FOTO DO DIA

Foto e notícia do dia. A Yamaha está de volta. A Lola, também. Lola-Yamaha na Fórmula E a partir da próxima temporada. Aí estão dois nomes que aquecem o coração de quem gosta de corrida…

Comentar

VEMAGUET CARA

SÃO PAULO (sou mais a minha) – Fã das peruas que sou, não poderia deixar de registrar a chegada das 15 unidades exclusivas para o mercado brasileiro da RS 6 Avant Legacy da Audi, que não passa de uma Vemaguet de quatro portas um pouco mais potente. Como tenho quatro peruas DKW, todas mais bonitas que essa aí, não me interessei.

As 15 numeradas e levam no vidro traseiro o logotipo “Audi 30 years”, comemorando os 30 anos da chegada da marca ao Brasil — trazida por Ayrton Senna, diga-se de passagem. A cor é exclusiva para essa série e se chama Audi Exclusive Azul Ascari. Claro que é nome, esse da cor, que não se compara ao Branco Abaeté da minha 66, ou ao Azul Itapoã da perua de um amigo. Branco Abaeté e Azul Itapoã. Poesia pura. Mas reconheço o valor de uma referência a Alberto Ascari, se é que esse Ascari aí da cor tem alguma coisa a ver com o bicampeão mundial (1951-52) pela Ferrari, que venceu dois GPs da Alemanha. Será que é isso?

No mais, rodas de 22 polegadas que caberiam num caminhão, motor V8 biturbo de 4 litros, 630 hp, transmissão de oito velocidades para a tração integral quattro (desenvolvida nos jipes DKW, os nossos Candangos), 0 a 100 km/h em 3s4, velocidade máxima de 280 km/h e, vou usar aspas, “um novo sistema de exaustão para intensificar a experiência sonora”. Traduzindo, um escapamento arreganhado para fazer mais barulho.

E mais: “Saias laterais emolduram a porção meridional do bólido, criando uma silhueta que instiga os olhos e acelera o coração”. Onde fica a porção meridional de um bólido? Adoro esses press-releases!

Se alguém se interessou o preço é de R$ 1.364.990,00. Não sei se parcela.

Comentar

FOTO(S) DO DIA

Lançamento hoje das 6 Horas de São Paulo, a prova do WEC que volta a Interlagos depois de dez anos. Foi na Praça das Artes, no Centro. O artista Mundano elaborou o belo troféu, que foi feito com resíduos encontrados pela cidade. A corrida acontece no dia 14 de julho. Vai ser demais.

Comentar

SOBRE HOJE DE MADRUGADA

A IMAGEM DA CORRIDA

Sainz mostra o curativo da cirurgia a Norris: atuação heroica

SÃO PAULO (puxem o fio, puxem o fio que chega…) – Não consigo imaginar foto mais bacana para lembrar desse GP da Austrália do que essa aí em cima. Vejam como Sainz correu, exatos 16 dias depois de extrair o apêndice. E ganhou a corrida.

Já falamos bastante dela, a corrida. Sem Verstappen na pista, vimos mais sorrisos do que normalmente, todo mundo se sentiu no direito de sonhar com alguma coisa, e foi sonhando com a vitória que o espanhol se classificou muito bem e controlou a prova assim que Max saiu do caminho.

O triunfo de Carlos, “um desempregado no ano que vem”, em suas palavras, rendeu ótimas imagens. Teve muita festa no pódio, o abraço do pai, a comemoração da Ferrari, os cumprimentos de seu companheiro Leclerc. Fiquem com esta pequena galeria (cliquem nas fotos para vê-las em tamanho maior), que registra um dia histórico para o piloto. Voltamos na sequência com o assunto mais palpitante do pós-corrida, a punição a Alonso.

Para quem não acompanhou, na parte final da prova o espanhol da Aston Martin estava em sexto, sendo perseguido por Russell. O inglês da Mercedes tinha pneus um pouco mais novos. Fernando se defendia do jeito que dava, embora George não tivesse feito nenhuma tentativa real de ultrapassagem. Apenas chegava muito rápido, ameaçava com a asa móvel, aquelas coisas.

Na última volta, na curva 6, Alonso antecipou a freada e acelerou no meio da curva para sair melhor que seu rival, algo normalíssimo em qualquer corrida de qualquer categoria desde que o mundo é mundo. Russell se assustou com a aproximação repentina, saiu da pista, bateu no muro.

Os comissários chamaram os pilotos à torre. Depois de analisar os dados do carro de Alonso, aplicaram-lhe uma multa de 20s no tempo total de corrida, deslocando o piloto da sexta para a oitava colocação. A Aston Martin decidiu não apelar.

Veja aqui como se deu a batida:

A pancada de Russell no Instagram: clique no link para ver

Os homens da FIA informaram que Alonso foi punido por “pilotagem potencialmente perigosa”. Eis o texto da condenação:

A telemetria mostra que o piloto levantou levemente o pé do acelerador mais de 100 metros antes do que fizera em toda a corrida naquela curva. Também freou muito levemente num ponto onde usualmente não freava (embora tenha sido um toque tão leve no freio que não pode ser apontado como a razão principal para a diminuição de velocidade do carro). E reduziu marcha onde usualmente não reduzia, depois subiu a marcha de novo e acelerou para a curva antes de tirar o pé novamente e fazer a curva.

De acordo com artigo 33.4 do regulamento esportivo da F-1, “em nenhum momento um carro deve ser pilotado desnecessariamente de forma lenta, errática ou de maneira que possa ser considerada potencialmente perigosa para outros pilotos ou pessoas”. Foi esse artigo que determinou o tamanho da punição. De acordo com dados de telemetria analisados pelos comissários, na última volta Alonso passou pela curva 6 em velocidade 37 km/h mais baixa que na volta anterior.

