Blog do Flavio Gomes
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Detalhes tão pequenos

SÃO PAULO (em casa de ferreiro…) – Tenho por norma não criticar colegas de trabalho. Mas o que relato a seguir tem a ver com o total desprezo de algumas emissoras de TV pelo produto que têm nas mãos. Band, “Jornal da Noite”, na última madrugada. Roberto Cabrini chama a matéria a respeito da prova […]

SÃO PAULO (em casa de ferreiro…) – Tenho por norma não criticar colegas de trabalho. Mas o que relato a seguir tem a ver com o total desprezo de algumas emissoras de TV pelo produto que têm nas mãos.

Band, “Jornal da Noite”, na última madrugada. Roberto Cabrini chama a matéria a respeito da prova da Indy em Kentucky para “pagar comercial” — porque os anunciantes compram, além das transmissões, certo número de inserções publicitárias na programação da emissora. Lê a “cabeça”, que é como chamamos o pequeno texto do apresentador que introduz a reportagem que vem a seguir.

E manda: “Fórmula Indy. Scott Dixon derrota Hélio Castroneves em Kentucky, vence a corrida e volta à liderança do campeonato.”

Não sei se as palavras foram exatamente estas. Mas Dixon foi segundo, Sam Hornish Jr. ganhou e é ele quem lidera a temporada, não Dixon. Isso no canal que detém os direitos da categoria para o Brasil. Cabrini não tem culpa, não deve acompanhar o campeonato. A matéria trazia os dados corretos.

O cara que revende os direitos da Indy para a Band se traveste de comentarista a cada corrida. Imaginem sua isenção para comentar a categoria dele…

(Ah, você disse que não critica colegas! Lamento, mas comerciante de direitos de qualquer coisa não é meu colega de profissão, portanto, sinto-me livre para dizer o que bem entender neste caso.)

No fim de março, escrevi uma coluna sobre a morte de Paul Dana que deixou o supracitado comentarista fulo da vida. E ele foi aos donos da Band pedir minha cabeça. Afinal, como podia o “nosso homem na F-1” falar mal de “nosso produto”?

Eu falei mal do produto dele em jornais e no meu site. E falaria na rádio Bandeirantes, também, se lá estivesse ainda batendo cartão no dia 30 de março, quando redigi minhas mal-traçadas. Ocorre que já havia deixado a emissora três meses antes. Ele foi pedir ao dono da emissora que mandasse embora um cara que não trabalhava mais lá.

Por que resolvi contar isso agora? Porque já faz quase cinco meses do ocorrido, muita gente ainda me pergunta por que saí da Bandeirantes (saí antes, reforço, mas estava negociando para voltar), e cinco meses depois eu vejo que o zelo que o comentarista mostrou ao defender “seu produto”, pedindo minha cabeça, seria muito mais útil se aplicado à informação que a emissora onde ele faz negócios leva para seus telespectadores.

Entre eles eu, cuja cabeça continua, felizmente, no mesmo lugar.