FOTO DO DIA

SÃO PAULO (olha…) – Lewis Hamilton vai para a Ferrari. Toto Wolff diz que vai precisar ser “ousado” na substituição. Flavio Briatore é empresário de Fernando Alonso. Toto Wolff vai tomar café da manhã em Mônaco com Flavio Briatore. Foto é postada por Briatore no dia da apresentação do carro da Aston Martin. Alonso reforça que tem contrato com a equipe inglesa até o fim de 2024 e que ainda tem “alguns anos” pela frente. Vão juntando os pontos aí. Nessa F-1 de hoje, a gente pode pensar qualquer coisa.

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DICA DO DIA

SÃO PAULO (na dúvida…) – Mais uma do Billy Silver. Trata-se de raríssimo vídeo de um dos dois testes que a Williams fez em 1993 em Pembrey, País de Gales, com um câmbio CVT no FW15C — carro que seria campeão mundial naquele ano. O CVT (transmissão continuamente variável) exige uma correia para ligar as polias que aguente o tranco, e isso não seria fácil para arrastar um motor de quase 1.000 hp. Mas a equipe conseguiu, como se vê nas voltas de David Coulthard, jovenzinho de tudo, quase todas no molhado. O outro piloto que andou com esse carro foi Alain Menu. Há algumas imagens desse monstro andando em Silverstone, também.

O som do motor é incrível, sem marchas subindo ou descendo. Imaginaram o que isso significaria na F-1? A FIA, claro, sabia das intenções da Williams e da Renault. E antes que alguém resolvesse levar a ideia a sério, tratou de proibi-la. No pacote de vetos para 1994 vieram as proibições de suspensão ativa, freios ABS, controle de tração e outras traquinagens eletrônicas e — olha a palavra velha aí! — computadorizadas. Não acho que veremos câmbios CVT na F-1 um dia.

Mas o vídeo, esse tem de ver.

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BUS STOP

Busão da Joest levando o Porsche para Le Mans em 1984. Nossa mãe…

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VISA CASH APP RB VCARB 01: É APROXIMAÇÃO?

SÃO PAULO (talvez…) – Instalar-se na metade do pelotão é a ambição da antiga AlphaTauri em 2024.

(Já falamos detidamente sobre isso, o nome da equipe agora é Visa Cash App RB, sendo RB Racing Bulls. A questão do carro está resolvida. O modelo foi batizado como VCARB 01. Muita gente vai falar “ví-carb” para se referir a ele. “Eu estava saindo da curva e dei de cara com um ‘ví-carb'”, dirá alguém. Como não existe “ví” em inglês, capaz de grafarem “vee” na imprensa internacional. Mas dá no mesmo.

Deve-se reconhecer, porém, que ninguém se refere a um carro, na F-1, pelo nome código. Fosse assim, Verstappen mandaria no ano passado um “passei o W14 como se estivesse parado!”, ao que Hamilton retrucaria: “Também… Com um RB19 até eu!”. É, pensando bem, já não sei se vão chamar essa ronha de “ví-carb”. Talvez usem Visa, mesmo. “Um dos Visas rodou na minha frente, não tinha o que fazer…”, é algo que podemos esperar de Logan Sargeant, por exemplo. E se cair na graça da galera, ponto para a Visa.

De qualquer forma, vou esperar. Depois decidimos o que fazer. E neste texto, que chega com horas de atraso — o VCARB 01 foi apresentado em Las Vegas na madrugada de hoje pelo nosso horário, e eu estava dormindo –, vou me referir à equipe, jocosamente, como “É Aproximação?”, recorrendo a uma expressão que, segundo cálculos da Sociedade Brasileira das Maquininhas, é pronunciada 284 vezes por segundo no país.)

