Blog do Flavio Gomes
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Jan, 60

SÃO PAULO (noites memoráveis) – Jan Balder fez 60 anos ontem. Sua mulher, Tereza, armou uma festinha surpresa num bar adorável no Alto da Boa Vista. Não sei bem como, nem por quê, mas o fato é que ao longo desses anos passei a fazer parte dessa turma do automobilismo brasileiro dos anos 60, embora […]

SÃO PAULO (noites memoráveis) – Jan Balder fez 60 anos ontem. Sua mulher, Tereza, armou uma festinha surpresa num bar adorável no Alto da Boa Vista. Não sei bem como, nem por quê, mas o fato é que ao longo desses anos passei a fazer parte dessa turma do automobilismo brasileiro dos anos 60, embora não tenha idade para isso. Sou convidado para essas coisas, pode haver honra maior que essa?

Pois estavam lá Bird, Chiquinho, Bob, Anísio, Crispim e mais um monte de gente importante que aprendi a admirar lendo as revistas, e depois convivendo com cada um.

Na mesa, à minha esquerda, Bob e Bird. À direita, Crispim e Chiquinho. No meio, eu e Salomão escutando tudo. Ah, os Matuzas iriam adorar…

Foram muitas histórias e muitas caipirinhas e muitas taças de vinho e muitos pastéis e croquetes, e é claro que não lembro de tudo, mas sorvi cada palavra daqueles mestres.

Bird é um baita contador de histórias, e adora contá-las. Duas delas, rápido. 12 Horas de Porto Alegre, ele guia por mais de 11 horas e ainda vai à festa do vencedor, Flávio dal Meze, que correu com um DKW de fábrica. À noite, no hotel, Jorge Lettry avisa: 6 da manhã, todos na portaria para a viagem de volta. Bird: “Eu que não vou acordar essa hora para ficar 15 horas andando atrás de Candango. A equipe da Vemag viajava de Candango, puxando os carros de corrida. Eu tinha um carrinho bom, motorzinho 1000 S. Acordei umas 11 horas, almocei e fui para a estrada com o Cacaio. Passei a caravana, mas perto de Curitiba o carro parou. O motor funcionava, mas não andava. Aí veio o primeiro Candango, do Reis, que era nosso mecânico-chefe. Ele parou e disse que meu virabrequim tinha um munhão que estava em teste e era o único que ainda faltava quebrar! Mas disse que os mecânicos estavam vindo e trocariam rapidinho. Quando chegou o resto da caravana, eles pararam, mas o Jorge buzinou e mandou todo mundo seguir. Me largaram no meio da estrada com o motor quebrado! Tive de voltar de carona num caminhão…”

A outra. Ano incerto, quando a “Quatro Rodas” trouxe Piero Taruffi (era esse o nome?) para dar aulinha de pilotagem em Interlagos. Bird corria pela Willys. Taruffi falou, falou, explicou tomadas, tangências, saídas, tudo com faixas pintadas no asfalto, cones, para pilotos boquiabertos (alguns) e macacos velhos (outros). Ao final, Bird levanta a mão e diz: “Seu Taruffi, tudo bem, mas tem algumas coisas que eu não concordo. Eu corro para a Willys. Tem duzentos caras querendo correr na nossa equipe. Tá vendo essa marquinha que o senhor pintou na freada da Três? Se alguém da nossa equipe frear aí, está na rua no dia seguinte!”

Pequenos fragmentos de uma noitada regada a dois tempos. Ainda tem a descrição do Bird do motorzão da Vemag, de uma disputa com Marinho em Interlagos, tem o Crispim falando das Mil Milhas de 66, do motor de arranque e das velas do motorzão, das medidas do bloco, da bateria extra para dar partida, mas depois eu conto.