Agora, a palavra de Alonso depois da punição, pelo Twitter (nunca vou chamar essa merda de “X”) e no Instagram:

A postagem de Alonso: “Surpreso”

O que Alonso diz é basicamente o que escrevi na caixona verde da postagem anterior a esta, no textão da corrida atualizado hoje por volta da hora do almoço, quando acordei. Repito a caixa e uso a mesma cor, para destacar bem suas palavras:

“Um pouco surpreso pela punição, porque na prática os comissários dizem como nós devemos nos aproximar das curvas ou como devemos pilotar carros de corrida. Não faz sentido achar somos capazes de fazer coisas erradas nessas velocidades. Acredito que se não houvesse brita naquela curva, em qualquer outra curva do mundo nós nunca seríamos investigados. Na F-1, com mais de 20 anos de experiência, com duelos épicos como em Ímola em 2005 e 2006, no Brasil em 2023, mudar o traçado, fazer linhas diferentes, sacrificar a velocidade de entrada para ter uma boa saída das curvas é parte da arte do automobilismo. Nós nunca pilotamos a 100% em cada volta e em todas as curvas de uma corrida, nós economizamos combustível, pneus, freios, e ser responsabilizado por não fazer todas as voltas da mesma maneira é um pouco surpreendente.”

Realmente, não tem cabimento. Não são os comissários que devem dizer como um piloto tem de pilotar, qual a melhor maneira de contornar uma curva, onde precisa frear, em qual momento convém acelerar.

Os pilotos dispõem de recursos — que qualquer um pode usar — para se defender, atacar, administrar uma posição, controlar uma corrida. É ridículo usar diferenças de parâmetros entre voltas diferentes para apontar a intenção de infração. Nenhuma volta é igual à outra. E, basicamente, é o que fizeram os homens da FIA no caso de Alonso. Disseram que a última volta de Alonso foi diferente das anteriores. E daí? Por acaso alguma outra havia sido igual?

Uma coisa é jogar o carro para cima do adversário como fez Schumacher com Villeneuve em Jerez/1997, enfiar o fé no breque no meio de uma reta (Verstappen com Hamilton em Jedá/2021), deixar bater na largada antes da primeira curva para ganhar um título (Senna com Prost em Suzuka/1990). Outra, bem diferente, é alternar estilos, tentar confundir o adversário, mudar a linha de contorno de uma curva, retardar uma freada, antecipá-la. Quem está atrás que se vire.

Citei mais cedo, cito novamente: lembram de Senna no GP de Mônaco de 1992 à frente de Mansell? Ele freava onde bem entendia e acelerava quando lhe desse na telha, porque sabia que a tarefa de passar era de quem estava atrás. Ninguém reclamou de nada. Muito menos Nigel. Que só não encheu a traseira do brasileiro porque estava atento e sabia que ele faria aquilo. E sabe por quê? Porque se estivesse na frente, faria exatamente o mesmo. Quem não viu, veja.

Russell se assustou quando viu o carro de Alonso crescendo, essa é a verdade. “Não estava esperando, me pegou de surpresa”, admitiu. No press-release da Mercedes, disse que “ficou claro que ele freou mais cedo que nas voltas anteriores e depois voltou a acelerar”. Ah, jura? Freou e voltou a acelerar? Que doideira, não? Queria o quê? Que freasse, saísse de sua frente e oferecesse a posição?

Erraram, os comissários. E erraram feio. Não estou aqui dizendo que Alonso é santo, que jamais faria algo parecido. Estou dizendo, apenas, que o que ele fez se chama automobilismo. Corridas de automóvel são assim. Parece que esses caras que julgam e decidem nunca pilotaram um carro na vida.

A FRASE DE MELBOURNE

“Vou tirar meu apêndice também, pra ver se ganho uma corrida.”

Lando Norris, terceiro colocado

O NÚMERO DA AUSTRÁLIA

14

…pódios tem Norris agora na F-1, mas sem vencer nenhum GP. Ele, assim, se torna recordista nessa estatística não muito abonadora. Estava empatado com o alemão Nick Heidfeld como maior frequentador de pódios sem-vitória da categoria.

Como vocês devem ter notado, o simpático e instagramável Norris foi personagem da frase e do número da corrida no nosso rescaldão, o que também é inédito, acho. Mas isso não tem importância. Vamos a algumas caixinhas coloridas para passar a régua nesse GP da Austrália.

NÃO DEU – Dissemos no textão da corrida. A quebra de Verstappen significou o fim de uma sequência de 43 provas sem abandonos, do GP da Emilia-Romagna de 2022 até o da Arábia Saudita deste ano. Dessas daí, venceu 35 e foi 39 vezes ao pódio. E fez pontos em todas. O recorde pertence a Hamilton, com 48 provas ininterruptas nos pontos entre os GPs da Inglaterra de 2018 e do Bahrein de 2020. Série interrompida pela covid, já que ele não participou da segunda prova do deserto naquele ano, chamado de GP do Sakhir. Dessas 48, Lewis ganhou 30 e foi 41 vezes ao pódio.

COINCIDÊNCIA – Alguém aí notou que nas três corridas que Sainz venceu Russell bateu? Aconteceu em Silverstone/2022, Singapura/2023 e hoje. Só para registrar.

TRAPALHÕES – Bottas e Zhou voltaram a ter problemas nos pit stops da Sauber. Quando não é a pistola pneumática que enrosca na roda, é porca que pula e sai voando, e essas trapalhadas aconteceram nas três corridas do ano nas paradas da dupla. A equipe pediu desculpas ao finlandês. “É duro ver que uma corrida que poderia ser muito boa não deu em nada”, lamentou o piloto. A Sauber está zerada no Mundial.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver a Haas colocando seus dois pilotos nos pontos pela primeira vez desde o GP da Áustria de 2022 — naquela ocasião, Mick Schumacher terminou em sexto e Kevin Magnussen foi o oitavo. Sob a gestão de Ayao Komatsu, a equipe pontuou em duas das três corridas até agora. Com um limãozinho só, o japonês já fez um barril de limonada. “Ano passado a gente acordava domingo sabendo que o dia seria uma droga. Hoje, sabemos que temos a chance de lutar, pelo menos”, disse o dinamarquês, que terminou em décimo — uma posição atrás de Nico Hülkenberg.

NÃO GOSTAMOS da atuação apagadíssima de Sergio Pérez, que poderia ter aproveitado a ausência de Verstappen para mostrar algum serviço. Nada… Sexto no grid, ficou se arrastando no meio de carros que Max, normalmente, passa por cima. Terminou em quinto. Porque o companheiro abandonou. Se não fosse isso, chegaria exatamente onde começou. Um horror. Às vezes dá a impressão que o papel do carro da Red Bull no sucesso do holandês não é tão grande assim. Basta ver o que Checo faz com a mesma viatura.