Instalar-se na metade do pelotão é a ambição da É Aproximação? em 2024. A equipe mudou tudo, rigorosamente tudo para este ano, exceção feita à dupla de pilotos. Seguem Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda, os mesmos que terminaram a temporada de 2023. O veterano australiano, no entanto, não começou o campeonato do ano passado. A vaga era de Nyck de Vries, que acabou demitido por falta de desempenho. Ricardão assumiu, bateu o carro na Holanda, quebrou a mão e só voltou no fim do ano.

A AlphaTauri, nome usado pela É Aproximação? nas últimas quatro temporadas, não foi bem em 2023. Terminou o Mundial em oitavo lugar com apenas 25 pontos. Mas teve um fim de ano alvissareiro. Vinte desses 25 pontos foram anotados nas últimas cinco etapas, a partir do GP dos EUA. Ao longo do campeonato, uma vigorosa reestruturação foi sendo feita na cúpula da organização, com a chegada de um novo CEO, Peter Bayer (ex-FIA), e um chefe de equipe oriundo da Ferrari, Laurent Mekies. E além da decisão de trocar o nome, condicionada pelo patrocínio de duas instituições financeiras, a Red Bull, dona do time, resolveu emprestar o que o regulamento permitir para a construção do carro. Fala-se em câmbio e suspensão dianteira idênticos aos da matriz. O motor é o mesmo, origem Honda, hoje chamado de RBPT.

Os quatro campeonatos sob a rubrica AlphaTauri foram muito distintos em desempenho: sétimo em 2020 com 107 pontos (e uma vitória espantosa de Gasly em Monza), sexto em 2021 com 142, nono em 2022 com 35 e oitavo no ano passado com 25, como já mencionado. Não é preciso ser nenhum bidu para notar que a maionese desandou depois de 2021. É essa queda que a É Aproximação? pretende estancar agora. E acho que consegue. A concorrência direta — Haas, Williams e Sauber; Alpine, talvez — não é das mais fortes. Dá para pensar em algo melhor.

A pintura leva tinta, o que é uma novidade em se tratando desta F-1 forjada na fibra de carbono. Na festa de apresentação em Las Vegas, a única que faz jus ao nome, o carro apareceu colorido de branco e azul, e, considerando a pobreza estética do que se viu até agora, dá para dizer até que ficou bonito.

Mas carro bonito é o que anda na frente, já dizia o outro, e por isso fui atrás de um veterano dirigente ligado à filial rubrotaurina para levantar detalhes desta nova fase da equipe. A entrevista está abaixo, mas não posso identificar meu interlocutor, a quem chamarei singelamente de “Chico Torrada”:

É débito ou crédito?
Chico Torrada
– Como?
Desculpe, não resisti. É uma expressão que usamos muito no Brasil quando vamos pagar algo com cartão. Mas todo mundo está usando Pix.
Chico Torrada – Pix?
É um sistema de pagamento que usamos no Brasil. Aqui também dá pra enviar dinheiro por Zap.
Chico Torrada – Zap?
Esquece, não é importante. Estamos aqui para falar sobre o novo carro. Você ficou tanto tempo na equipe, o que achou da mudança de nome?
Chico Torrada – Podia ser pior. Nu, por exemplo. Ou Mercado Livre. Ou Casas da Banha, Rei do Óleo, C&A…
…ou Havan, já pensou?
Chico Torrada – Havana?
Esquece, estava só divagando. Acho o nome esquisito, tenho certeza que o narrador aqui vai falar toda hora “passa o Visa na maquininha”…
Chico Torrada – Maquininha?
Deixa pra lá, estava só pensando alto… Sigamos. VCARB 01 é o nome do carro. Não sei como as pessoas vão chamá-lo.
Chico Torrada – Vão chamá-lo de VCARB 01, acredito.
Mas esse “carb” aí lembra carburador, sei lá…
Chico Torrada – Exato, carburador é uma parte importante do motor de qualquer automóvel.
Na Fórmula 1 não tem mais carburador faz tempo!
Chico Torrada – Não?
Não!
Chico Torrada – Você está falando besteira! E o Weber? Foi até nosso piloto!
Era Webber com dois bês, e ele corria na Red Bull, não na Toro Rosso, AlphaTauri, sei lá como você chamava a equipe!
Chico Torrada – Pra mim aquele compridão sempre foi especialista em carburador. Carb Weber.
Mark Webber!
Chico Torrada – Se vai ficar gritando comigo, encerramos esta entrevista agora mesmo.
OK, desculpe, vamos em frente. Houve uma reestruturação na equipe com dois novos chefes, o que está esperando desse novo comando?
Chico Torrada – Que sejam demitidos. Os resultados têm sido péssimos.
Mas o campeonato nem começou!
Chico Torrada – Não? Me falaram que o carro estava em Las Vegas e não andou nada. Em Las Vegas não tem corrida?
Tem, mas o carro não estava lá para correr, era só apresentação. Estavam lá os dirigentes, o Ricciardo, o Tsunoda…
Chico Torrada – Você está falando besteira, o Ricciardo é da Renault e o Tsunoda é um engenheiro da Honda divorciado que larga o filho nos boxes e o moleque fica correndo pra lá e pra cá o tempo todo.
Não! Ricciardo já saiu da Renault, já foi para a McLaren, já ficou um ano parado e depois voltou pra Red Bull, que colocou ele na AlphaTau…, quer dizer, nessa MasterCard aí!
Chico Torrada – Visa. Você anda confundindo as coisas. Por isso não trabalha mais em lugar nenhum.
E Tsunoda é PILOTO e já correu três temporadas! E estou trabalhando!
Chico Torrada – Olha, preciso desligar. Mas vou te dar uma dica. Vamos colocar pra correr um menino aí, um espanhol. O nome dele é Fernando. Esse vai ser bom. Agora tenho uma reunião com Giancarlo. A gente vai ter de tomar uma decisão difícil e liberar o Pierluigi. Eu adoro ele, mas não dá mais.

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FOTO(S) DO DIA

A apresentação do novo carro da AlphaTauri, agora Visa Cash App RB, que ainda não sei como chamar, será às 3h da madrugada. Amanhã falamos dele. Fiquem com os macacões dos pilotos. Está de bom tamanho.

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DICA DO DIA

Em dezembro de 1993, Bernard Dudot, da Renault, e a dupla Patrick Head e Adrian Newey, da Williams, foram dar umas voltas no FW15C em Paul Ricard. Belo achado do Billy Silver!

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ALPINE A524: INCOLOR, INODORA E INSÍPIDA

SÃO PAULO (e sem gelo) – A piadinha de azul e rosa da infeliz da goiabeira já devo ter feito, e não será repetida. A questão da nomenclatura, se bem me lembro, vem do projeto de F-1 da Renault lá dos anos 70. Foi quando a montadora pediu à Alpine e à Gordini (as divisões esportivas da marca, bem resumidamente) para fazer um monoposto que seria usado nos testes dos motores turbo que os franceses introduziriam na categoria. O carro foi batizado de A500. A série foi ressuscitada em 2021, com a mudança do nome da equipe, de Renault para Alpine. Ao A500 acrescentou-se o ano em questão.

Assim, A524 é o nome desse automóvel aí em cima, mostrado hoje em Enstone, onde fica a fábrica da equipe na Inglaterra. Outra turma trabalha na França, nos motores. É o quarto carro novo apresentado neste ano — Haas, Williams e Sauber foram os outros.

Enstone é onde ficava a Benetton. Perto de Oxford, Birmingham, Silverstone e da maioria das outras fábricas de equipes de F-1. Um vilarejo de mil e poucas almas, se tanto. Mas isso não importa. Temos de falar do carro que será pilotado por Pierre Gasly e Esteban Ocon neste ano. Ambos têm contratos com o time francês até o fim desta temporada. Eu diria que, se pudessem escolher, estariam em outras equipes. Principalmente porque as portas pelas quais entraram na categoria não ficavam exatamente em Enstone. Gasly era queridinho da Red Bull. Chegou lá, foi rebaixado para a Toro Rosso/AlphaTauri, e acabou tomando outro rumo diante do desinteresse de seus antigos empregadores. Ocon era boyzinho da Mercedes, mas a longevidade de Hamilton e a paixão dos alemães por Russell acabaram fazendo com que, como Gasly, precisasse alterar a rota. Acabaram juntos na Alpine.

