BELCAR MISTERIOSO

SÃO PAULO (daqueles que nunca…) – Me mandaram o link via comentários ou twitter, já não sei. Mas é um daqueles grandes mistérios que jamais serão desvendados. Este é o Lane Motor Museum, um pequeno museu particular em Nashville. Pequeno numas… A coleção do cara, pelo que entendi, foi crescendo, crescendo, e está na casa dos 330 carros, fora as motos. E o sujeito se especializou em europeus, o que é raro nos EUA.

E não é que tem um Belcar brasileiríssimo na coleção? Um preto e branco 1962 com interior vermelho que me pareceu estar direitinho, com tudo no lugar. Falta um embleminha na lateral, foi o que deu para perceber. Quem sabe um dia eu visite esse museu e leve de presente. Tenho vários desse.

Quando vejo carros nacionais como um Belcar, uma Brasília, um TC, em museus no exterior me pergunto: como é que foram parar lá? Qual será a história desse DKW de Nashville? Quem terá sido seu primeiro proprietário?

Muito louco.

Comentar

LITTLE TOY

SÃO PAULO (tem pra adulto?) – Olha só o novo brinquedinho que a Karmann-Ghia vai fabricar no Brasil. Tem dedo do nosso comendador Ceregatti nisso, com certeza.

Comentar

BILHETE PARA A VIDA

SÃO PAULO (não tem jeito) – Registre-se: ontem, no dia da graça de 5 de outubro de 2011 da era cristã, o mais velho andou de ônibus sozinho.

Pode parecer algo banal, é banal. Bem, seria mais banal ainda alguns anos atrás, eu mesmo andava de ônibus sozinho aos 10, mas estamos falando de 2011, vila de São Paulo de Piratininga, quase 20 milhões de habitantes, vila onde se explodem caixas eletrônicos, vaza gás metano, camaros e porsches atropelam e matam, balas se perdem, sequestram-se gentes, não é lá um lugar muito seguro e aprazível.

Mas apesar de não ser um lugar muito seguro e aprazível, como era um pouco mais quando eu tinha 10 anos, talvez nem tanto, talvez seja apenas nostalgia barata e fosse ainda pior, há uma vida pulsando lá fora, e não é justo que se prive ninguém dela só porque ela parece pouco segura e aprazível.

Ele fez 13 anos, puxa, como mudou neste ano… Ficou mais alto, ganhou forma, vai ao cinema às sextas, parece até que andou dando uns beijos numas meninas. Já não faz tantas perguntas, prefere procurar as respostas, começo a me achar menos útil e mais tolo.

Vou de ônibus, pai, me disse, e achei ótimo, mas disse que ia junto, e ele não se opôs. O trajeto era curto, de casa até a escola, o ponto fica ali na esquina, ele sabia o número da linha e o nome, ganhou até um bilhete único da avó, exibido de forma tão solene quanto será a chave do primeiro carro daqui a algum tempo, e não vai demorar demais, cinco anos passam rápido. Aquele bilhete, cuidadosamente guardado numa capinha plástica, é a chave que abriu as portas do mundo para ele ontem, no dia da graça de 5 de outubro do ano de 2011 da era cristã.

Não lembro das circunstâncias que cercaram minha primeira viagem-solo de ônibus. Acho que meu guia foi meu irmão mais velho, não meu pai, que nunca teve horários muito flexíveis e deve ter delegado tal função ao primogênito, dois anos mais safo que eu. A escola era a mesma, aqui é o metrô, pega assim para aquele lado, desce na estação tal, pega aquele ônibus bege e verde, Mercado da Lapa é o nome, desce lá na frente, atravessa a avenida com cuidado, boa sorte.

Eu tinha 10 anos, um passe de metrô magnético, um passe de ônibus de papel, aprendi rápido, creio, e já no segundo dia comecei a desenvolver meus truques, onde sentar, quando passar pela catraca, como lidar com a mochila, mudar a estação do metrô para pegar o ônibus mais vazio, observar se alguém puxava a cordinha para avisar ao motorista que era para abrir a porta porque eu nunca alcancei a bendita, trocar olhares com o cobrador quando isso não acontecia e ele batia a moeda no metal, código de ônibus para abrir a porta, me oferecer para segurar pacotes, qual o lado da estação para esperar o trem, qual a calçada melhor para chegar em casa, tudo se aprende muito rápido quando se é uma criança e por isso mesmo que datas como essa do primeiro ônibus se perdem no tempo.

