Explico: achei os Aston Martin F1 muito mais bonitos nas fotos de divulgação, pois, nas corridas, o verde da pintura fica bem apagado.
Se os bólidos forem mais rápidos do que os atuais, como prometido, dane-se a aparência!

Allan Guimarães
Allan Guimarães
1 ano atrás

Prefiro paralamas a essas asas dianteiras que são da largura dos pneus. Pra mim bem.asa na frente teria, ou bigodes como nos asa até 1982 ou Indycar Indianapolis até 2009.

Sulivan
Sulivan
1 ano atrás

Sinceramente gostei sim mas não posso dizer que amei, mas achei bem invocadinho,
Porém a minha preferência segue , por enquanto, inabalada: FÓRMULA 1 ,

Marcus
Marcus
1 ano atrás

Mais feios que bater na vó.

Ricardo Bigliazzi
Ricardo Bigliazzi
1 ano atrás

O que pega para um Dinossauro como Eu é a ausência do barulho e do cheiro da gasolina… no mais é mais uma corrida de carros. Sempre é legal!

Paulo Dantas Fonseca
Paulo Dantas Fonseca
Reply to  Ricardo Bigliazzi
1 ano atrás

Vai parecer no estilo do autorama.

Rodrigo
Rodrigo
1 ano atrás

Parece aquela camionete horrorosa da Tesla, Cybertruck.

Evandro
Evandro
1 ano atrás

Eu na primeira olhada achei que era um cruzador imperial de Guerra nas Estrelas. :D

Rafael
Rafael
1 ano atrás

Tomara que o campeonato seja legal – menos pro Lucas Di Grassi.

Gerson
Gerson
1 ano atrás

Uma aberração estética. Tomara que ande mais que um F3, pelo menos. Não consigo ver nada de bom nessa categoria.

Adriano
Adriano
1 ano atrás

Essas peças laterais dos aerofólios dianteiros me parecem excelentes rampas para os pneus dos carros adversários. E o desenho limpo da metade anterior não combina com a metade posterior, cheia de arestas e superfícies angulares.

Wallace Ebert
Wallace Ebert
1 ano atrás

Bom dia!

Para ser horroroso, horripilante, pavoroso e ridículo, tem que melhorar muito!!!!

Marcelo
Marcelo
1 ano atrás

Se ajudar a produzir corridas mais interessantes, nada contra.

Edu Zeiro
Edu Zeiro
1 ano atrás

O formato me lembrou aquelas pontas de flechas pré-históricas.

João Henrique Leme
João Henrique Leme
1 ano atrás

“Feio no que tem”, como diria um amigo meu.

Carlos Pereira
Carlos Pereira
1 ano atrás

Até é muito interessante. Carros não precisam ter ‘trocentos” detalhes para serem bonitos. Os F1 dos anos 60 provam isso. Para mim, o problema da FE são os circuitos. Isso sim, são as aberrações da categoria. Não empolgam. São estreitos, travados, com muros muito próximos. Creio que se tiverem visibilidade em circuitos tradicionais e conhecidos, talvez a categoria atraia mais olhares.

Fernando
Fernando
Reply to  Carlos Pereira
1 ano atrás

Os carros são feios demais, mas acreditam que a estética não importa nesse momento e sim a eficiência energética do conjunto. Mesmo que os carros fossem bonitos, concordo com o Carlos na msg acima. O pior da F-E são os circuitos, parece uma procissão a corrida, circuito estreitos, sem pontos de ultrapassagens e totalmente sem graça. Não me prende quanto a espetáculo, deveriam ir ver uma corridas da Indy para ver como fazer um circuito de rua, como Surfers Paradise na Austrália. Tem tanto circuito clássicos na Europa, que a F1 não corre mais, que poderiam ser utilizados e trariam muito mais emoção. Umas três corridas para fazer o teste não seria nada mal.
Abraços,

Sulivan
Sulivan
Reply to  Fernando
1 ano atrás

concordo contigo em relação aos ciruitos.

Rafael
Rafael
Reply to  Carlos Pereira
1 ano atrás

A questão é que os carros são lentos.
Se corressm nos circuitos tradicionais, cada vez mais largos, teríamos a sensação que os carros estavam andando em camera lenta.
Nos circuito estreito tem-se uma maior sensação de velocidade.

Tales Bonato
Tales Bonato
1 ano atrás

Se não foi um moleque de 7 anos que desenhou então foi alguém saído da Formula SAE…

A esquisitice estará perdoada caso seja rápido e confiável.

Peixe
Peixe
1 ano atrás

Achei feio, mas bonitinho, meio estranho, todo anguloso, parece carro de vídeo game antigo, quando os gráficos não eram bons.

Talvez tenham se inspirado no carro que o Elon Musk fez, aquela caminhonete toda estranha e angulosa.

Mas quem sabe fiquem mais ágeis e rapidos proporcionando boas corridas.

Adriano
Adriano
1 ano atrás

Não entram na minha categoria de carros feios. Imaginem o que o pessoal disse quando as baratinhas dos anos 50 e 60 foram substituídas pelos carros com uns apendices estranhos que chamaram de aerofólios? Gostem ou não o futuro chega.

Simão
Simão
1 ano atrás

Mais feio que bater em mãe… Pelamor!

Gabriel Medina, o Outro
Gabriel Medina, o Outro
1 ano atrás

Horrendo.

Thiago
Thiago
1 ano atrás

Ficou parecendo um carro de categoria junior… o antigo tem jeito de protótipo, mas na tinha me acostumado

Pedro Medeiros
Pedro Medeiros
1 ano atrás

Flavio,

Somente uma correção: como o motor dianteiro não gera eletricidade, então a potência total do carro (ou seja, o quanto ele usa pra se movimentar) é só a potência do motor traseiro, de 350 kW.

Tecnicamente a potência total de 600 kW é somente nas frenagens, e muito relativa – não adianta os motores geraram uma quantidade descomunal de energia se ela não puder ser convertida pelo inversor de corrente (o motor do carro funciona em corrente alternada, AC, enquanto a bateria recebe e devolve energia em corrente contínua, DC).

Em relação à falta de freios, se perde um importante backup, mas pouco muda na verdade. Todo motor elétrico também é um gerador – é possível brincar com isso ao pedir pra alguém segurar a tomada de um ventilador desligado e enrolar um fio no eixo do ventilador. Ao puxar, girando o eixo, a pessoa segurando a tomada tomará um choque, pois o motor se tornou um gerador.

Então, nas frenagens, o motor basicamente passa a gerar eletricidade ao mesmo tempo em que ajuda a reduzir a velocidade do carro (pois ele gera resistência ao ser girado). Em carros elétricos é comum você dirigir sem pisar no freio, usando apenas o acelerador e reduzindo a velocidade ao aliviá-lo.

Gabriel
Gabriel
Reply to  Pedro Medeiros
1 ano atrás

Legal as explicações do rapaz acima.

Vinicius
Vinicius
1 ano atrás

Feinho, hein? Nada contra corrida de carros elétricos, mas a Fórmula E, pra mim, não serve.

Jeferson
Jeferson
1 ano atrás

Carro bem feio.

Marcos
Marcos
1 ano atrás

KKK… Maria Fedida.