Gasly e Ocon não se bicam, mas esse é o menor dos problemas da equipe. A Alpine adotou esse nome em 2021. Vinha de um quinto lugar em 2020, o último do time como Renault, tendo marcado 181 pontos em 17 corridas — foi no ano da pandemia, de calendário mais curto. Aí, na primeira temporada de azul, com Alonso a bordo, repetiu-se o quinto posto, mas com 155 pontos. Teve até vitória, na Hungria. De Ocon. Em 2022, a Alpine fez um bom campeonato, quando se olha a posição final: quarta colocada, atrás apenas da campeã Red Bull, da vice Ferrari e da Mercedes. Mas muito, muito longe na tabela. Foram 173 pontos, contra 515 do time alemão, que penou com um carro horrível e marcou três vezes mais pontos que os franceses.

Ano passado, a Alpine caiu na real. Terminou o Mundial em sexto, sendo superada pelas três maiores e por McLaren e Aston Martin. Anotou apenas 120 pontos, sem ser ameaçada por quem vinha atrás, mas sem fazer nem cócegas em quem estava à frente. Um desempenho pífio, que levou os executivos da Renault a demitirem no meio do ano o chefe Otmar Szafnauer, que havia chegado no início de 2022. Nisso, revezamento de chefia, a Renault lembra muito o Corinthians: troca, troca, e ninguém dá certo.

O carro apresentado hoje, como os que já vieram à luz, tem enormes áreas sem pintura, na já batizada cor preto-fibra-de-carbono. O restante é a cascata de sempre. O diretor técnico, cujo nome não guardei, falou que do ano passado só sobrou o volante. É a típica frase de efeito que os mais ingênuos engolem. Seja como for, dá para apostar sem medo de errar que em 2024 a Alpine será a mesma coadjuvante apagada de 2023. A Renault não investe muito no time, os pilotos são mal amados e mal humorados, o motor é considerado o mais fraco da F-1 (nenhuma outra equipe usa suas unidades de potência) e a única boa notícia dos últimos tempos foi a injeção de 200 milhões de euros feita em outubro do ano passado por um fundo de investimento que comprou 24% das ações da equipe. Fazem parte desse fundo uma turma de atletas (jogadores de futebol, golfe, beisebol, futebol americano e até gente do boxe e do beisebol) e um punhado de atores cuja filmografia, confesso, desconheço.

O patrocínio mais importante segue sendo da BWT, uma firma austríaca que fabrica filtros para água — concorrente da Salus e da São João, segundo meu entendimento. Não fiquei particularmente impressionado com o carro e com as informações oficiais fornecidas no lançamento, por isso recorri a um antigo amigo que trabalhava em Viry-Châtillon, que identificarei apenas como “Francisco Rogério”. Hoje ele vende HB20 e Creta. Se alguém precisar de um seminovo — é a área que ele atende — é só falar comigo que passo o contato. Também é sócio de um estúdio de tatuagem.