Comentar

AUSSIES (4)

Leclerc festeja com Sainz, o vencedor: dobradinha da Ferrari

SÃO PAULO (shit happens) – “Max Verstappen não ganha o GP da Austrália”. Essa seria a manchete que eu usaria na edição de segunda-feira do meu jornal, se jornais ainda existissem.

É verdade que no nosso ofício, aprendemos que títulos de reportagens não devem ter formulações com negativas — se algo não aconteceu, é porque outro algo ocorreu, e sendo assim por que não dizer logo o que foi? Porque, no caso em questão, Verstappen não ganhar uma corrida é mais notícia do que qualquer outro vencer. Pois me desculpe o vencedor da corrida de Melbourne, Carlos Sainz. Seu nome nas páginas do meu jornal iria para o que a gente chamava de “linha fina”, o subtítulo que complementa a informação mais relevante para o leitor. Então, abaixo da manchete “Max Verstappen não ganha o GP da Austrália”, eu, como bom editor, acrescentaria: “Holandês tem problema no freio e Ferrari faz dobradinha com Sainz e Leclerc; Norris completa pódio”.

Essas duas frases resumem bem o que foi a terceira etapa do Mundial de F-1 no circuito de Albert Park. O piloto da Red Bull só não levou mais uma porque teve um raro problema técnico em seu carro logo nas primeiras voltas, deixando o caminho aberto para o grande destaque do fim de semana. Sainz, ainda convalescendo da cirurgia de apêndice de duas semanas atrás que o tirou do GP da Arábia Saudita, treinou e correu com dores, conseguiu um belo segundo lugar no grid e acabou vencendo.

De qualquer forma, Sainz merece aplausos, sim. Não só pelas condições físicas precárias que enfrentou para correr na Austrália, como também por ser o único piloto a vencer nas últimas 26 corridas da F-1 sem vestir o macacão da Red Bull. Desde o GP de Abu Dhabi de 2022 o time austríaco só perdeu duas provas, ambas para o espanhol. Aquela corrida aconteceu num 20 de novembro. O que significa que em 855 dias contados a partir daquela data o único piloto capaz de bater a equipe dos energéticos foi ele. Com o detalhe adicional de que Sainz é, hoje, um piloto sem carro para 2025, já que será substituído por Lewis Hamilton na Ferrari no ano que vem.

Mas não faltará lugar para o intérprete de “Smooth Operator”, canção cujo refrão costuma cantarolar pelo rádio quando consegue um resultado digno de ser comemorado. Como foi a vitória de Melbourne na madrugada de hoje, com uma atuação segura e sem erros, ainda que não se deva ignorar, claro, que tenha sido facilitada pelo abandono de Verstappen.

Largada em Melbourne: Max sustenta a ponta, mas por pouco tempo

O GP da Austrália foi disputado com sol, céu azul e 20°C de temperatura, sob comemoração dos organizadores da prova que contabilizaram a presença de 452.055 torcedores nos quatro dias do evento, recorde de público para corridas no país.

Verstappen largou muito bem, mas já na segunda volta, com muito apetite, Sainz passou o holandês e assumiu a liderança. “Está esquisito…”, falou Max pelo rádio, sem entender direito o que se passava com seu carro. E estava mesmo. Aí começou a sair fumaça da roda traseira direita e, para espanto geral de todos no autódromo, a clara constatação: o RB20 quebrou!

Max parou no box na quinta volta e os mecânicos da equipe cercaram seu carro com extintores de incêndio. O freio chegou em chamas no pit lane. E o abandono, quase inacreditável, estava consumado. O primeiro de Verstappen desde o GP da Austrália de 2022. Foram 43 corridas seguidas vendo a bandeira quadriculada, 35 delas em primeiro lugar, 39 no pódio, todas nos pontos. Dentro da garagem, a TV mostrou o piloto irritadíssimo. E ele explicou o motivo depois. “Quando parei com o freio pegando fogo, vieram no carro como se eu fosse fazer um pit stop. Que sentido fazia um pit stop com o carro daquele jeito?”

Depois, mais calmo, explicou que o problema foi notado assim que a corrida começou. “Desde a largada percebemos que tinha algo errado. Foi como andar com o freio de mão puxado, por isso logo no início percebi que o carro estava muito estranho em algumas curvas. São coisas que acontecem, a gente fica triste, mas este ainda é um esporte mecânico. É uma pena, porque tínhamos a chance de ganhar. O importante agora é descobrir o que aconteceu para não acontecer de novo.”

No panic, como dizem na Inglaterra.

Sainz na liderança: controle da corrida

Na oitava volta, Hamilton, que largara com pneus macios, foi para os boxes e colocou os compostos mais duros da Pirelli. Na nona, Russell fez o mesmo, mas tinha largado de médios — como quase todo mundo. Na décima vieram Leclerc e Piastri. Sainz, na liderança, já tinha quase 5s de vantagem para Norris. Pérez era o terceiro graças às paradas dos que estavam à sua frente, com Alonso em quarto e Hülkenberg em quinto – esses dois largaram com pneus duros e deixaram para trocar mais tarde.

Pelo rádio, a Ferrari orientava Sainz com boa parte do alfabeto, citando planos A e B em uma dúzia de voltas. O espanhol, talvez confuso com a sopa de letrinhas, decidiu acelerar, apenas. Leclerc e Piastri, com pneus novos, deixaram o alemão da Haas para trás sem muita dificuldade e foram em busca de seus sonhados troféus, estimulados pela ausência de Verstappen da corrida.

Na volta 15, Norris e Pérez, segundo e terceiro, fizeram seus pit stops. Alonso subiu para segundo. Àquela altura, apenas Sainz e Gasly, este em sétimo, tinham pneus médios. Os dois, mais Alonso e Hülkenberg, eram os únicos que ainda não tinham parado para trocar pneus.

