SÃO PAULO (tá bom) – Foi lançada hoje em Milão, com pompa e circunstância, algo que se chama Superleague Formula. A idéia não é nova: unir corridas com times de futebol. A cascata de sempre, duas paixões, etc.
Digo que tem cara de cascata porque em 2000, com a mesma pompa e a mesma circunstância, foi lançada uma certa Premier 1 Grand Prix. Carros pintados com cores de clubes foram apresentados, festas realizadas, promessas feitas, calendário divulgado (em 10 de novembro de 2002 haveria uma corrida no Rio).
Seriam chassis Dallara (depois Reynard) e motores Judd V10. Pedro Lamy fez o papel de bobo na apresentação do “carro do Benfica”. Era uma Benetton da década de 90 pintada de branco e vermelho.
Não sei se chegaram a captar dinheiro de algum otário, na época. O fato é que a Premier 1 Grand Prix sumiu do jeito que apareceu. Sem deixar rastros.
Quem está à frente da nova brincadeira é uma dupla formada pelo espanhol Alex Andreu (apresentado como especialista em marketing esportivo que já trabalhou nos Jogos Olímpicos de 1992, na Liga Espanhola de Futebol e otras cositas más) e pelo inglês Robin Webb (apresentado apenas como “executivo experiente em automobilismo). Acho que esse Webb estava envolvido na Premier 1, mas não tenho certeza.
O projeto prevê o início do primeiro campeonato em agosto de 2008. Seis rodadas duplas, todas na Europa. O chassi será feito pela Panoz/Élan nos EUA, e os motores V12 de 750 hp serão desenvolvidos também pela Menard, mas na Inglaterra. No começo, 20 carros. Em cinco anos, 28.
Os times já estão escolhidos e, juram os organizadores, as negociações com todos eles estão bem avançadas: Milan, PSV, Porto e Olympiacos confirmados; Real Madrid, Barcelona, Valência, Inter de Milão, Lyon, Olympique de Marselha, Borussia Dortmund, Schalke 04, Basel, Galatasaray, Anderlecht, Gotemborg, Lokomotiv, Boca Juniors, América do México, Shangai Shenua, Samsung Bluewings e, ufa, Flamengo.
Os caras garantem que têm investidores para aguentar o prejuízo nos dois primeiros anos. Mas no terceiro, todos vão ficar ricos. Prometem biocombustível, muitas atrações para o público nos autódromos, boxes abertos, carro de três lugares para levar convidados e VIPs. O mundo nunca mais será o mesmo, em resumo.
Como não tem nenhum carro da Portuguesa, torcerei para dar tudo errado. Torcida minha à parte, é claro que não vai dar certo. Como não deu a Premier 1. Acho que tem é muito picareta no mundo, anunciando que vai fazer o que não pode. Planos eu também tenho, e muitos. Faltam só esses misteriosos “investidores”.
Bem, esqueçam meu mau-humor típico de uma tarde de segunda-feira sem almoço. Se der certo, vou torcer para o Olympiacos, porque gosto muito da Grécia.
Logotipo da bagaça e o carro mergulhado nas bolas (cafonice total)
“Lançamento” do carro do Milan, hoje. Não sei que carro é esse