A de ontem vai se perder também para ele, a partir do segundo dia deixa de ser uma novidade e um rito de passagem, mas para mim não, como não se perdeu o dia em que recebi seu primeiro telefonema, ou quando o mais novo viajou sozinho pela primeira vez na excursão da escola e eu fiquei lá, olhando para dentro do ônibus tentando encontrar seus olhinhos assustados, e assustado estava eu, ou quando participou da apresentação de Natal do outro colégio, vivo colecionando esses primeiros dias, esses marcos que meio sem querer apontam para onde cada um vai.

Subimos no ônibus, ele passou seu bilhete no leitor da catraca eletrônica com certa desenvoltura, conferiu o valor debitado, calculou quantas viagens ainda poderia fazer, sentou, procurou demonstrar naturalidade, misturar-se à multidão. Trocamos uma ou outra observação, evitei ficar dando conselhos e dicas de como-se-dar-bem-como-usuário-de-transporte-coletivo-na-vila-de-São-Paulo-de-Piratininga, sua única dúvida foi sobre quando apertar o botão para solicitar a parada, algo simples, sem mistério. Uma moça observava a gente sorrindo, acho que entendeu a solenidade daquele momento. Talvez seu pai tenha feito o mesmo com ela um dia, não sei.

Chegamos no ponto final, a escola logo ali, fui até a porta com ele, ficou decidido que voltaria sozinho e que me avisaria pelo telefone quando terminasse a aula de futebol, quando entrasse no ônibus, quando descesse no ponto perto de casa, quando estivesse em segurança lá em cima, quatro telefonemas programados, pois, mas eles não foram necessários, dois resolveram, estou saindo, pai, já cheguei na praça, pai, passei um ponto, me confundi, mas está tudo bem, o ônibus estava vazio, por mim pode dispensar a perua amanhã mesmo.

O mundo passou a ser outro para ele desde ontem. A cada dia a dependência dos carros velhos do pai vai diminuir, aos poucos a descoberta das linhas e dos itinerários será como encontrar o caminho das Índias, uma reedição das Grandes Navegações, em pouco tempo acontecerá o mesmo com o mais novo e a cidade pouco segura e aprazível ganhará mais dois cidadãos que aos poucos vão se incorporar a ela, dela receberão as bênçãos e as tragédias em doses mais ou menos iguais, suas ruas e avenidas serão deles, e aos poucos vamos saindo de cena.

No que me diz respeito, deixarei dois bem melhores que eu, minha modesta contribuição à humanidade.

Comentar

MOTOLAND

SÃO PAULO (vem nimim!) – Provavelmente não é novidade nenhuma pra turma das duas rodas, e é provável que esteja no Salão aqui em SP, mas como vi na rua e achei o máximo, informo aos blogueiros menos atentos e desinformados como eu que as motos Royal Enfield estão chegando ao Brasil. Elas nasceram em 1800-e-bolinha na Inglaterra e foram produzidas até o final dos anos 60. Foram fabricadas sob licença na Índia, também, e há alguns anos os indianos compraram a marca e continuam fabricando até hoje.

Os modelos têm estilo retrô. Essa aí embaixo é uma coisa linda. Não sei quanto vão custar, espero que pouco. Porque vou começar a guardar uns cobres.

Comentar

SR. SINCERO

SÃO PAULO (e honesto) – Webber disse ter consciência de que sua chance de ser campeão mundial foi no ano passado. E que não terá outra. Um poço de honestidade nas declarações. Isso, no entanto, não impede o australiano de fazer o melhor que pode.

Pensem nisso como filosofia de vida. Pilotos, atletas em geral, vivem cuspindo esse discurso de que estão lá para ganhar, que se não for para ganhar nada faz sentido. Mentem aos outros e a si mesmos. Podem perguntar a todos. Da Hispania à Ferrari. Estou aqui para ganhar, no dia em que entrar numa corrida acreditando que não vou ganhar, paro de correr. Será a resposta ouvida.

Muito mais honesto é Webber. Entro numa corrida para fazer  o melhor que puder. Se der para ganhar e ser campeão, ótimo. Se não der, ótimo também.

Sou cada vez mais seguidor da linha webberiana de pensamento. Ganhar não é tudo, está longe de ser.

Fazer o melhor, aí sim. Sempre. Fazer o melhor que se pode o tempo todo é acumular vitórias o tempo todo.

Comentar

COME-QUIETO

SÃO PAULO (com justiça) – A McLaren renovou o contrato de Jenson Button por vários anos. Não especificou quantos. Jenson chegou à equipe no ano passado. Para ser companheiro do primeiro piloto natural, Hamilton, cria da casa, queridinho de todos.