Alonso: estratégia de parar mais tarde para tentar alguma coisa

O líder trocou os seus na volta 17. No mesmo momento, Hamilton quebrou de repente: motor. Alonso passou à ponta, com Sainz em segundo. Um safety-car virtual foi acionado para que a Mercedes #44 fosse retirada da pista. O espanhol da Aston Martin, então, aproveitou para ir aos boxes e colocou pneus médios. Voltou em quinto, atrás das duplas de Ferrari e McLaren – a ordem era Sainz, Leclerc, Piastri e Norris; o australiano, em sua parada, ganhou a posição do companheiro papaia.

À Red Bull, restou depositar suas esperanças em Pérez, que depois das paradas se colocou em sétimo. E à Ferrari, rezar para que Leclerc e Sainz não se pegassem de tapa. Isso porque o monegasco começou a se aproximar do espanhol perigosamente. Naquele momento, Carlos tentava lembrar quais seriam os planos C, D e E, que certamente seu engenheiro indicaria em algum momento. Na dúvida, mais uma vez, apenas acelerou. Foi o plano que deu certo.

Pérez ganhou a sexta posição na volta 21, passando por Russell com facilidade. E saiu à caça de Alonso. Fechando a zona de pontos, de oitavo a décimo, apareciam Stroll, Tsunoda e Albon – com o carro de Sargeant, que não largou porque teve de ceder a viatura ao companheiro depois do acidente do tailandês na sexta-feira. Pelo menos até ali a aposta da Williams em Alex se mostrava certeira.

Sorriso no pódio: terceira vitória na carreira

Pérez assumiu a quinta posição na volta 28, passando por Alonso também sem dificuldade. Mas não conseguiu escapar e teve de aguentar, por um tempo, o asturiano em seus retrovisores. Lá na frente, Leclerc acabou mesmo não conseguindo atacar Sainz. Na metade da prova, 29ª volta, o espanhol já tinha mais de 5s sobre o companheiro. E foi nesse momento que a McLaren mandou Piastri deixar Norris passar, porque o inglês vinha mais rápido e teria como atacar a Ferrari #16. A torcida australiana não gostou. Mas pelo ritmo de Lando, a ordem fazia algum sentido, por mais antipática que fosse. Nem Piastri reclamou. “Era o certo a fazer”, disse.

Norris assumiu a segunda colocação sem ter de passar Charlinho, que foi para os boxes na volta 35. Voltou em quarto, exatamente na frente de Pérez e Alonso, que continuavam brigando separados por menos de 1s. O mexicano, então, parou pela segunda vez. Voltou em nono. Tanto ele quanto Leclerc seguiram com pneus duros.

Norris: ritmo mais forte que Piastri o levou ao pódio

Piastri, então terceiro, foi para seu segundo pit stop na volta 40. Norris, segundo, na 41ª. Sainz seguia tranquilo na ponta, mas a Ferrari demorava para chamá-lo para trocar pneus. Leclerc, que já tinha trocado, recuperou o segundo lugar quando o #4 da McLaren parou. E, finalmente, Sainz foi para os boxes na 42ª. A parada foi tranquila e o espanhol voltou ainda na liderança, agora 6s à frente do companheiro. Alonso também foi para os boxes e voltou em sétimo, longe de Pérez.

Faltavam 15 voltas e todos os pilotos na pista já tinham feito dois pit stops. A exceção era Russell, quinto colocado, com uma troca apenas. Sainz, Leclerc, Norris e Piastri eram os quatro primeiros. George parou na volta 46 e voltou em sétimo, atrás de Alonso.

E foi essa a última boa briga da corrida, com Russell alcançando El Fodón do Carro Verdón na volta 55, a três do final. Que terminou com uma batida forte do piloto da Mercedes na última volta, levando a corrida a ser encerrada com o safety-car virtual acionado. Ele perdeu a traseira na curva 6 e bateu forte no muro, destroçando seu carro, que ficou tombado sobre os próprios pneus no meio da pista.

Russell tombado: batida na última volta

Alonso foi chamado pelos comissários por suspeita de “brake test” com Russell. Teria tirado o pé de propósito para assustar o piloto da Mercedes. Este evitou culpar o veterano bicampeão, mas falou que o rival, sim, freou uns 100 metros antes do normal no ponto em que bateu, algo que não estava esperando. “Por isso é bom esclarecer as coisas”, completou. O espanhol alegou que tinha problemas para recarregar a bateria nas últimas voltas e que não estava olhando para trás no momento, e sim para a frente.

Sainz venceu, com Leclerc em segundo e Norris fechando o pódio. Piastri, Pérez, Alonso, Stroll, Tsunoda, Hülkenberg e Magnussen completaram a zona de pontos (veja a atualização abaixo, na caixinha verde). Charlinho fez a melhor volta da corrida e levou o ponto extra. Destaques na turma do fundão para o japonês da Tem de Digitar a Senha, em oitavo, e a dupla da Haas em nono e décimo. Albon acabou em 11º. Foi uma linda vitória do espanhol, a terceira de sua carreira – antes vencera na Inglaterra em 2022 e em Singapura no ano passado.

ATUALIZAÇÃO – Os detalhes virão na próxima postagem, mas horas depois da corrida Alonso levou 20s de punição por “pilotar de forma potencialmente perigosa”, na opinião dos comissários em Melbourne. Caiu do sexto para o oitavo lugar. Stroll subiu para sexto e Tsunoda, para sétimo. Mas já antecipo que, na minha visão, a punição é injusta. Um piloto tem o direito de defender sua posição, ainda que desacelerando um pouco antes como fez Alonso — que se justificou dizendo que tinha problemas no acelerador e precisava carregar a bateria para sair mais forte da curva; tem cara de cascata, porque foi a única vez que isso aconteceu naquele ponto, de acordo com a investigação dos comissários. Mas ele não enfiou o pé no freio no meio de uma reta, o que caracterizaria um “brake test” — como fez Verstappen com Hamilton em 2021 na Arábia Saudita. Poderia se defender também, sei lá, freando mais dentro das curvas. Como diz o Tadeu Schmidt, “a estratégia é de vocês”. Fernandinho usou de malícia, experiência. Russell se atrapalhou atrás dele, reagiu tarde. Poderia tentar a ultrapassagem ao perceber que o espanhol tinha diminuído a velocidade. Pilotos fazem isso o tempo todo, faz parte do jogo, em qualquer categoria. Cabe a quem está atrás prestar atenção, evitar uma batida, aproveitar uma eventual chance de passar se o rival diminuir sua velocidade deliberadamente. O que fez Senna em Mônaco/1992 contra Mansell? Estava na frente, brecava onde queria, acelerava onde achava que devia. Nigel que se virasse atrás dele. Ninguém reclamou. Muito menos o inglês. O cara da frente não é obrigado a acelerar 100% sempre, pode usar tais recursos para induzir o adversário ao erro, desde que isso não gere nenhuma situação de risco. “Ah, mas Russell bateu!” Bateu porque, como ele mesmo disse, “fui pego de surpresa, não estava esperando”. Pois que espere, da próxima vez. Corrida de carro não é videogame. Não cabe a comissários esportivos determinarem como um piloto tem de pilotar, onde deve frear, onde acelerar. Não há nada no regulamento que obrigue alguém a fazer todas as voltas de um GP freando e acelerando sempre no mesmo ponto. Isso é ridículo.

