Blog do Flavio Gomes
Sem categoria

balestre, 86

CÓRDOBA – Jean-Marie Balestre morreu na França, aos 86 anos. Os brasileiros não gostavam dele, achavam que “roubava” Senna, como se fosse um juiz que não marcasse pênaltis para seu time. Bobagem pura. A Balestre a F-1 deve o grande salto de segurança que deu nos anos 80 para os 90. Foi um grande dirigente. […]

CÓRDOBA – Jean-Marie Balestre morreu na França, aos 86 anos. Os brasileiros não gostavam dele, achavam que “roubava” Senna, como se fosse um juiz que não marcasse pênaltis para seu time. Bobagem pura. A Balestre a F-1 deve o grande salto de segurança que deu nos anos 80 para os 90. Foi um grande dirigente. Polêmico e autoritário, mas eficaz. E gostava de corridas.

Tenho duas lembranças vivas de Balestre. Uma, de 1990, acho. Interlagos. Desceu de helicóptero todo de preto, feito um corvo, e foi ao grid. A torcida xingava o cara histericamente. No ano anterior havia acontecido o episódio da desclassificação — justa — de Senna no Japão e, graças a ela, Prost garantiu o título. “Meu prazer é enfrentar a massa ignara”, falou, acenando para o público.

A outra, um ano depois, em Magny-Cours. Fui entrevistá-lo no terraço do prédio da sala de imprensa. O tema “Balestre-roubou-Senna-para-ajudar-Prost” estava no auge, entre outras coisas porque o dirigente, troçando com o público, tinha dito que ajudara mesmo o compatriota (na verdade, a decisão de desclassificar Ayrton em Suzuka fora dos comissários desportivos; o presidente da FISA não tinha jurisdição sobre o caso; Balestre quis apenas chamar a atenção, mostrar ao mundo que tinha mais poder do que realmente tinha).

Comecei a fazer as perguntas e ele berrava comigo, negando tudo, olhando nos meus olhos e agitando os braços.

Achei que ia apanhar do Balestre.