Blog do Flavio Gomes
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Ou ele ou eu

SÃO PAULO (ou nós, ou vós) – De tudo que aconteceu neste fim de semana Hungria, me parece que resta apenas uma certeza: Alonso e Hamilton não poderão continuar na McLaren em 2008, a não ser que a equipe promova uma sessão de terapia em grupo que transforme os dois em discípulos de Gandhi. O […]

SÃO PAULO (ou nós, ou vós) – De tudo que aconteceu neste fim de semana Hungria, me parece que resta apenas uma certeza: Alonso e Hamilton não poderão continuar na McLaren em 2008, a não ser que a equipe promova uma sessão de terapia em grupo que transforme os dois em discípulos de Gandhi.

O que não parece provável. Nem a terapia, nem a conversão imediata dos endemoniados pilotos à causa da paz universal.

Alonso é marrento e mal-humorado. Hamilton mostrou que de santo não tem nada. Em comum, os dois possuem um talento excepcional e competitividade levada ao exagero. Que é o que a F-1 exige de seus campeões, afinal.

Alguém há de perguntar: quem foi mais sacana com o outro, quem tem razão, quem é o mau-caráter da história?

Acho que não se deve julgar o caráter de ninguém por atitudes no calor da disputa esportiva, seja ela na arena que for, desde que respeitados alguns limites — morder a orelha do adversário, como fez Tyson, por exemplo, permite um julgamento acerca de seu caráter; o que Schumacher fez com Villeneuve em 1997, também, embora o alemão de queixo grande tenha se regenerado.

Digamos apenas que nenhum dos dois afinou, e cada um usou as armas que tinha à mão em busca de uma taça que só tem uma unidade fabricada por ano. Hamilton não deu moleza para Alonso na classificação e levou o troco na hora, sem grande preocupação do espanhol em esconder nada. A discussão pelo rádio entre Lewis e Ron Dennis também tem seu significado, o de que a criatura não vai se dobrar ao criador assim, sem mais nem menos.

Alguém escreveu num dos comentários aqui no blog que Hamilton teve de escolher, no sábado, entre ser Rubinho ou Senna. Escolheu ser Senna. Faz algum sentido, para consumo externo. Internamente, sei não. Concordar com o que fez, gostar ou não, vai da preferência do freguês.

Mas deixemos o veredicto para o dia do Juízo Final, que pelo que soube está próximo, vi ontem num painel luminosíssimo na grande avenida cheia de carros, e não tenho muitos motivos para duvidar.