E as entrevistas pós-corrida foram conduzidas, vejam só, por Günther Steiner, ex-chefe da Haas e agora comentarista da RTL alemã. Começou perguntando a Sainz como ele se sentia vencendo uma prova duas semanas depois de ser operado. “A vida é uma montanha-russa”, filosofou o ferrarista. “Estou muito feliz e orgulhoso. Recomendo a todos os outros pilotos que tirem o apêndice, a gente fica mais rápido”, brincou. Leclerc disse que seu companheiro mereceu a vitória: “Carlos teve um fim de semana incrível. Estou muito feliz por ele e pela equipe”.

Sainz levou a bandeira espanhola para o pódio e festejou com algum comedimento, já que ainda sente dores e se recupera da cirurgia de Jedá. Na plateia, seu pai Carlos, um dos grandes pilotos de rali da história, não escondia o orgulho no olhar. Os mecânicos da Ferrari cantaram o hino italiano a plenos pulmões, tirando enorme peso dos ombros. Foi a 86ª dobradinha da equipe na história. A última fora registrada no Bahrein em 2022, com Leclerc em primeiro e Sainz em segundo.

Resultado final: abandonos de dois campeões mundiais

Depois de três corridas, Verstappen segue na liderança do Mundial com 51 pontos, seguido por Leclerc (47), Pérez (46), Sainz (40) e Piastri (28) nas cinco primeiras posições. Entre as equipes, a Red Bull tem 97, contra 93 da Ferrari e 55 da McLaren.

A próxima etapa do campeonato acontece no Japão, daqui a duas semanas.

Comentar

FOTO DO DIA

Felipe Massa ganhou a corrida sprint da Stock hoje no Velocittà, sua terceira vitória na categoria — e quinto pódio seguido. Com o resultado, lidera o campeonato. A prova longa acontece amanhã às 12h30.

Comentar

AUSSIES (3)

Verstappen, mais uma pole: massacre continua

SÃO PAULO (vai um café?) – Às vezes Max Verstappen dá a impressão de que não sabe brincar. O holandês não ficou na ponta em nenhum treino para o GP da Austrália, longe disso. Desde ontem à noite, o máximo que fez foi ciscar perto das primeiras posições, sem assustar a concorrência. Enquanto isso, desenhava-se um certo favoritismo da Ferrari — só para a classificação, que fique bem claro. Afinal, o time italiano tem um carro reconhecidamente rápido para voltas lançadas, e andou bem nos treinos. Assim, era justo colocar seus dois pilotos pelo menos na condição de candidatos à pole-position em Melbourne.

Mas a ilusão dos adversários do #1 da Red Bull, ultimamente, dura muito pouco. Na hora em que precisou acelerar, Verstappen acelerou. Foi, claro, no Q3, a última parte da sessão que definiu o grid para a terceira etapa do Mundial de F-1. Fez a pole, mais uma. Deixou a Ferrari para trás, a ver cangurus. Segue invicto em 2024 – ganhou as duas primeiras corridas e fez a pole nas três. Se vencer amanhã no Albert Park, chegará a dez vitórias consecutivas igualando a maior série da história, que é dele mesmo – registrada no ano passado entre os GPs de Miami e Monza.

Está chato? Depende do ponto de vista. Ver Max pilotando, para quem gosta de corridas, é um deleite. O rapaz beira a perfeição, não comete erros, faz tudo com uma naturalidade irritante. Trucida os rivais com requintes de crueldade, como diziam os antigos cronistas policiais. Seu talento se funde à qualidade do RB20, uma obra-prima de engenharia.

RB20 em ação: obra-prima da Red Bull

Sim, seria mais legal se houvesse mais disputa, mais competição. Mas se não há, a culpa não é de Verstappen. Tampouco da Red Bull. As outras equipes e pilotos, sejamos sinceros, estão devendo. Assistem passivamente a um domínio que parece determinado por algum desígnio divino, e portanto não adianta querer combatê-lo. O que acontece com Mercedes, Ferrari, McLaren, Aston Martin? Aceitam o massacre e não lutam para mudar as coisas porque é impossível ganhar, ou não ganham porque não se esforçam o bastante para reverter o quadro que se repete desde 2022?

Ah, estamos divagando de madrugada, e tais divagações não levam a nada. Vamos logo saber como foi a sessão que deu a Verstappen mais uma pole, a 35ª de sua carreira, segunda seguida na Austrália.

Sainz, segundo no grid: ainda convalescendo da cirurgia de apêndice

A tarde de sábado foi ensolarada e agradável em Melbourne, lindíssima cidade do litoral sudeste australiano. Os termômetros marcavam 18°C quando os carros começaram a ir para a pista para encontrar seu lugarzinho ao sol no grid.

As primeiras voltas no Q1 não foram lá muito impressionantes, com os tempos dos ponteiros ficando acima de 1min17s. Talvez por causa da temperatura do asfalto, mais alta do que na última sessão livre, realizada com tempo nublado. Nela, Leclerc fez a melhor volta em 1min16s714. O sol que apareceu na hora da classificação esquentou a pista. Carros de F-1 são muito sensíveis a essas alterações de temperatura. Mas, da mesma forma, qualquer mexidinha nos milhões de acertos possíveis no automóvel resolve esses problemas.

