Blog do Flavio Gomes
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MANÉ

SÃO PAULO (puxe pela memória) – Hoje, me disseram na TV, é o Dia da Saudade. Parece mentira, mas exatamente hoje matei as saudades de um de meus melhores amigos, o Mané. Que eu não via havia quanto tempo? Dois anos? Dez? Vinte? Muitos, muitos. Encontrei o Mané na Javari. O Mané da padaria na […]

SÃO PAULO (puxe pela memória) – Hoje, me disseram na TV, é o Dia da Saudade. Parece mentira, mas exatamente hoje matei as saudades de um de meus melhores amigos, o Mané. Que eu não via havia quanto tempo? Dois anos? Dez? Vinte?

Muitos, muitos.

Encontrei o Mané na Javari. O Mané da padaria na Lapa, das manhãs, tardes e noites infinitas no Canindé, das primeiras noitadas pela paulicéia, do Pizza Ponto, do Fiat bege, do Gol prata, da viagem para o Sul, do delegado Bicas, quanta coisa…

Foi ótimo, perfeito, para um dia da saudade. Matamos as saudades um do outro e lembramos, com saudades, de outros tempos, outros mundos. Vivíamos em outro mundo, vinte anos atrás.

O Mané disse que comprou meu livro. E que parou de ler antes do final. Porque, enquanto lia, sentia que estava conversando comigo, como se eu estivesse ali a falar, como se estivéssemos à mesa de um bar qualquer tomando cerveja e eu, o tagarela, contando histórias. Então parou de ler, porque achou que se chegasse ao final, acabaria também a conversa e ele não mais me ouviria falar. Ele não queria ter a sensação de que não mais escutaria o amigo através das páginas.

Foi a coisa mais linda que ouvi de alguém nos últimos tempos.