SÃO PAULO (já?) – Sim, já. E pensar que em 1987 lá estava eu na “Folha” preparando um caderno especial sobre os 30 anos do lançamento do Sputnik…
Bem, já são 50.
Foi num 4 de outubro, em 1957, que começou para valer a corrida espacial. Depois veio Laika, depois Gagárin, depois o homem chegou à Lua, depois os ônibus espaciais começaram a explodir, e ninguém mais quis ir à Lua porque não tem picas lá.
Mas foi o Sputnik, aquela esfera metálica do tamanho de uma bola de basquete, o pioneiro. Foi ele o primeiro satélite artificial colocado na órbita da Terra, mostrando que a velha e boa URSS não estava para brincadeira.
Muita coisa mudou em 50 anos. Aliás, quase tudo mudou. Mudou o mundo, mudaram os satélites, mudamos nós. E meio século depois, desconfio que a maioria das pessoas não sabe como funciona um satélite, como um sinal chega lá em cima e como volta ao GPS espetado no painel do seu carrão.
É um mundo formidável, este nosso. Usamos tudo, desfrutamos da tecnologia com a maior naturalidade, sem saber do trabalho que deu emitir aquele bip-bip-bip do espaço (clique no link logo antes do começo do texto para escutar o original), sem ter a menor noção de como as coisas funcionam.
Eu também não sei bem como as coisas funcionam. Se um dia caísse naquele DeLorean do filme e fosse parar em 1700, e contasse para o pessoal que aqui neste tempo tem TV, celular e computador, acabaria na fogueira. Não por mentir, mas por ser incapaz de construir essas coisas.
Não saberia nem por onde começar.