Blog do Flavio Gomes
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Guarujá

SÃO PAULO (tantos verões) – Ontem mesmo li na “Ilustrada” que vão lançar um livro sobre o arquiteto ucraniano Gregori Warshavchik, talvez o primeiro modernista a cravar o estilo no Brasil. Há ainda alguns de seus prédios e casas de pé na cidade. Outros caindo aos pedaços. E no litoral, também. Porque ao achar meio […]

SÃO PAULO (tantos verões) – Ontem mesmo li na “Ilustrada” que vão lançar um livro sobre o arquiteto ucraniano Gregori Warshavchik, talvez o primeiro modernista a cravar o estilo no Brasil. Há ainda alguns de seus prédios e casas de pé na cidade. Outros caindo aos pedaços.

E no litoral, também. Porque ao achar meio sem querer o site acima, dando uma busca no glorioso Google, descobri que a casa que povoou meus sonhos de criança nos anos 70, espetada nas pedras entre Pitangueiras e Astúrias, no Guarujá, saiu de um arquiteto de seu escritório.

Um pouco dessa obra de arte está aqui, nesta página do mesmo site, que se chama Sobre as Ondas.

É o nome de um prédio que domina a praia, erguido mais de meio século atrás, quando o Brasil era um país, digamos, promissor. Sobre-as-Ondas. Isso é nome de prédio, não esse negócio de Villa di Capri ou Maison du Champolier, ou coisa que o valha.

Bem, o prédio e a casa ainda estão lá. O que é uma boa notícia. O Guarujá, mais ou menos. Passei muitos verões da minha infância e adolescência lá. Andava de bicicleta, jogava bola na praia, brincava de polícia e ladrão, tomava raspadinha, jogava (muito mal) tênis na areia, depois aos 14, 15, ia a uma discoteca chamada Studio 54, tomava sorvete de casquinha na Caramba, passava horas no fliperama detonando as máquinas de pinball ao som de Elton John (não sei por que ligo pinball a Elton John), arrumava namoradas, dançava em bailinhos e arriscava uns goles de Cuba Libre.

No Guarujá li meu primeiro livro subversivo, “Batismo de Sangue”, de Antonio Carlos Fon, que me foi emprestado por um amigo bem mais velho, desconfio que era terrorista. No Guarujá dei o primeiro beijo na boca. Fiz minha primeira grande defesa. Saí de noite sozinho. Vi o sol nascer. Coloquei brinco. Conheci minha mulher.

Portanto, ao Guarujá devo muito.