Alonso foi o primeiro a entrar na casa de 1min16s, reforçando a boa impressão que a Aston Martin vinha deixando desde o início dos treinos. Na sequência, Sainz e Leclerc entraram no mesmo segundo, assim como Pérez e Verstappen. Na quadriculada, Sainz, Pérez, Verstappen, Leclerc e Alonso ficaram com as cinco primeiras posições. O tempo do espanhol convalescente: 1min16s731. Russell foi o sexto; Hamilton, o 12º. E Albon, com o carro do desafortunado Sargeant, terminou numa ótima sétima colocação. Os quatro eliminados foram Hülkenberg, Gasly, Ricciardo (teve sua melhor volta cancelada porque passou por fora da pista na curva 5) e Zhou. A punição ao australiano da Débito ou Crédito? levou Ocon ao Q2, com o lamentável carro da Alpine. Nem ele acreditou quando perguntou pelo rádio onde tinha terminado, e ouviu de volta que passara de fase.

No Q2, Max começou a mostrar as garras que estavam recolhidas até então. Meteu 1min16s387 logo na primeira volta, abrindo 0s284 sobre Sainz e 0s350 sobre Leclerc. Na sequência, Piastri se imiscuiu entre o holandês e a dupla da Ferrari, colocando a McLaren em segundo – arrancando aplausos e sorrisos da torcida. Sainz não se deu por vencido. Voltou à pista e superou o #1 da Red Bull com 1min16s189, numa bela volta. A Ferrari não estava disposta a entregar os pontos facilmente.

A grande decepção da segunda parte da classificação foi a Mercedes. Russell avançou ao Q3 na bacia das almas, em décimo, e Hamilton foi degolado. Terminou em 11º, a 0s059 de seu companheiro de equipe. “Estou me acostumando a ser eliminado no Q2”, disse, desolado.

Lewis fez oito poles em Melbourne ao longo da carreira, um recorde para GPs da Austrália. Só na Hungria conseguiu mais – nove poles. Amargar uma eliminação no Q2 nessa pista, para alguém como ele, é dose pra leão. É a primeira vez desde 2010 que ele não vai ao Q3 em Melbourne. Seu último ano de Mercedes – acho que já escrevi isso – será melancólico. Não porque está sendo sabotado, ou coisa parecida. Como se diz hoje, é um “mix de sentimentos”. Uma mistura de carro ruim com desmotivação, distanciamento natural da equipe, esfriamento das relações internas diante da saída do time daqui a alguns meses. A taça de cristal caiu quando ele assinou com a Ferrari, quebrou e não dá mais para colar.

Nossa, estou cheio de clichês horríveis, hoje.

Hamilton: fora do Q3 na Austrália pela primeira vez desde 2010

Junto com Hamilton dançaram Albon, Bottas, Magnussen e Ocon. Desta vez, não teve milagre para o Kwid azul e rosa do francês. Sainz, Leclerc, Verstappen, Piastri e Pérez ficaram com as cinco primeiras posições. Passaram com eles ao Q3, pela ordem, Alonso, Norris, Stroll, Tsunoda (muito bem de novo) e o supramencionado Russell.

A luta pela pole, isso era claro, estava restrita à dupla vermelha de Maranello e a Verstappen. Sainz foi o primeiro a fazer volta rápida no Q3 e virou em 1min16s331. Não foi um primor; tinha sido mais rápido no Q2. Leclerc fechou sua primeira tentativa 0s104 acima do companheiro, também sem brilho. Então veio Max acelerando seu garboso automóvel para superar os dois e bater o cronômetro em 1min16s048, abrindo quase 0s3 sobre o #55 da Ferrari.

A tarefa de Sainz e Leclerc era cruel na segunda e derradeira saída dos boxes. Ambos precisavam achar cerca de meio segundo em suas voltas rápidas para bater Verstappen, e meio segundo não cai do céu num carro de F-1. Max, sádico, foi para a pista antes deles e baixou seu tempo para 1min15s915. Carlos até melhorou seu tempo, fez 1min16s185, mas não foi o bastante. Ficou 0s270 atrás. Uma façanha, para quem há duas semanas estava no hospital arrancando o apêndice. Leclerc, desanimado, abortou sua segunda volta resmungando que o carro saía de traseira.

O grid de Melbourne: desloquem o punido Pérez três posições para trás

Verstappen, Sainz, Pérez, Norris, Leclerc, Piastri, Russell, Tsunoda, Stroll e Alonso. Essa foi a ordem dos dez primeiros na fase final da classificação. Mais tarde, Pérez tomou uma punição de três posições no grid por ter atrapalhado Hülkenberg no Q1 e caiu para sexto. Norris, Leclerc e Piastri subiram uma posição cada.

Nem vamos brincar muito de fazer prognósticos para a corrida, que tende a ser uma repetição do Bahrein e de Jedá. Paciência. O negócio é torcer para que a prova seja divertida de Max para trás. E a tendência é que seja, mesmo. Serão duas paradas para troca de pneus, há sempre uma possibilidade iminente de safety-car, talvez Bottas mostre a bunda nos boxes.

A gente precisa de agarrar a alguma esperança, não?

Comentar

AUSSIES (2)

Leclerc: chance real de pole amanhã

SÃO PAULO (no pau!) – Foi uma sexta-feira interessante em Melbourne, cheia de notícias e dramas. Peço desculpas a todos pelo atraso no resumão, motivado por questões profissionais. Mas como ninguém lê o blog mesmo, tudo bem.

Falemos rapidinho das atividades de pista, para depois apelar às caixinhas. Serão muitas.

O resultado do segundo treino livre, realizado de madrugada, está aí embaixo. A primeira sessão, ontem à noite, teve Lando Norris em primeiro, com 1min18s564. Mas todos sabemos que o circuito de Albert Park melhora muito rapidamente na medida em que a pista vai sendo limpa e emborrachada. Por isso, do primeiro treino livre não tiremos grandes conclusões. De relevante, mesmo, a batida forte de Alexander Albon a 19 minutos do final, que teve consequências pesadas para a Williams e Logan Sargeant, o outro piloto do time. Ele não vai correr porque a equipe não tem um terceiro chassi e a prioridade foi dada a Albon.