Você acompanhou o lançamento hoje pela internet?
Francisco Rogério
– Não. Estava atendendo um cliente que devolveu o carro porque achou o motor muito fraco. Eu disse: queria o quê? Vem aqui comprar carrinho 1.0, esperava um Mustang? Falou que ia comprar um Kwid. Botei pra correr. Mas depois liguei pro pessoal da fábrica e eles me contaram tudo. O clima está tenso. O sindicato dos pintores montou uma barricada na porta por causa da demissão do pessoal.
Qual pessoal?
Francisco Rogério
– Se é o sindicato dos pintores, qual pessoal seria? Os padeiros que fazem croissant? A turma que pinta o carro, é óbvio. Não tem mais tinta, setor de pintura, estufa, nada.
Foram demitidos?
Francisco Rogério
– Todos. Ficou só um rapaz que aplica adesivos, o pior que tínhamos. Não consegue colar uma letra sem deixar bolhas. Também, com aquele salário de fome… Antes, pelo menos, tínhamos o gerente de alfinetes, que comandava o pessoal que furava as bolhas e consertava o que os aplicadores faziam. Eles respondiam para nosso diretor de espátulas plásticas, que tinha uma equipe ótima para fazer o acabamento na colocação dos adesivos, junto com o departamento de flanelas e polimento. Mandaram todo mundo embora, eram 139 funcionários, fora os temporários. Um desastre.
Tudo isso para colocar adesivos? Parecia uma estrutura, um pouco… inchada, não?
Francisco Rogério – Lá vem… Mais um liberalzinho para querer dizer como devemos gastar nosso dinheiro. Por isso saí. Quer dizer, saíram comigo. Tínhamos o estritamente necessário para o funcionamento de uma equipe. Sei de cabeça meu quadro de funcionários! Eram 32 padeiros, 14 chefs de cozinha – SÓ QUATORZE –, 85 instaladores de papel de parede, seis – SÓ SEIS – enólogos, 27 lavadores de janelas, 94 gráficos, 41 garçons, oito manicures, 62 colocadores de carpete, 24 jardineiros, quatro engenheiros, sendo um hidráulico, um técnico em informática e dois estagiários. E dois crupiês, fora os pilotos.
Crupiês?
Francisco Rogério
– Esses só trabalhavam em Mônaco, mas eram CLT. Acho que vão precisar mais alguns, com essa corrida de Las Vegas.
Não seria o caso de enxugar esse quadro funcional e investir mais em pessoal técnico?
Francisco Rogério
– Pra quê? No meu último ano o carro só melhorou quando uma manicure deu uma sugestão lá, usando um secador de cabelos da mãe dela, que tinha um salão. Por isso mandei o projetista chefe embora e contratei o rapaz da hidráulica.
Para cuidar dos sistemas do carro como câmbio, freio, recuperação de energia, suponho…
Francisco Rogério
– Não, do vazamento do banheiro da minha sala, mesmo. Arrumou, mas um mês depois começou a pingar de novo. Mas aí eu saí, não sei o que fizeram com ele. Devem ter mandado embora, também, eles demitem todo mundo. Esses executivos acham que F-1 se faz com meia dúzia de gatos pingados.
Bem, falemos do novo carro. A equipe disse que, do modelo do ano passado, sobrou só o volante…
Francisco Rogério – (interrompendo) …que não é do ano passado, é mentira! O volante que a gente vinha usando era do carro do Jabouille. Pelo menos quando eu estava lá. “Reduza os custos!”, me pediram. Fui no museu, arranquei o volante do carro do Jabouille e estávamos usando. Sem problema algum. Agora ficam com essa conversinha para a imprensa. Acham que enganam quem?
Na questão aerodinâmica, receio que a falta de um projetista chefe traga alguns problemas. Ou não é assim, graças a uma equipe bem preparada?
Francisco Rogério – Meu caro, essa turma da aerodinâmica só fala a mesma coisa. É fluxo de ar pra lá, fluxo de ar pra cá, aluguel de túnel de vento, downforce… Um dia me irritei, levantei da mesa, peguei um extintor de incêndio e espirrei o fluxo na cara de todo mundo! É fluxo de ar que vocês querem! Toma! Não aguentava mais aquela conversa!
E o que aconteceu?
Francisco Rogério – Me mandaram embora.

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RÁDIO BLOG

Grudou na minha cabeça!

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SAUBER C44: O CARRO DO COELHO!

SÃO PAULO (tem futebol no meio) – Demorei um pouco para falar sobre o carro novo da Sauber-Kick-Stake porque surgiu uma dúvida que ainda não conseguimos sanar. Christine ou Christiane? Qual é, afinal, o nome da mulher de Peter Sauber, homenageada com sua inicial no batismo de todos os carros da equipe? Acreditam que, depois de tantos anos, descobri que não tenho certeza?

