Blog do Flavio Gomes
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A missa, a pista, a corrida cancelada

SÃO PAULO (that’s it) – Os pilotos da Superclassic, na manhã de hoje em Interlagos, resolveram não participar das duas etapas do Campeonato Paulista de Velocidade no Asfalto. Não haverá corridas no fim de semana. Aconteceu o seguinte. Durante a noite de ontem e a madrugada de hoje, começaram a ser montados os equipamentos para […]

SÃO PAULO (that’s it) – Os pilotos da Superclassic, na manhã de hoje em Interlagos, resolveram não participar das duas etapas do Campeonato Paulista de Velocidade no Asfalto. Não haverá corridas no fim de semana.

Aconteceu o seguinte. Durante a noite de ontem e a madrugada de hoje, começaram a ser montados os equipamentos para a missa campal do pároco Marcelo Rossi na sexta-feira, feriado de Finados.

Hoje pela manhã, o diretor de prova Carlos Montagner suspendeu todos os treinos, porque havia muitos operários circulando e caixas de som já montadas em locais perigosos.

Os carros da Superclassic já estavam prontos para sair dos boxes quando foram avisados do cancelamento dos treinos e de todas as atividades hoje. Resolveram os pilotos, então, subir à torre e pedir ao organizador da prova, sr. Barranco, seus cheques de volta. Ou um desconto nos valores, afinal não faria sentido pagar 660 reais para uma corrida e mais 330 para outra sem poder treinar.

Em tom civilizado e educado, segundo relatos (eu não estava lá), o sr. Barranco disse que não poderia fazer desconto algum, devolveu as inscrições e falou que nada podia ser feito. Foram todos, FASP, clube e SPTuris (que administra o autódromo), levados de roldão diante da prioridade da Prefeitura no fim de semana, que era a missa.

(Mas nenhum, FASP, clube e SPTuris, se preocupou em buscar soluções antes de a merda acontecer. Como já disse anteriormente, o automobilismo brasileiro é uma várzea.)

Montagner informou que a promessa da Prefeitura era “devolver” o autódromo às 6h do sábado, para posterior limpeza e reinício das atividades de pista. Nossa classificação estava marcada para as 8h. Evidentemente que não ia dar para limpar um autódromo ocupado na véspera por quase 2 milhões de pessoas em tempo.

Assim, carros e equipamentos já estão sendo empacotados e as tendas dos milagres ficarão vazias. Como vazios estavam os boxes. As outras categorias do Paulista devem cancelar também suas corridas, mas não tenho informações a respeito.

Eu não estava lá, como já disse, e pretendia visitar o acampamento a nós destinado por volta do meio-dia para decidir se iria correr, ou não. Queria ver antes se tinha box vazio. Minha idéia inicial era, mesmo, não participar. Deixar o carro lá e ir para casa, porque não concordo com esse descaso de todo mundo — não com a Superclassic, com o automobilismo em geral. Mas não iria “liderar” nada, meus colegas queriam correr, e isso tem de ser respeitado.

No fim, ninguém corre. Porque tem missa, porque a SPTuris alugou o autódromo a quem não devia antes do tempo, porque o clube não quis nem saber e armou umas barracas mambembes, porque a FASP não está nem aí, porque o autódromo, tinindo de novo, belíssimo, não tem como prioridade sua finalidade original, a de receber corridas de carros.

E é isso aí.