Chegou como campeão, diga-se, levando o #1 no bico. Em menos de dois anos, passou a ser mais respeitado internamente que Hamilton, às voltas com seus problemas pessoais e existenciais.

A dupla é a melhor da categoria, de longe. E Button é uma aposta segura da McLaren. Seu tempo de pirar com a F-1 se foi há muitos anos, lá no fim do século passado, quando estreou (nos tempos dessa foto aí em cima). Maduro, preciso, correto, agressivo na medida certa, Jenson já não é mais apenas o companheiro do prodígio Hamilton. Está mais para primeiro piloto, embora a McLaren não seja muito disso. Ocorre que Lewis deixou de ser novidade e prodígio. E Jenson, quietinho e trabalhando, ocupou um espaço que talvez nem a McLaren imaginasse que havia para ser ocupado.

Button é a garantia que a McLaren tem de que vai ganhar o que for possível ganhar enquanto Hamilton procura o rumo.

Comentar

EDSON DOMINGUES, 55

SÃO PAULO – Edson Roberto Domingues, 55 anos, morreu ontem à noite vítima de complicações decorrentes de queimaduras em 90% de seu corpo causadas por acidente na última sexta. O causador do acidente, Felipe Arenzon, 19, filho de vereador de Embu das Artes, dirigia um Camaro na saída de uma balada. No caminho até matar Edson atropelou duas pessoas e bateu em outros carros.

Foi solto depois de pagamento de fiança de 245 mil reais. Segundo a imprensa, a família vendeu um imóvel e um carro para pagar a fiança. A imprensa não apurou qual imóvel e qual carro foram vendidos, nem quem comprou. Fiou-se na palavra dos advogados.

Edson estava saindo para trabalhar quando foi atingido pelo Camaro na manhã de sexta na zona norte de SP. A família do assassino diz que não sabia que o rapaz tinha um Camaro. O carro vale 200 mil reais.

Comentar

ONE QUESTION

Dá pra ser mais bonito? Matéria completa sobre o DKW do brother Rene Witzke, com fotos extraordinárias, aqui.

Comentar

RÁDIO BLOG

No one knows what it’s like/ To be hated/ To be fated/ To telling only lies.

Again.

Comentar

PAZ NO DESERTO

SÃO PAULO (sempre é tempo) – Sou um completo desinformado sobre quase tudo. Hoje um amigo me mandou algumas fotos do Burning Man Festival. Nunca tinha ouvido falar. Ou, se tinha, esqueci. E, se esqueci, isso só prova que me importo cada vez mais com coisas sem importância.

Num deserto em Nevada, todos os anos, 50 mil pessoas se reúnem. “Se reúnem para…?”, hão de perguntar. Para nada. Se reúnem. Vêm de todos os cantos do mundo. Ficam uma semana ao relento. Nus, vestidos, fazendo arte, meditando, não importa. Velhos, crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, gays, negros, brancos, amarelos, vermelhos.

Carros “mutantes” chegam aos montes. Como esse aí da foto. Escolhida só porque é um carro e este blog é meio automotivo, afinal. Mas os carros são apenas um detalhe, não têm maior relevância. O “Boston Globe” tem este mega-álbum de fotos maravilhosas do evento deste ano, que comemorou o 25º aniversário do festival.

Se é preciso ir para o deserto para encontrar um pouco de paz, que se vá ao deserto. Mais uma na listas de coisas a fazer nesta vida. Lista cada vez maior, mas que tem cada vez menos coisas verdadeiramente essenciais. Esse deserto me parece ser uma delas.

ATUALIZANDO…

A querida Marion Strecker, minha ex-colega de “Folha” que está morando em San Francisco, foi ao Burning Man neste ano. A excelente série de reportagens está aqui. Feliz coincidência eu ficar sabendo desse negócio meio por acaso e descobrir textos recentíssimos de alguém como a Marion. Buscando conhecimento.

Comentar
1:01:10

SAINZ SÓ PENSA EM 2025 (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #2)

Carlos Sainz foi o nome do sábado em Melbourne, ao garantir a primeira fila para a Ferrari ao lado do pole permanente Max Verstappen -- que disputa outro campeonato. O espanhol, duas semanas atrás, ...

1:18:05

ALBON BATE; SARGEANT NÃO CORRE (F-GOMES, GP DA AUSTRÁLIA, DIA #1)

No primeiro treino livre para o GP da Austrália, em Melbourne, Alexander Albon se espatifou no muro e a Williams não tem chassi reserva. Resultado: o pobre de Logan Sargeant terá de ceder seu carro...