Não adianta me mandarem links obtidos no Google. Vocês vão encontrar os dois nomes, sejam lá as buscas que tentarem. Eu mesmo já escrevi Christine no passado distante e Christiane no passado recente. Só aceito foto de crachá da empresa, da certidão de nascimento ou do RG.

Virem-se.

C44 é o nome da viatura inspirada na camisa do América Mineiro. Talvez, agora, esse C venha do glorioso Coelho de Belo Horizonte. Esse verde alface não é lá muito comum em carros de F-1, mas a combinação com o preto-fibra-de-carbono (cor que em breve deve entrar para o catálogo do Pantone Color Institute, se é que já não está) ficou bonitona.

Disseram os responsáveis pelo projeto, na apresentação em Londres, que o C44 é totalmente diferente do C43. Ainda bem, porque o carro anterior era bem ruinzinho. Falou-se numa suspensão dianteira modificada. Nas entradas de ar laterais e superior de desenho distinto e elegante. E disso e daquilo e daquilo outro.

O que não mudou foi a dupla de pilotos, que segue no time pelo terceiro ano seguido: Valtteri Bottas e Guanyu Zhou. Ainda com motores Ferrari, a Sauber, que era Alfa Romeo até a última temporada, apenas espera por 2026. Todos já sabem que a equipe (ou seria a franquia?) foi comprada pela Audi, que estreia para valer com o novo regulamento. Até lá, barriga de aluguel, o jeito é se virar com patrocinadores endinheirados o bastante para nomear o time.

Esse é um dos mistérios de 2024. Será Stake, como anunciado há algumas semanas, ou Kick? Stake é uma casa de apostas com sede em Curaçau, ilhota de 150 mil habitantes no Caribe, pertinho da costa da Venezuela. Um paraíso fiscal que responde ao rei dos Países Baixos — que a gente chama de Holanda, mas está errado. Kick é uma plataforma de streaming de jogos eletrônicos com sede na Austrália — transmite partidas de videogame disputadas por adolescentes espinhentos que comem batatas Pringles e se entopem de Coca-Cola. Esse troço, pelo jeito, dá dinheiro.

Como em alguns países que fazem parte do calendário da F-1 a propaganda de cassinos online é proibida, Stake talvez suma em uma corrida ou outra. E entra no lugar a Kick. A Kick é a responsável pelo tom esverdeado dos carros — é sua cor, por assim dizer, oficial. Na dúvida, e para simplificar as coisas, vou chamar a equipe de Sauber, mesmo, assim como seus carros. “Olha lá, o Sauber quebrou!”, direi para mim mesmo vendo as corridas pela TV. Até ordem em contrário, será isso.

A Sauber, é bom que se diga, está há bastante tempo na F-1, desde 1993. Por isso, ao longo dos anos, fiz algumas amizades lá dentro que ainda mantenho ativas. Foi a um desses conhecidos que telefonei agora há pouco, acordando-o — tem certa idade e já estava na cama. Não vou identificá-lo, claro, porque temos sempre de preservar as fontes. Para não deixar o cabra sem nome, digamos que se chama “Pedro Limpinho”.

