Blog do Flavio Gomes
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O primeiro Lada…

SÃO PAULO (…a gente nunca esquece) – Budapeste, 1991. Minha primeira visita ao país, para cobrir o GP da Hungria. No aeroporto, fui à Avis e à Hertz e os preços de aluguel de carros eram absurdamente altos. Ainda são. Aí um sujeito me aborda naquele antigo terminal do Ferihegy (“aeroporto”, em húngaro) e pergunta, […]

SÃO PAULO (…a gente nunca esquece) – Budapeste, 1991. Minha primeira visita ao país, para cobrir o GP da Hungria. No aeroporto, fui à Avis e à Hertz e os preços de aluguel de carros eram absurdamente altos. Ainda são.

Aí um sujeito me aborda naquele antigo terminal do Ferihegy (“aeroporto”, em húngaro) e pergunta, num inglês meio atravessado, se eu queria alugar um carro. Respondo que sim, mas que queria um Trabant. Trabant eu não tenho, serve um Lada? Serve.

Aí o cara me coloca numa caranga caindo aos pedaços e diz que vamos buscar o carro. Entramos naqueles subúrbios cinzentos e empoeirados de Budapeste, imaginei que seria assaltado e jogado no Danúbio, mas o sujeito me leva até sua casa.

Estamos em 1991, os húngaros começavam a montar seus pequenos negócios. Em casa, mesmo. Chegamos e na sala ele tinha montado um pequeno escritório, uma mesinha, um telefone, papel para todo lado. Assina aqui, preenche ali, e lá vem meu Lada.

Um Laika novinho em folha, lembro até hoje: 52 km rodados. Cheirando carro novo, cheiro de Lada, só quem já entrou num sabe do que estou falando.

Ignição na esquerda (a Porsche copiou, com certeza), quatro marchas, um radiador horroroso na frente, mas lindo!

Fiquei uma semana com o Lada. Na primeira esquina a maçaneta de abrir o vidro saiu na minha mão. No segundo dia fiquei sem a primeira marcha. No terceiro, sem a terceira. Na noite de sábado tive de pagar propina para um policial na praça escura atrás do prédio do Parlamento.

Ah, Budapeste, querida Budapeste…

Devolvi o carro na segunda-feira só engatando a segunda e a quarta, sem maçaneta do vidro, e com o motor fervendo a cada 5 km rodados. Feliz da vida.

O primeiro a gente nunca esquece…


No antigo estacionamento de Hungaroring, fiz questão de dar
a ele uma visão privilegiada da pista…