Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

Mil Milhas: direto do forno

SÃO PAULO (assando…) – Acabo de chegar de Interlagos, depois de algumas horas de Mil Milhas. Vamos às pílulas: 1. O cara que cantou o Hino Nacional, Rogério Flausino do jota Quest, errou a letra. O céu formoso virou risonho, risonho de novo e límpido. Acho uma babaquice essa história de Hino Nacional sem banda, […]

SÃO PAULO (assando…) – Acabo de chegar de Interlagos, depois de algumas horas de Mil Milhas. Vamos às pílulas:

1. O cara que cantou o Hino Nacional, Rogério Flausino do jota Quest, errou a letra. O céu formoso virou risonho, risonho de novo e límpido. Acho uma babaquice essa história de Hino Nacional sem banda, coisa de americano.

2. As Mil Milhas têm um hino próprio. Mas desconfio por que ele não foi tocado. Um ex-presidente, ou dirigente, do Centauro Motor Clube, o clube que criou a prova com Wilson Fittipaldi em 1956, está contestando na Justiça a negociação que passou os direitos da corrida a Antonio Hermann e seu sócio. Vejam cópias do processo aqui. Por causa dessa contenda, creio, a prova se chama oficialmente, neste ano, Mil Milhas Brasil. E não Mil Milhas Brasileiras, seu nome tradicional.

3. Uma única coisa deu certo: Hermann conseguiu incluir a prova no calendário do Mundial da FIA GT.

4. Muitas deram errado. A saber: poucos carros no grid, apenas 29 largaram. A previsão era de 54. Ao final, serão poucos na pista. É sem graça para provas de longa duração.

5. Público: reduzidíssimo. Foi um erro colocar ingressos a 65 reais, numa arquibancada descoberta e num sol de rachar. Para mim, tem de ser portões abertos, ou então troca por 1 kg de alimento, algo assim. É melhor faturar 65 mil reais com 65 mil pessoas pagando 1 real cada, do que com mil pessoas pagando 65. Arquibancada vazia é triste. E foi um desastre o tal do ingresso promocional de 20 mangos. Deixou loucos da vida os que pagaram 65 para ver os treinos, porque ninguém viu os treinos…

6. A multidão no Ibirapuera iludiu os organizadores. Não havia 50 mil pessoas no parque para ver os carros. Havia 50 mil pessoas para correr, andar de bicicleta e passear. Se fosse uma exposição de presépios, o público seria o mesmo. Mas a idéia da vistoria em praça pública é boa.

7. Largada ao meio-dia descaracteriza a corrida. Ainda mais num sábado escaldante. O público não vai e muitos carros quebram no calor. O charme da prova, um dos, era a largada à meia-noite. Isso faz da corrida um programa de sábado à noite, e muita coisa divertida pode ser feita no autódromo para entreter o público na madrugada, como rave, praça de alimentação, exposição de carros antigos, etc, etc e etc.

8. Taxa de inscrição muito cara. Está cheio de carro (Gol, Voyage e similares) em condição de andar dentro dos 30% acima da pole. Só que neguinho não paga 15 mil reais para se inscrever sabendo que pode quebrar a qualquer momento. E com 15 paus dá quase para fazer um carro capaz de andar nas Mil Milhas. A taxa deve ser reduzida, e o controle de qualidade deve ser técnico, apenas, e não financeiro. Mesmo sem Gol, Voyage e Opala, tinha carro dando vexame hoje em Interlagos. Os Omega e alguns Aldee Spyder tomavam uma volta dos líderes a cada quatro. Portanto, o nível técnico não melhorou nada. A inscrição milionária só tirou carro do grid.

9. Não vi o troféu, mas consta que o original, lindo de morrer, do tamanho de um piloto, está na Bardahl. É preciso valorizar essas tradições. A antiga e enorme taça deveria ser entregue ao vencedor.

10. Dá para melhorar, em resumo. Largada de noite, portões abertos ou ingressos baratíssimos, divulgação mais eficiente, inscrições mais baratas, provas preliminares, diversão para o público, manutenção de certas tradições. Assim as Mil Milhas podem voltar a vingar. Do jeito que está sendo hoje, é um espetáculo ruim e desconfortável.