Blog do Flavio Gomes
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Paulista, 14h50

SÃO PAULO (o jardineiro fiel) – A agência só existe, ainda não abriu, informa o segurança. Como não? Faz meses que esta agência está aqui, como não funciona? É que não abriu, tem outra uns dois quarteirões adiante. Dois quarteirões adiante tem de fato outra, entrar, achar o caixa, ir para a fila, pagar, conferir […]

SÃO PAULO (o jardineiro fiel) – A agência só existe, ainda não abriu, informa o segurança. Como não? Faz meses que esta agência está aqui, como não funciona? É que não abriu, tem outra uns dois quarteirões adiante. Dois quarteirões adiante tem de fato outra, entrar, achar o caixa, ir para a fila, pagar, conferir o troco, enfiar a moeda num bolso de onde nunca sairá, voltar.

Na mesma calçada, aquele prédio sempre intrigante, elevador panorâmico, era uma grande novidade, tinha uma bandeira do Japão, não tem mais, o que será que tem lá dentro, como é andar num elevador olhando para a avenida?, e diante do prédio intrigante o homem varre a calçada cada vez mais apertada, de um lado a grade do prédio, do outro uma banca de camelô vendendo chocolates Nestlé, o homem de meia-idade e uniforme azul e branco vai varrendo, vai varrendo, as pessoas desviando dele, de repente ele pára de varrer, encosta a vassoura na grade do prédio intrigante, está de boné e óculos de aros grossos, tira o boné e os óculos, uma pequena flor vermelha e amarela, uma míni-margarida que não devia estar lá escapa pela grade do prédio intrigante, ele curva as costas quase solene, estica os dedos para a flor, cheira a flor, sorri, coloca o boné e os óculos, pega a vassoura e vai varrendo, e a flor fica ali olhando ele varrer.