Blog do Flavio Gomes
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Gira mondo, gira (sexta)

SÃO PAULO (o maior mérito é estar na arena) – Vitor Negrete mandou um recado via celular para seu site, de mais de 8 mil metros de altura, no Everest. Não se preocupem, vou tomar cuidado. Atacou o cume, chegou. Na descida, morreu. Tinha 38 anos. Suas últimas palavras ficaram gravadas, o pedido tranquilizador, não […]

SÃO PAULO (o maior mérito é estar na arena) – Vitor Negrete mandou um recado via celular para seu site, de mais de 8 mil metros de altura, no Everest. Não se preocupem, vou tomar cuidado. Atacou o cume, chegou. Na descida, morreu. Tinha 38 anos. Suas últimas palavras ficaram gravadas, o pedido tranquilizador, não se preocupem.

O corpo de Negrete ficará no alto da montanha, não dá para trazer de volta. Há componentes de masoquismo e heroísmo em tudo que um alpinista faz. Mas há, sobretudo, a solidão. A solidão de desafiar alguma coisa, para sentir que fez algo, enfim. Feito, a vida passa a ser um detalhe quase supéfluo, a não ser que haja um desafio maior a ser cumprido. São heróis de si mesmos, heróis invejáveis.

Ninguém nunca vai entender a mente dos heróis solitários, como Burt Munro, motociclista neozelandês que aos 63 anos resolveu passar dos 320 km/h com sua Indian no deserto de sal de Bonneville. Contei aqui outro dia que ganhei o DVD. “The World’s Fastest Indian” conta essa história de maneira magistral. Munro, a mais de 300 km/h em sua moto, era um solitário que poderia facilmente morrer naquele momento, com a felicidade plena alcançada. Poderia sumir numa outra dimensão.

Heróis solitários morrem em dimensões diferentes.