Blog do Flavio Gomes
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20 anos esta noite

SÃO PAULO (completamente atrapalhado) – Há exatos 20 anos, em 3 de abril de 1988, eu estava, a esta hora, saindo a pé de Jacarepaguá atrás do carro que, em tese, estaria me esperando em algum portão do autódromo para me levar de volta ao treme-treme onde fiquei hospedado por quase uma semana na Barra. […]

SÃO PAULO (completamente atrapalhado) – Há exatos 20 anos, em 3 de abril de 1988, eu estava, a esta hora, saindo a pé de Jacarepaguá atrás do carro que, em tese, estaria me esperando em algum portão do autódromo para me levar de volta ao treme-treme onde fiquei hospedado por quase uma semana na Barra.

Foi em 3 de abril de 1988 que cobri meu primeiro GP de F-1, no Rio. O primeiro de um total de 223 ao vivo e a cores, em 20 países diferentes. Milhares de horas em aviões, aeroportos, hotéis, estradas e autódromos.

Passei por Senna, Prost, Mansell, Piquet, Schumacher, Barrichello, Hill, Villeneuve, Hakkinen, Raikkonen, Massa, Berger, Boutsen, Patrese, Montoya, Gugelmin, Moreno, Diniz, Rosset, Bernoldi, Pizzonia, Zonta, Da Matta, sei lá quantos entrevistei, com quantos conversei, quantos milhões de palavras escrevi.

E escrevi em máquina de escrever, telex, Toshiba T1000, laptops bons, ruins, conectei meu cabo de telefone em paredes do mundo inteiro, fiz milhares e milhares de boletins para emissoras de rádio, tirei fotos, gravei vídeos, trabalhei para dezenas de jornais e revistas, fiz o diabo.

Vi grandes vitórias, grandes corridas, grandes pilotos, grandes acidentes, mortes. Acho que vi tudo que queria ver. Comi carne de zebra e rinoceronte, lhama e javali, caviar e batata frita.

Vi nascerem a internet, os blogs, os podcasts. Colecionei credenciais e papéis sem fim. Comprei bonés, camisetas e jaquetas. Escrevi um livro.

Tenho tudo guardado. Só não encontro uma foto sequer daquele GP no Rio em 1988…

Mas foram bons 20 anos. Estão sendo. Um pouco diferentes, agora, mas são duas décadas, afinal.

Hoje vou tomar uma quando chegar em casa. Provavelmente sozinho, porque tenho rádio agora, e a brincadeira vai até uma da manhã.

Vai estar todo mundo dormindo, quando voltar.

Não entrarei para história alguma como melhor repórter ou comentarista de nada, mas esses 20 anos são a minha história, e é o melhor que pude fazer, e que ainda tento fazer.

Brindarei, pois, a estes 20 anos.