Como foi a festa de lançamento?
Pedro Limpinho
– Foi ontem, pelo horário, acho que você está meio atrasado…
Ah, me desculpe, mas o jornalismo não tem hora.
Pedro Limpinho
– Muito bem, pergunte logo o que quer saber e fale baixo porque minha esposa está dormindo e está no viva-voz.
Bem, primeiro quero saber o que o senhor achou das cores.
Pedro Limpinho
– Vai dar para enxergar bem à noite, para mim será ótimo, já que a vista está cansada.
Quem arranjou esses patrocinadores?
Pedro Limpinho
– Meus netos. Eles jogam videogame e gastam tudo que dou pra eles apostando em jogos de futebol. Ontem mesmo ganharam uma bolada num jogo aí do seu país.
Em qual jogo?
Pedro Limpinho
– Não sei pronunciar os nomes dos times, mas foi num estádio chamado Rastaquera.
Itaquera?
Pedro Limpinho
– Pode ser. Também não sei direito como chama.
Bem, mas vamos falar do carro. A suspensão é bem diferente, não?
Pedro Limpinho
– Meu filho, suspensão diferente é de feixe de molas. O resto é tudo igual. Num ano dizemos que é push-rod. No outro, que é pull-rod. Ninguém sabe a diferença, mesmo. Num ano, dizemos que o carro é uma evolução, quando o anterior era bom. No outro, que é uma revolução, quando o anterior era ruim. Fazemos esse trocadilho há trinta anos.
E os fluxos de ar?
Pedro Limpinho
– Não se preocupe, dormimos com a janela fechada, nem eu nem minha esposa podemos tomar friagem.
Um ponto positivo é a manutenção dos pilotos, não? Três anos com a mesma dupla. Estabilidade é a chave para ter bons resultados?
Pedro Limpinho
– Se fosse, eu continuava com Wendlinger e Lehto. Aliás, seria ótimo, ganhariam bem menos, os resultados seriam os mesmos e eu não precisava ter comprado o calendário do rapaz que tira foto do bumbum. Como é mesmo o nome dele?
Bottas.
Pedro Limpinho
– Esse. Parece ator pornô. Mas minha esposa adora ele. Diz que é muito simpático e que aquele bigode deve fazer cócegas.
Deve ser brincadeira dela, claro…
Pedro Limpinho
– Não me incomoda. Temos um ditado aqui na Suíça que diz que é dos carecas que elas gostam mais.

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WILLIAMS FW46: CARRO DE OUTLET

SÃO PAULO (tem 39?) – Se você for a Nova York e quiser comprar tênis da Puma, dirija-se ao número 609 da Quinta Avenida. Fica pertinho do Rockefeller Center, na esquina da Rua 49, no mesmo quarteirão da loja de sapatos Aldo e da Intimissimi, que vende lingerie italiana. Se der sorte, perto das chuteiras do Neymar e das camisetas do City, do Milan e do Palmeiras — que não tem Mundial — é capaz de encontrar um carro de F-1. Ou um carro fake de F-1, para ser mais preciso. Que, pelo menos, estará pintado com as cores que a Williams vai usar neste ano.

Foi nessa loja, em meio a pares de tênis coloridos, meias, agasalhos e moletons, que a equipe que era inglesa e hoje é americana apresentou o FW46. Que na verdade não era o FW46, mas seu “livery”, que a gente traduz grosseiramente por “pintura” no Brasil, na falta de palavra melhor para descrever “padrão gráfico/estético/publicitário” adotado para decorar um carro de F-1.

“Vejo a Williams. Ela é azul”, é o que diria Yuri Gagárin se fosse escalado pela TASS para cobrir o lançamento do automóvel fajuto, que serviu, basicamente, para apresentar o novo patrocinador máster do time, a Komatsu. É máster, mas até onde compreendi não significa que teremos de chamar a Williams de “Komatsu-Williams”, “Williams-Komatsu” ou algo do gênero. Os japoneses — a Komatsu é japonesa — são mais contidos que a Stake, a Visa e a Kick, marcas que aparecerão batizando carros e equipes em 2024.

Aliás, essa gigantesca companhia, segundo o press-release que recebi, já patrocinou a Williams nos anos 80 e 90 e fez até peças de câmbio dos carros campeões de 1996 e 1997. Eu não lembrava. “Com operações em mais de 140 países, a Komatsu é uma provedora global de equipamentos pesados premium, serviços e soluções. A empresa introduziu o primeiro caminhão basculante autônomo do mundo em 2008”, informa o texto. Serviços e soluções. Um grande mistério para mim, hoje todo mundo provê serviços e soluções. A Komatsu faz caminhões, tratores e máquinas gigantes. Pronto.

