Blog do Flavio Gomes
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Quanto a ele…

SÃO PAULO (foi bem, o menino…) – Sobre o carrinho que tem torcida uniformizada, fã-clube, comunidades no orkut, miniaturas de resina e papel, um cara para tirar o pó, plataforma exclusiva, aparece na TV, tem banner estilizado, caricaturas, camiseta promocional, vai virar figurinha e história em quadrinhos, tenho a dizer que: 1) nos treinos, começou […]

SÃO PAULO (foi bem, o menino…) – Sobre o carrinho que tem torcida uniformizada, fã-clube, comunidades no orkut, miniaturas de resina e papel, um cara para tirar o pó, plataforma exclusiva, aparece na TV, tem banner estilizado, caricaturas, camiseta promocional, vai virar figurinha e história em quadrinhos, tenho a dizer que:

1) nos treinos, começou virando 2min39s na quinta e chegou a 2min37s no sábado, na classificação;

2) apresentou crônicos problemas de bateria, que levaram a um corte na bomba de combustível e perda de giros no motor na sexta;

3) me fez comprar uma bateria nova, mas vamos ter de usar alternador de novo;

4) me deu um susto (previsível) na largada, já relatado abaixo;

5) chegou em 25º entre os 33 que largaram, nono na categoria;

6) completou 12 voltas, contra 14 dos vencedores, todos eles equipados com motores AP 2.0;

7) rodou a 4 voltas do final ao tentar ultrapassar o Dodge 1800 do estreante Alfredo Gehre, que o espremeu involuntariamente na Junção, fazendo com que tivesse de ser atirado à grama pelo incauto piloto, que habilmente não deixou o motor morrer, porque se morresse, babau;

8) a rodada foi violenta, tanto que arrancou uma lanterna traseira(depois atropelada por uma BMW) e, suspeito, o espelho retrovisor (não sei explicar como, nem se foi na rodada, mesmo; a lanterna, tenho certeza);

9) apesar dos percalços, o #96 virou na corrida em 2min35s415, a melhor volta de sua vida e recorde para DKWs desde que tais automóveis voltaram a correr no Brasil, em 2003. Já é alguma coisa.

Ao fim da corrida, tive ganas de mandar dois transeuntes ao inferno (são blogueiros, ficarão com raiva, mas paciência), cidadãos que não conhecia, que me pararam no paddock, um para sugerir, com um sorriso idiota estampado no rosto, como se dissesse a coisa mais engraçada do mundo, que eu arranjasse o que chamou de “um carro de verdade”, outro a perguntar “por que o seu carro anda só isso?”.

Segurei-me, juro, para não ser ainda mais mal-educado do que já sou, diante de tanta falta de conhecimento e informação sobre o que tinha acabado de acontecer naquela pista e não só isso, sobre minha história e a da Superclassic em torno desse carro.

Pior ainda foi a deselegância dos dois com um estranho. Estranho, sim, porque me ler, ver na TV, ou apenas saber quem eu sou não transforma ninguém, automaticamente, em meu amigo íntimo — a ponto de fazer gracinhas sem graça sobre meu carro na primeira vez em que me vê.

Sorte minha que a imensa maioria de blogueiros, fãs, torcedores, ouvintes, leitores, telespectadores e etc. que encontrei em Interlagos nestes quatro dias (imensa maioria mesmo; todos, menos os dois acima) queria apenas bater um papo, tirar uma foto, conhecer o #96 de perto. Precavidos, não vieram com piadinhas sobre DKW, Lada ou a Portuguesa. Me conhecem, afinal…


Foto de Rodrigo Ruiz