Blog do Flavio Gomes
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Dez anos, já

SÃO PAULO (e chega) – No dia 15 de dezembro de 1996 vivi o momento mais triste de minha existência ludopédica. Exatamente dez anos atrás, a Portuguesa perdeu a chance de mudar sua história, ao ser derrotada pelo Grêmio na final do Campeonato Brasileiro. A Portuguesa é tão azarada que, nem me lembro por quê, […]

SÃO PAULO (e chega) – No dia 15 de dezembro de 1996 vivi o momento mais triste de minha existência ludopédica. Exatamente dez anos atrás, a Portuguesa perdeu a chance de mudar sua história, ao ser derrotada pelo Grêmio na final do Campeonato Brasileiro.

A Portuguesa é tão azarada que, nem me lembro por quê, naquele ano o vice-campeão brasileiro não disputava a Libertadores na temporada seguinte.

Fui a Porto Alegre. Aliás, tinha ido a BH na semifinal com o Atlético, também (na foto, Rodrigo à frente, a comemoração no Mineirão). Desse jogo guardei o ingresso, que meu irmão, que mora lá, comprou antecipado.

Do jogo com o Grêmio, não guardei. Era um pacote, incluía passagem de avião, churrascaria e entrada, e não sei que fim levou. Mas como sabia que estava vivendo um momento épico, guardei um monte de outras coisas. A bandana, a bandeira, o maço de cigarros amarrotado, a camisa, evidentemente, o cartão de embarque…

Lembro que fui de Karmann-Ghia vermelho com meu irmão mais novo para Cumbica, e lá pegamos o vôo fretado. No avião, os caras me reconheceram (eu trabalhava na Jovem Pan) e até o comandante falou meu nome.

Depois, guardo cada minuto. A chegada ao aeroporto, os torcedores do Inter nos esperando, aquele pequeno exército gaulês em dois ou três ônibus pelas ruas de Porto Alegre, a churrascaria, a chegada ao Olímpico, a dor no peito no 2 a 0, a volta tarde da noite, a chegada a Cumbica junto com os jogadores, o Karmann-Ghia na madrugada nos levando para casa, o beijo no meu irmão, que tinha 17 anos.

Chorei feito uma criança no meio do segundo tempo, porque estava com medo da derrota, que já parecia distante, na verdade. O Grêmio estava morto em campo, achou aquele gol no fim.

O Olímpico, que parece maior do que é na TV, veio abaixo. A gauchada urrava. A gente só olhava para o nada, com os olhos vermelhos.

Faz dez anos, e foi legal demais, apesar da derrota.

Tem certas coisas que torcedores de outros times jamais vão compreender.

Claro que naqueles dias eu não queria nem saber de Fórmula 1. E os pobres dos meus leitores tiveram de aguentar três colunas seguidas sobre a Portuguesa.

A primeira está aqui. Eu ainda não estava acreditando muito. Na segunda, já imaginava que era possível. Na última, escrevi uma carta ao Mané.

Ainda não passei na padaria do Mané, prometi que iria, dez anos atrás. Ainda dá tempo, claro que dá. As padarias nunca mudam de lugar.