Os pilotos, ah, os pilotos. Como todas as outras, são os mesmos do ano passado: Logan Sargeant e Alexander Albon. Motores Mercedes. O nome é tradicionalíssimo: FW de Frank Williams, 46 por ser o 46º carro da equipe desde que adotou a nomenclatura que traz as iniciais de seu fundador.

Seguindo na nossa missão jornalística de entrevistar pessoas ligadas às equipes no dia dos lançamentos, fui atrás de uma figura de proa da Williams que hoje está meio afastado do dia a dia da fábrica — “só coloco meu dinheiro na poupança”, me disse, porque não confia em fundos de investimento. Chamá-lo-ei de “Patrício Cabeção”, uma vez que ele pediu para não ser identificado.

Quais suas primeiras impressões do novo carro?
Patrício Cabeção – Ele me parece tão ruim quanto os últimos.
Não seria uma visão um pouco pessimista? A equipe melhorou na temporada passada.
Patrício Cabeção – Pior era impossível. O problema desses americanos é que o modelo de carro para eles é SUV, caminhonete de agroboy e aquele horror que se chama Tesla. Sou de outra escola: Jaguar, Rolls-Royce, Aston Martin…
Bem, os tempos mudaram. Estamos na era dos motores elétricos e híbridos, há uma preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade.
Patrício Cabeção –
Se eles se preocupassem com essas coisas não apresentariam um carro numa loja de tênis fabricados por trabalhadores escravizados na Ásia.
As empresas hoje garantem que aplicam os conceitos de ESG, talvez o senhor não esteja acompanhando…
Patrício Cabeção –
O que é ESG? No caso desse carro aí deve ser “esquisito e sem graça”. Hahaha! Gostei disso: esquisito e sem graça!
O senhor foi consultado por alguém na fase de projetos?
Patrício Cabeção –
Sim, mas nada do que sugeri foi feito. Dei a eles um projeto de suspensão ativa que usamos no passado e funcionou muito bem. Disseram que não tinham dinheiro. Passei o contato de alguns amigos árabes que nos ajudaram lá nos anos 70 e falaram que o cara que indiquei já tinha morrido. Achei estranho, porque vi o nome dele no Big Brother aí do Brasil.
O senhor assiste a esse programa?
Patrício Cabeção –
Sim, minha ex-esposa emprestou a senha do Globoplay.
Do ponto de vista da aerodinâmica, quais foram as diretrizes dos engenheiros nesse projeto?
Patrício Cabeção –
Melhorar os fluxos de ar, foi o que me disseram. Parece que conseguiram. Tiraram as viseiras dos capacetes para que os pilotos andem de cara para o vento.
Bem, já que falou dos pilotos, gosta deles?
Patrício Cabeção –
O menino que pinta o cabelo é bom. O outro, que tem nome de carro, é muito ruim. Aliás, tem nome de carro ruim e feio. Logan é carro de Uber.
Por fim, o novo patrocinador parece forte e promete uma colaboração técnica com a equipe.
Patrício Cabeção –
São ótimos. Vou lhe mandar uma foto do que eles fazem que inspirou esse carro aí. Você usa e-mail?

Pouco depois chegou na minha caixa postal a foto abaixo. Entendo as aflições do velho amigo.

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1:12:04

MAX QUER GABARITAR NA CHINA (F-GOMES, GP DA CHINA, DIA #2)

Verstappen já fez barba e cabelo. Falta o bigode. O holandês deve gabaritar o GP da China na madrugada deste domingo, depois de vencer a Sprint e fazer a pole-position para a corrida. Pérez larga e...

54:26

NORRIS BRILHA NA MADRUGADA (F-GOMES, GP DA CHINA, DIA #1)

Lando Norris larga na frente para a Sprint desta noite em Xangai. O piloto da McLaren brilhou na chuva e tem a chance de ganhar uma corridinha na F-1. Ainda que seja a mais curta, de apenas 19 voltas....