Explicações sobre o sinistro estão mais abaixo, com mais fotos e a palavra dos envolvidos.

Segundo treino: Verstappen andou pouco

Como se vê pela tabela de classificação, o melhor tempo do segundo treino foi bem abaixo do que Norris conseguiu no primeiro. Leclerc virou em 1min17s277, excelente volta que o coloca, sim, como candidato à pole logo mais, na madrugada do sábado.

Colaborou para o primeiro lugar absoluto o desempenho apenas razoável de Max Verstappen, que perdeu 20 minutos da segunda sessão enquanto a Red Bull trocava o assoalho de seu carro, danificado sobre zebras no primeiro treino. Quando foi à pista, pegou tráfego em várias voltas. Xingou todo mundo pelo rádio.

Max ficou a 0s381 do monegasco. Mas apesar da sexta-feira meio truncada, não demonstrou muita preocupação. Falou que um ajuste aqui e outro ali colocarão seu carro na briga pela pole junto com a Ferrari. E se perder a ponta do grid, também não será nenhum desastre. O holandês largou em primeiro nas duas corridas deste ano. Chegou em primeiro em ambas também, caso vocês não se lembrem.

Carlos Sainz foi o terceiro e, no caso dele, a notícia mais importante é que não se sentiu mal, duas semanas depois de extrair o apêndice em Jedá. Vai para a corrida sem maiores problemas. No mais, deu para notar que a Aston Martin começou o fim de semana com alguma força, a McLaren está mais ou menos e a Mercedes, mais para menos do que para mais. Russell foi o sexto depois de cometer um erro em sua melhor volta e Lewis Hamilton ficou apenas em 18º. O heptacampeão admitiu que as mudanças de acerto o primeiro para o segundo treino estragaram seu carro. “Nunca me senti tão mal nele”, falou, em tom dramático.

Depois da minúscula galeria abaixo mostrando alguns dos personagens já citados, vêm nossas caixinha coloridas com o noticiário do dia. Divirtam-se.

MUITO LENTOS – Helmut Marko deu a entender que Sergio Pérez tem boas chances de ficar na Red Bull porque os pilotos da Quer Que Parcele? não empolgam. Para ele, Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo não têm a menor chance de assumir um carro da matriz. O japonês, na opinião do austríaco, até que vai bem em classificações. O australiano também se vira. “Mas eles são muito lentos em corrida”, falou.

EMPREGO GARANTIDO – Zak Brown foi confirmado como CEO da McLaren Racing até 2030. O dirigente americano ocupa a função desde abril de 2018, mas chegou ao McLaren Technology Group um pouco antes, em 2016. A McLaren Racing é uma divisão do grupo, encarregada de sua participação em várias categorias — como a F-1, a Indy e a Fórmula E.

Zak Brown: fechado com a McLaren até 2030

DRAMA – A batida de Albon no primeiro treino livre arrebentou motor, caixa de câmbio e chassi da Williams. A equipe não tem um terceiro carro. Simplesmente isso. A construção atrasou e o time terá de mandar o chassi estropiado de volta para a Inglaterra para que seja reparado e enviado a Suzuka para o GP do Japão, dia 7 de abril. Assim, só tem um carro para o GP da Austrália. E Logan Sargeant, que não teve culpa nenhuma (fez até um bom 13º tempo no segundo treino), ficará fora da corrida. A equipe acha que Albon tem mais chances de pontuar do que o americano.

DUREZA – James Vowles, chefe da Williams, disse que foi a decisão “mais difícil” que tomou na vida, a de tirar o carro de Sargeant. O piloto, por sua vez, falou que é o momento “mais difícil” de sua carreira. Difícil por difícil, Vowles explicou a decisão com a importância de qualquer pontinho no Mundial. “Dependendo do resultado, pode significar no final do ano uma sexta colocação no campeonato, ou um décimo lugar. A gente não sabe o que pode acontecer. Logan foi tremendo e mostrou espírito de equipe.” Depois, Vowles criticou a própria organização, considerando “inaceitável” o fato de a Williams não ter um terceiro chassi.

COMO FUNCIONA – Só para entender, a F-1 não tem aquilo que era chamado de carro reserva há anos. Mas todas as equipes levam um terceiro chassi desmontado para as corridas, para esse tipo de eventualidade. Antigamente o cara batia ou quebrava, corria para os boxes e havia um terceiro carro pronto para uso. Podia também trocar de carro se achasse que o reserva estava melhor que o titular. A McLaren, em 1992, levou nada menos do que seis carros para Interlagos — três do ano anterior e três modelos novos. Hoje, um terceiro carro só pode ser montado e utilizado em casos extremos, quando um dos dois titulares é danificado de forma irreparável — caso do chassi de Albon.

VETTEL DE VOLTA – A notícia mais bacana do dia veio da Alemanha. Sebastian Vettel esteve em Weissach, no centro de pesquisa e desenvolvimento da Porsche, fez banco e andou pela primeira vez com o modelo 963 da Porsche Penske que corre no WEC e no IMSA na categoria hipercarros. Semana que vem ele participa dos testes em Aragão, na Espanha, uma bateria de 36 horas preparatória para as 24 Horas de Le Mans, prova marcada para os dias 15 e 16 de junho.

ENFERRUJADO – Sem correr profissionalmente desde o fim de 2022, quando deixou a Aston Martin e se aposentou da F-1, Vettel disse que vai experimentar o carro e, depois, “decidir o que fazer”. “Sempre acompanhei as corridas de endurance e estou muito curioso e animado”, falou. Minha aposta: veremos o rapaz em Le Mans. E vai ser legal demais. A Porsche vem bem nesta temporada, ganhou as 24 Horas de Daytona no IMSA e abriu a temporada do WEC com vitória no Catar. Cabe fácil um Vettel nesse time.

MULTIDÃO – Nada menos do que 124.113 pessoas estiveram hoje nas arquibancadas de Albert Park para acompanhar o primeiro dia de atividades da F-1, da F-2 e da F-3. Ano passado foram 444.631 ingressos vendidos para os quatro dias do evento. Em Melbourne, a quinta-feira conta, embora não tenha carros na pista. É dia de visitar o parque, passear pelos boxes, conhecer os pilotos e os carros. Uma festa maravilhosa — bem diferente desses GPs enlatados como de Jedá, Losail, Las Vegas e Miami.

