Blog do Flavio Gomes
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Curiosidade curiosa

SÃO PAULO (os pioneiros) – Foi em 1965 que o governo federal acertou com algumas fábricas a criação dos primeiros carros populares do Brasil. Com 90% de seu valor financiado pela Caixa Econômica Federal, a medida abriu à população de menor renda a possibilidade de ter um carrinho zero. A Willys, assim, lançou o Teimoso, […]

SÃO PAULO (os pioneiros) – Foi em 1965 que o governo federal acertou com algumas fábricas a criação dos primeiros carros populares do Brasil. Com 90% de seu valor financiado pela Caixa Econômica Federal, a medida abriu à população de menor renda a possibilidade de ter um carrinho zero.

A Willys, assim, lançou o Teimoso, um Gordini tão espartano que tinha, na traseira, uma única luz vermelha no centro que servia de lanterna, luz de freio e luz de placa. A VW colocou na praça o famoso Pé-de-Boi, a Simca veio com o Profissional e a Vemag, pioneira das pioneiras porque três anos antes lançara a Caiçara — modelo despojado que custava 40% menos que uma Vemaguet —, fez a Pracinha.


Foto de divulgação da Vemag de uma Caiçara, 1962

Em comum, esses carros não tinham cromados, furações desnecessárias, frisos, acessórios, janelas de correr, forrações laterais, nada. Tudo foi feito para reduzir seu custo ao mínimo e baixar o preço final. É dificílimo achar um desses intacto hoje em dia, porque naquela época o sujeito comprava um popular e, aos poucos, ia equipando o carrinho com kits vendidos pelas próprias concessionárias que, ao fim e ao cabo, transformavam o dito cujo num carro “normal”.

O Celso Santoro, vemagueiro juramentado, mandou para nosso grupo de discussões vemaguísticas uma reportagem de “Quatro Rodas” sobre o tema, e o presidente-emérito do Clube do Candango, nosso impagável Zelesco, notou nesta foto da Pracinha uma estranhíssima lanterna traseira redonda.


A misteriosa lanterna redonda: nunca foi adotada

E o que tem de importante uma lanterna traseira de DKW redonda?, há de perguntar você. Ora, ora… Para nós, vemagueiros, é um mistério mais intrincado que o da Santíssima Trindade! A matéria da “4R” foi escrita quando os carros ainda não estavam nas lojas, e portanto acredito que as fotos foram tiradas de modelos das fábricas. Deve ter sido uma experiência da Vemag, que no fim não foi levada adiante. Assim, para todo o sempre a única lanterna de Vemaguet, Pracinha ou Caiçara que conhecemos foi essa igual à da foto abaixo (exceto em 1967, quando a Vemag repaginou seus carros).


Uma Pracinha com a lanterna comprida, na horizontal

Mas no nosso grupo de vemagueiros nada fica sem resposta, e prontamente o Carlos Zavataro decifrou o mistério dos mistérios: “Essa lanterna é a Servotec produzida no Brasil. Foi usada nas primeiras caminhonetas DKW-Vemag (antecessoras da Vemaguet), nas primeiras Kombis, nas carreteras da Vemag, nessa Pracinha e nos Malzonis. Trata-se de lanterna produzida sob licença, da Lucas inglesa, muito utilizada na década de 50 em diversos carros daquele país. Jaguar, Morris e Austin Healey são alguns modelos que usaram essa lanterna”.

Explicado está.