SÃO PAULO (em todas as cores) – Já deu para notar que essas séries nacionais especiais falam ao meu coração. Gol GT, Escort XR3, Passat TS, Monza S/R, Opala SS, Chevette GP… Já estava na lista havia um bom tempo este Uninho 1.5 R. Tinha amarelo, preto e prata, também.
Eu tive um Uno, mas era SX, isso em 1985. A álcool, meio customizado por uma revenda da av. Santo Amaro, com quatro faróis quadrados e mais umas viadagens, era bonitinho. Mas dava muito problema. A parte elétrica era um desastre, aqueles comandos-satélite de luzes viviam derretendo por dentro. E os coxins do motor quebraram duas vezes, quase que o dito cujo despencou no chão.
Vendi a preço de banana na “boca” para comprar um apartamento, no início de 1990. Enquanto o dinheiro esperava no banco os documentos saírem, veio o Plano Collor e me tomou tudo. Fiquei sem o carro, sem o apartamento e sem o dinheiro. Meu patrimônio resumiu-se a um DKW 1962 (que está comigo até hoje). Fui morar de aluguel.
Lembro da histeria das pessoas que votaram no Collor para tirar a grana que ficou retida nas contas correntes e na poupança. Notas frias, duplicatas falsas, cirurgias fictícias… Eu, como sei jogar o jogo mesmo não gostando dele, fiquei esperando o dinheiro voltar, parcelado. Dois anos depois (ou quatro, não lembro direito), quando o governo terminou de devolver o que me devia, comprei um Karmann-Ghia.
Pois é… Meio apartamento que eu tinha no banco (minha sogra ia ajudar pagando a outra metade), dois anos depois (ou quatro, não lembro direito), virou um Karmann-Ghia. Pelo menos era um Karmann-Ghia bonito, 1966, vermelhinho. Vendi algum tempo atrás para comprar o meu amarelo.