Comentar

AUSSIES (1)

Melbourne: treinos começam hoje à noite

SÃO PAULO (retomando) – Tem bastante coisa para a gente atualizar a algumas horas da abertura dos treinos para o GP da Austrália. As atividades de pista em Melbourne começam logo mais, às 22h30. Por isso vou recorrer às nossas caixinhas, para não precisar encher o blog de postagens, uma sobre cada assunto. É uma boa forma de resumir e comentar o noticiário dos últimos dias.

FICO – Comecemos com Verstappen. Todos sabem que nas últimas semanas, por causa do “Caso Horner”, as especulações sobre uma eventual saída do holandês da Red Bull se intensificaram. A Mercedes teria entrado em campo, depois de perder Hamilton. Aos fatos. Max tem contrato até o fim de 2028. A tal cláusula que permitiria sua saída se Helmut Marko deixar a equipe nunca foi confirmada. Portanto, vamos desconsiderar. Nas entrevistas pré-corrida, Verstappen procurou ser claro e objetivo. Disse que quer ficar na equipe, que pretende cumprir seu compromisso, que não sabe o que fará depois de 2028 e que tudo, no fim das contas, se resume a performance. Enquanto estiver feliz com o equipamento que tem nas mãos, não ocupa seu tempo pensando no que a imprensa e as redes sociais dizem. “Para ser honesto, não penso muito em Fórmula 1 quando estou fora de um autódromo”, falou. Jogou água na fervura. Baixou a temperatura da boataria.

Verstappen: não pensa em sair antes de 2028

NÃO FICO – Mas… Mas o diz-que-diz na F-1 é sempre muito intenso, então merece registro algo que tem sido publicado e replicado intensamente nos últimos dias. Trata-se do interesse que a Aramco teria em comprar a Aston Martin, equipe que já patrocina. A petroleira estatal saudita (dá para imaginar empresa com mais dinheiro?) também é patrocinadora oficial da categoria. No intenso processo de “sportswashing” que a Arábia Saudita tem levado a cabo nos últimos anos (a Copa de 2034 já está garantida, entre outras coisas), a ideia inicial seria mesmo de comprar a F-1, o que acabou não rolando. Se resolver adquirir a Aston Martin por inteiro, o objetivo seria ambicioso: levar para o time verde Verstappen e Adrian Newey. Feito o registro. Por enquanto, mais no campo da curiosidade do que qualquer outra coisa.

E NEWEY? – Este, de acordo com a imprensa alemã, “Bild” à frente, estaria na mira da… Ferrari! “Não acredito”, me disse uma fonte muito próxima de Maranello. “Pela idade (65 anos), por ter de se mudar para a Itália, pelo salário, pelo tempo necessário para desenvolver um projeto… É muito difícil.” Mas fica mais um registro. Também acho difícil. Newey está na estrada há muito tempo, como mostram as fotos abaixo, de seu primeiro carro autoral — a Leyton House de 1989. Se eu tivesse de apostar em alguma coisa, seria na sua permanência na Red Bull até pendurar a lapiseira.

É DÚVIDA – Lembram quando a gente falava no futebol que fulano, que vem de contusão, fará um teste no vestiário para saber se dá para sair jogando? Pois o teste no vestiário de Carlos Sainz será o primeiro treino livre de hoje à noite. Ele vem de uma cirurgia de apêndice, na véspera do GP da Arábia Saudita — que permitiu a estreia encantadora de Oliver Bearman pela Ferrari. O espanhol falou que não está 100%, mas que vai tentar. E que será o primeiro a dizer que não dá, se sentir dores ou alguma dificuldade em pilotar. “Não sou idiota”, disse. Os médicos da FIA ficarão de olho. Bearman, claro, está em Melbourne. Até porque tem duas corridas de F-2 para ele fazer.

PAU NA FIA – Susie Wolff entrou com queixa-crime contra a FIA, porque a entidade — leia-se Mohammed Ben Sulayem, seu presidente — insinuou, no fim do ano passado, que ela passava informações privilegiadas a seu marido Toto Wolff, chefe da Mercedes. Susie faz parte da F-1 Academy, a categoria das meninas, que por sua vez é vinculada à FOM — Formula One Management –, a detentora dos direitos comerciais da F-1. A FOM pertence ao Liberty Media Group, dono da F-1. A FIA não provou nada e tentou abafar o assunto. Não conseguiu.

PANO DA FIA – Já as investigações internas da FIA contra seu presidente, acusado de interferir no resultado do GP da Arábia Saudita do ano passado e de tentar atrapalhar a homologação do circuito de Las Vegas, não deram em nada. Os órgãos internos de “compliance” concluíram que Ben Sulayem é inocente. “Falta transparência na FI”, comentou Hamilton. Com razão.

ALPETTI – A Andretti anda muito quietinha depois que as equipes recusaram seu ingressos no Mundial. Fiquemos atentos. Que ninguém se espante se daqui a pouco aparecer um anúncio de venda de time de F-1 na OLX ou no Mercado Livre. Convém aos interessados conhecimentos básicos de francês. Mas se não der, negocia-se em inglês, também. Com sotaque.

Comentar

BUS STOP

Tem alguns dias que a história do Wanderley, de Maringá, está viralizando nas redes. Ele comprou no Canadá esse GMC dos anos 50, ex-Greyhound, e está trazendo para o Brasil. Rodando. A história completa você encontra aqui — na reportagem há também os links de suas redes sociais, para os que querem acompanhar a saga.

Comentar
1:01:10

SAINZ SÓ PENSA EM 2025 (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #2)

Carlos Sainz foi o nome do sábado em Melbourne, ao garantir a primeira fila para a Ferrari ao lado do pole permanente Max Verstappen -- que disputa outro campeonato. O espanhol, duas semanas atrás, ...

1:18:05

ALBON BATE; SARGEANT NÃO CORRE (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #1)

No primeiro treino livre para o GP da Austrália, em Melbourne, Alexander Albon se espatifou no muro e a Williams não tem chassi reserva. Resultado: o pobre de Logan Sargeant terá de ceder seu carro...